Aprendendo a Recomeçar escrita por Lelly Everllark


Capítulo 10
Esbarrões e tempestades.


Notas iniciais do capítulo

Helloooooo meus amores, como estão?
Voltei e vou continuar voltando em dias aleatórios kkkk
Espero que estejam gostando da fic por que eu trouxe mais um capítulo!
BOA LEITURA :D



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“Só dessa vez

Esquece as coisas do passado

Vamos olhar pro outro lado

Bobagem a gente discutir

Prefiro que cê fique aqui

E aos poucos vou mudando

E me adaptando

Eu troco tudo, tudo, tudo, tudo

Pra não te deixar ir”

Só Dessa Vez — Hugo Henrique.

  O único barulho a nos cercar é o som do motor barulhento da caminhonete, Theo e eu estamos em um silêncio sepulcral olhando diretamente para frente, onde se pode ver apenas a próxima curva na estrada de terra mais adiante. Deixamos um rastro de poeira em meio a solavancos. Essa situação toda é tão conhecida por mim e ao mesmo tempo tão nova que é irritante.

  Lembro-me de cada uma de nossas viagens nessa mesma estrada, sempre rindo, ouvindo música ou conversando, havia sempre alguma coisa minha perdida aqui dentro, fosse um sapato ou um casaco, essa caminhonete era apenas mais um dos muitos lugares que compartilhávamos e onde éramos felizes. Mas agora a é situação é completamente diferente, há uma tensão, vários mal entendidos e magoas entre nós, nem estamos nos falando e essa coisa toda é uma droga.

  Não falamos, ninguém diz uma única palavra durante as quase uma hora que gastamos da fazenda à vila, quando Theo estaciona perto da praça e o motor finalmente para de fazer barulho é que finalmente nos olhamos. Ele parece travar uma batalha interna quando nossos olhos se encontram, tentando decidir as palavras que usar ou só pensando no que dizer e eu o entendo, por que quero tanto bater nele e em mim quanto beijá-lo outra vez. E é por isso que abro a porta e pulo pra fora da caminhonete e só depois de estar na segurança do lado de fora é que volto a encará-lo.

  - Você vem? – pergunto e ele sorri.

  - Não, eu sou só o motorista, você já está entregue então se divirta.

  - Você vai me deixar aqui?

  - Não, vou tirar um cochilo.

  - Theo, eu falando sério!

  - Eu também – ele responde pegando um chapéu preto de abas largas do banco de trás, que eu nem havia notado, e se recostando no banco para colocá-lo sobre o rosto logo em seguida. – Não demore – ele diz sob o chapéu. – Por que se não, vamos nos molhar.

  - Argh! Idiota! – praguejo enquanto me afasto pisando duro. Theo nunca deixaria de ser o cara mais irritante da face da terra.

  Depois de alguns passos respiro fundo e deixo pra lá, estou nessa cidadezinha do interior que parece ter saído de um filme e não vou deixar de apreciá-la por causa de um idiota. Sorrio olhando as lojas, casas e carros na rua. Há muitos anos atrás esse era meu mundo, hoje eu sou só uma estranha a observar tudo de longe. Esse pensamento repentino me pega de surpresa, mas é uma verdade inegável, principalmente quando eu estou andando na rua e atraio olhares para os meus saltos e óculos escuros, me tornei só mais uma garota da cidade das quais eu vivia falando mal, o mundo realmente dá voltas.

  Livro-me desses pensamentos e decido fazer algo mais produtivo, como ligar para papai, por exemplo, e reclamar sobre cada um e todos os momentos que passei aqui, mesmo que a maioria nem tenha sido tão ruim assim.

  - Lilly, meu amor, como está aí? — ele atente no primeiro toque e sorrio, papai é sem dúvidas a pessoa mais importante do mundo pra mim.

  - Como o senhor acha? Estou com os meus saltos enfiados até a metade em lama!

  A gargalhada de papai me faz gemer de frustração.

  - Ai Lilly, então está indo bem. Como está tudo?

  - Eu já terminei a lista de preparativos da festa, já estou procurando alguns fornecedores.

  - Eu ainda tenho o número de alguns amigos que moram ai na vila e podem te ajudar, vou mandar o contato deles por e-mail pra você.

  - Obrigada – agradeço e hesito antes de falar com ele sobre tudo o que está havendo. – E Lucas, como está? – decido mudar de assunto – Perguntou de mim?

  - Perguntou, ele e sua mãe estavam conversando esses dias, ele falou comigo também, sobre negócios e perguntou de você. Mas não pareceu exatamente disposto a ir buscá-la.

  - Por que isso não me surpreende – resmungo suspirando. Lucas podia ser um príncipe encantado quando queria, mas também era prático e direto, ele não fazia o tipo que viria ao fim do mundo atrás de mim. 

  - O que foi, Lilly? Você não faz o tipo calada e tenho certeza que não foi Lucas que a deixou pra baixo. Está estranha, o que aconteceu?

  - Nada – digo decidia e o ouço suspirar.

  - Vamos, Cordélia, eu sou seu pai, te conheço a vida toda. O que houve?

  - Nós nos beijamos.

  - Eu sei.

  - Você não vai nem perguntar de quem eu estou falando? – pergunto e depois me atenho as suas palavras. – Como assim você sabe?

  - Eu e Theo ainda nos falamos, nunca deixamos de nos falar na verdade.

  - O senhor é amigo do meu ex-namorado e fica falando da minha vida com ele?

  - É meio por aí.

  - Papai!

  - O que foi? Theo é um grande amigo. E ele me contou o que houve entre vocês. Eu particularmente acho até que demorou de mais. A única certeza que eu tinha quando a mandei aí era que vocês finalmente teriam oportunidade de colocar os pingos nos i’s. Nenhum dos dois nunca me disse realmente o que aconteceu para se afastarem assim.

  - Primeiro, eu não acredito que o senhor ainda fala com o Theo, e sobre mim, isso é no mínimo estranho. Segundo, eu não quero nem falar com ele, quem dirá colocar pingo em alguma coisa e terceiro, se seu melhor amigo não te disse o que fez comigo, não vai ser eu a estragar a amizade de vocês.

  - Lilly, eu te amo, é a minha princesinha então não precisa ter ciúmes.

  - Pai! – digo chocada e o ouço rir. Eu não acredito, não acredito mesmo que ele está tirando uma com a minha cara agora.

  - Desculpa princesa, sobre o que falávamos mesmo?

  - Sobre você e o Theo tendo um relacionamento íntimo e aparentemente feliz – debocho e sei que ele continua rindo, até consigo dar um sorriso também enquanto desvio das pessoas na rua. É meio dia, as calçadas e lojas estão cheias.

  - Agora já não sei mais se você está com ciúmes de mim ou dele.

  - Pai! Por favor!

  - Ok, tudo bem, não falo mais. Mas que é verdade que você é muito ciumenta isso é.

  - Chaga papai, te amo, vou desligar. Já deu por hoje. E sobre Theo e eu você não disse nada...

  - Também te amo, Lilly — ele me interrompe. – E não, eu não disse nada a sua mãe e não vou dizer. Boa sorte, juízo, e acima de tudo coragem! Vá atrás dos seus sonhos, princesa — ele diz antes de desligar e nem ficar chateada com ele consigo. Papai é a pessoa mais incrível do mundo e o amo de todo o coração.

  Guardo o celular e vejo uma loja de decoração de festas que talvez possa me ajudar e vou até lá. Ainda estou pensando nas palavras de papai quando entro. Ele e tia Beth disseram mesmo, “Tenha coragem”, mas o que isso significa exatamente? O que querem que eu faça? Minha mãe é fácil adivinhar o que quer de mim, o que sempre quis, que eu saísse da fazenda, estudasse, me formasse, e casasse com um cara rico. Ela já tinha conseguido três dessas coisas, a única que faltava era eu me casar com Lucas e pronto, seus sonhos pra mim estavam completos.

  Eu amava mamãe, claro que amava, foi ela quem me ajudou a colar os caquinhos do meu coração quando fui embora, foi ela quem me ajudou a seguir em frente, que me apoiou a mudar a melhorar. Mas até irmos, até sairmos daqui, sempre foi papai a pessoa mais próxima de mim, a que me apoiava em eminhas decisões mesmo que elas fossem algo como não ir à faculdade. Era ele quem me dizia sempre para sonhar de olhos abertos e realizar esses sonhos, é difícil dizer e pensar que nos distanciamos um pouco depois que fomos embora, ainda é estranho pensar que eu sequer parti.

  Abandono esses pensamentos e me concentro no vendedor que está tentando me fazer ficar com um pacote pequeno e caro que não vai me ajudar em nada, sorrio, alguns deles acham que só por que eu sou uma mulher podem me passar à perna, erro deles. Faço perguntas, questiono e por fim agradeço, me despeço e vou embora sem fazer acordo algum. Essa minha tarde vai ser longa, muito, muito longa.

  Saio da loja e antes que eu possa dar mais um passo sou atropelada ou atropelo um carrinho de bebê, é difícil ter certeza de quem atropelou quem.

   - Desculpa – dizemos eu e a dona do carrinho e só então vejo quem é. Os olhos castanhos claros e os cabelos loiros me fazem sorrir, eu reconheceria Camila em qualquer lugar.

  - Ai meu deus, Lilly, é você!? – ela exclama e faço que sim, isso é o suficiente para que ela dê a volta no carrinho para me abraçar, retribuo o gesto. – Nossa, você está linda! – ela diz depois que nos separamos. – Você voltou?

  - É mais como umas férias – digo e finalmente noto o garotinho ao seu lado, ele tem os cabelos loiros e olhos escuros. E tem é claro, o bebê no carrinho. Olho de Camila para eles encantada. – São seus?

  - São. Esse é o João Pedro, e aquela no carrinho é a Luísa.

  Aproximo-me do carrinho e me derreto toda com a bebezinha de cabelos escuros e vestido cor de rosa chupando uma chupeta. Toco a mãozinha dela e me lembro de nossos planos de quando ainda estávamos na escola, Camila estava no último ano, eu no primeiro e Theo e Pedro, o namorado dela já tinham terminado. Nós nos conhecemos por acaso por causa dos meninos e nos tornamos amigas e sempre dizíamos que nos casaríamos com vinte anos e depois disso teríamos cada uma, nossos três filhos. Eu não tive essa chance, mas ela aparentemente sim.

  - Você conseguiu – digo depois de voltar a olhá-la. – Se casou e teve seus filhos.

  - Não foi bem como eu planejei, mas tanto Pedro como eu conseguimos dar conta.

  - O quer dizer?

  - O João nasceu no ano em que você foi embora, eu estava terminando a escola e ele foi uma surpresa, uma muito amada, mas ainda assim uma surpresa.

  - Eles são lindos e você está incrível – digo sinceramente e com uma pontinha de inveja. Talvez se eu não tivesse ido, poderia ser eu.

  - Mãe a gente não ia comprar macarrão pra cozinhar pro papai? – João pergunta e Camila sorri derretida para o filho.

  - Vamos, vamos sim. Lilly foi bom te ver, se tiver um tempinho vai lá em casa, o Theo sabe onde é, eu tenho que...

  - Pode ir lá – a interrompo. – E eu vou tentar te visitar sim, pode deixar.

  - Tchau, Lilly!

  - Tchau, Mila – sorrio de volta e a vejo se afastar com os filhos. Eu queria três, hoje não sei mais, mas se tivesse ficado já teria ao menos um, disso eu tenho certeza.

  Continuo meu caminho, vou a mais algumas lojas, falo com vendedores, até mesmo compro um sorvete, mas quando começa a escurecer estou exausta, meus pés doem e só quero mesmo me sentar e comer. Decido que o que eu podia fazer hoje já fiz, anotei telefones e guardei orçamentos, compará-los e decidir qual era o melhor eu poderia fazer em casa. Voltei pelo caminho de paralelepípedos que eu sabia levar à praça e para minha surpresa Theo está de pé ao lado da caminhonete conversando com uma morena que não reconheço. Ela está rindo de algo que ele disse e apóia o braço no do meu cowboy despreocupadamente e isso me irrita, na verdade me tira do sério.

  - Estou atrapalhando ou podemos ir? – pergunto assim que estou perto o bastante para ser ouvida, os dois me olham, a garota parece surpresa em me ver, mas Theo apenas sorri. Idiota!

  - Você está com ela, Theo? – a surpresa e a repulsa na voz e no olhar dela chegam a transbordar. Eu apenas reviro os meus.

  - Não sei, está? – quero saber também cruzando os braços e ele apenas faz que sim se afastando dela, mas continua sorrindo.

  - Desculpe, Pâmela, mas tenho que ir, o que acha de continuarmos a conversa outro dia, talvez uma cerveja? – ele a convida e estou espumando de raiva por dentro, mas fora continuo sorrindo do modo mais falso que consigo.

  - Eu vou adorar – a voz melosa da garota faz meu estomago revirar.

  - Já vou então. Você vem, Lilly? – ele chama entrando outra vez na caminhonete e faço o mesmo, vou pisando duro e bato a porta, que não se fecha, óbvio.

  Continuo a puxá-la, mas é em vão, uma duas, três vezes. Na quarta Theo põe a sua mão sobre a minha e puxa com tudo a fechando, é só um toque, é só sua mão, mas parece acender tudo em mim, cada célula e terminação nervosa. Seu toque se vai tão rápido quanto veio, ele também parece atordoado, mas se recupera primeiro e coloca o carro em movimento. Theo dá ré, manobra o carro e ainda consegue buzinar para a oferecida com quem estava conversando, ela olha para trás e acena, a tensão e o calor que nos cerca desaparece no mesmo instante. Ele passa por ela e finalmente estamos seguindo em direção a estrada de terra que nos levará pra casa.

  Antes mesmo de alcançarmos a entrada da estrada já escureceu, Theo liga os faróis e continuamos em silêncio, ninguém fala nada e isso já está começando a me irritar, ele vai simplesmente fingir que nada aconteceu? Que não nos beijamos? Que ele não me beijou? Theo é um cínico fingido e estou prestes dizes isso a ele quando um solavanco particularmente forte faz o sinto de segurança machucar meu pescoço, a caminhonete anda mais uns metros aos trancos, mas por fim geme e balança um pouco antes de parar de vez. Somos jogados pra frente e ficamos no mais completo silêncio, Theo tenta ligá-la uma, duas, três vezes e nada, e é só quando fumaça começa a sair do capô é que sei que estamos muito ferrados.

  - Essa geringonça velha não quebrou, né? – pergunto irônica e o moreno me olha feio.

  - Foi só um contratempo – ele garante e o olho arqueando uma sobrancelha, ele revira os olhos e sai da caminhonete. Limito-me a suspirar. Isso era realmente só o que faltava.

  Theo abre o capô e a fumaça parece aumentar, estou com um péssimo pressentimento sobre isso. Meus pés ainda doem e continuo com fome, não tenho nada para comer, mas posso tirar os sapatos e me recostar no banco, e é isso que faço enquanto Theo pragueja mexendo em alguma coisa dentro do motor. Leva só mais alguns minutos até pingos grossos começarem a cair, eu ainda estou entendendo a situação quando a chuva engrossa, um minuto depois os pingos são contínuos, mas Theo continua lá fora tentando resolver o problema da caminhonete.

  - Sai daí seu idiota! – digo colocando a cabeça pra fora e sentindo a chuva molhar meu cabelo. – Você nem entende nada de carros até onde eu me lembro! Theo vem logo pra cá ou eu vou sair!

  Minha ameaça é o suficiente para fazê-lo fechar o capô e correr de volta para dentro, sento-me de volta no meu lugar e aproveito para fechar o vidro, Theo faz o mesmo, mas diferente de mim que apenas molhei um pouco do cabelo, ele está completamente encharcado. Theo balança a cabeça molhando tudo a sua volta incluindo a mim.

  - Hei! – protesto e isso só o faz balançar ainda com mais força. – Para, Theo! – digo tentando me proteger e ele ri quando finalmente desiste de se tornar um cachorro.

  - É só água, Lilly. Não vai te matar.

  - Mas vai me molhar do jeito que te molhou, olha isso – aponto para sua camisa azul que se colou aos seus músculos, e só quando percebo isso é que vejo que foi uma péssima ideia. Eu posso ver tudo. – Você vai pegar um resfriado – digo desviando o olhar e encarando a estrada mais adiante que virou um breu no qual o céu parece estar desabando.

  - Ok, mamãe eu vou tirar.

  - Você vai, o que!? – pergunto, mas Theo já tinha começado a desabotoar sua camisa. Quando ele terminou e se livrou do tecido molhado a temperatura no interior do carro parecia ter subido vários graus.

  - Melhor? – ele perguntou depois de jogar a camisa no banco de trás. E eu neguei com a cabeça.

  - Não sei, a gente está preso dentro de um carro quebrado, no meio de uma estrada escura debaixo da chuva? – perguntei só pra confirmar me concentrando em seus olhos e tentando a todo custo não olhar para seu peito.

  - A estrada é escura, mas segura, ninguém passa por aqui e a caminhonete só precisa de atenção.

  - Agora ela tem a nossa toda aparentemente – resmunguei irônica. – E sobre não passar ninguém aqui, isso não é um problema? Quer dizer, alguém precisa vir nos buscar.

  - Sem estresse, Lilly. Eu ligo para o meu pai e estamos salvos, Ok? Não precisa dar piti.

  - Primeiro, eu vou fingir que você não disse isso, e segundo, está esperando o que pra fazer isso? – pergunto olhando pela janela. Está tudo escuro. Não há nem sinal de luz ou civilização lá fora.

  Depois de cinco minutos eu não escuto nenhum diálogo então resolvo me virar e Theo continua exatamente no mesmo lugar, mas agora está olhando para a tela de seu celular antiquado como se esperasse que mesmo fizesse a ligação sozinho.

  - O que exatamente você está fazendo? - pergunto sem entender, ele levanta os olhos do aparelho e sorri, um sorriso divertido que conheço bem, mesmo depois de tanto tempo, é um sorriso que me diz que vou odiar suas próximas palavras.

  - Você não pode surtar, baixinha, mas não tenho sinal - ele diz e o peso de suas palavras me atingem como uma paulada.

  - Como assim “Não tenho sinal”? Nós ainda estamos perto da vila, tem que ter sinal! Precisa!

  - A chuva deve ter atrapalhado a torre de celular. Mas agora calma, Cordélia, você tem que respirar fundo e se acalmar.

  - Me acalmar é o cacete! A agente no meio do nada debaixo da porcaria de uma chuva e sem sinal! A última coisa que vou ficar é calma! 

  - Lilly - ele tenta alcançar meu braço, mas me afasto.

  - Não toca em mim! - berro.

  - Dá pra parar de surtar!? - ele está gritando também e a temperatura dentro do carro é tão alta que os vidros das janelas embaçaram. - Não é como se a culpa fosse minha, sua louca! Lembre-se de que foi você quem quis ir à vila pra início de conversa!

  - Você me chamou de louca seu idiota!? Ah, foda-se, eu vou ir andando a pé! – viro-me e faço menção em abrir a porta, mas a mão de Theo segura a minha e me impede.

  - Você não vai a lugar nenhum – sua voz é um sussurro rouco em meu ouvido que me faz arrepiar. Tento me afastar, me proteger, mas é em vão, não há lugar nessa caminhonete ou em qualquer canto que possa me afastar de Theo realmente.

  - Me solta – digo ainda de costas, mas ele não se move.

  - Eu não estou te segurando.

  - Então se afasta.

  - Por quê?

  - Por que você sabe o que acontece quando nos aproximamos de mais.

  - O que seria, Lilly?

  - Alguém sempre se machuca – digo virando-me, nossos rostos estão tão próximos que nossos narizes se tocam. Seus incríveis olhos azuis estão a centímetros dos meus e não sei o que fazer com tudo o que sinto, quero beijá-lo e ao mesmo tempo fugir daqui.

  - Eu poderia beijá-la, sabia? – ele sussurra em meu ouvido se aproximando.

  - Se você fizer isso, nós com certeza vamos nos arrepender mais tarde, nem falamos sobre a cachoeira – digo com os olhos fechados sentindo seu toque.

  - O que tem pra falar? – Theo volta a sussurrar e estou derretendo em seus braços, eu sei que vou me arrepender, que vou chorar e machucar ainda mais, mas não consigo e nem quero me afastar. E é só por isso que quando ele me puxa em sua direção, me deixo ser levada.

  Estou sentada em seu colo, sentindo cada parte do meu corpo de encontro ao seu, seus beijos pelo meu rosto e colo, tudo pega fogo e eu puxo Theo para mais perto por que mesmo que estejamos colados ainda não é o suficiente. Minha jaqueta e a blusa são empecilhos então Theo fica bem feliz em se livrar delas, ele aperta meu seio sobre o sutiã e sei que se não terminarmos com isso aqui e agora eu vou morrer aos poucos, sinto sua ereção cutucar minha coxa e pouco me importo onde estou ou o que causamos um ao outro só quero que ele me faça sua. De um jeito que eu sei que só Theo consegue.

  Não sei como chegamos ao banco de trás sem nos enroscarmos em nada, não sei se me lembro de muita coisa nesse momento, só vejo seus olhos que tanto amo me olhando com algo perto de adoração, me contemplando nua no banco de trás de uma caminhonete velha como se essa fosse a melhor visão do mundo. Theo para um momento para buscar uma camisinha no porta-luvas e quando ele finalmente me leva às estrelas eu não penso mais em nada, estou sentindo seu corpo no meu, mas minha mente está muito longe dali, perdida em uma galáxia de cores e sentimentos arrebatadores, quando finalmente há um momento de calmaria, estamos os dois enrolados um no outro exatamente como fazíamos há muito tempo atrás isso me faz sorrir, ainda somos nós no fim das contas e apesar de tudo.

  - Qual é graça? – Theo pergunta fazendo carinho em meu braço.

  - A graça é que ainda somos nós, que ainda fazemos isso aqui na caminhonete e eu gosto que nem tudo esteja diferente.

  - Nada mudou – ele diz e lhe faço um questionamento mundo. Theo suspira. – Ok, nem tudo está igual, mas as coisas importantes continuam as mesmas.

  - O que, por exemplo?

  - Nossos sentimentos – ele diz serio e decidido e acredito nele, as circunstancias mudaram, nós mudamos, mas o que sentimos, mesmo que eu não acreditasse antes, depois do que vivemos aqui eu tenho certeza, continua exatamente igual.      

  Nossos sentimentos ainda são os mesmos de dez anos atrás e sinceramente não sei o que isso significa, eu só queria poder viver aqui, nesse momento, pelo resto da vida.


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Notas finais do capítulo

Ahhhh esse capítulo ficou muito grande, mas eu amei, e vocês?
Era pra ele ter saído ontem, porém rolaram uns problemas e enfim, cá está ele, e eu espero mesmo, mesmo que tenham gostado, quem me acompanha sabe que não sei escrever hot, mas eu tentei algo mais sutil ali, Ok? Desculpem qualquer coisa e eu quero opiniões!!
Beijocas e até,
Lelly ♥



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