Venom escrita por Lua Chan


Capítulo 5
04. Eu sou uma ótima babá




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PERCY

 Eu adoro cuidar de crianças, com exceção de Nico di Angelo. Odiava ter que pensar assim, mas confesso que fiquei meio irritado com o Rei dos Fantasmas assim que ele fugiu. Acho que lá no fundo, além de ajudar Magnus a se encaixar no acampamento por enquanto, queria mostrar à minha namorada que posso ser prestativo, sei lá. E bem... ter um adolescente enfurecido rondando pela floresta sem rumo não estava em meus planos de ser um cara amigável tentando ajudar um cara perdido.

Enquanto assistíamos Nico viajar por uma das sombras expostas de uma árvore para só Íris sabe onde, peço licença a ambos os Chase e corro até a floresta do acampamento a fim de encontrar o garoto. Felizmente, ninguém estava praticando Captura a Bandeira ou alguma atividade tão perigosa que pudesse estragar minha perseguição. Procurar Nico ficou mais fácil ao olhar o estado do chão: a grama tinha uma coloração mais escura por onde ele pisava, portanto apenas segui a trilha, parando assim que cheguei no lago que cercava o acampamento.

Lá estava ele, olhando para o horizonte e atirando um punhado de pedras na água. Fiquei pensando se aquela seria uma forma irônica de descontar a raiva contra um filho do deus do mar. Não sabia se ele notara minha presença, mas procurei ser pacífico ao sentar ao seu lado.

— Parece que suas pedras não vão acabar, não é? - murmuro, retendo sua atenção.

Estando mais próximo ao garoto, pude perceber que seus olhos estavam mais sombrios que o normal, como se fosse o resultado de noites mal dormidas e por ele ser o filho de Hades. Nico arqueia a sobrancelha em dúvida, como se eu tivesse dito algo absurdo demais para ele poder responder.

— Você deve estar bem chateado agora. - prossigo. Ele dá um riso de deboche.

— Obrigado pelo comentário, sr. Óbvio. É assim que eu me sinto quando meus amigos não querem me ouvir.

A culpa parecia me dar um tapa na cara, mas eu estava preocupado demais com Nico para sentir o efeito. Ele volta a atenção para as pedrinhas com um estranho autocontrole, do qual desconfiei na hora. Nico parecia apenas cansado naquela hora e não deveria ser somente devido às suas viagens pelas sombras. Ele pega uma pedrinha e a atira no lago, provocando leves ondulações. Tento descontrair atirando mais uma pedra na mesma direção, dessa vez gerando uma parede de água de pelo menos 2 metros. Quando o muro desabou ao meu comando, Nico bufou (foi quase um riso, portanto considerei um avanço).

— Exibido. - diz ele, puxando os joelhos para perto.

Não fui capaz de interpretar a nova expressão que se fazia presente em seu rosto, mas pude dizer que não era boa.

— Nico, cara... você sabe que se tiver um problema sempre vai poder contar comigo, não é?

Nico olha para mim novamente e por um breve instante, parecia que tinha se tornado aquela criança cheia de vida que ele era, assim que o conheci. Agora sim eu senti aquele tapa na cara. Ele dá de ombros, mas aparentemente estava a ouvidos.

— Por que você não me fala o que houve agora há pouco?

Seu rosto fica mais escuro. Torci para que tivesse sido apenas a sombra de uma árvore.

— Eu não sei se quero falar sobre isso...

— Pode ao menos dizer por que estava tão irritado com o primo de Annabeth?

Nico fica cabisbaixo, agarrando uma das pedrinhas como se fosse sua vida. Ele a joga com mais destreza, fazendo-a quicar 2 vezes na lâmina d'água.

— Então ele é o primo dela. É uma pena.

— Por que, Nico? - insisto, implorando internamente para que ele fosse mais cooperativo - Qual é o problema?

Ele emite um tipo de rosnado, mas não fiz nenhum questionamento (pelo menos, não em voz alta). Nico vira para mim, mais neutro.

— Há duas noites eu tive uma visão sobre esse cara. Eu senti que ele estava vindo para o acampamento. Ou melhor... caindo.

— Annabeth disse que você esteve por aqui na noite anterior. Veio avisar sobre o sonho, não foi?

Ele concorda, focando sua atenção para o lago de novo.

— Eu fiquei preocupado, sabia que algo de errado ia acontecer. Pude sentir que aquele garoto tinha alguma relação com Annabeth, por isso fui avisá-la sobre o sonho.

— Mas não foi só isso, não é? - deduzo, ainda lembrando do quão hostil Nico soou quando se dirigiu a Magnus - Você disse que Magnus traria a ruína do acampamento. O que mais você viu?

— Você está certo. Tive outro sonho, assim que voltei pra... casa. Tinha outra pessoa nele, um cara de olhos vibrantes e maliciosos, com umas cicatrizes grandes no rosto. - disse ele, dando uma pausa logo depois, como se precisasse ser cauteloso com as próximas palavras - Ele estava falando com um garoto de cabelos verdes como se fossem muito próximos. Quando pude finalmente ver os olhos do garoto... eles estavam congelados.

— Como assim?

— Não sei... era como se a própria Medusa o tivesse feito como vítima. - Nico suspirou nervoso - Percy, eu não faço ideia de quem seja aquele garoto ou o cara esquisito, mas algo estava terrivelmente errado naquilo.

— Ok, mas... o que Magnus tem a ver com isso tudo?

Nico ficou em silêncio. Não havia mais pedras a serem atiradas no rio, portanto ele apenas ficou mexendo as mãos com ansiedade.

— Eu não falei isso para Annabeth, porque não sabia se deveria ser tão importante na hora, mas Magnus apareceu em uma parte do sonho. Ele beijou o garoto.

Eu não sabia o que dizer, muito menos o que aquilo tudo poderia significar. De algo, porém, eu tinha certeza e poderia concordar com Nico: havia algo de errado com aquilo tudo. Algo de estranho com Magnus. Então a possibilidade de ele estar guardando um importante segredo veio a minha mente. Apesar de tudo, minha consciência me forçou a pensar positivo.

— Não acha que está sendo precipitado demais? Quer dizer... o sonho poderia significar qualquer coisa.

— Percy, olhe nos meus olhos e diga que não acha Magnus meio suspeito.

Droga. Era difícil negar. Magnus poderia até ser um cara legal (e ter uma prima incrível), mas se ele tinha algo em comum com o cara estranho que Nico viu ou com o garoto que deveria estar mancomunado a ele, isso poderia torná-lo perigoso. Eu tinha que avisar a Annabeth, mas nem sabia como fazer isso. Tudo estava lentamente desabando.

— Você está pálido. - Nico falou, ainda com o olhar nervoso que às vezes ostentava - Desculpe ter jogado essa informação assim. Eu só senti a necessidade te contar.

— Sem problemas, cara. Uh... você falou com mais alguém?

O rosto dele endureceu. Ok, eu definitivamente deveria parar de pensar como pessoas paralisadas pareciam ser vítimas da Medusa. Nico deve ter xingado algo em grego, mas foi baixo demais para ouvir.

— Não posso mentir sobre isso, não é? Eu conversei com Hades.

Tentei o máximo não parecer desesperado. Estava claro que Nico se arrependera de falar com o pai sobre a visão.

— Meu pai ficou estranhamente desconcertado quando falei do cara das cicatrizes. Era como se ele o conhecesse. De qualquer forma, ele não comentou nada depois disso.

— Certo... precisamos falar com Annabeth. Se ela teve outros sonhos envolvendo o cara esquisito e o garoto de cabelos verdes, precisamos saber.

Nico assentiu e eu o ajudei a levantar. Fomos correndo até o chalé de Atena, já que viajar pelas sombras não estava em cogitação para nenhum dos dois. Assim que chegamos lá, muitos campistas nos lançaram olhares confusos, provavelmente por causa de Nico - ele raramente ficava no acampamento e, por ser filho de Hades, sua presença já foi considerada motivo de repulsa. Por sorte, Annabeth estava do lado de fora do chalé, conversando com um dos seus meio-irmãos e seu primo, Magnus. Ela ohou para mim com uma expressão inquieta, estava com medo de perguntar por que. Dei o primeiro passo, enquanto Nico fuzilava Magnus com o olhar.

— Oi, Sabidinha. Será que poderia falar com você em particular? É bem importante  - digo, me esforçando para não parecer muito estranho na frente de Magnus, que apenas estava de braços cruzados.

Annabeth deu de ombros, ainda carregando o mesmo nervosismo.

— Annabeth? O que houve?

Ela se encolheu como se minhas palavras a tivesem machucado. Droga, como eu era estúpido! Como se não bastasse, minha namorada diz algo que eu definitivamente não esperava ouvir.

— Grover está desaparecido, Percy.


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