Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 20
É difícil se apaixonar?


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap. espero que gostem! Beijos!



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Enquanto Eu ajeitava o curativo no braço, Bryan atendia uma ligação importante. Embora meu comportamento ainda fosse de puro nervosismo por causa de uma agulhada na veia, não deixei de prestar atenção na facilidade de Bryan ao lhe dá com um cliente estrangeiro, assim julguei. E, como Eu poderia deixar de notar o quanto era charmoso ouvi-lo falar outra língua, em um domínio impecável.

—Desculpe por fazê-la esperar tanto. – Se desculpou guardando o celular.

—Seu Italiano é perfeito! – Ele nada comentou, simplesmente abriu a porta do carro, e adentrou o mesmo. –Já esteve na Itália?

—Morei na Italia um ano e meio.

—Nossa! – Murmurei fascinada com os pensamentos de como fora incrível a vida dele. –Deve ter sido um período fascinante!

—Não se engane. – Ligou o carro e dera partida em seguida. –Foi uma época muito cansativa.  Praticamente, Eu viajava para New York três ou quatro vezes na semana, depois de uma jornada árdua de trabalho. – Ele me observou, ligeiramente. –É o que acontece quando as pessoas se tornam o braço direito de um grande líder.

Engoli a seco, tentando digerir as últimas informações.

—Seria muito deprimente para mim morar em um lugar maravilhoso e viver como refém do trabalho, vinte e quatro horas. – Assimilar tal coisa foi espantoso. –Qual foi a última vez que você tirou férias?

—Stella, estou dirigindo.

—Dirige enquanto conversa. Conta! – Ele se tornou relutante, como sempre fazia quando minhas perguntas ultrapassavam a linha tênue entre razão e obrigação. –Vai, cara! Conta! Ninguém vai ficar sabendo que falamos de algo ‘tããããooooo’ íntimo! – Ironizei.

Ele respirou fundo, cansado do meu jeito persistente. –Foi há... quatro ou cinco anos. Não lembro com exatidão.

—Cinco anos... – De repente, me bateu uma terrível indignação pela forma esquecida de Bryan comandar a própria juventude. –Como pode viver dessa forma? – Lhe dei um sermão, incontido e merecido. –Seu rosto vai começar a enrugar e seu corpo ficará cada vez mais cansado. Você não será jovem para sempre, por isso tem que desfrutar de sua juventude agora!

—Desfruto de minha juventude muito bem. – Rebateu ele.

—Claro. Ficar trancafiado em um escritório durante toda a sua juventude é uma qualidade de vida privilegiada! – Desdenhei.

—Você ainda não sabe o que é ter responsabilidade, então não venha me dá sermão filosófico! E, para o seu governo, me sinto Eu mesmo trancafiado em um escritório, e não me vejo agindo de outra forma pelo resto da minha vida.

—Só estou tentando te ajudar, mas se você quer viver como um rico fracassado vá em frente! – Aplaudir. –Quer saber? Eu incentivaria todos os funcionários da Griffin a viver cada dia como se fosse o último! E, para começar a tirar todo aquele povo da mesmice, todo fim de ano teria uma festa de arromba! – Bryan aproveitou o semáforo vermelho para me olhar com nítida reprovação. –A vida vai muito além de salários e cargos.

—Tomara que William nunca pense na possibilidade de colocá-la na Griffin. Seria um verdadeiro desastre!

A idéia parcialmente me agradou. –Mesmo que William não me quisesse lá, Eu iria de qualquer forma. – Bryan não escondeu a preocupação em sua idéia desinteressada. –Eu poderia ser sua secretária.

—Sem chance! – Disse acelerando o carro. –As mulheres da família Griffin não trabalham.

Pisquei os olhos. –Por que não? Como assim?

—Não há necessidade alguma.

—Você está insinuando que sua mãe e sua irmã não fazem nada o tempo todo? – Perguntei incrédula. –Vocês têm um jeito esquisito de viver! Os homens envelhecem no trabalho, as mulheres envelhecem sem fazer nada! Cruzes!

—Pois é assim que você vai ficar velha: de tanto não fazer nada!

—Até parece que vou virar essas piruas sem noção que andam de Spa e Spa achando que estão vivendo com utilidade.

—Quando você menos esperar, estará como elas.

—Vai pensando assim, vai! – O desafiei. –Conheço a importância do trabalho desde cedo. Minha mãe sempre me ensinou a ser útil para mim e para os outros. – O carro estacionou, sem Eu muito dá importância. –Por isso, sempre vou trabalhar duro, mas... sem perder minha juventude dentro de um escritório.

—Mais uma indireta?

—Não. Agora foi um incentivo direto para você viver mais! – Observei o lugar que estávamos. –Você me trouxe para a empresa?

—Um motorista está a sua espera. – Ele apontou para um carro preto há vinte metros. –Você poderá ir aonde quiser.

—Esquece. Não preciso de um motorista. – Saí do carro.

—É claro que precisa!

—Você só não quer que Eu esteja tão perto, fazendo você se sentir ‘normal’. – Fugi dele, antes que Eu me sentisse ainda mais rejeitada.

—______________ᵜᵜᵜ________________

Caí sobre a cama, sob os olhos atentos da minha melhor amiga.

—É como está de novo em casa.

Desabafei, finalmente podendo relaxar.

—Sabíamos que não seria fácil. – Brigitte deitou ao meu lado. Ficamos a observar o teto. –Mas, ainda está tudo muito bom para você. Um dia não quer dizer nada e tão pouco um mês. Os dias começarão a se estreitar.

—Não estou preocupada.

—Não? Você me parece bem decepcionada.

—-É que... – Freei meu desabafo momentâneo. Havia coisas ali que não precisavam ser ditas, por mais sensata que fosse Brigitte às minhas confissões. –Eu não entendo como funciona a mente de Bryan. – Talvez, Eu estivesse cometendo um erro. –Eu até consigo fazê-lo dá um sorriso tímido às vezes, no entanto, ele se reinicia novamente, e age como um cara enigmático de novo.

—Está chateada com o seu ‘irmão’?

—Ele contratou um motorista para mim.

—Isso não é bom?

—Não sei. Estou confusa. – Respirei. –Achei que ele não se incomodaria mais com a minha presença. Eu até já estava considerando ele um verdadeiro amigo, talvez pelo nosso parentesco falso, mas... acontece que senti como se ele quisesse me afastar.

—Isso seria muito bom para você, antes que seu coraçãozinho se apaixone por seu ‘irmão’.

Dei um pulo da cama. Brigitte não estava nenhum pouco arrependida de ter dito algo tão sério.

—Você pirou? De onde tirou isso?

—Se liga! – Ela acertou minha cabeça com uma almofada. –Bryan me magoou. Bryan me fez rir. Bryan me deixou nervosa. Bryan me deixou rubra. Bryan me deixou feliz. Bryan... Bryan... Bryan...! Stella, é assim que as pessoas se apaixonam! Começa com inocência depois vira bagunça, e, então, se dão conta de que estão apaixonadas! – Ela me observou, atentamente. –Ele é um cara de personalidade horrível, mas, ainda assim, é um cara, e o pior, muito bonito e irresistivelmente charmoso. E olha só para você! Cheia de conflitos pessoais e está se apegando a Bryan com todas as forças. – Ela segurou meus ombros e se preparou para um lembrete valioso. –Amiga, se você não se afastar de Bryan os Griffin terão outro escândalo em pouco tempo: incesto na família!

—Credo, Briggite! – Livrei-me do agarro dela. Fui à janela e lá me senti mais aliviada. –Você está ficando louca! Além disso, Bryan e Eu não temos nenhum laço de sangue.

—Então, está pronta para viver um romance com ele? É isso?

—Claro que não! – Atirei a almofada nela. –Você não sabe de nada. Bryan pode parecer sedutor e tudo mais, mas ele não é desses caras disposto a olhar qualquer rabo de saia. Ele é tão focado em disciplina e trabalho que parece que nada mais importa. Eu nem mesmo sei como ele tem uma namorada.

—Uh. – Brigitte perdera a empolgação em julgar minha relação com meu irmão postiço. –Nesse caso, você não precisa se preocupar. Parece que Bryan te enxerga mesmo como uma irmã, e nada mais, entretanto minha querida... se preocupe somente com você. Como Eu disse, não será tão difícil você se apaixonar por ele.


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