Morte. Uma palavra curta com sentimentos tão fortes e que leva outra palavra curta com igual intensidade. A vida.

8 meses.

Há 8 meses vovô Charlie se foi para sempre, tudo porque era um homem teimoso.

Não suporto chegar em sua casa e não o ver sentando na cadeira da varanda, observando o movimento da rua. Ele não está lá atrás assando peixe no domingo. Não está lá, se encostando nos lugares e dormindo lá mesmo por causa dos seus medicamentos que dão sono. Também não está na mesa contando piadas para todos nós enquanto estamos almoçando ou jantando. Não está brincando conosco. Posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes fui lá, o que piora, pois me sinto culpada por não ir visitar vovó Renée.

70 anos, era o que ele faria se estivesse vivo. E ele estava animado querendo fazer seu aniversário, ele sempre comentava isso com quem quer que fosse. Queria comemorar, mas estamos no mês do seu aniversário e ele não está aqui para poder ter seu desejo, que mamãe já estava pronta para fazer.

Eu fui uma das pessoas que aparentemente tinha superado mais rápido, mas sou a que está sofrendo mais, apenas comigo, por dentro. Todo mês, assim que consigo ficar só, é uma oportunidade para chorar sozinha e lamentar a sua perda. Mas eu não deixo demonstrar, não posso. Tenho que me manter o melhor possível, e deixar transparecer não é uma opção.

Quando fui passar as férias com meus avós paternos em Washington não pensei que nunca mais voltaria a ver vovô novamente. 

Mamãe me mantinha atualizada sobre sua saúde quando ele foi internado no hospital com pneumonia. Ele vinha sentindo os sintomas há quatro meses, mas só foi ao médico um mês depois e tinha sido diagnosticado com alergia, e veio tomando remédios para tal até a doença se tornou mais forte e não teve mais jeito.

Os vários “e se” sempre circulavam pela mente, mas eu tratei de espantá-los. Não queria chorar em público, afinal, e eu já sentia as lágrimas em meu rosto, tratei de limpá-las imediatamente.

— Olá, você está bem?

Fiquei surpresa ao escutar alguém falando comigo, quando levantei o olhar havia um rapaz ajoelhado à minha frente, parecendo preocupado.

— Sim. Obrigada. – Respondi, com a voz meio travada.

— Bem, eu só acho que ninguém deve ficar triste em frente a esse belo pôr do sol. – Ele falou, gesticulando para atrás de si, me fazendo rir.

— Bem, desculpe.

— Depois desse sorriso está perdoada, a propósito, sou Alec Volturi.

— Prazer, Renesmee Cullen.