Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 32
A viagem


Notas iniciais do capítulo

Cap. postado, pessoas! Beijos!



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Andei de um lado a outro, mais que apreensiva.

—Vai ser bom para mim passar esse tempo com a minha mãe. – Virei para a cadeira, mantendo o foco em especial. –Só estou te avisando por que... – Cocei a cabeça. —Você é o meu pai, então... – Sem jeito para chamar William de pai, mesmo que fosse em um ensaio, me dei por vencida. –Pai... – Suspirei alto. –Por que isso soa tão estranho ainda?

Ao final da minha pergunta, a porta do escritório abriu.

—Eva me disse que você estaria aqui, à minha espera. – Não consegui dizer nada a ele, só o observei dá a volta na mesa, e ocupar sua cadeira majestosa. –Sente-se, por favor.

—Prefiro ficar de pé.

Ele estranhou minha recusa, embora ela já lhe fosse familiar.

—Pois bem. – Pigarreou, afrouxando a gravata. –É... – De repente, o homem inteligente se deparou com o seu pior pesadelo: ser pai.

—Você não leva jeito para isso. – Comentei, sem freios.

—Jeito para quê?

—Para ser pai. – Joguei na cara dele, finalmente me sentando a sua frente. –E isso é estranho por que Bryan e Stephany já estão em sua vida há um bom tempo. Já era para você saber como agir.

—Talvez, mas lidar com você é algo novo e desafiante para mim.

—Está insinuando que é mais fácil para você agir como pai com seus enteados? Não deveria ser mais fácil você agir com naturalidade comigo já que sou sua filha?

William estudava cada argumento e questão que saíam da minha boca.

—Deveria sim ser mais fácil, mas... – Ele respirou fundo. –A questão é que preciso escolher as palavras certas para dialogar com você, o tempo todo, e isso acaba se tornando apreensivo. É como andar em um campo minado. Há qualquer momento uma bomba pode explodir e Eu não quero que isso aconteça, embora não consigamos evitar. – Ele estava certo. –Mas, tenho que me arriscar a andar nesse campo minado, afinal, essa é minha missão agora.

Entrelacei os dedos, nervosa. –Eu forcei você a aceitar essa missão, por isso, nada entre a gente soa natural. – Olhei-o, ressentida.

—Você não me forçou.

—Ameacei ir à uma emissora e armar o maior barraco familiar. Isso não foi legal da minha parte.

—Você só queria chamar minha atenção.

—E você não deve ter encarado isso muito bem. – Eu não precisava de argumentos para algo tão óbvio. –Então... Quer falar sobre as acusações que andam me cercando? – Mudei completamente de assunto. O tempo se encarregaria de continuar aquela conversa.

—Precisamos falar sobre isso.

—Uh. – Murmurei sem saída. –Você acredita mesmo em tudo que a Kristen te fala, não é?

—Eu gostaria que tivesse sido uma implicância dela, mas houve muita coincidência entre sua saída e o roubo envolvendo os mesmos marginais que estiveram aqui.

—Como sabem que se tratam dos mesmos caras?

—Você está tentando defende-los? É isso?

—Não estou tentando defender ninguém! Só acho muito irresponsável todos vocês associar os meus passos a uma invasão de casa! Tudo bem que posso esperar qualquer coisa daquelas sanguessugas, sua mulher e enteada, mas você poderia tentar me dá um pouco de confiança! O que acha? – Ele me observava, como um crítico pronto para destruir a vida de um nobre artista. –Como você não enxerga quem é a Kristen de verdade?

—Estamos falando sobre você, Stella.

—Mas, será que posso fazer acusações também, já que estou sendo acusada? – William não teve escolha, a não ser me ouvir. –A Kristen e a Stephany estão tramando contra mim!

—Vocês estavam se dando bem. Por que isso agora?

—É o que elas queriam que você visse! – William coçou as têmporas, com desconforto. –A Kristen está disposta a me tirar dessa casa! Ela me vê como uma ameaça por que Eu posso destruir tudo o que ela conquistou!

—E o que ela conquistou?

—Tudo isso e você! – Apontei para ele, frenética. –Claro, ela está obcecada com a ideia do Bryan ser o seu principal herdeiro!

—Então, todo esse alvoroço se desenvolveu por causa da minha herança?

—É a sua mulher que está criando caso. – Eu não cansaria de acusa-la. –Acho que ela teria coragem de me matar se você a deixasse sem nada!

—O que você está dizendo é muito grave, Stella. – Seu tom de voz mudou, drasticamente. –Conheço as ambições da Kristen, mas isso não a torna uma pessoa maléfica. – Ele a defendeu, como Eu imaginava. –Também sou movido a ambições, como todo ser humano, mas isso não faz de mim uma pessoa cruel.

—Por que o seu coração é bom, mas a Kristen tem um coração ruim!

—Você mal a conhece. Como pode defini-la como boa ou ruim em tão pouco tempo?

—Você a conhece há anos e ainda não sabe nada sobre ela.

—Stella...

—Diga o que quiser e fique à vontade para defende-la, mas tenho minha opinião formada sobre a Kristen e ninguém vai mudar isso!

—É uma pena que você aja dessa forma comigo, Stella. – Kristen invadiu a reunião pai e filha. –Eu não esperava que você me visse como uma pessoa má. – Ficou ao lado do marido.

—Quem te convidou aqui? – Perguntei cheia de raiva.

—Kristen foi muito delicada ao tentar se retratar com você.

—Eu quis pessoalmente te pedi desculpa pelo alvoroço que causei. – Disse ela, segurando a mão do marido. –Não agi bem perturbando meu marido com algo que é natural para você, sair sem dá satisfação, afinal, foi parte da sua educação ser criada assim, então, você não tem culpa de agir dessa forma.

—Minha educação foi impecável!

—E não duvidamos disso, no entanto...

—Como você é falsa! – Disparei saindo da cadeira.

—É melhor Eu deixá-los a sóis, querido. – Ela fingiu mágoa, descaradamente.

—Não vá ainda. – Impediu a esposa de sair. –A culpa é toda minha por deixar você tão estressada em relação a sua convivência aqui. – Disse sem rodeios. –Eu quero que você se habitue a essa casa e às pessoas dessa casa, e isso não vai acontecer se Eu não me atentar às suas necessidades pessoais.

Kristen sorriu para o marido. –Posso? – Perguntou ganhando o consentimento do marido. –Espero que você não tenha mais dúvida em relação a meu carinho por você. – Ela me entregou a chave de um carro, envolvida em um bonito laço de fita vermelha. –Esperamos que você goste do nosso presente. – Disse depositando a chave na palma da minha mão. –E aqui estão seus cartões e talões de cheques, para você comprar o que quiser, sem limitações.

Por mais que Eu odiasse a admitir, Kristen foi mais esperta que Eu. Ela tinha conseguido fazer com que Eu a acusasse para William, quando ela, apenas, estava enchendo o marido de boas ideias.

—Não posso aceitar. – Deixei os presentes na mesa.

—É direito seu, Stella. – Lembrou William, confuso com minha recusa. –É algo que Eu já deveria ter feito.

—Muito obrigada, mas... – Engoli a seco. Por mais que Eu não quisesse recusar um carro 0km e cartões ilimitados, era preciso manter os pés no chão. –Vou passar um tempo com a minha mãe. – Em meio a uma situação épica, mudei completamente de assunto. –Já faz um bom tempo que não vejo a minha família.

Kristen pareceu adorar a ideia, no entanto, William parecia estar desconfortável com a notícia.

—Entendo. – Foi tudo que ele disse, como se já esperasse aquela notícia. –E... quando você pretende ir?

—Essa noite.

William estava mais surpreso ainda. –Tão de repente assim?

—Eu já estava planejando isso a um bom tempo. – Falei tomando fôlego.

—Bem... – Ele estava surpreso, embora tentasse agir com naturalidade. –Vou leva-la ao aeroporto. Um jato particular estará à sua espera.

—Já estou com a passagem de embarque. – Mostrei a passagem aérea, na tentativa de fugir dali, o mais rápido possível.

—Classe econômica? – Kristen quase gargalhou, mas fingiu está atenta ao meu bem-estar. –Querida, temos um Bombardier Challenger 350 para leva-la aonde você quiser.

—Não é preciso. – Fingi está atrasada. –Meu táxi já deve estar lá fora.

—Vou leva-la à porta.

—Não sou cega! – Tentei impedir a companhia desnecessária de Kristen.

—Faço questão de acompanha-la. – Mesmo sem ser convidada, ele me seguiu, bloqueando a visão do rosto pensativo de William. –Muito esperta. – Sussurrou assim que a porta do escritório foi fechada. –Resistiu à vontade de aceitar todos àqueles presentes valiosos.

—Eu teria aceitado se fosse só ideia do William, mas você o incentivou, fingindo ser uma madrasta generosa.

—E meu plano funcionou. Na visão do meu marido, é você que não gosta de mim. – Desdenhou fingindo está arrasada. –Por que não fica de vez com a sua mãe? Pense bem. Você terá uma vida confortável, mesmo longe dessa casa.

—A ideia é tentadora, mas o meu objetivo não é ter uma vida confortável.

—E o que é?

—Tirar você dessa casa. – Pisquei para ela, lhe dando as costas.

 


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