Another Tower escrita por Miss Angela


Capítulo 6
Todo Bem Tem Seu Preço


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar, me desculpem caso haja algum erro na formação, estou postando pelo celular.
Em segundo lugar, boa leitura!
(Sério, me avisem se tiver erros na formação para que eu corrija.)



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Meu príncipe, meu príncipe Cebola.

...

O que eu faço? Me jogo ao seu lado, gritando maldições aos céus? Faço promessa para que ele melhore? Sinto Cascão me encarando em expectativa, mas não sei como reagir. É estranho vê-lo tão de perto, principalmente agora enquanto está imóvel, pálido, provavelmente com dor.

— O que aconteceu com ele? – consigo perguntar.

— É uma longa história. – Cascão suspira. – Acho que foi tipo uma armadilha, nenhuma bruxa iria sequestrar um príncipe como ele por nada.

— Bruxa?

— É. – esfrega o rosto em cansaço. Tudo de alegre nele parece ter sumido em um piscar de olhos, sua preocupação deixa o ambiente pesado. -, encontraram ele um pouco depois que nos separamos na cidade, passaram dias... – Cascão pausa. – deixaram ele muito mal. Fiquei procurando formas de soltar ele enquanto eu estava escondido...

Estou fora de lugar, não sei como continuar essa conversa. Falar qualquer coisa parece errado, como se não tivesse o direito de expressar minha chateação diante o coma do meu noivo quando tem outra pessoa que está devastada por isso.

Mas que besteira, Mônica, você está tão triste quanto o Cascão, claro.

Claro.

...

Não  quero pensar nisso.

— Mas acabou que eu não pude fazer muita coisa sozinho, sabe? Acabei me encontrando com a Magali e ela já parecia saber do que estava acontecendo. – Cascão levanta a mão e segura a de Cebola. – Ela me ajudou a resgatar ele antes do... Do que aconteceu no reino. Desde então ela cuida da gente e de vocês.

— Você se importa muito com ele. – comento, pois a diferença nas feições do Cascão de cinco minutos atrás e desse que está na minha frente é gritante. Não consigo evitar o sentimento de pena.

— Ele é meu melhor amigo. – suspira lentamente, como se o machucasse. – Não posso perder ele agora também.

Agarro o ombro do garoto a minha frente e aperto levemente. Sem dúvidas ele precisa de algum consolo, minha mente já está gritando comigo pois tenho certeza que tudo o que aconteceu até agora está relacionado. Se tudo está relacionado, é culpa minha o fim do reino, a morte dos pais do Do Contra e Nimbus, do Cebola estar assim e, consequentemente, do Cascão estar sofrendo. Não sei se devo confiar plenamente nele, ele parece ter uma amizade com aquela bruxa no fim das contas, mas ainda assim me sinto responsável por ele até certo ponto.

— Sinto muito.

— Eu também. – diz, colocando a mão por cima da minha e me olhando com sinceridade.

Meu coração aperta.

— Eu... Hã... Tenho que olhar os meninos. – tento me desvencilhar.

— Por falar nisso, quem são eles?

— Eles? Bem... O Do Contra me achou pouco tempo depois que o... Meu noivo. Ele me tirou da torre quando meu sequestrador acabou me machucando demais. O Nimbus é o irmão dele e estão tentando me ajudar a descobrir porque o ogro que me raptou me levou pra uma torre de bruxa.

— Um ogro te sequestrou e te levou para uma torre de bruxa? – coça a cabeça, parecendo melhor agora que está entretido pela minha história. – Eu hein...

— Nem me fala...

Meu olhar vaga pela porta, tentando ver Do Contra e Nimbus. Magali está agachada perto deles, sua mão direita flutuando sem jeito em frente dos seus rostos. Minha desconfiança me cutuca, meu coração acelera. Murmuro um rápido 'com licença' para Cascão e logo vou em direção a ela.

— O que está fazendo?

— Hã... Eu estava tentando acordar eles. – levanta. – Ainda não tenho muito controle pra esse tipo de coisa.

— Magia? – pergunto confusa. Como uma bruxa não teria controle sobre seus poderes?

— É. – gargalha sem graça. – É meio confuso.

— Ah, claro. – me movo mais pra perto dos irmãos.

Tenho que pensar em uma forma de sair daqui com toda essa gente, menos a Magali, não me sinto muito contente com ela por perto e ela obviamente pode se cuidar sozinha. Mas pra onde iríamos? Se ao menos soubesse qual reino era (Era? É? Era.) esse.

Aperto a mão de Do Contra. Magali parece ter perdido todo raciocínio do que estava fazendo e fica de pé a nossa frente, sem jeito. Eu tenho raiva dela, sem dúvida. A espécie dela nunca vez bem pra ninguém, pelo contrário, só tenta destruir a felicidade dos outros, mas algo me diz que é errado. Essa familiaridade que sinto nela é quase sufocadora e me faz não querer ativamente machucá-la.

Ela suspira e se ajoelha. Magali parece pequena, e pela primeira vez percebo como parece cansada. Suas mãos tremem em seu colo, ela carrega leve olheiras. Para um ser que pode fazer qualquer coisa só com um pensamento ela aparenta estar bem indefesa.

— Você devia descansar – digo sem pensar.

— Não, eu... Eu tô bem. – força os lábios em um sorriso.

— Sei...

Silêncio.

— Por que... – limpo a garganta, de repente com vergonha. – Por que você salvou a gente? Salvou ele? – olho pra cabana e espero que ela entenda que me refiro ao Cebo- Meu príncipe.

— Eu não poderia deixar vocês morrerem. – diz simplesmente.

— Obrigada.

Magali me encara curiosamente por um segundo, lança uma olhadela para a cabana e balança a cabeça como se entendesse tudo.

— Então você é a famosa noiva do príncipe, né? Eu sinto muito.

— Ele falou de mim? – sinto meu coração acelerar.

— Não. Sabe é meio difícil falar quando... – ela para, fazendo uma careta culpada. – Desculpa, eu não devia falar essas coisas.

— É... – realmente ela não devia, pois sinto como se meu estômago tivesse se contorcido em um nó.
Silêncio.

...

— Uau, isso sim é o que chamam de ‘silêncio confortável'

Do Contra finalmente acordou! Suspiro contente por vê-lo acordado. O tom sarcástico de Do Contra me traz alívio, isso quer dizer não deve ter nada de errado com ele. Sem contar que ele ainda me salvou de uma conversa que estava indo para a direção errada. Para alguém com um nome desses, às vezes ele é bem conveniente.

— Mas não me deixem atrapalhar, continuem.

Droga!

— Do Contra! – exclamo antes que alguém possa dizer mais alguma coisa. – Você acordou. – o abraço fortemente.

— Isso aí, e eu tô me sentindo ótimo. – ele sorri abertamente. – Nem parece que...

O sorriso cai. Sua mandíbula aperta enquanto suspira sofregamente. Estico meus braços, convidando-o para um abraço, ele hesita, mas entrelaça os braços ao meu redor. Meu coração aperta, é tão horrível vê-lo triste assim. Principalmente porque Do Contra não merece nada do que está acontecendo com ele. Desde que o conheci tudo que o ele tem feito é ajudar. Como posso recompensá-lo quando sei que nada disso estaria acontecendo se não fosse por mim.

Quando ele se afasta do abraço, parece ligeiramente melhor. Ele dá um pequeno sorriso. Não é o ideal, mas é um começo.

— Mônica – Do Contra sussurra, olhando de relance para Magali. –, quem é essa?

Verdade, ela ainda está aqui, nos olhando estranhamente. De repente me bate a realização. Magali é uma bruxa. O reino e os pais dos irmãos foram dizimados por bruxas. Ah, céus! Isso não vai acabar bem.

— Ela é a Magali, ela... Nos ajudou quando a gente desmaiou.

— Ah, de nada.

O rosto de Magali expressa confusão, mas antes que ela diga alguma coisa eu volto a falar com Do Contra, pois não quero ter que explicar a confusa personalidade dele.

— Como você está?

— Como você tá?

— Eu perguntei primeiro. – argumento.

— E eu perguntei segundo. – contrapõe.

— Ninguém quer saber como eu tô?

Dou um pulo de susto quando Nimbus fala. De tão concentrada na possível discussão com Do Contra, esqueci que ele estava desmaiado bem do meu lado. De qualquer forma, estou aliviada dele estar bem, assim ele pode encontrar apoio no irmão e vice-versa.

— Mano! – Nimbus exclama. – Você tá bem!

— Depende.

— Depende? Depende do... – Nimbus para. Por um segundo imagino que tenha se lembrado do que aconteceu, mas ele olha para Magali, o rosto estranhamente pálido.

E ataca.

Suas mãos vão para o pescoço dela, as palmas brilhando azul. Os olhos tão focados, tão cheios de raiva que me faz tremer. Do Contra grita atrás de mim, implorando para que Nimbus pare e meu corpo age sem que eu pense. Seguro o mago, feiticeiro, o que quer que seja, pela cintura e o jogo longe de Magali.

Do Contra imediatamente corre para ajudar o irmão. Minhas mãos tremem e minha mente está frenética. Não entendo o porquê de estar assim, mas, ao conferir que Magali está bem, me acalmo um pouco.

Claro, desejar que o susto tenha acabado é muito. Cascão deve ter ouvido a comoção de dentro da cabana e correu para ajudar pois ele acerta um soco no maxilar de Nimbus. Logo, Do Contra entra na briga para defender o irmão e tudo vira uma bagunça de chutes e socos.

São dois contra um. Não é justo, porém a força não parece ser um grande problema para Cascão pois ele pula de um lado para o outro, desviando de mais golpes que qualquer pessoa normal conseguiria.

Do Contra não ataca, a não ser quando Cascão acerta um deles. Ele passa muito tempo defendendo o irmão, aproveitando qualquer brecha para se colocar na frente do Nimbus.

Nimbus, na verdade, é o único que não mostra habilidade ou alguma ideia do que está fazendo. Ele luta com fúria, sem observar o seu redor. Suas mãos já não brilham e fico agradecida por isso, qualquer que seja seu estado, ele ainda tem a consciência de que não pode machucar um humano normal com magia.

Escuto um som de agonia vir de Magali. Tudo bem, hora de acabar com isso. Marcho até a confusão, agarro a gola da camisa de Nimbus e Cascão, visto que eles são os mais vorazes em seus ataques, e Do Contra se aquieta imediatamente.

— Maldita! - Nimbus grita, ainda tentando alcançar Magali.

— Mal agradecido! Ela quem te salvou! – Cascão, por sua vez, tenta alcançar Nimbus.

Ótimo.

Bem, se eles gritam, eu grito mais.

— JÁ CHEGA!

Eles se calam.

— Cascão, saiba que você não está resolvendo nada. – ele abaixa a cabeça envergonhado. – E você, Nimbus, precisa se acalmar. – mas ele não consegue, seus olhos brilham em desespero e horror.

— Ela é uma bruxa.

Nimbus diz com tanto ódio, com tanta certeza. Eu deveria ter esperado por isso, se ele foi capaz de sentir a presença de uma bruxa em um lugar que ela não visita por vários anos, ele saberia quando tivesse uma bem na frente dele.

— Mônica... Isso é verdade? – Do Contra pergunta em uma voz frágil que me enche de culpa.

Isso tudo está acontecendo rápido demais. Eu acordei pouco tempo antes deles, não tive tempo de fazer muita coisa que não fosse me preocupar. Já estou me sentindo exausta novamente. Suspiro e balanço a cabeça em afirmativa.

Nimbus se solta de mim e corre em direção ao irmão argumentando sobre como ele deviam ir embora rápido, mas Do Contra não parece estar prestando muita atenção pois seus olhar foca a grama a sua frente, o maxilar apertado. Por fim, ele olha para Magali com determinação.

— Mônica disse que ela nos ajudou. – diz, provavelmente para Nimbus. – Obrigado. – dessa vez é claro que ele se dirige para a bruxa.

Ele se vira e começa a andar, o irmão no encalço. Em um ponto, eles se sentam e discutem em vozes baixas, talvez sobre o que acabou de acontecer.

Magali, que parece congelada, só consegue acenar de volta para ele agora. Noto que sua garganta está avermelhada, um formato de dedos bem claro, o que quer dizer que Nimbus realmente tentou matá-la. Não o culpo, mas isso também quer dizer que não vamos ser capazes de sair daqui sem um conflito.

 Mais algumas realizações me invadem. Meu príncipe ainda está desacordado, e só os deuses sabem quando vai acordar. Magali está cuidando dele, muito provavelmente com magia, e como magia é uma coisa muito complexa, quem sabe o que pode acontecer? Cascão confia em Magali e está disposto a protegê-la a qualquer custo.

Como posso resolver isso antes que o ogro me ache?

Argh!

Estou tão cansada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não esqueça de deixar um comentário!
(Se é que alguém ainda lembra dessa fic...)
Até o próximo!



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