Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 37
Interesses futuros


Notas iniciais do capítulo

Cap. postado!
Nyah fora do ar, e eu querendo postar mais um cap.
Até o próximo! Beijos!



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Foi na porta de casa que tirei as sandálias de salto alto.

—Graças a Deus!

Katherine, logo atrás de mim, mais uma vez reprovou minha atitude com um aceno negativo de cabeça.

—Fazemos isso quando entramos em nosso aposento.

—Aposento? – Indaguei pensativa. –Ah! A senhora quer dizer quarto.

—Corretamente. – Se sentou com elegância, cruzando as pernas. –Admiro sua sinceridade e espontaneidade, mas... há muitas coisas que não se deve dizer publicamente.

—Do que a senhora está falando? – Tirei o chapéu.

—Você escancarou nossos problemas aos Goldenberg.

—A senhora me fez crer que eles são de confiança e, aparentemente, são.

—Com toda a certeza, no entanto, você pode está sendo deselegante ao especificar tantos detalhes pessoais, sendo que Karl e a família já conhece meus atritos com Kristen.

—Isso é muito complicado! – Comecei a tirar todas as joias que enfeitavam pulso e orelhas. –No meu bairro as pessoas costumam falar de tudo. Quando tem um babado então! – Katherine me observava. –Falar de problemas pessoais é algo tão natural para mim, é como falar da pizza favorita!

—E você pode falar sobre eles, só deve se limitar a tantos detalhes desnecessários. – Ela fez um gesto rápido para Lindsay. –E pelo amor de Deus! Pare de usar a expressão ‘vaca’! – Senti vontade de rir, mas me segurei.

—Isso também é muito natural para mim, é o mesmo que vadia. Como a senhora costuma chamar uma FDP?

—O que é isso agora?

—Filha da puta ou filho da puta! – Ela se mostrou horrorizada. –Duvido que a senhora não xingue! – Eu a testei. –Nunca xingou alguém na vida?

—Você é inacreditável! – Ela achou graça da minha insistência. –Tivemos uma tarde fantástica! O que achou dos Goldenberg?

—São legais.

—Só legais? – Indagou cheia de expectativa. –O que achou do Dylan?

Estava demorando para ela chegar ao X da questão!

—Ele é legal.

—Ele é um rapaz mais que legal. Faça um esforço.

—Tá bom! – Eu não estava pronta para falar de um cara que tinha acabado de conhecer. –Ele é muito bonito, educado, doce, simpático... É uma pessoa bacana.

—Não foi difícil. – Ela se mostrou satisfeita. –Ele gostou de você. Tanto Karl, como Florence perceberam isso.

Minha avó estava tentando ser um cupido. Eu, no entanto, queria me manter longe de sua boa intenção com Dylan.

—Está fazendo isso por causa dos meus sentimentos por Bryan, não é?

Tomei coragem ao encurralá-la.

—Estou. – Ela foi curta e direta. –Não está certo amar esse rapaz.

—Por que a senhora, a sociedade alta desse país e William decidiram? – Perguntei chateada. –São meus sentimentos e, talvez eles não signifiquem nada para Bryan.

—E se significarem? – Perguntou provocativa. –E se ele a corresponder? Você estará pronta para ter uma sogra como a Kristen, sua inimiga? – Lindsay apareceu, com uma bandeja em mãos. –E quem lhe garante que esse Bryan não seja ganancioso como a mãe? – Ela também estava chateada. –Você é tão jovem. Nas mãos de um charlatão perderia tudo que nossa família conquistou há duas gerações!

Foi aí que me dei conta de que minha vida não era mais minha. Eu estava sendo gerenciada e assim seria até meus últimos dias na face da terra. Minhas decisões, opiniões, e passos tinham que está de acordo com o meu novo padrão de vida, e seria admissível pensar o contrário.

—Por que a senhora acha que o Dylan seria uma ótima escolha para mim? Quem lhe garante que ele não é um interesseiro?

—Você pode ficar despreocupada com os interesses financeiros dele. Aliás, é o Dylan que precisa ficar esperto com mulheres. – Ela saboreou o café, recém servido. –Um rapaz no auge dos seus vinte oito anos, herdeiro único de...

—Talvez não esteja percebendo, mas está agindo como a Kristen. – Interrompi ela, rispidamente. –No final das contas, é só o dinheiro que importa, não é? – Observamo-nos, estranhamente. –Amor... isso não importa para vocês. O dinheiro é a base de um bom relacionamento? É isso que está tentando me ensinar com tanto discernimento?

—Estamos falando sobre...

—A senhora não deve ter amado de verdade.

—Olhe só você! Falando sobre amor como se muito entendesse sobre ele!

—É. Não sou uma expert no amor, mas sei muito bem que dinheiro nenhum me fará escolher um bom partido! Com licença.

Tomei um banho demorado, desmanchando a escova que deu vida ao penteado. Vesti o roupão, me deitei na cama, e tentei relaxar. Não deu certo minha tentativa. Um tanto eufórica e culpada, resolvi que já era hora de ligar para a minha mãe.

—Stella! Por que só está me ligando agora?

Engoli a seco, levando a mão à testa. Fechei os olhos, procurando a melhor maneira de encarar aquela conversa.

—Desculpe. Ando muito ocupada ultimamente.

—Ocupada para falar com a sua mãe?

—Eu não quis dizer isso, acontece que... Cadê as crianças?

—Mudando de assunto. Isso não é um bom sinal. — Se Eu não fosse mais rápida e objetiva ela saberia que Eu não estava bem. –Você está bem? Está sendo bem tratada?

—Não é como está com vocês, mas está dando para levar.

Minha mãe manteve um longo silêncio. —O que anda fazendo?

—Estou fazendo aula de etiqueta.

—Etiqueta? – Ela riu. –Você deve está dando muito trabalho ao seu professor.

—É melhor você não rir. O meu professor acha que não tive uma boa educação.

—Como esse fulaninho se atreveu a dizer isso? – Comecei a rir de seu estresse momentâneo. –Eu adoraria conhecer o seu professor. É ele que precisa aprender boas maneiras!

—Você é bem louca, sabia? Meu professor não disse nada. Estou te zoando. Você é uma barraqueira, Kimberly!

Minha mãe era uma mulher que sabia se comportar com elegância, entretanto, perdia as estribeiras com muita facilidade.

—Fico feliz de sentir que você não mudou.

—Isso não vai acontecer. – Minha resistência seria maior que qualquer influência. –Quero te perguntar uma coisa.

—O que é?

—É sobre Rebecca Katherine, minha avó. – Ela aguardou a pergunta. –Você realmente não a conheceu?

—Eu sabia quem ela era, mas nunca tivemos nenhum tipo de contato. Por que a pergunta?

—Só curiosidade. – Dei de ombros, dissipando detalhes que não existiam. –Quero que você e Petter venham para a minha festa.

—Festa? William ainda não sabe a data do seu aniversário? – Ironizou.

—Não tem a ver com meu aniversário. Será uma festa de apresentação. Vou ser apresentada como uma Griffin.

Apresentada como uma Griffin? Isso é realmente necessário?

—Também achei exagerado, mas está decidido.

—Isso não faz o tipo de William. Ele sempre foi contra a qualquer tipo de exposição e, do nada, resolveu te promover para o mundo? – Minha mãe estava encafifada. –Não acho que seja uma boa ideia. Você é filha dele, não precisa de exposição para ser tratada como tal. Onde ele está? Quero falar agora mesmo com ele!

—Você não pode encarar isso numa boa? É só uma festa.

—É um circo, Stella! – Insistiu alterada. —Vá chama-lo. Precisamos conversar.

—Ele ainda não chegou.

—Stella...

—Prometo que amanhã bem cedo ligarei para você.

—Esqueça a ligação. Vamos viajar para New York nesse fim de semana. – Eu a conhecia bem para afirmar que nada a faria mudar de ideia.

—Vou espera-los, mas não quero que você dê uma de estraga prazeres. Estou muito empolgada em ter uma festa, só minha.

Uh. – Ela estava sob o efeito da desconfiança.

—William deu carta branca para que vocês se hospedem na casa dele.

—Nem pensar!

—Tem espaço suficiente para todo mun...

Stella, isso não vai acontecer! – Disse categórica. –Já está sendo um pouco difícil para o Petter aceitar William por perto.

—Nada a ver! Não vai me dizer que ele está com ciúme.

—Deve ser orgulho masculino. Petter sempre considerou o seu pai um cara arrogante.

—Ele não é arrogante, é calado e sério, é muito diferente. – Inconscientemente defendi William. –Estou muito cansada. Tive um almoço ‘atarefado’ hoje.

Tudo bem. Vamos nos ver nesse fim de semana. Eu te amo.

—Eu também.

—_______________ᵜᵜᵜ________________

O clima no café da manhã não estava nada bom. Katherine se manteve reservada desde o momento que demos bom dia naquela manhã ensolarada.

—Minha mãe irá para New York nesse fim de semana. – Comuniquei a ela, por que era necessário aquela informação ou, provavelmente, Eu só queria tirá-la do silêncio absoluto.

—Conversou com ela ontem à noite?

—Sim. Quero que ela esteja na minha festa.

Katherine pensou a respeito. –Como é a relação do meu filho com a sua mãe?

—É estranha. – Falei impulsivamente. –William a observa como se quisesse pedir perdão. Minha mãe olha para ele como um completo estranho.

—Uh. – Ela murmurou, entretida em devaneios. –Você disse que ele a olha como se quisesse pedir perdão?

—Sim, mas não por ele ter sumido, por que foi um grande mal-entendido, mas por ele não ter estado por perto quando ela mais precisou, acho.

Ela estava tão compenetrada nas minhas informações que deixou o garfo cair no prato.

—Perdão. Não dormi bem essa noite. – Se explicou encerrando a refeição matutina. –Tomei a liberdade de agendar nossa viagem para amanhã, às duas horas da tarde. Tudo bem irmos no jatinho do Karl? – Percebendo meu desagrado, ela achou que estava na hora de falarmos sobre os Goldenberg. –Quero me desculpar com você. Fui antiquada e arrogante ao não respeitar os seus sentimentos, mas saiba que minha opinião sobre você está apaixonada por esse Bryan não mudará.

—Disso Eu já sei. – Uni as mãos. –A senhora é muito controladora. Deve ter sido um verdadeiro inferno para William tomar as próprias decisões.

—Fui educada para ser uma mulher firme. – Revelou me observando. –Quando me casei, foi difícil aceitar o governo da minha vida nas mãos do meu marido. – Ela sorriu. –Mas, o seu avô era um homem gentil e apaixonado. Ele foi muito paciente comigo.

—Puxa! Eu adoraria tê-lo conhecido. Como ele morreu?

Ela deu um longo suspiro. –Enfarto. – O quadro gigantesco era o seu alvo. –Aparentemente ele não era um homem estressado, mas tinha a empresa tomando todo o tempo dele.

—Entendo. – Lamentei, profundamente o fim precoce de um parente que Eu teria adorado conviver. –Por isso, as pessoas não podem sacrificar a vida em troca do dinheiro.

—Concordo plenamente com você, no entanto, é lei da vida trabalharmos duro.

—Uh. – Murmurei, pensativa. –Se Eu for herdar tudo que nossos antepassados construíram, não quero ter o mesmo fim do meu avô.

—O que você está dizendo? Você é a minha herdeira! Isso é incontestável! – Disse abismada com minha descrença. –É por isso que você deve se casar com um homem que a auxilie, que cuide do seu patrimônio.

—Isso é puro machismo, dona Katherine! Uma mulher pode sozinha governar uma empresa!

—Esqueci que essa geração pensa diferente. – Ela sorriu. –Tenho certeza que você será uma empresária bem sucedida!

 


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