The Sinners escrita por Bird


Capítulo 2
Luxúria de Ramírez




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Meu tempo de relacionamento com Reyna foi sem dúvidas bem gasto, ela sempre me ajudou a amadurecer meus sentimentos e pensamentos. Não teria o que reclamar, se não o fato de que o namoro não anda o mesmo que era, principalmente depois da morte de meu pai.

Depois da reunião do novo projeto empresarial, me despedi de meus colegas e fui para a mansão herdada pelo testamento. Minha mãe pediu que Reyna e eu passássemos algum tempo com ela, sempre soube que Sally com sua humildade, achava a casa grande demais, e a ideia de ficar solitária lá a devastaria.

Estacionei o carro e passei pelo jardim bem cuidado, observando as colunas de mármore e o design moderno da casa. Ao entrar, observei minha mãe sentada no longo sofá branco, encarando as chamas da lareira.

Me aproximei, admirando seus cabelos grisalhos e a pele clara.

— Sentiu muito frio hoje? — Puxei assunto. A iluminada São Francisco andava neblinada e gelada, pois era o que de se esperar em pleno mês de Agosto.

— E muita saudade. — Ela sorriu melancólica, mas logo mudou, como se espantasse a tristeza. — Reyna já chegou?

Torci o lábio. Era estranho não ter ideia de onde minha até então namorada estava, mas era assim nas últimas semanas. Jantávamos eu e Sally, Reyna só daria o ar da graça pela madrugada, e sempre dormia em um quarto diferente do meu.

— Ainda não, mas escute só, encontrei Thalia hoje.

— Ótima menina, a Thalia. — Seu sorriso cresceu. — Faz tempo que a família não se reúne, pensei em fazer um jantar na ação de graças, sei que está quase em cima...

— Eu a ajudo, com certeza meus primos virão. — Garanti. — Falando em eventos, no final do ano terá o baile da empresa, como a senhora sabe. — Falei pausadamente pois sabia que era um assunto delicado, minha mãe e Poseidon iam juntos todos os anos. — Gostaria que me acompanhasse, se não quisesse ficar muito tempo poderíamos apenas marcar a presença e depois ir jantar.

Seu sorriso mudou de emoção, se tornando compreensivo.

— Bom, tenho notado que o namoro com a Reyna mudou, mas não a convidar parece indelicado, meu filho.

Eu pensei nas minhas próximas palavras.

— Reyna não entende muito nossa perda, mamãe. — Observei as chamas. — Sinto como se pudesse compartilhar com ela apenas os momentos bons, e não todos eles.

— Não Percy, nós sabemos que ela não é assim. — Ela me orientou. — É uma menina boa, mas é diferente demais de você, e os dois até conseguiram contornar essas diferenças por alguns anos, mas em certas situações, a verdade vem à tona.

Consegui sorrir diante da sabedoria e tato de Sally.

— Seja sincero com ela e com você, querido. — Ela levantou-se. — Me acompanha agora para o jantar? Estive esperando por você.

Jantamos e com um beijo de boa noite, me despedi de minha mãe. Ela se encaminhou para o quarto, mas eu fiquei sentado, encarando as chamas e aguardando que Reyna voltasse.

Não me dei conta de quando dormi, mas quando acordei, senti as mãos de Reyna sobre meu rosto.

— Você está bem? — Sua voz sussurrou.

— Eu... Sim. — Me despertei. — Estava esperando por você.

— Sempre chego tarde, você sabe.

— Sinto que precisamos conversar.

— Você sabe que uma conversa não é o que necessariamente precisamos Percy. — Sentou-se na poltrona, longe do sofá em que eu estava. 

Ela pareceu ponderar suas palavras antes de pronunciá-las.

— Não está mais dando certo e nós dois percebemos. Eu arranjei um lugar para ficar, ao amanhecer vou agradecer a hospitalidade de Sally e me retirar.

Ouvir suas palavras foi mais doloroso do que pensei. A encarei com meu rosto provavelmente inchado após o sono, sem saber que horas eram e sem saber o certo, se agora eu realmente queria perder Reyna.

Mas ela não me deixou dizer mais nada. Apenas subiu as escadas em direção ao seu quarto e se trancou. Eu também subi as escadas e me fechei em meu quarto, finalmente deitando nos lençóis brancos e refletindo sobre tudo, sem quase conseguir dormir.

O que me consolava foi seguir os conselhos de Sally, ser sincero com Reyna, mas principalmente ser sincero comigo mesmo. Se eu queria ou não a perder era irrelevante. Normalmente, o ser humano é saudosista até com o que lhe machucava, então imagine o sentimento de terminar com alguém que foi tão boa pra mim.

No final, minha mãe acertava sobre seus falares. Eu e Reyna contornamos inúmeras diferenças que sabíamos que existiam, tudo pela luxúria de tornar possível um relacionamento que muitos duvidariam. E luxúria é muito atribuída aos desejos sexuais, mas nós tínhamos apenas o desejo de conseguir estar juntos, apesar de todas as coisas inerentes que nos separavam, como nossas personalidades. 


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Notas finais do capítulo

Amando dar novos significados e mostrar os pecados por outras vertentes.
Espero que gostem ♥