Oclusiva escrita por S Q, WSU


Capítulo 6
Larger Than Life




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Corsário - Linha Verde - Limite entre os municípios de Corsário e Guararé - 16:00

 

Deitado numa beliche dentro de um albergue na beira da estrada. Ali havia se refugiado o  conjurador de seres das trevas, que tinha como único objetivo atual de sua existência, se vingar amargamente de quem lhe ferrou na vida. Desde que vira dois sujeitos tentando realizar um estranho ritual no beco da delegacia, sua vida girou ganhando os atuais horizontes questionáveis. Anotando o que faziam e onde podiam estar errando em suas tentativas de invocar as trevas, conheceu poderes que não imaginava sequer existirem. Seu plano já havia começado a entrar em execução, era o responsável pelo sofrimento de várias pessoas, inclusive da dona daquela estalagem que lhe negara abrigo e agora precisava acolhê-lo se não quisesse morrer torturada. Não bastava que as pessoas pagassem na mesma moeda pelo o que lhe fizeram, precisava ser ainda pior.

Apesar de causar tanto temor, sua vida ainda não melhorava na mesma proporção. Quer dizer, era o oposto, agora tinha medo de simplesmente vagar nas ruas e dormir onde lhe fosse conveniente, ou sequer conseguir comida com o dinheiro de apostas. O caso do presídio não saía dos jornais e muitos poderosos queriam achar um culpado para tão destruição grande logo de uma vez. Enquanto isso não acontecesse as vozes de ativistas contra as péssimas condições penitenciárias brasileiras iriam ganhar cada vez mais força. Afinal, até aquele momento, o que se falava por aí era que a segurança do presídio tinha falhado e que as estruturas internas deveriam estar fracas demais para não sobrar uma parede na área das celas de pé. De qualquer forma, Pedro Mello era inteligente o suficiente para saber que isso não conseguiria controlar a dona do albergue por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde ela abriria o bico sobre alguma coisa e não era nem um pouco interessante ficar vigiando-a o tempo todo. Pensando nisso, Pedro declarou para si:

—  Era para estar ferrando os outros, não continuar ME ferrando! Ainda não estou sendo forte o suficiente… Vou precisar reunir o máximo do meu poder agora, se quiser terminar o que já comecei. Não tem mais volta. É a hora.

Com cuidado, fechou a porta do quarto e partiu para os trabalhos. Dessa vez precisaria de mais sangue.

                                                         

 

 

São Paulo - Avenida Paulista - Ainda 16:00

 

De que serve ter invisibilidade se as pontas do cabelo faiscarem quase como luzes neon? Era o que Isabela se perguntava naquele momento, em que tudo que queria fazer era sumir completamente.

Desesperada com o acidente provocado, assim que atingiu o transeunte, liberou ainda mais descargas elétricas. Rapidamente começou a se formar uma multidão embaixo do prédio onde estava, apontando para cima. Por mais que não quisesse aceitar presentinhos da MutaGenic se viu obrigada a pôr o traje que Ling havia lhe dado, meio de qualquer jeito, para tentar ter controle sobre os poderes de novo. Não tinha a menor chance de se conter no momento de qualquer outro jeito. No mesmo instante em que o pôs sentiu uma espécie de paz interior que há muito não sentia. Era diferente do vazio sentido quando acordou na sala do laboratório. Estava completa, concentrada e equilibrada. Tentou pensar em se destransformar, usando a mínima força de vontade que ainda tinha, e em seguida foi exatamente isso que fez acontecer. Não aguardou para sentir aquela nova condição com calma; tratou foi logo de projetar-se para descer dali o mais rápido possível pela escada de emergência que dava para a rua de trás, mais vazia. Havia um laboratório e a polícia atrás dela, simplesmente não podia continuar naquele local depois de chamar tanta atenção.

Só precisaria arranjar alguma roupa mais normal antes de prosseguir. Assim, no segundo em que desceu do prédio até o chão, conseguiu procurar através das paredes peças bem fechadas e que não parecessem muito usadas. Encontrou uma camisa xadrez de manga comprida e calças jeans. Eram um pouco largas mas teriam que servir. Chegando ao solo, já estava com elas em mão. Usando outra vez velocidade anormal que possuía colocou as peças de roupa rapidamente por cima do traje. Respirando fundo, girou os pés devagar para a avenida: não se permitiria continuar sem retornar à calçada do acidente.

 O controle que exercia sobre sua velocidade a fim de ser veloz mas suficiente para que ninguém notasse a movimentação era algo extraordinário e único na vida de Isabela. Enquanto seguia em frente como um autômato, precisou admitir que Ling era surpreendentemente genial e ao menos nisso, lhe ajudou de verdade. O traje realmente funcionava muito bem. Entretanto, Isabela não tinha a menor vontade voltar para agradecer à MutaGenic.

 Ao pisar na calçada de uma das principais avenidas do centro daquela megalópole, por mais ansiosa que estivesse conseguiu manter os poderes em ordem não chegou a ser notada em meio à multidão apressada. Naquele dia então, depois dos raios misteriosos vindos de cima de um dos edifícios a confusão na rua era pior ainda que o normal. Andar por ali era bastante arriscado, mas movida pelo antigo terror que possuía de suas habilidades lhe tornarem um monstro, precisava tentar ver como estava o acidentado antes de seguir fugindo. Seria determinante, para manter a confiança durante sua fuga, não ter causado um assassinato. Percebeu de imediato que as pessoas ao seu redor estavam em pânico, talvez mais assustadas com a parada repentina do que com os raios em si. Nem havia chegado tão perto do corpo atingido, mas o falatório sobre a “besta ter sumido” já perturbava seus ouvidos. Ia redobrando o cuidado de seus próprios passos enquanto prosseguia. A certa distância conseguiu parar de se aproximar e focou a visão para o centro de uma aglomeração com curiosos, pessoas desesperados e alguns ativistas, que já apareciam. No meio daquele ponto de confusão, ela conseguiu vislumbrar um homem desacordado. Isabela forçou os globos oculares para captarem melhor a radiação corporal desse indivíduo, e identificou fracos sinais vitais e alta carbonização do corpo.

Por trás do corpo desacordado vinham se aproximando dois cidadãos distintos. Ambos caminhavam distintamente, mas possuíam semblante concentrado. Isabela, gelou ainda mais reconhecendo as figuras que se aproximavam rápido como os dois enfermeiros que tentaram mantê-la na Mutagenic. Pior era que no meio de tanta gente, se desse meia volta e corresse para outro lado, ainda que muito rápido, com certeza geraria uma movimentação estranha, perfeita para atrair a atenção de algum deles. Então só baixou o olhar e continuou caminhando seguindo o mesmo sentido da maioria.

Ao mesmo tempo, estava sendo extremamente estranho manter o controle numa situação tão delicada. O traje absorvia as radiações emitidas por seu corpo que não fossem condizentes com as ondas cerebrais de comando; porém, não segurava sentimentos. Ao contrário, sem ter como extravasar o estresse que passava, Isabela começou a entrar num princípio do que seria um quadro de pânico enquanto caminhava. Foi se sentindo nauseada, a cabeça doía muito, a culpa e o medo invadindo enquanto só podia continuar andando. Entre o desespero e os passos lentos, parecia que a ficha sobre estar tecnicamente foragida da polícia, longe de casa, ter quase matado um cara, visto e enfrentado seres diabólicos, quase morrer, ser obrigada a usar o que mais temia em si e estar sob risco de ser capturada por um laboratório maquiavélico estava caindo ali, tudo de uma vez. Reprimindo soluços entre a respiração tremida, foi movendo os passos, devagar, para o mais longe possível de Félix e Giovanni. Contudo, seus cálculos já concluíam que seria impossível permanecer muito mais tempo ali: ou fugia ou seria capturada.

A garganta apertava mais ainda ao imaginar que não conseguiria fazer nada para evitar a morte daquele inocente. Deixou a mente correr furiosamente, ao contrário de suas pernas, para tentar achar uma maneira de salvar o acidentado, já que não encontrava maneiras de salvar a si própria. Tinha que ter alguma forma; era fundamental para que aceitasse seus poderes não permitir que estrago algum causado por eles fosse grande demais para algum inocente. Podia não se importar mais com as causas de sua desgraça, mas simplesmente tinha um sentimento imenso de proteger de si aqueles que ainda viviam uma vida normal; aquela que vislumbrou quando era mais nova; ainda que os pais já tivessem problemas suficientes entre si, desde seu nascimento.

Permitiu que uma solitária lágrima rolasse por seu rosto abatido enquanto continuou seguindo, sem dar meia volta. A tensão aumentava a cada segundo; estava insuportável permanecer ali, naquelas condições. Até que ouviu o som de uma ambulância se aproximando.

O veículo parou próximo ao corpo. Dele rapidamente saltaram bombeiros, que puseram o rapaz numa maca e o puxaram para dentro do carro. Foi difícil abrir espaço pela multidão, mas os profissionais pareciam ser muito competentes, pois saíram com a vítima em menos de 10 minutos. Só não contavam que no meio da movimentação, uma garota extremamente veloz se enfiaria no compartimento fechado de primeiros socorros da ambulância. Isabela, sem mais escolhas, se enfiou escondida ali. Procurou manter a pele o mais invisível possível com o auxílio de seu traje, e se manteve bem quieta e parada, encolhida no pequeno espaço onde se enfiara. Observava atenta os movimentos dos enfermeiros. Até ouvir a voz do motorista: Guilherme.

 

 

 

Corsário - Escritório Administrativo da Glam’s - 16:30

 

— Como que vocês permitiram uma fuga de Isabela?! Deixamos ela desaparecida para a polícia lembram?! — A mão de Romário Souza tremia enquanto segurava o telefone. Não podia se descontrolar dentro do trabalho. Mas de uns tempos para cá, quanto mais tentava controlar a situação, mais ela saía de controle. — Somos as duas maiores indústrias da cidade, se isso vaza para os jornais… Espero que resolva a situação logo. Por bem ou por...

Uma secretária bateu sem graça na porta. Indicou as horas.

— Vou ter que desligar agora. Tenho uma importante reunião com acionistas. Espero que da próxima vez que nos falarmos isso já esteja resolvido.

Desligou o telefone. Tacou com raiva o objeto na sua cadeira de trabalho. Respirou fundo. Não podia perder a cabeça ali.

“Conseguiu vencer o laboratório responsável pela modificação genética. Isso só está piorando. Ela não pode ser como eu…”. Pensava enquanto caminhava concentrado para a sala de reuniões. Lá se encontravam seus acionistas, entre eles um dos homens mais ricos do país, Pierre Calbuch. Foi o primeiro a se pronunciar:

— Romário! Nosso exemplo de virada de vida! O homem que começou como vendedor de roupas junto da ex-mulher e hoje é um grande empresário! Que bom nos reunirmos novamente! — Havia ironia na forma como Pierre falava e Romário sabia disso. Ele estava apenas lembrando nas entrelinhas que o Sr. Souza devia boa parte do crescimento de seu patrimônio às ações dele. Depois deu uma risada debochada — Acredito que sua mente brilhante já tenha alguma solução para a crise de confiabilidade que a Glam’s está passando.

— Meu caro Pierre, com as últimas notícias, posso garantir que minha filha passou de um mal exemplo a uma pobre detenta desaparecida, vítima do sistema prisional brasileiro. Acho que não deve se preocupar mais tanto quanto a isso, afinal, depois dos últimos acontecimentos, posso até dar entrevistas e passar pelo papel do pobre pai preocupado com a filha.

O acionista deu outra risada irônica em resposta. Não falou mais nada durante o resto da reunião. Estava guardando o trunfo para o final. Devia contar a novidade depois de discutidas as questões financeiras e de RH entre os demais sócios minoritários. Somente quando todos estavam saindo, Pierre deu um tapinha no ombro de Romário.

— Eu não devia te ajudar mais, entretanto, acho que vou acabar fazendo isso outra vez. Contudo, é claro, vou cobrar como se fosse um favor, ainda que não fosse minha intenção. — comentou Pierre.

— Mais um? O que você está inventando agora? Eu já estou cheio de problem…  — Pierre cortou:

— Eu sei dos seus impasses com a MutaGenic. Pois em breve você terá que resolvê-los comigo. Sim, eu não quero mais ser um simples acionista com poder de voto, está na de crescer no ramo. Pretendo começar por aquele laboratório. Sabe como é, a reputação deles não é das melhores, se eu quiser ampliar meus negócios é lá e agora.  E não precisa ficar chocado, só continue fazendo cada vez mais o que eu mandar. Você receberá em breve uma visita do Dr. João para explicar os detalhes. — E saiu gargalhando, deixando Romário estupefato, sozinho na sala.

 

 

 

Bahia - Guararé - 17:00

 

Carol recebeu um telefonema na hora certa. Estava quase surtando pela falta de retorno de seus companheiros. Infelizmente, o número que discava não era da pessoa mais apropriada para o caso, mas teria que servir.

Carol: Fala, Jonas!

Jonas: E aí, Trap? Tá pedindo ajuda para a gente? O bicho deve REALMENTE estar pegando.  — O adolescente falou rindo.

C: Por que o Marcos não está respondendo? Ou ao menos a Karen?

J: A Karen anda muito ocupada com estudos. E bem, você conhece o Marcos hahahah. Alguma hora ele te responde.

C: Ah, ótimo! Acontece uma desgraça e estão todos ignorando e seguindo suas vidas! Agora entendi porque não curtem o nome de “super-heróis”.

J: Nem você curte.

C: Isso não vem ao caso.

J: Mas diga então, o que está havendo de tão sério?

C: Você é alienado, só pode! Um presídio feminino destruído na Bahia. Não foi uma rebelião de presos, nem nada do tipo. Por enquanto a maior parte da polícia não faz ideia do que aconteceu, mas eu já vivi experiências suficientes para reconhecer quando o caso envolve capacidades sobre-humanas.

J: Péra aí! Você acha que isso foi…

C: Eu queria só “achar”. Fucei as fichas das detentas, falei com uma vigia, olhei no que restou do arquivo das câmeras. Tinha uma moça aqui que se não tiver poderes ela já pode ir direto se apresentar num circo.

J: Caramba. Isso é perturbador.

 

Carol arqueou uma sobrancelha, surpresa.

 

C: Olha só! Você entendeu o tamanho desse problema tão rápido?

J: Claro que sim. Para você ter tido tempo de fazer tanta coisa sozinha, sem a gente responder, a galera deve estar passando por uma dor de barriga geral ou algo assim. Mas pode deixar que o papai aqui já vai para aí te ajudar!

C:Seu imbecil! O problema ser o meu trabalho; onde já se viu!  Os poderes dessa garota parecem ser muito fortes! Como que nunca esbarramos com ela? Nunca ouvimos falar? Você pode fazer suas piadinhas e eu até concordo que foi escrotice não terem me atendido. Só que estamos lidando com uma questão muito séria aqui: quantos mais existem e estão vivendo na surdina?

Assustado, Jonas completou:

J: Sem a proteção de um grupo ou reconhecimento da mídia… ela deve ser muito mais um alvo do que qualquer outra coisa... Caramba, isso realmente é terrível! Eu vou aí me encontrar contigo. Tinha ficado de visitar um amigo na Bahia esses dias mesmo.

 

 

 

São Paulo - 17:30

 

Although loneliness has always been a friend of miiine”

Guilherme cantarolava a música do cd enquanto estacionava a ambulância. Catava emprego desde antes de parar na delegacia. Assim que foi liberado da preventiva, foi indicado à vaga. Só conseguiu o emprego através da irmã, médica formada, que soube da vaga para o cargo no hospital onde trabalhava na capital paulista, alguns dias antes da briga de torcida em que se meteu. Como era praticamente um milagre aceitarem ele depois da passagem pela delegacia, aceitou o cargo feliz da vida, mesmo tendo que se mudar para São Paulo.

People say I’m crazy and that I am blind

Risking it all in a glance”

Batucava no volante, ajeitando as coisas o máximo possível para não precisar desligar o rádio. Estava totalmente inerte na música que amava quando uma voz que não lhe era estranha ranhetou:

— Backstreet Boys? Sério?

Ele se virou desconfiado. Não deveriam já ter descido todos os enfermeiros com o acidentado? No lugar deles, apareceu uma garota de olhos negros lhe observando sem graça.

— A educação diz que devemos cumprimentar quem a gente conhece. Guilherme Correia, né? — Isabela falou com um sorriso torto.

— Como… mas… quando… você? — Guilherme esperaria até por um ladrão ou estuprador; tudo menos encontrar a menina misteriosa da delegacia naquela cidade. Aos poucos foi lembrando das notícias que assistira no jornal e conectou os fatos. — Estão te procurando!

— Shhh. É por isso mesmo que ainda estou aqui dentro. As coisas… se complicaram bastante. —  Ela disse olhando para baixo. O refrão tocava nas saídas de som.

I don’t care who you are

Where you’re from

— Ah, pelamor! Eu tinha esse cd! — Interrompeu Isabela sua própria fala, mexendo depressa nos botões do rádio. O som meloso foi substituído pelo riff inicial de “Larger than life”.  — Pronto, essa é bem melhor.

— Eeeeii, quem te deu o direito de entrar no meu carro de trabalho do nada e ainda sair fuçando no meu rádio?!

Isabela não respondeu. Percebeu que tinha alguém vindo naquela direção. Se escondeu em um segundo, de volta à forma como estivera até agora.

— Eu não acredito que vai fugir através das suas mágicas, é sério isso?

Isabela ignorou o comentário, e acelerou para a rota de fuga que tinha bolado momentos antes, observando o lado externo do veículo. Fez uma nota mental de que convenções sociais não serviam para nada.

 Quem vinha era o chefe de Guilherme, a fim de verificar como estava o estado da ambulância. Apesar de contrariado, o baiano ficou preocupado com o que poderia acontecer caso a garota fosse vista, por isso, começou a distrair a figura de cabelos brancos que acabava de colocar a cabeça para dentro da janela.

— Senhor, a viagem foi excelente, nada de extraordinário! Gosta de Backstreet Boys?

Antes que o homem respondesse, Guilherme ajeitou sua franja alourada, saltou da ambulância e começou a cantar:

“All you people can’t you see, can’t you see”

O outro obviamente estranhou, mas o corsariense continuou:

How your love’s affecting our reality..”

Isabela, já quase chegando na porta do hospital, virou o rosto sem acreditar na cena que captara. Ele até puxou o chefe atordoado para balançar junto dele. Internamente agradecida, ela correu ainda mais, na direção em que levaram a maca. Usava a invisibilidade, o raciocínio e a super aceleração, com o controle que tinha agora com a ajuda do traje. Conseguiu passar despercebida entre os seguranças e enfermeiras, concentrada em procurar onde o homem que havia machucado estava. Quando o encontrou, observou os aparelhos conectados em seu corpo: tratava - se de uma arritmia cardio-respiratória, causada pelo choque. Observando as marcações nos aparelhos, ela entendeu que se soltasse uma descarga elétrica no peito do homem com a voltagem precisa de um desfibrilador, poderia salvá-lo. Produziu um pouco de estática entre as mãos, calculou o potencial e deixou aos poucos ir crescendo até chegar no valor exato. Chegado, por mais que soubesse o que fazer, observou as possibilidades que tinha caso houvesse alguma variação inconsciente na voltagem. Ou ela o matava de vez, ou ele morreria de qualquer jeito. Arriscou tentar salvá-lo. Virou as palmas das mãos eletrificadas para o hospitalizado por um segundo e recolheu-as rápido. Observou o visor: batimentos cardíacos normalizados.

Antes de sair furtivamente dali um sorriso forçou-se nos seus lábios. Tinha conseguido. Apesar de tudo, conseguia ter controle sobre o estrago que seus poderes causaram. Isso mudava tudo.  

Correu o mais rápido que pôde em direção a saída, experimentando o que tinha começado a fazer no alto do prédio: aceitar quem era.


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Notas finais do capítulo

Jonas é o protagonista de Aracnídeo, também do WSU.

O que estão achando dessa fase da fic? Gostaria de ter o feedback de vocês sobre os rumos da Isabela e demais personagens...
Espero que tenham curtido. Até o próximo capítulo ;)



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