Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 34
O encontro


Notas iniciais do capítulo

Cap. postado! Beijos!



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Enquanto aguardava, mais que ansiosa, alguma resposta sobre meu encontro com Katherine, fiquei a observar os porta-retratos e quadros da família. Alguns, já me eram familiar, pois os vi no escritório e parte da casa de William, mas, surpreendentemente, me deparei com um quadro grande pendurado na parede, nele estava mãe, pai e filho. Curiosa e encantada com um objeto tão grande e pintado com perfeição, cheguei mais perto deste, e não resisti tocá-lo; cada detalhe minucioso. William era um adolescente ao lado dos pais. Ele estava sorrindo e não deixei de pensar no tempo que ele deve ter permanecido na mesma posição para os olhos do pintor. Era como ver outra pessoa retratada naquela tela, cujo sorriso poderia está representando um momento único que ele nunca mais reviveria.

—Vire-se para mim, criança.

Foi inevitável não me assustar com a voz autoritária atrás das minhas costas. Senti uma mistura de medo e ansiedade me envolver, de tal forma que meus olhos embargaram.

—Não tenha medo... Stella.

A mesma voz dissera o meu nome, suavemente.

—Não estou com medo.

Foi dizendo essa frase que me virei para Katherine Griffin, que possuía olhos verdes como esmeralda, pele branca como a neve e cabelos pretos como os meus. Nossos olhares se cruzaram intensamente e a vi respirar fundo, antes de ela ser amparada pela mesma pessoa que me levou até ela.

—Senhora!

—Estou bem. – Disse fazendo gesto para que a mulher a deixasse. –Você me lembra muito uma pessoa... que já se foi há muito tempo. – Continuou a me observar, com certa estranheza, e simpatia ao mesmo tempo. –Como isso é possível? – Então, ela se aproximou, com cautela, e tocou meus cabelos com sutileza, assim como também tocou o meu rosto. –Stella. – Falou meu nome em um sussurro incontido. –Por que William nunca me falou sobre você?

A pergunta fez com que Eu me sentisse, de certa forma, aceita. De repente, o medo de ser rejeitada foi diminuindo, à medida que, aquela senhora, demonstrava interesse em nosso parentesco.

Engoli a seco. Um turbilhão de coisas desconexas inundou minha cabeça.

—Faz pouco tempo que Eu procurei o seu filho. – Ela aguardou uma explicação. –A minha mãe... ela nunca me disse nada sobre o meu pai biológico.

—A sua mãe... – Falou envolvida em pensamentos. –Quem é a sua mãe?

—Kimberly. – Ela parecia matutar o nome, mas, pelo semblante, a pessoa em questão não lhe era conhecida. –Minha mãe conheceu William na Universidade de New York. Eles namoraram por pouco tempo. – Katherine empalideceu. Inegavelmente ela se sentiu mal. –A senhora está bem?

—Sim. Só foi uma vertigem. – Seus olhos inquietos buscaram a presença de sua fiel empregada, que ouvia a conversa com muita atenção.

—William nunca falou nada sobre a minha mãe, não é?

—Ele... – Ela balbuciou. Parecia está perdida. –Ele era muito jovem naquela época. Provavelmente, o que ele viveu com a sua mãe foi um romance de universidade.

—Eles se amavam! – Defendi observando-a fixamente. –Mas, um mal-entendido os separou. Quando William voltou da Europa, ele achou que a minha mãe estava namorando outro cara, e, consequentemente, ele também achou que ela esperava um filho dele. – Katherine trocou olhares com sua empregada. –William não sabia que o Peter era só um amigo que estava ajudando a minha mãe a encarar uma gravidez, no auge da juventude dela. – Respirei fundo, sempre indignada com aquela história. –William saiu da universidade de New York e a minha mãe desistiu dos sonhos dela para me criar.

Ao término da minha narrativa, Katherine deu um longo suspiro. Vi a mulher cheia de autoconfiança e soberania se transformar em uma pessoa pesarosa.

—A vida às vezes é muito injusta. – Ela tateou as palavras. –Mas, você veio ao mundo! – Ela sorriu para mim, me fazendo duvidar de sua fama de megera. –Embora Eu tenha perdido o seu crescimento, me alegro de ainda poder conhece-la. Nunca imaginei que William poderia me dá uma neta! – Confessou estupefata. –É muito difícil para uma mãe aceitar a opção de seu único filho não querer ser pai. – William com certeza a magoou muito. –O tempo passou e William se fechou no mundinho dele, e achei que seria assim, até Kristen aparecer, e conquista-lo. – Estava evidente seu desprezo por minha madrasta. –E ainda por cima veio com a bagagem completa: dois adolescentes esquecidos por ela mesma! – Balançou a cabeça várias vezes, em negação. –O meu filho, que criei sabiamente para ser como o pai, estava se casando com uma mulher divorciada, mãe de dois filhos adolescentes, e interesseira! – Suas mãos se fecharam, simbolizando toda a raiva que fluía em suas veias. –Acho que fui castigada da maneira mais cruel! – Lamentou, profundamente.

—Senhora, Katherine. – Dei passagem para a empregada chegar à patroa. –Por que não descansa um pouco? O dia ainda está começando. A senhora terá muito tempo para conversar com sua neta.

—Não me diga o que fazer. – Disse calma, embora ríspida. –Ligue para o meu filho imediatamente! – Ordenou, fazendo a mulher correr atrás da agenda telefônica.

—Não pode contar a William que estou aqui! – Intervir, preocupada.

—O que você está escondendo?

—Eu...

—É melhor se sentar. Temos muito que conversar.

Rolei os olhos, obedecendo a mulher que não se esforçava para ser delicada.

—Não estou escondendo nada! Quer dizer, nada demais!

—Você é igualzinha ao seu pai. – Ela sorriu, cruzando as pernas, elegantemente. –Não preciso ser adivinha para saber o que se passa na casa de William. E, creio que, agora que você apareceu, Kristen deve está neurótica.

—Ela está me enlouquecendo! Escancaradamente declarou guerra! Quer me tirar da vida de William e ele não faz a mínima ideia de que a esposa é uma vaca! – Katherine franziu o cenho. –Desculpe o vocabulário. – Como Eu conseguiria conversar com aquela mulher sem agredir seus tímpanos?

—Foi por causa da Kristen que você veio me procurar?

—Pode parecer que estou usando a senhora para enfrentar um dragão, mas, a verdade, é que preciso da sua ajuda para libertar o seu filho!

—É um gesto muito amável, no entanto, William não precisa de ajuda! Um homem que se deixa ser seduzido por uma qualquer não merece o meu respeito, muito menos a minha atenção! – Impaciente, ela deixou o sofá. –Ele ousou me contrariar! Fez isso como se quisesse mesmo me ridicularizar!

—Acho que a sua implicância fez com que ele aceitasse a Kristen sem muito pensar. – Falei conhecendo uma pequena parte daquela história. –E se William fez isso para dá uma lição na senhora?

—Uma lição? Em mim?

—A senhora disse que está sendo cruelmente castigada. Pode não fazer sentido para mim, mas deve fazer sentido para a senhora. É só uma opinião. – Dei de ombros.

Ela andou de um lado a outro, pensativa. –Não há o que lamentar mais. – Disse para si mesma.

—William é um homem solitário. – Contei a ela, tirando-a do transe. –Acho que ele não ama a Kristen, mas aprendeu a conviver com ela naquela casa imensa. – Katherine se sentou, prestando atenção nos detalhes da minha narração. –Ele fez do Bryan, o seu enteado, um verdadeiro prodígio, assim como o pai fez com ele.

—Então, os boatos a respeito desse rapaz são verdadeiros? – Indagou sem esperar uma resposta. –William perdeu a sanidade, completamente! – Alisou as têmporas, em desconforto. –Com certeza esse rapaz está comungado com a mãe! O título de herdeiro de William já lhe subiu à cabeça!

—Eu lhe garanto que o Bryan é uma boa pessoa!

—Garante? – Ela balançou a cabeça, exibindo um sorriso desdenhoso. –Você ainda é muito imatura nesse mundo de poder, Stella.

—A senhora pode enxergar uma interesseira há quilômetros ou pode desmascarar um charlatão a curto prazo, mas Eu sei conhecer o coração das pessoas, sem precisar saber qual o tamanho de sua conta bancária ou pelo carro que ela tem!

Surpresa com o meu desabafo, Katherine ficou a pensar, estagnada no centro de sua sala gigantesca.

—Crescemos em mundos diferentes. – Ela passeou os dedos nos meus cabelos cheios de nós. –Já estou nisso há muito tempo, por isso me perdoe se minha experiência aguçada lhe incomodar. – Ela depositou um beijo terno na minha testa, me deixando sem jeito. –Não costumo agir assim com ninguém, Stella, no entanto, não posso esconder o quanto estou feliz por você ter aparecido em minha vida solitária.

 


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