Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 19
Seremos amigos?


Notas iniciais do capítulo

Cap. saindo, pessoas! Boa leitura! Bjs!



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De olhos vidrado no teto ‘novo’, me dei ao luxo de não policiar o relógio. Com toda a certeza Eu não teria pressa para levantar e dá um ‘bom dia’ engasgado aos Griffin. Ao pensar neles, lembrei da noite anterior, e senti um arrepio envolver todo meu corpo, exclusivamente pela forma desafiadora que Stephany estava encarando minha chegada.

—Senhorita... está acordada? – Eva batera na porta, com timidez.

—Claro. Pode entrar. – Arrumei os cabelos e ligeiramente cocei os olhos. –Bom dia. – Sentei na cama, observando a mulher que não deveria ter mais que uns quarenta e cinco anos.

—Bom dia. – Fechara a porta e mantivera certa distância da cama. –O café já está servido.

—Ah. – Murmurei achando engraçado o aviso. –Minha mãe me acordava aos berros de manhã. Foi por causa dos gritos dela que acostumei a acordar cedo. – Saí da cama, me espreguiçando. –Por que está aí parada? Chegue mais perto! – Acanhada a mulher se aproximou. –Como consegue ser assim o tempo todo? Digo, seguir tantas regras ao mesmo tempo?

—A gente se acostuma com muitas coisas na vida, além disso, disciplina é fundamental no ambiente de trabalho.

—Uh. – Dei de ombros. –Mas, não sou chata como a maioria aqui deve ser. Você espera Eu trocar de roupa? Não quero descer sozinha.

—Tudo bem. Vou aguardá-la lá fora.

—Valeu! Não vou demorar!

Rapidamente me livrei das vestes noturnas e vesti uma calça preta, com alguns rasgos, e uma camiseta branca. Prendi o cabelo, que estava sempre bagunçado, e calcei um tênis gasto, que Eu amava. Escovei os dentes, lavei o rosto, e fui ao encontro de Eva, que ainda me esperava no corredor.

—Achei que o café da manhã saísse bem tarde aqui.

—O Senhor William e o senhor Bryan são extremamente pontuais na empresa, por isso são os primeiros a sentar-se à mesa. Mas, especialmente hoje, todos acordaram mais cedo que o normal.

—Minha chegada causou insônia em todos eles. – Eva olhou-me de soslaio. –Escuta, Eu estava pensando em...

Foi então que ouvi uma leve discussão vindo do lugar que estava destinado a minha primeira refeição do dia.

—Ora, essa! Ela ainda não me convenceu! Historinhas de paternidade perdida existem em qualquer lugar!

—Estão falando de mim.

—Não fique aí parada. – Eva me incentivou a continuar andando. –Não demonstrará confiança chegando lá de cabeça baixa. – Olhei-a sem muita motivação. –Vamos entrar no três. Um... dois... três!— Ao terminar os cochichos, Eva ergueu a cabeça e adentrou o ambiente infestado de ‘Griffin’. –Com licença, senhor. A senhorita Stella aqui.

E imitando a mulher que logo ficara de canto, me limitei a me aproximar da mesa. Todos me olhavam fixamente. Era extremamente desconfortável!

—Aproxime-se. – Pediu William, observando meus passos curtos. Ao chegar à mesa, fiquei parada. –Sente-se, por favor. – Indicou a cadeira ao lado de Bryan, para minha sorte. –Eva irá ajudá-la com o que você precisar. – Disse ele, voltando à xícara de café.

—Pensei que iríamos para a clínica. O doutor Phillip está a nossa espera para a realização do teste de sangue. – A víbora de olhos azuis se mostrou agoniada.

—Tenho assuntos importantíssimos a tratar com alguns clientes.

—Isso também é importantíssimo! Eu diria que é mais importante que qualquer outro assunto dentro da empresa. – E seus olhos me flagraram, provocadamente. –Eu mesma irei levá-la à clínica.

—Não vou há lugar algum com você.

Ela se sentira ultrajada! Pela forma doentia que me olhava seria capaz de me arrastar ao carro.

—Querida... Estamos falando sobre a importância desse exame. Quanto mais cedo sabermos a verdade, melhor será para todos. – Ela até tentou ser amável, no entanto, o esforço foi dominado pelo sarcasmo. –Está de acordo, William?

—Claro que não. – Disse implacável, contrariando a esposa. –Iremos à clínica, outro dia.

—Está notável que você não está dando a atenção merecida a este caso. Será que se convenceu de que tem realmente uma filha?

Eu sabia que todos àqueles ataques era para me enfurecer, mas não me deixei inundar com sua crueldade, afinal, ninguém me disse que seria fácil conviver naquela casa.

—Vou me encarregar de levá-la à clínica. – Bryan parecia inquieto, mais que o normal.

—Faça isso. – Concordou William, deixando a mesa.

—Nosso primeiro café da manhã juntos. – Levantando de supetão, a dona da casa atirou o guardanapo de tecido na mesa.

—Soltarei fogos de artifícios quando o resultado negativo do exame sair! – Imitando a mãe, Stephany subiu as escadas com o salto agulha trincando.

—Tome o seu café. – Falou Bryan, fingindo ainda está com apetite.

—Acha que Eu deveria fazer minhas refeições na cozinha? – Perguntei, chateada.

—Seria mais conveniente, no entanto, minha mãe e minha irmã terão que aceitar você, cedo ou tarde.

Uh. – Sorri levando a xícara com café à boca. –Você me dá certa segurança.

—Não fiz nada por você.

—Você não me atacou como a sua mãe e sua irmã, e nem me olhou recuado como William. – Olhamo-nos fixamente. –Agora tenho certeza que podemos ser amigos.

—Isso não vai acontecer.

—Por que não?

—Por que... – Ele se interrompeu, pensativo. –Stella, não sou opção para ser seu amigo. Somos muito diferentes.

—E daí? Mesmo que sejamos muito diferentes um do outro, temos algo muito em comum.

—E o que é tão ‘comum’ assim entre nós?

—Somos, de certa forma, parentes. – A realidade não era outra senão aquela. –Pode parecer bizarro, e tecnicamente é, mas a verdade é que seremos irmãos agora. -Bryan sorriu. Ele negativamente balançou a cabeça, esbanjando um sorriso duvidoso. –Qual é a graça?

—Nada de mais, Eu só estou imaginando como será perturbador e embaraçoso te apresentar por aí como... minha irmãzinha.

—Falando assim parece estranho.

—Por que é estranho.

—Então, não vamos nos comportar como ‘irmãos’! Seremos amigos e nada mais! O que acha?

—Você não vai me deixar em paz, não é?

—Vou, se você concordar comigo.

—Isso é chantagem! – Acusou saindo da mesa. –Tenho que te levar à clínica.

—Mas, hoje? – Reclamei seguindo ele. –Tenho medo de agulha!

—Elevador e agulha... O que falta mais Eu descobrir? – Indagou parando, de repente. –Não vai trocar de roupa?

—Síndrome da vergonha parental! Fala sério! – Passei por ele, cruzando a porta.

—Você deveria ser mais vaidosa e pentear os cabelos de vez em quando. – Ergui a mão, mostrando o dedo para ele. –E precisa aprender bons modos, com urgência!

—_______________ᵜᵜᵜ__________________

Bryan não era muito de conversar, pensando bem, ele só conversava quando alguém o introduzia na conversa, por isso me calei durante todo tempo a caminho da clínica. Para ser sincera, não era nada confortante está prestes a fazer um teste de DNA.

—Sinto-me estranha. – Comentei depois de muito tempo calada.

—É por isso que está tão quieta?

—É que... – Olhei as calçadas movimentadas. Por alguma razão meu semblante sério despertou o interesse de Bryan. –Minha mãe não merece passar por isso. – Respirei, calmamente. –Se William concordou com esse exame é por que... Minha mãe nunca passou de uma namoradinha para ele, e Eu sei que ele foi o primeiro homem que ela... – Freei as palavras.

—Que ela fez amor. – Completou Bryan, agindo naturalmente.

—É. – Concordei tentando ser tão natural quanto ele. –Não são as mulheres vulgares que fazem teste de DNA? Ou, será que são os homens cafajestes que impõe essa condição de reconhecimento paterno a fim de humilhar a ex?

—Isso não tem nada a ver com o que você está vivendo agora. Ainda não percebeu o que está acontecendo?

—Tem muita coisa acontecendo. – Cocei a cabeça, confusa. –O que Eu deveria ter percebido?

—A razão do exame é para não confrontar a minha mãe. – Revelou olhando-me ligeiramente. –Ela será mais plausível quando o teste dá positivo.

—William te disse isso?

—Não, mas está muito óbvio.

—Óbvio para você que o conhece. – Ele se concentrou no volante. –Então, William tem certeza que sou filha dele?

—Stella, há semelhanças físicas entre vocês, além disso, ele não te acolheria se não tivesse certeza disso. – Parou o carro, me tirando dos devaneios. –Que isso fique entre nós. Não quero minha mãe ainda mais histérica.

—Sua mãe me dá arrepios! – Revelei saindo do carro. –Ela não gostou de mim e isso, de certa forma, me desanima um pouco. – Andamos lado a lado até a entrada sofisticada da clínica particular. –Espero que meu relacionamento com a sua mãe não prejudique a nossa amizade.

E, no final de meu desabafo, trocamos olhares que mais tarde me confundiria e, por momento, me deixaria bobamente enrubescida.

—Por que você quer tanto que nossa amizade dê certo?

Sorri, encarando o chão, como uma menina de doze anos.

—Não foi nada fácil me tornar sua amiga.

—E quem lhe disse que você é minha amiga?

—Não seja cruel! – Por mais pequeno que fosse, um tímido sorriso, no canto da boca, alegrou a minha alma. –Você pode segurar a minha mão enquanto tiram sangue?

—Nem pensar!

—Você também não suporta agulha! Confessa!

—Quer parar de fazer escândalo? – Foi então que notei que muitas pessoas nos olhavam, incomodados.

—Desculpem. – Envergonhada, alcancei Bryan. –Esse lugar é quieto demais para alguém barulhenta como Eu.


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