Venom escrita por Lua Chan


Capítulo 3
02. Panic! At the Acampamento




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MAGNUS

 Ok, novo conselho: se estiverem mesmo caindo do céu, aterrizem, se possível, num macio tapete de ovelha dourado. É sério, pode soar estranho, mas essas coisas são confortáveis. Eles deveriam vender isso em Valhala, no lugar das camisetas e canecas com os dizeres "Cavaleiro de Odin #1". Bem... a pior parte disso tudo, é claramente a dor, mas quando você é um guerreiro que morre todos os dias em Valhala, dá pra se acostumar. A segunda pior sensação é estar semi-consciente, descendo de uma árvore enorme e ser carregado brutalmente por o que parece ser uma garota. Específico demais? É... acho que exagerei um pouco no lance dos conselhos... não os sigam, crianças.

O que eu mais estranhei, sendo sincero, foi quando a dor parou de navegar pelo meu corpo. Eu estava mais leve, como nunca me senti antes (bem... antes de morrer e ser levado à Valhala por uma valquíria). Por algum motivo, notei meus sentidos mais aguçados, os machucados que deveriam fazer presença em meu corpo - como um grande furo em minhas costas, provocado por um dos grandes galhos da árvore - simplesmente se foram. Eu estava curado. Confuso, mas curado.

— É Magnus, não é? - disse uma voz masculina, a qual não reconheci - Magnus Chase.

Abro os olhos, mais pela necessidade de saber com quem eu estava lidando (vai que era alguma fera raivosa prestes a me matar. Ou pior: um esquilo gigante). No lugar dessas coisas, eu vi um garoto moreno, de olhos verdes como o mar. Ao seu lado, estava uma garota loira, olhos cinzas congelantes e estranhamente familiares. Senti que ela estava limpando meu rosto por algum motivo (sei lá... talvez por que eu caí de uma queda livre de pelo menos 70 metros?).

— Pelas cuecas de Odin... - não contive o sussurro - Onde estou?

A garota loira parou o que estava fazendo e me abraçou forte. Uma onda de náusea se fez presente em meu estômago, mas contive qualquer ação que pudesse me constranger futuramente (ugh!).

— M-Magnus. É mesmo você!

Ela continua a me encarar, muito sorridente, sem sequer ligar que tínhamos um enorme público (ok, acabei de perceber que temos um enorme público. Novamente: onde estou?!). Por fim, reconheci aquele sorriso de um tempo distante: era Annie. Annabeth. Por instinto, a abracei de volta com tanta força que tive medo de esmagar alguma costela sua. Desde que morri e fui para Valhala, eu estive mais forte, com uns músculos a mais, mas a mesma carinha de Kurt Cobain a quem mamãe e outras pessoas sempre me comparavam.

— Annie... - nunca a chamei assim, mas sua presença me deixou mais feliz - Senti sua falta.

O garoto a seu lado já cruzara os braços, como se o fato de eu estar vivo fosse uma ofensa para ele. Nota mental: vou lidar com esse cara quando estiver melhor. As pessoas ao nosso redor, vestidas rigorosamente da mesma forma (camisa laranja e a maioria de calças jeans rasgadas) foram se dissipando, graças a uma figura que era metade homem, metade cavalo. Pelo visto, as coisas ainda estavam normais aqui em Midgard. Legal.

— Vamos para um lugar mais calmo. Precisamos conversar. - disse ela, ajudando-me a levantar.

Claro, por que não? Já é rotina cair do céu, pousar numa árvore e encarar um centauro (é assim que os gregos costumavam chamar aquelas criaturas?) enquanto saboreava a bebida mais deliciosa de todas - eles a chamavam de néctar. Tive que me deter a perguntar se tinha alguma relação com abelhas, porque seria ridículo demais. Percy, o garoto ciumento de olhos verdes, me trouxe um manto e sentou no sofá, sem parar de olhar para mim de maneira intimidadora (ou pelo menos tentava). Estávamos num lugar chamado Casa Grande. Nota mental: perguntar pro centauro se ele morava aqui mesmo ou se era apenas um grande escritório. Ao seu lado, havia um homem de bochechas gorduchas e rosadas que tomava um líquido escuro numa taça de metal. Todos o chamavam de senhor D, abreviação para "Dionísio", como o deus do vinho. Mal sabia eu que as coisas assumiriam um lado mais literal daqui a pouco.

— Então... - Dionísio tosse, como se tivesse bebido demais de uma vez só - Mano Cheese, não é?

— Magnus Chase, senhor. - corrijo, apesar de ter achado que ele estava apenas zoando com a minha cara - Sou o primo de Annabeth e se realmente quiser saber o que aconteceu, infelizmente o senhor não obterá as respostas comigo. Também não sei o que houve.

Annabeth tentou falar algo, mas foi logo silenciada pelo cara da taça de metal. Ela ficou cabisbaixa, mas Percy logo tentou animá-la.

— Isso é interessante, senhor Cheesecake, por que você, meu amigo, - ele aponta para mim - é um evento meio impossível.

Meio impossível? Do que ele estava falando? Tento obter a resposta ao olhar para Percy e Annie, mas só obtenho um par de dúvidas e inseguranças.

— Você sabe onde está, Magnus? - ele questiona. Por algum motivo, o fato de ele ter acertado meu nome me deixa mais nervoso.

— Não.

Ele riu, mais como um deboche e voltou a beber o líquido misterioso da taça.

— Você está entre gregos, meu amigo. Aqui é o Acampamento Meio-Sangue, onde tudo o que está ao seu redor se resume à histórias antigas e filhos de deuses gregos antigos, assim como sua prima aqui e Peter Johnson.

Percy se irrita com o comentário. Provavelmente era comum ter seu nome verdadeiro trocado por outro qualquer - aquilo já estava começando a me irritar também. Volto a encarar o senhor D.

— Suponho que seja o deus do vinho, certo?

Ele acena com a cabeça, estalando o dedo com uma esquisita felicidade. Por um breve momento, me senti como Harry Potter, recebendo 50 pontos de Dumbledore.

— Exato, Magnus Bane!

— E por que eu deveria saber dessas coisas?

O sorriso desaparece misteriosamente de seu rosto, como se eu tivesse acabado de convocá-lo a um combate. Dionísio abandona a taça em sua mesa e eu deduzo, pelos olhares assustados de Percy e Annabeth que coisa boa não sairia dele.

— Porque, meu caro... - ele começa, a voz mansa como um rio, as palavras afiadas como uma espada. Ele segura meus ombros e os aperta com uma força que não sabia que existia nele. Eu começo a sentir dor novamente - VOCÊ. NÃO. DEVERIA. ESTAR. AQUI.

— Senhor D, por favor-

— Silêncio, Percy Jackson! - interrompe, soltando-me na mesma hora. Massageei o local que ele me apertou, ainda sentindo o peso de suas gordas mãos - Você é um mortal, Magnus Chase. Apenas semideuses e outras criaturas como sátiros ou centauros - ele aponta para Quíron, que por muitos minutos manteu-se em repleto silêncio - podem atravessar pela barreira desse acampamento. Fora isso, outros seres podem entrar aqui, mas apenas com a admissão de alguém do acampamento, o que certamente não foi o seu caso.

— O tecido em que você caiu em cima, o Velocino de Ouro, o impediu de ser morto. - Percy, corajosamente, comentou - Além de ter propriedades de cura, ele nos protege de ameaças que rondam por fora daqui.

A sala ficou em silêncio por alguns minutos. A tensão era tamanha, que impedia aquele momento de ser tão constragedor. Finalmente penso em perguntar algo.

— Você disse semideus, não foi? - digo a Dionísio, que parecia estar incomodado por eu ter filtrado a conversa somente na parte do "apenas semideuses".

— Sim, e qual é o problema?

Dessa vez, Annabeth se ergueu do sofá, adquirindo uma postura confiante em contraste ao esnobe Dionísio, como se estivesse confrontando o diretor. Ela sabia do que eu estava falando, já que eu contei todos os meus segredos para ela em nossa última "conversa entre os Chase" em Boston. Aquilo atraiu a atenção de Percy e até mesmo de Quíron, que se isolava no fundo da sala, olhando para uma das janelas.

— Então tivemos sorte. Ele não é um mortal qualquer.

Por uma razão, a palavra "mortal" parecia engraçada quando Annabeth a pronunciava.

— O que quer dizer, Annabeth? - Percy questiona, sem entender o que estava ocorrendo.

— Magnus é um semideus nórdico.

O silêncio voltou a instalar entre nós. Fiz mentalmente uma aposta de quem falaria primeiro.


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