Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 25
Encontro indelicado


Notas iniciais do capítulo

Voltei, pessoas! Beijos!



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Dormi o suficiente para me manter de pé naquela casa ainda estranha. Ainda que Eu tentasse, não conseguiria descansar, pois Bryan e William atormentavam minha paz, minuto a minuto, devido os recentes acontecimentos. Eu não esperava que William fosse me abordar, para impor limites que ele achava faltar na minha vida, longe da protetora Kimberly. Mais um indício de que ele estava longe de me conhecer e, possivelmente, nunca fosse se aproximar de mim como realmente deveria ser: como pai e não um criador de regras.

De péssimo humor, me embreei nos arredores do jardim, a fim de apreciar flores que, até então, Eu não sabia que existia. Envolvida em paz exterior e cercada por um magnífico jardim, me estendi na grama verde, e fiquei a observar o céu azul, e as poucas nuvens brancas que nele dançavam, timidamente.

—Casar? Era só o que me faltava!

Ouvi claramente a voz da esposa de William, cada vez mais perto do meu recente esconderijo.

—Você é muito jovem para se casar, Stephany! – Em meio às folhas altas, consegui avistá-la, tomando cuidado para não ser descoberta. –Não sabe quase nada sobre esse rapaz! E se a família dele estiver beirando um colapso financeiro?

—Já investiguei. Não há com o que se preocupar!

—Há muito com o que se preocupar! – Disse visivelmente transtornada. –Por hora, preciso dá atenção a outros assuntos. – Ela mexeu nos cabelos, em um ato incontrolável. –O exame deu positivo. Aquela garota é mesmo filha do meu marido.

Não houve surpresa da minha parte, o exame só comprovou a verdade que muitos não conheciam.

—Vamos ter que suportá-la? É isso, mamãe? – Stephany estava tão indignada quanto à mãe. –Eu ainda tinha esperança de ser tudo mentira!

—Infelizmente, é a mais pura verdade. – Ela observou a mansão, não muito distante. Um suspiro tenso soou alto. –Mas, embora o exame de DNA tenha sido positivo, William está se mantendo distante de Stella, e ela já percebeu que eles nunca terão um relacionamento afetuoso de pai e filha.

—Eu já imaginava que seria assim. – Stephany sorriu para a mãe. –Aposto que ela vai acabar se cansando.

—Claro que sim! Aqui não é o lugar dela!

Mãe e filha deixaram o jardim, onde acreditaram está em ampla privacidade. Ao observá-las, falando sobre um casamento precoce, enxerguei uma tranqüilidade repentina na esposa de William. Ela estava verdadeiramente convencida de que meu laço de sangue com o marido não lhe seria um problema, pois, claramente, faltavam muitas coisas para William e Eu nos aproximarmos, e, pelo que Eu pude apurar da conversa dela com a filha, o milionário não fazia idéia de como fazer isso. Será mesmo que havia intenção nele de criar uma relação paternal comigo?

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Voltei à mansão. Fui à cozinha, troquei umas palavrinhas com Eva enquanto beliscava o jantar, quase pronto, e me apressei para voltar ao quarto, pois Eu tomaria um banho demorado antes de todos se reunirem na mesa.

—Stella! – No meio do caminho, a esposa de William me abordou.

—Senhora Griffin. – Enfatizei o seu nome, desanimadamente.

—Senhora? Ora, essa! Minha querida chame-me de Kristen! – Ela ousou me conduzir, mantendo suas mãos cheias de jóias em meus ombros. –Já está sabendo que o seu exame de sangue deu positivo? Você é mesmo filha de William!

Ela não perderia tamanha oportunidade.

—Eu não estaria aqui se não tivesse certeza. – Alfinetei, tentando decifrar sua simpatia.

—Quero que você me desculpe pela maneira, digamos, desconfiada que Eu a tratei. Entenda que não foi nada fácil ter de me deparar com você aqui, sendo que William sequer sabia sobre a sua existência.

—Ele sempre soube. – Falei, tentando manter o controle da situação. –Ele, ao menos, te contou sobre o namoro sério com a minha mãe?

—Claro que sim. Mas, não me pareceu ser tão sério.

—Você estava lá?

—Não, mas namoros de faculdades são todos iguais. Os jovens estão mais interessados em sexo do que romantismo. Não estou querendo dizer que William e sua mãe não se gostaram, no entanto, não houve um relacionamento forte o bastante para resistir os atritos que os cercavam. E, quando um relacionamento recentemente desenvolvido acaba, é por que não existiu amor de verdade, mas paixão, e nada além.

Ao final do seu raciocínio sobre separações repentinas, William e Bryan surgiram.

—Não resisti e contei a Stella sobre o exame. – Kristen foi ao marido e o beijou nos lábios, em cumprimento. –Pedi a Eva que preparasse um cardápio especial. Abriremos champanhe para dar boas-vindas oficialmente a Stella.

Kristen era uma mulher inteligente e astuta. Para ela, seria mais vantajoso me conquistar, mesmo que tivesse certeza de que Eu me cansaria dos Griffin.

—Estou muito cansado. Provavelmente, não jantarei hoje. – Informou Bryan, evitando firmar seu olhar em mim.

—Sem exceções, querido. – Kristen abordou o filho, visivelmente cansado. –Tomei a liberdade de convidar a Grace. Você sabe que gosto muito dela.

—Deveria ter me consultado.

—Para convidar a sua namorada? Minha futura nora? – Kristen abraçou o filho, chamando-o de implicante. –Deveria aproveitar a oportunidade e pedi-la em casamento de uma vez por toda!

Para mim, foi uma grande surpresa ouvir um pouco daquela intimidade em família, particularmente sabendo que Bryan não sentia o amor necessário para sesta completamente apaixonado pela namorada.

—Preciso de um pouco de paz antes do jantar.

—Claro, querido. – Kristen acompanhou o marido.

Ao pé da escada, estava Bryan e Eu, nos observando calados.

—O que devo vestir para o seu pedido de casamento? – Ironizei. –Sou a única que sabe que você não ama a Grace?

—Isso não lhe diz respeito.

Diferente de outros dias que chegou em casa, Bryan foi ao escritório particular da família. Resolvi segui-lo por uma implicância boba.

—Finalmente irei conhecer a mulher que arrebatou o seu coração de gelo!

—Você não tem nada para fazer? Deveria está trocando de roupa e penteando os cabelos, afinal o jantar especial será para você. – Ele também foi irônico.

—Isso não me interessa. – Peguei um livro.

—Educação não é o seu forte. É mais interessante para você expulsar alguém do seu quarto, arremessando nela tudo que encontrar pela frente. – Ele ainda estava muito furioso pela forma agressiva que Eu o tratei.

—Desculpe pelo jeito que te tratei. – Fui sincera. Eu estava mesmo disposta a me desculpar com ele. –Não sei por que agi daquela forma.

Se ele soubesse o quanto confusa Eu estava e que ele era a razão da minha maior culpa!

—Não é a mim que você deve se desculpar, mas a William. – De costas para ele, fingi interesse, exclusivo, no livro de economia global. –Você tirou dele a chance de ambos se aproximarem.

—Você acha que um pai deve se aproximar do filho estabelecendo regras? – Virei para ele, eufórica. –Qualquer pessoa cria regras, Bryan, mas nem todo mundo sabe dá amor!

—Pode ter sido um equívoco da parte dele, no entanto, talvez fosse a única maneira que ele encontrou de agir como pai.

Emocionalmente atordoada, soltei o livro no chão, e me amparei a uma cadeira.

—Ele sempre cria regras quando você e Stephany o contrariam? – Perguntei me esforçando para manter uma postura forjada. Eu não queria que Bryan percebesse que àqueles atritos paternais me deixavam sem chão.

—William nunca criou regras para a minha irmã e Eu.

—Nunca? – Indaguei completamente aprofundada na revelação.

—Acho que ele não se viu no direito de nos punir. – Disse pensativo. –Para ser sincero, nossa relação com ele nunca saiu do padrão normal, afinal, jamais arriscamos aborrecê-lo.

—Por medo?

—Não. Por respeito. – Ao final de sua revelação, que, para mim, foi surpreendente, ele deu meio sorriso. –E aí você dorme fora, não dá satisfação, volta para casa de manhã, o ironiza, e lhe dá as costas. Foi a primeira vez na vida que vi William Griffin ser escancaradamente contrariado e o motivo é sua filha rebelde! – Ele estava mesmo de bom humor. –Você realmente está dando a ele outro motivo para se preocupar na vida e não é a empresa.

—Mas, não sou de preocupar ninguém! Sou uma garota muito responsável!

—Passando a noite em baladas?

—Não vou à baladas sempre! Além disso, vou me divertir dançando e, às vezes, bebo uns drinks para me animar, mas não uso drogas e não faço sexo!

Bryan pigarreou. Ele não precisava de tantas informações.

—William sempre fica de bom humor nas manhãs de sábado: é o dia dele praticar esportes. Esteja na quadra de tênis pontualmente às sete horas.

—E o que Eu vou fazer lá?

—Vai jogar com ele. – Falou, sendo muito óbvio. –Será um bom momento para você se desculpar.

—Mas... – Andei em círculos, nervosa. –Não sei jogar tênis! Ficarei muito nervosa! Não vou saber o que dizer! Vou acabar estragando tudo!

—Dá para você se concentrar? – Segurou meus ombros.

—Você tem que está comigo!

—Qual é a parte que você não entendeu sobre ser o momento para pai e filha?

—Essa é a parte que me apavora! – Inconscientemente, agarrei as mãos dele, introduzindo súplica. – Se você estiver comigo me sentirei segura!

—Precisa parar de pensar assim! Não estarei com você sempre que se sentir insegura!

—Bryan, por favor! – Apertei mais ainda suas mãos, unindo-as às minhas.

—Bati na porta, mas ninguém me ouviu.

Uma mulher surgiu do nada. Olhava-nos com fixação e estava visivelmente brava.

—Grace? – Bryan observou nossas mãos, unidas como se representassem juras de amor. –O que faz aqui? – Afastou-se de mim, tentando voltar ao tom natural da pele, pois estava pálido como uma folha.

—A Kristen me convidou para jantar. Pensei que você estivesse ciente.

—Uh. – Murmurou dando um longo suspiro. –Claro que sim. – Percebendo que a namorada me olhava sem descanso, provavelmente incomodada com nossa aproximação, Bryan se lembrou que seria educado nos apresentar. –Desculpe. Essa é Stella, filha de William.

A bela mulher de pele bronzeada, olhos verdes, e cabelos ruivos andou até mim, como se estivesse em uma passarela,em cima de um salto agudo.

—Sou Grace, namorada do Bryan. – Ela esticou a mão para mim, e Eu, presa na atmosfera daquele encontro incomum, a cumprimentei, sem conseguir dizer uma única palavra. –Ela é tão tímida. Uma graça. – Sorriu dando atenção a Bryan. –Estou tão cansada. Preciso de um banho de espuma antes do jantar. – E, me ignorou completamente. –A Kristen disse que não tem problema Eu passar o fim de semana aqui. – Ela segurou a mão de Bryan. –Tenho uma coisa para te falar!

—Encontro você lá em cima.

—Nada disso! – Continuou arrastando o namorado. –Cheguei de Paris agora! Estou morrendo de saudades!

Mesmo relutante Bryan acabou seguindo a namorada.

‘Eu poderia ter um orgasmo duplo se você me tocasse agora!’

Lembrei das palavras dela ao pensar que era Bryan a ouvi-la.

—Como se Eu não soubesse o que ela quer! Nojenta!

 


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