Venom escrita por Lua Chan


Capítulo 7
06. Uma espada falante nos revela as respostas




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ANNABETH

As primeiras 5 horas de nosso maravilhoso passeio se resumiram a Clarisse murmurando algo e nos amaldiçoando (o que, para um filho de Ares, poderia ser realmente perigoso). Foi até meio engraçado nos 15 minutos iniciais, até Percy pular em cima dela e quase ter um braço quebrado. Enquanto isso, Nico andava silenciosamente perto de mim, forçando para não rir com a quase morte de meu namorado. Eu o imaginei como uma daquelas pessoas que ficam incentivando uma briga. Magnus parecia a pessoa mais normal de nosso grupo (e isso é por que ele ficava sussurrando algumas palavras para o pingente). É, esquece.  Eu era a mais normal.

Após mais alguns minutos de caminhada, ouço um barulho esquisito vindo do meu primo. Assumi não ser a única a ouvir coisas, já que todos os outros pararam para encará-lo. Até que enfim, descobri que era o estranho pingente dele, que possuia a forma de um F meio torto (a runa do pai dele, pelo que eu aprendi). Ele estava brilhando como se um sol extremamente pequeno estivesse preso ao colar. Será que isso era normal para um filho de Frey?

— O que isso deveria significar? - Clarisse questiona, provavelmente pensando em alguma forma de fugir da gente. Afinal, ela sequer deveria se importar com Grover.

— É Jacques. - diz Magnus, como se aquela fosse a coisa mais óbvia de todas - Ok, não se assustem com o que vocês estão prestes a ver.

Não sabia exatamente do que ele estava falando, até que o brilho do pingente se intensificou, quase me deixando cega. Então o que deveria ser apenas uma runa nórdica se transformou numa espada brilhante e incrivelmente afiada. Magnus a segurava com ambas as mãos, que frouxamente apertavam o punho da arma.

— É bom te ver de novo, Jacques. - Magnus diz para a espada, como se essa fosse uma pessoa.

Pensei que o garoto estivesse meio louco, até que ouvimos uma resposta. De repente, "Jacques, a espada" foge das mãos de Magnus e flutua no ar. Por mais que aquilo fosse a coisa mais normal para nós, semideuses, tive que piscar os olhos para saber se não era apenas uma alucinação. Tudo piora para os meus sentidos quando a arma começa a falar.

— Ah, como é bom estar vivo, Magnus! Quer que eu cante alguma música? Passei horas ensaiando "Look what you make me do", você quer ouvir?

— Não, Jacques. - Magnus se apressa em dizer - Tá tudo bem. E quero te apresentar a algumas pessoas. Esses são Annabeth, Clarisse, Percy e Nico. Eles são semideuses também. E, pessoal, essa era a espada do meu pai: Sumarbrander.

— Ou Jacques, se preferirem. - a coisa continuou a falar.

Eu ainda estava em estado de choque, assim como Percy e Nico. Clarisse olhava para Jacques como se ela fosse o melhor presente de natal de todos. Típico de uma filha de Ares, claro. Não sabia o que dizer, mas silenciosamente agradeci por Percy se pronunciar.

— POR QUE VOCÊ NUNCA DISSE QUE TINHA UMA ESPADA FALANTE?

— Mas eu a mencionei quando falei a vocês sobre como morri. - meu primo rebate - De qualquer forma, ela pode ser útil em nossa jornada.

— Jornada? - branda a espada, desenhando um arco no ar - Oh, não, Magnus! O que você fez dessa vez?

— Qual é! Eu estou perdido em Midgard e essa é a única coisa que você me diz?

— Mid o quê? - pergunto, arqueando uma sobrancelha. Ainda não me acostumei a todos os termos nórdicos.

— Midgard, o reino dos humanos. É um dos 9 reinos nórdicos. Os filmes do Thor explicam um pouco a mitologia nórdica, sabe?

— Mas não acertam 1/3 de tudo. - Jacques complementa - Lembra daquele do Ragnarok? Por Odin, de onde tiraram que Hela é irmã de Thor e Loki? Foi a coisa mais hilária de todas!

— Você disse que sua espada pode ajudar a procurar Grover. - Nico interrompe, dando um passo a frente - Por que não tenta ser útil e pergunta a Jacques por onde podemos prosseguir?

Magnus fechou a cara, mas não avançou pra cima de Nico, o que me deixou seriamente surpresa. Parece que ele realmente estava apto a nos ajudar na missão. Seus punhos cerrados suavizaram e ele voltou sua atenção a espada flutuante.

— Ok, é o seguinte - começou Magnus - Por algum motivo, o qual realmente não lembro agora, eu caí do céu e vim parar num acampamento chamado Meio-Sangue. Esses caras me receberam bem por lá, mas descobriram que um sátiro, amigo deles, desapareceu. Você tem alguma ideia de onde procurarmos?

— Ele é um sátiro?! Uau!

— Jacques, se concentra!

— Ok. - murmura a espada, tristemente (espadas conseguem ficar tristes?) - Bem... acho que qualquer pessoa poderia querer sequestrar um sátiro. Sem ofensas.

— É, mas dessa vez é diferente. - Percy falou mais alto, o que chamou nossa atenção - Grover, nosso amigo, já foi sequestrado antes e eu consegui sentir onde ele estava. Desde o dia em que ele se foi, pelo menos, não consigo ter essa conexão com ele. Algo diferente está por trás disso.

Percy olha para baixo, como se algo estivesse tremendamente errado. Nico, de alguma maneira, sabia o que ele estava sentindo, já que apoiou sua mão no ombro dele, como se tentasse consolá-lo. Todos ficam em silêncio por um tempo, até Clarisse falar.

— Vocês não acham que isso pode estar além do nosso mundo?

— Como assim? - Percy pergunta e ela revira os olhos.

— Além do mundo grego, sua anta! Se realmente existem outros mundos, como o dos nórdicos, Grover pode estar lá.

— E o que a faz ter tanta certeza? - meu namorado continua a perguntar.

Antes que Clarisse pudesse sacar uma de suas armas para decepar algum membro de Percy, tentei entender o que ela estava dizendo e até que fazia sentido.

— Magnus apareceu no mesmo dia em que soubemos a notícia do desaparecimento de Grover. - comento - E se ele foi para o mundo nórdico enquanto Magnus veio para o grego?

— Ou algum nórdico poderia simplesmente ter sequestrado Grover! - Clarisse rebate - Céus! Será que Atena esqueceu de te dar uma noção básica de estratégias de guerra, garota?

Antes que eu pudesse argumentar ou tentar esmurrar Clarisse, Jacques prossegue com o falatório.

— Acho que estamos lidando com alguém capaz de controlar mentalmente as pessoas. Se seu amigo aqui não conseguiu sentir nenhuma conexão com o sátiro, é porque alguém a inibiu.

— E em quem você estaria pensando? - questiona Magnus.

Como se a espada tivesse olhos, Jacques encara Magnus em silêncio, sem fazer nenhum movimento. No mesmo instante, meu primo dá um passo para trás, como se Jacques tivesse dito que o mundo está prestes a acabar em 15 minutos. Seus punhos cerram novamente e eu duvido que ele iria recusar arrancar a cara de Nico se o garoto o confrontasse. Sua respiração se torna pesada e ele murmura algo no que supus ser nórdico.

— Não pode ser ele, Jacques. - diz Magnus - Nós aprisionamos Loki. Ele jamais poderia sair daquela castanha!

Ok, isso estava ficando cada vez mais louco.

— Sabemos que Loki é mestre em controlar a mente das pessoas. Acredite, ele deve ter feito isso a seu amigo.

— Espere... Loki? - diz Percy, ainda mais confuso - Tipo... o cara do mal da Marvel?

— Acredite, aquele Loki é a coisa mais fofa que você já viu, comparado ao verdadeiro.

— E... como ele é?

Estranho um pouco a pergunta do meu namorado, mas parece que Nico compartilhava da mesma curiosidade. O Rei dos Fantasmas estava atento demais, nem parecia que odiava Magnus.

— É meio difícil falar sobre a aparência de um... gênero fluido. - Magnus suspira, como se fosse difícil demais falar as últimas palavras - Mas naturalmente, em sua forma feminina, Loki tem uma preferência por cabelos ruivos, olhos verdes e-

— E em sua aparência masculina? - Nico esbrava, mais nervoso que antes - Como ele é?

— Bem... das últimas vezes que o vi, ele assumiu duas formas. A mais comum é a de um loiro, a camisa branca e listrada, de um time de beisebol. A segunda, ele era um cara de cabelos escuros, os mesmos olhos sombrios de sempre. Ah, e claro... as cicatrizes no rosto. Ele as revela às vezes quando se transforma.

— Então temos um problema. - conclui Nico - Eu tive uma visão há umas noites. Havia um cara estranho nele. Ele tinha as mesmas características que você falou e uma aura terrivelmente sombria, até mesmo para a morte.

— É... tem cara de Loki. - Magnus comenta.

— Ah, mas essa não foi a única surpresa.

Nico, dessa vez, olha com desdém para o meu primo, como se todo o peso de sua ira estivesse nos ombros do garoto agora. Seu tom era mais hostil, o que me fez pensar se eu deveria preparar para impedi-los de se espancarem.

— Tinha um menino de cabelos verdes. Parecia estar muito familiarizado com o cara das cicatrizes, já que estava conversando com ele. Você também apareceu no sonho e por fim, beijou o garoto. Você o conhece, não é, Magnus Chase?

Todos olharam para meu primo, que ainda estava em estado de choque. Nico cruzava os braços, com um meio sorriso que demonstrava uma estranha satisfação.

— É verdade, Magnus? - pergunto, sem saber muito bem o que achar daquilo.

— Sim. E pelo visto, isso está pior do que eu imaginava. - diz ele - O garoto do seu sonho se chama Alex Fierro, meu namorado, e provavelmente também está nas mãos de Loki.


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