Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 24
Realidade nas veias!


Notas iniciais do capítulo

Cap. postado, gente! Beijos!



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Fiquei à espera de Bryan, ensaiando um pedido de desculpas por ter tocado em um assunto completamente particular. Embora me fosse justo tomar conhecimento de tudo que acontecia na mansão, seria mais que válido ir com calma nos problemas relacionados à Bryan.

—Uma sereia fugiu do aquário!

Arrebatada pelo comentário machista, seguido de um riso insuportavelmente irritante, encarei o homem que, confiante, se pôs a minha frente, decidido a dedicar parte do seu tempo inútil a mais um papo irrelevante.

—Desde quando freqüenta esse restaurante?

O mesmo cara que me imprensou na parede e lambeu meu rosto tentava me encurralar mais uma vez.

—A comida está muito boa para desperdiçá-la, por isso, saia da minha frente antes que meu apetite desapareça!

Ignorando meu fora, ele observou, inquieto, cada parte do lugar. –Eu só conheço uma pessoa capaz de trazê-la aqui: Bryan! – Acusou quase certo. –Apesar de ser muito estranha a aproximação entre vocês, ainda mais se tratando de um cara como meu futuro cunhado. – Ele sorriu, ocupando a cadeira. –Então, parece que você tirou a sorte grande!

—Do que está falando?

—Stephany me contou sobre o rolo entre William e a sua mãe. – Cochichou, sorridente. –Quem diria que seremos parentes.

—Nunca teremos nenhum tipo de parentesco! Caso não caiu a ficha, Stephany não é filha biológica de William!

—Do que isso importa? No final das contas, tudo se resumirá em ‘família’!

Eu estava pronta para expulsar aquele canalha da mesa quando Bryan apareceu. E, para a minha surpresa, o mesmo fez gesto que pedia minha total discrição, para que Eu não o denunciasse ao homem que se titulava futuro membro da família Griffin.

—Saia daqui ou...!

—Calma! – Levantou as mãos, pronto para se retirar. –Diz a Bryan que mandei um abraço.

—Ele não está aqui! – Falei irritada. –Vai dá o fora ou quer que Eu banque a riquinha mimada que vai queimar o seu filme com o papaizinho rico?

Ironizei cada palavra, fazendo-o entender a mesma linguagem frívola que ele e seus amigos espalhavam na Universidade. Agindo de forma natural, o riquinho implicante se afastou, em um esforço incompreensível de firmar seu olhar ao meu, qual não consegui decifrar.

—O que ele queria? – Bryan chegou à mesa, atento à porta.

—Ele queria te dá oi.

—Ele sabe que estou aqui?

—Não se preocupe, garanti que estou sozinha. – Respondi chateada. –Algum problema se nos vir juntos? – Não me contive.

—Além do fato de Eu está em falta com meu trabalho? – Perguntou, ocupando a cadeira. –Seria embaraçoso explicar nossa ‘fuga’, não acha?

—Por que seria? Tivemos vontade vir à praia e estamos aqui. O que há de errado nisso?

—Com licença. – Uma seria veio à nossa mesa. –Foto para o casal?

Bryan me encarou desdenhoso. Então, percebi o que mais o incomodava ali comigo.

—Somos irmãos. – Disse ele, mantendo seu olhar irritado em mim.

—Mil desculpas! – Desajeitada, a mulher fantasiada de sereia sexy saiu às pressas, já que seu papel era de perturbar casais desavisados.

—Você está sendo radical demais. – Disfarcei o embaraço. –Mas, tudo bem. Já deu por hoje. – Afastei o prato. –Podemos ir.

Bryan não se opôs, na verdade, ele não via à hora de nosso passeio secreto acabar. Agindo como ele, também segui em frente, de volta ao carro estacionado no começo de nossa aventura, interrompida.

—______________ᵜᵜᵜ________________

Voltamos ao Brooklin, por que pedi a Bryan que me deixasse na casa de Brigitte.

—Você deveria dá satisfações a William.

—Por que Eu faria isso? – Perguntei, me ocorrendo de que aquela idéia nunca havia passado pela minha cabeça.

—William é o seu pai. – Respondeu desligando o carro. –Sua mãe não permitiria que você dormisse fora de casa o dia e a hora que bem entendesse.

—Estou no comando da minha vida agora. – Saí do carro, sem, ao menos, agradecê-lo.

Bati na porta de número 34B, sem ter certeza de que alguém viria abri-la, pois o som alto denunciava a presença excêntrica de Bethany, mãe de Brigitte.

—Stella! – Por um milagre que não esperei vê, ela conseguiu escutar minhas batidas.

—Oi, Bethany. Brigitte está?

—Claro que sim. Entre!

Bethany não era uma mãe comum. Ela bebia cerveja o dia todo, levava homens para casa, e usava roupas minúsculas. Nunca conseguia passar muito tempo em um emprego por que ela mesma se encarregava de dá trabalho aos outros.

—A Kimberly se foi e você ficou. – Comentou abrindo uma cerveja. –Agora você pode ser uma garota normal sem sua mãe aqui. Entende o que estou falando?

Bethany e minha mãe não eram amigas, só se cumprimentavam por que morava de frente uma para a outra, e devido à amizade de suas filhas. Elas eram muito diferentes, embora, de certa forma, se respeitassem.

—Você é filha de um milionário! – Comentou perplexa. –Passou todo esse tempo morando em um apartamento pequeno quando deveria ter tido tudo o que quisesse! A culpa de tudo isso é da Kimberly! Eu sempre achei que ela escondia alguma coisa!

—É uma longa história. Vou vê a Brigitte.

—Espere! Eu ainda quero saber se...

Sumi das vistas dela às pressas, antes que a mesma entrasse em detalhes que Eu não poderia explicar.

—Contou para a sua mãe sobre William? – Perguntei a Brigitte, que se assustou com a minha chegada repentina.

—Não consegui esconder dela, afinal todos logo irão saber que seu pai é um cara podre de rico.

—Mas, ainda não é o momento. – Joguei a mochila no chão. –Espero que ela não conte nada aos vizinhos. Quero continuar vindo aqui sem que as pessoas me deixem chateada!

—Não acha que é um pouco tarde para isso? O seu irmão gato esteve aqui com um carro de luxo essa manhã. O pessoal já está comentando, viu? Eles acham que você está saindo com um cara rico. – Logo, logo as pessoas me abordariam. –Aonde você foi?

—À praia. – Respondi sem muito pensar.

—À praia? – Indagou, surpresa. –Com Bryan?

—É. – Respondi meio desconfortável. O que Brigitte pensaria? –Foi um passeio rápido. Não aconteceu nada!

—E o que poderia ter acontecido? – Brigitte cruzou os braços, à espera de uma resposta.

—Nada poderia ter acontecido! Só falei isso para você não pensar bobagem.

—Não estou pensando bobagem nenhuma.

—Mas, vai pensar! Sei que você vai achar íntimo demais Bryan e Eu termos ido à praia. – Adiantei o que ela diria depois. –Para a sua informação, foi um passeio horroroso!

Brigitte me olhava com total atenção. Eu a conhecia bem para saber que ela estava intrigada.

—Vocês brigaram, não é?

Eu ouvi muito bem! Ela disse vocês, como se já conhecesse minhas brigas com Bryan.

—Não. Não brigamos. – Definitivamente, Brigitte não poderia saber o que houve de errado no passeio improvisado. –Ele quis voltar por cima do rastro, por causa do escritório. – Expliquei sendo observada. –Não quero falar sobre isso. Deveríamos sair para dançar. O que você acha?

—Vai dormir aqui de novo?

—Vai me expulsar, é?

—Não seja boba! – Ela atirou uma pelúcia em mim. –Seu pai não vai se importar com as suas saídas?

—Fala sério! Ele é a última pessoa na face da terra que Eu daria satisfação da minha vida!

—_____________ᵜᵜᵜ_______________

Eram sete horas da manhã quando voltei para ‘casa’, depois de dançar tudo que foi tocado, e de me embriagar com Brigitte, que ficou com um cara que usava óculos de sol, numa boate praticamente escura.

—Podemos conversar um pouco?

Ao pisar o primeiro degrau da escada, William já estava no topo dela, como se me aguardasse.

—Agora? – Não era um bom momento para nos falarmos. –O que quer falar comigo? – Cruzei os braços, vendo-o descer cada degrau, calmamente.

—Bryan me disse que você tem uma amiga, e que dorme na casa dela, às vezes.

—Amiga de infância. – Esclareci, dando um passo para trás, quando William chegara ao pé da escada.

—Ele também me disse que seu antigo bairro não é um lugar muito seguro.

—Do ponto de vista dele. Sinceramente, me sinto mais segura lá do que aqui.

—Claro. Não estou julgando suas amizades e vizinhos, mas...

—Não precisa se preocupar com nenhum deles. São pessoas legais e honestas. Não me farão nenhum mal e tão pouco virá aqui assaltar a sua bela casa ou seqüestrar a sua família. Com licença.

Dei passos urgentes escada à cima.

—Precisamos estabelecer algumas regras sobre as suas saídas noturnas.

Foi então que parei. Desde o início daquela conversa estranha, William estava tentando se aprofundar em um diálogo que ele realmente queria iniciar: minha liberdade sem freios.

Risonha, me virei para vê-lo. –O quê

—Kimberly não a criou com tantas liberdades.

—E você quer imitar a minha mãe? É isso?

—Só acho que ela gostaria de saber que você ainda se lembra de como foi criada.

—Está preocupado com o julgamento de Kimberly sobre os seus ‘cuidados’ comigo? – Perguntei retornando os passos. –Por que Eu iria contar que você não está nem aí pra mim, papai?

Corri até o topo da escada, e ao chegar nele, Bryan escutava toda a conversa. Olhei-o sem muita importância, mantendo os passos no corredor de quartos.

—Ele só queria tentar se aproximar de você!

—Ele só não quer que Eu o envergonhe! – Abri a porta. Bryan entrou comigo, e a fechou. –Você não tinha nada que detalhar meus passos a ele!

—Foi para o seu próprio bem!

—E desde quando você tem que pensar no que é melhor para mim? – Atirei a mochila nele. –Nunca mais tente atrapalhar a minha vida ou...

—Ou o quê? – Ele segurou meus pulsos, antes mesmo de Eu alcançar o jarro de flores.

—Odeio você! Eu odeio!

Uma mistura de raiva e vulnerabilidade me inundou. Odiei aquele homem por está tão perto, mobilizando meus movimentos, fazendo meu coração bater descompensado... me confundindo, de novo... e de novo.

‘Começa com inocência, depois vira bagunça, e se dão conta de que estão apaixonadas!’

‘Que estão apaixonadas...’

‘Apaixonadas...’

—Vá embora!  - Empurrei ele, expulsando-o porta fora.  –Vai! Sai daqui! – Sem relutância, Bryan deixou o quarto, com intriga e ansiedade, como Eu também estava. –Não! Não! Não! Não! – Tranquei a porta, me afastando dela, num surto êxtase de pura realidade nas veias! –Bryan não! Ele não! – Ainda que Eu negasse a natureza dos fatos, eles estavam lá comigo, fazendo meu coração bater desenfreado, embaralhando meus sonhos e pensamentos. –Não posso está apaixonada pelo Bryan! Não posso!

 


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