Venom escrita por Lua Chan


Capítulo 6
05. Magnus ganha uma passagem de graça para o Asfódelos




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ANNABETH

Eu queria que as surpresas acabassem assim que Magnus tivesse chegado no acampamento, mas é claro que Quíron precisava trazer mais notícias. Eu estava prestes a mostrar a meu primo como as coisas funcionavam no acampamento, quando nosso diretor de atividades nos interrompeu com o maior vislumbre de derrota possível. Quíron esqueceu-se de Magnus por breves instantes, enquanto despejava o que viria a ser um soco no meu estômago: Grover Underwood desapareceu pela segunda vez.

De qualquer forma, não era de se esperar que o sátiro não estivesse aqui. Desde o dia em que Grover se uniu ao Conselho dos Anciãos de Casco Fedido, ele tem participado de pequenas missões envolvendo outros sátiros e a natureza. A última vez que o vimos, há umas duas semanas, ele estava partindo em uma dessas atividades. Eu e meu namorado nos preocupamos, é claro, mas Grover garantiu que qualquer coisa que acontecesse com ele, Percy sentiria, graças a sua ligação empática. Bem... aparentemente, isso não aconteceu e eu pedi ajuda a meus irmãos para localizá-lo de alguma forma, o que nos leva ao agora.

— Você está brincando, não é? - Percy fala mais alto do que deveria - Eu teria sentido se algo acontecesse ao Grover! E-Ele é meu irm... meu melhor amigo.

Aquilo me machucou. Eu sabia o quanto Grover era importante na vida do meu namorado, afinal, foi ele o responsável por cuidar de Percy enquanto ainda não sabia que era um semideus. Eu não tinha as habilidades emotivas de um sátiro, mas pude sentir a aura devastada do garoto. Até Nico, que por motivos incertos encarava Magnus com ódio, suavizou o rosto. 

— Vocês não têm, sei lá... celulares? - Magnus perguntou e no mesmo instante Nico revirou os olhos.

— Se você quiser atrair monstros, Magnus Chase, fique a vontade para tentar uma ligação.

Eu olho para o filho de Hades, quase o estrangulando. Magnus era importante para mim e eu, como a única parte de sua família mortal, tinha que protegê-lo. 

— Como Nico gentilmente disse, Maggie - falei -, nós, semideuses, não podemos nos comunicar com aparelhos celulares. Você se surpreenderia com a capacidade dos monstros nos rastrearem. Enfim... precisamos pedir ao sr. D por uma busca.

 - Correção: vocês precisarão implorar. - disse Nico, forçando uma postura intimidadora - As chances de Dionísio negar um pedido desses são altas, principalmente depois do incidente com Maggie aqui.

Por mais que eu ainda não compreendesse o motivo de tanta discórdia de Nico em relação a Magnus, tive que concordar com ele. Um pedido de busca não deve ser autorizado com tanta facilidade (ainda mais se estamos falando do sr. D e seu humor inconstante). De uma maneira ou outra, precisávamos dessa liberação. Grover poderia estar em apuros.

 - Temos que tentar, pessoal. - instiga Percy, esperançoso - Não podemos deixar Grover perdido por aí a fora.

— Eu posso ajudar. - diz Nico - Minhas viagens pelas sombras podem vir a calhar em algum momento.

Cabeça de Alga assente, com gratidão. Enquanto isso, Magnus encarava Percy com astúcia, como se concordasse mentalmente com tudo que ele dissera. Quando menos espero, meu primo dá um passo a frente, chamando atenção até do di Angelo, que mal suportava olhar para cara dele.

— Também estou dentro. Sei como é difícil perder alguém desse jeito e, de qualquer forma, preciso encontrar meu caminho de volta a Valhala. 

— Magnus, você não precisa fazer isso. - sussurro, apesar de que todos foram capazes de ouvir.

— É, realmente não precisa ir. - Nico insistiu.

Na mesma hora, a cara de Magnus fechou e ele deu passos corajosos (ou estúpidos demais) para perto do Rei dos Fantasmas.

— Escuta aqui, moleque, eu não faço ideia de quem seja ou por que eu pareço a personificação do Mal pra você, mas fique ciente de algo: - ele disse, seus rostos estavam apenas a um palmo de distância - se interferir em meu caminho mais uma vez, não vou ter pena de esmurrar essa sua cara estúpida!

— Mais do que a sua?

Magnus enfureceu ainda mais - talvez fosse  parte de seu sangue viking violento tornando-se mais evidente na hora. Foi preciso Percy garantir que Nico não o enviasse para o Submundo, enquanto eu impedia meu primo de tentar esmagar os ossos do garoto a qualquer momento.

— Já chega, vocês dois! Se vão mesmo nos ajudar, tentem não se matar pelo resto do caminho. 

— Concordo. - diz Percy - Vamos só falar com Dionísio. Se der certo, quando tudo acabar vocês acertam as contas entre si. Combinado?

Os dois assentiram com dificuldade, o orgulho possivelmente inflamando o peito. Seguimos até a Casa Grande, mas logo deixei que Percy e eu pudéssemos ficar a sós por alguns segundos até chegarmos lá. Ainda faltava algo.

— O que você estava prestes a me dizer, Cabeça de Alga?

— Ahn?

Olho para seu rosto, me segurando para não beijá-lo. Era difícil manter o foco com o espelho do oceano que se fazia presente em seus olhos e com a cara de confuso que ele naturalmente ostentava. Eu amava aquilo em Percy, por mais que me tirasse da paciência na maioria das vezes.

— Você disse que tinha algo importante para dizer assim que chegou com Nico no meu chalé.

Percy fica pálido por certo tempo, não sabia se apenas me arrependia por ter questionado aquilo ou se perguntaria qual era o problema. Optei por esperar pela resposta, por mais que a curiosidade estivesse fazendo buracos em meu cérebro.

— N-Nada. Podemos conversar em outra hora.

— Percy...

— Precisamos resgatar Grover, Annabeth. - continua ele, forçando a manter-se firme. O fato de ele ter falado meu nome com tanta frieza fez meu estômago girar - Prometo conversarmos depois.

Assinto, sem ter nenhuma vontade de fazê-lo. Se Percy disse que tinha uma informação importante, por que apenas não dizia agora? O que estava errado? Por mais que não quisesse, esqueci aquilo.

Finalmente, após termos caminhado em silêncio até a Casa Grande, falamos com o sr. D. Foi realmente difícil colocar naquela cabecinha redonda dele que a missão de busca seria importante. Dionísio ficava usando os mesmos argumentos, dentre eles, que deveríamos sair daqui apenas se fôssemos mencionados em uma das profecias de Rachel. Felizmente, Quíron estava lá para nos defender, sem contar que Magnus falou de sua necessidade de encontrar o caminho de volta para Valhala e suas amigas. 

— Se acontecer algo a vocês, - fala Dionísio, purpúreo de raiva - eu mesmo irei providenciar suas mortalhas!

— Garanto que teremos sucesso nessa missão, senhor. - complementa Percy. 

Dionísio fica parado, mas pela expressão maliciosa em seu rosto, fiquei assustada.

— Pois bem... sendo assim, vocês poderão ir. Por outro lado, terão que levar Clarisse com vocês.

— O quê?! - eu e Percy falamos em uníssono. Creio que Nico também se rebelaria se tivesse uma convivência maior com a filha de Ares.

— É pegar ou largar, seus pivetes. Entrarei em contato com a senhorita La Rue.

Bufei, esperando que aquilo acabasse logo. Tivemos que entrar em acordo com Dionísio, portanto apenas esperamos Clarisse chegar na Casa Grande para irmos embora. Após agradecermos a Quíron pela ajuda e recebermos uma tonelada de palavrões em grego de Clarisse, pegamos alguns de nossos pertences nos chalés e saímos dos limites do acampamento. Um vento frio fez os pelos da nuca arrepiarem, mas Percy logo me abraçou. Por alguns momentos, era como se ele tivesse me envolvendo num lençol de água quente e aconchegante. Eu havia saído do acampamento, mas ainda estava em casa.

— Não vou te abandonar, Sabidinha. - sussurra ele, tirando facilmente um sorriso de meu rosto.

— Que essa seja nossa promessa, então.

Ele entrelassa seus dedos quentes nos meus e andamos assim por um bom tempo.


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