Spencer sabia de tudo e mais um pouco da vida. Tudo que estivesse em um livro, página de revista ou internet. Ele saberia dizer quaisquer estatísticas se fosse preciso. E ele saberia ler pessoas muito bem.

Ele achava impossível não conhecer uma pessoa que ele conhecia há anos, mas agora ele sabia que existia uma. Penelope Garcia. Ele não estava romanticamente atraído por ela, não que ela fosse feia ou ridícula, mas porque ela era a irmã que ele nunca teve.

Reid sabia o quanto Luke estava atraído por ela, mesmo que tivesse Lisa. Sabendo disso, ele sabia que era tempo até Luke dispensar Lisa e ficar com Garcia, o que ele esperava que fosse.

A situação atual, recém resgatado de ser morto por um culto que não apenas levou ele, mas Penelope junto mostrou a ele o quanto ela estava vulnerável. Morgan saiu deixando vago o cargo e ele resolveu assumir.

Ele sabia o quanto Penelope precisava de um abraço logo que ele saiu do elevador. Ela parecia frágil e prestes a quebrar e ele precisava também do abraço.

— Ela dormiu? – Emily tirou Reid do transe. – Espero que sim. Ela precisa.

— Obrigado pelo sofá, Emily. – Reid agradeceu. – Ela estava pronta para dormir e eu duvido que chegaria a uma cama.

— Ela vai precisar de ajuda. – Emily olhou para a amiga. – Ela não parava de repetir a informação. JJ teve que levar ela a enfermaria e verificar ela.

— Por que isso me deixa completamente assustado? – Reid sabia o que viria a seguir. – Ela atropelou Meadows, sabia?

— Sim. – Emily não parecia surpresa. – Meadows gritou isso aos quatro ventos enquanto era interrogada.

— E vai haver alguma punição? – Reid não permitiria. – Foi legitima defesa, você sabe.

— Sim. – Emily ofereceu chiclete para Reid. – Eu sei. E pessoalmente me certifiquei que Garcia fosse liberada de todas as acusações. Meadows amarrou ela a uma cadeira e a forçou a hackear um site para esconder o transporte. Eu nunca a deixaria ir para a cadeia por isso.

— Obrigado. – Spencer sorriu. – Eu fiquei com medo por ela, sabe? Ela estava assustada.

— Eu preciso saber. – Emily viu Spencer recuar. – As câmeras da garagem estavam indisponíveis. Como eles fizeram você ajudar?

Reid teve receio em contar. Essa era a parte que o perseguiria. Antes que ele dissesse algo, Penelope começou a se agitar no sono. Era como se ela estivesse em um lugar feliz e de repente a mente a levasse para um lugar triste.

Penelope sabia que era um sonho, mas ainda assim era assustador. Ela não viu Reid preso a tabua, mas sim ela mesma. Ela estava amarrada e morta. JJ entrou pela estrada parando na frente do seu corpo, caindo de joelhos em desespero.

Emily desviou o olhar. Rossi derramou as próprias lágrimas e Luke não quis saber. Ele correu até Pen, tentando saber que ela ainda estava com eles.

— Ei! – Pen avançou em seu sonho. – Eu estou aqui. Gente! Por que vocês não me escutam?

Então o sonho mudou para um cemitério. O seu próprio enterro.

— Não! – Pen saltou na vida real. – Me deixe em paz. Estou aqui.

Reid avançou e a pegou nos braços, tentando fazer ela perceber que era apenas um sonho. Ou pesadelo.

— Eu estou aqui, Garcia. – Ele a prendeu forte. – Você está a salva agora.

— Estou com medo. – As lágrimas fluíam livres. – Eu não quero mais lembrar disso.

Reid sentiu uma faca passar por ele. Esse sonho foi um dos muitos que provavelmente viriam.

Emily se sentiu mal. Ela resolveu que talvez deveria tentar encontrar JJ. Penelope não faria nenhum avanço com ela ali, mesmo que a amizade delas fosse forte também.

— JJ? – Emily viu a agente na sala de descanso. – Posso conversar com você?

— Ela não está indo bem, não é? – JJ sabia. – Eu imaginei que ela fosse ter problemas com isso.

— Reid está com ela. – Emily se sentiu inútil. – Eu não sei, não pude ajudar.  

— Vou encontra Alvez e Simmons. – JJ decidiu. – Quatro é um número magico.

— Vou encontrar Rossi e Tara. – Emily sabia como fazer tudo melhor. – E vamos todos ficar com ela agora.

Em meia hora, todos estavam com Penelope na sala de Prentiss. Reid e Luke conseguiram fazer ela dormir de novo.

— Spencer. – Emily queria saber de uma vez. – Como eles te convenceram a ajudar eles?

— Eles colocaram uma arma na cabeça dela. – Reid disse a verdade. – Se eu não ajudasse, ela seria baleada e dessa vez seria para sempre.

— Você fez tudo para proteger ela, Reid. – Matt colocou uma mão no ombro do agente. – Meadows ameaçou Garcia porque sabia sobre a ligação que vocês têm.

— Nós somos como irmãos. – Ele respondeu. – Cuidamos um do outro. Ela já passou por tanta coisa. Não podia ver ela passando por isso.

Luke prestava atenção a linda mulher dormindo. Ele e Lisa entraram em uma briga e terminaram. Quando ele precisou falar com ela no hospital, foi desgastante.

— Acha que ela vai ficar melhor? – Luke pegou um cacho de Garcia. – Eu odeio ver ela triste de qualquer jeito.

— Não só você, Luke. – Rossi sorriu para a interação. – Todos perdemos a cor quando ela fica triste.

— Eu acho que é difícil não amar Penelope. – Luke distraidamente pegou outro cacho. – Quero dizer, ela é doce e tem o coração puro.

— E você está apaixonado por ela. – Reid disse. – Eu vi quando nos abraçamos, você parecia mais do que contente.

— E não diga que só estava aliviado. – Emily disse. – Vocês estão quase há quatro anos juntos, já passaram da fase de Newbies e rainha do gelo.

— É tem razão. – Luke sabia que era estupido negar. – Eu estou apaixonado por ela que até dói e quando eu e Lisa acabamos, eu tinha colocado na cabeça que eu só teria Penelope por perto, mas a dor de nunca tocar ao menos um de seus cachos era horrível.

As meninas suspiraram. Era doce e era o começo de algo maravilhoso.

Penelope começou a abrir os olhos. Ela não sabia porque se sentia tão bem até ver seus amigos ao seu redor.

Emily sorriu para ela e Rossi fez o mesmo. Matt resolveu puxar ela para um abraço reconfortante e sem pressão. Ele realmente considerava Garcia como uma irmã também.

JJ deu um abraço forte na amiga e sentiu que ela estava a ponto de chorar. Ver lágrimas em Garcia era a coisa mais natural e que a fazia lembrar que até as pessoas fortes choram.

— Estamos aqui por você. – JJ a lembrou. – Você nunca se esqueça disso, viu?

— Obrigado. – Pen disse. – Eu sinto muito se eu fui agressiva com alguém.

Reid, que geralmente negaria a abraçar alguém, puxou Penelope calmamente para ele e a abraçou.  

Era o segundo abraço deles e Spencer precisaria de mais para saber que ela estava bem.

Tara sorriu e quando a vez de Luke chegou, ele a pegou e simplesmente a beijou nos lábios.

Ele previa levar um tapa, mas quando percebeu ela estava retribuindo o beijo.

Foi o começo de algo melhor para todos. Ela ainda teria problemas, mas todos estariam lá por ela.