Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 14
Outros passos


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap.
Em breve vamos saber como Stella se revelará aos Griffin.
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767717/chapter/14

Acompanhei a minha mãe debaixo de olhares curiosos. Enquanto meus ombros se acanhavam, a cabeça de Kimberly estava cada vez mais erguida. Minha mãe não parecia se intimidar com nada. Ao observá-la, atrás de seus passos seguros, senti como se nada pudesse atingi-la. Ela era, definitivamente, uma mulher forte, assim como todos a descrevia.

—Espere aqui.

—Mas...

—Um comentário inapropriado, e as coisas ficarão ainda piores. – Disse impedindo-me de acompanhá-la à sala do Reitor.

—O Bryan vai desmascarar a irmã...

—Um conselho para você, filha. – Segurou meu queixo olhando-me fixamente. –Não espere que os outros resolvam a sua vida, principalmente homens. – Ela beijou minha testa. –Brigitte está aqui em algum lugar. Procure-a e façam um lanche.

Aceitei os vinte dólares que ela me dera às pressas, assim como também aceitei seu conselho sobre não esperar que os outros resolvessem meus problemas, mesmo que fosse um conselho irônico, pois era Kimberly que estava à frente da minha maior enrascada.

—_____________ᵜᵜᵜ______________

—Ainda estou trêmula. – Confessei a Brigitte, perdida nos fatos recente sobre a minha essência. –É horrível tentar imaginar ou até mesmo aceitar que minha mãe foi dispensada por...

—Não acredito nisso. – Brigitte me interrompeu, certeira no que estava para dizer. –Tudo bem que não sabemos nada sobre os Griffin, mas... Cara! Estamos falando de Kimberly Evans! Sua mãe é uma mulher muito inteligente, guerreira, especial! Sem mencionar que... tipo, ela é a Tyra Banks do Brooklin, então... Sem chance! – Ela, mais uma vez, repetira o que crescera dizendo. –Para mim, não se trata disso.

—Mas...

—Um cara como William não olharia a sua mãe por que ela é uma mulher fascinante. Isso seria muito clichê para alguém tão sofisticado como o seu pai. Não! Homens como ele têm sempre opção seletiva de belas mulheres. Ele poderia ter escolhido uma garota do seu nível social para exibir no Campus, entretanto, escolheu a sua mãe, inteligente e bonita o bastante para atrair qualquer homem, porém, pobre demais para os padrões da alta sociedade de New York.– Disse completamente envolvida. –Pense bem.

—Você parece está tão segura do que diz e isso de alguma forma me contagia, mas... a verdade é que as pessoas mudam constantemente, e William... em algum momento, também mudou. – Respirei sufocada. Jamais imaginei está envolvida em algo tão delicado relacionado aos meus pais. – Sempre tive certeza de que minha vida seria mais simples quando Eu descobrisse o paradeiro do meu pai biológico, no entanto... isso está se tornando cada vez mais complexo.

—E o que você vai fazer a respeito? Talvez, deva mesmo ouvir a sua mãe e se afastar de vez dos Griffin.

—Não posso fazer isso. – Havia determinação nas minhas palavras. –Estou decidida a revelar tudo o que Eu sei.

—Revelar para quem? – Indagou espantada.

—Sei lá! Para o mundo? – Parecia um plano, mas, na, verdade, seria um ato mais que precipitado. –Será um grande escândalo!

—E você não vê a hora disso acontecer.

Realmente havia uma grande ansiedade dominando meus instintos, embora uma pequena fração de medo também se fizesse presente.

—Só tenho certeza de uma única coisa: não dá mais para voltar atrás, mesmo se Eu tentasse.

—Se acha que é o que precisa ser feito vá em frente, mas... – A frase fora interrompida por uma reação inesperada. –Não é o seu irmão gato?

Virei para trás e, sem sombras de dúvidas, Bryan estava mesmo há alguns metros de mim.

—Ele prometeu me ajudar. Deve ter desmascarado a irmã mimada.

—Como você conseguiu isso?

Dei de ombros. –Vou falar com ele. – Deixei a cadeira, determinada.

Minha intenção fora brutalmente freada pela presença repentina de Stephany. Todos os olhares se voltaram para ela, provavelmente, pelo jeito desafiador que ela me encarava. Então, tive plena certeza de que Bryan havia cumprido suas palavras. Ele ousara mesmo ir contra a irmã.

Não arrume mais problemas.

Ouvi Bryan cochichar no ouvido da irmã, logo após, saiu sem, ao menos, me lançar um único olhar, sabendo que minha intenção era de ir a ele.

—Vamos embora, Stella. – De repente, Brigitte segurou meu braço, me levando com ela. –Que clima ruim! Tem certeza que quer ficar?

—Não vou me esconder só por que a Universidade toda começou a me odiar. – Sem mais perda de tempo, saí a todo vapor sentindo diferentes olhares por todos os lados. –Agora é oficial: todos me odeiam!

—Jura? Nem percebi. – Ironizou acelerando os passos. –Cadê a sua mãe, hein?

Não precisamos procurá-la, minha mãe despontara no fim do corredor, acompanhada do Reitor, esse que estava com o semblante um tanto pensativo.

—Vi o Bryan. – Falei assim que me aproximei deles. –Agora sabem que não fiz nada com a senhorita nojenta.

—De fato, o senhor Bryan deu a entender que a irmã é uma garota... difícil, e, por isso, pode ter dito coisas há mais.

—Não! O Bryan disse com todas as letras que acredita que Stephany se machucou para me acusar! Ele não amenizaria as coisas! Não faz sentido!

—Foi o que ele disse! – Firmemente minha mãe se manifestou, observando meu estado de nervos.

—Vamos a minha sala. – Convidou o Reitor, com ar de mistério.

—Não vou a sua sala ouvir você dizer que tenho problema de comportamento.

—Falarei com ela. Obrigada por tudo. – Rapidamente a ex-aluna brilhante me tirou das vistas de seu maior fã. –Vamos ficar em um hotel essa noite.

—Jamais! – Brigitte passara de observadora para protestante. –Têm dois colchões no meu quarto.

—Obrigada, querida, mas preciso desse momento com Stella. Ainda temos muito que conversar.

—______________***_______________

Não sei o que era pior: testemunhar a decepção no rosto da minha mãe ou agüentar o silêncio controverso entre nós duas.

—Vai me contar o que houve na sala do Reitor?

Ao terminar de saborear o café, Kimberly me olhou como se Eu tivesse a ofendido.

—Quer mesmo saber?

—Não tenho outra escolha. – Dei de ombros, sentando-me de frente para ela.

—Realmente não tem. – Suspirou alto, encarando o ventilador de teto do quarto barato. –O Reitor prometeu que vai indicá-la na...

—Fui expulsa? É isso?

—Considere-se sortuda por ir embora com uma carta de recomendação.

—O Bryan não disse nada? Não acredito que...

—O que você estava esperando desse rapaz?

—Ele disse que me ajudaria!

—E ajudou! O Reitor tomaria outra decisão se não fosse a intervenção dele.

—Não quero ouvir mais nada!

—Mas, vai ouvir! Amanhã mesmo iremos embora de New York!

Não me abalei com o disparate agoniado da senhora Johnson, pois já era mais que premeditado uma decisão radical, embora Eu estivesse obcecada em seguir outros passos. Definitivamente, New York seria meu lar por tempo indeterminado.

—É sério que vamos debater isso outra vez? É mais que óbvio que não tenho interesse de sair dessa cidade.

—O acordo foi que você estudasse!

—Mas, as coisas mudaram!

—Então, isso significa que você não tem a menor pretensão de conseguir outra bolsa? – Não lhe respondi. –Está mesmo decidida a enfrentar William, mas, e depois? – Sua pergunta áspera me fez raciocinar. –Quando perceber que é uma grande perda de tempo procurá-lo você estará profundamente magoada!

 -Que diferença faz? Olha para mim! Acha mesmo que estou feliz agora?

—Isso passa!

—Isso, que você diz, não é uma droga de paixão, é... – Fui às lágrimas, não por emoção calorosa, mas pela forma banal que meus sentimentos eram tratados. –Por que não volta de uma vez por toda para a sua família e me deixa resolver os meus problemas?

—Para a sua família? – Ela sorriu e aquele sorriso representava todo estresse que a consumia. –Achei que a única semelhança entre você e William fosse a cor da pele e os cabelos escorridos, mas... a ingratidão também é uma característica de ambos.

Fui para a cama e me cobri por inteira. Tenho certeza que minha mãe ainda tentou se aproximar, entretanto, deteve-se. Sei que seu coração estava arrasado e o meu também, por não está dando a ela a paz que qualquer mãe adoraria ter ao lhe dar com a vida do filho. Mas, Creio que um dia ela entenderia meus motivos e, talvez, já entendesse, por isso estava tentando evitar decepções maiores. Eu podia senti-la imaginando o quanto Eu ansiava por afeto paterno e, por isso, buscasse carinho em William, o homem que deveria me amar como filha. No entanto, minhas intenções de ir a William não eram nobres e nem de longe sentimentais. Está perto dele e, até mesmo, conviver com ele, seria surreal para uma família que, aparentemente, seguiam intocáveis em seus dia a dia perfeitos. Como seria para eles lhe dá com uma adolescente bastarda, magoada, e espontaneamente decidida a bagunçar um cenário familiar em ordem? Sei. Parece algo horrível e nunca fui do tipo que se deixa inundar pela vingança, entretanto... aquela era a droga da minha vida e ela estava em pedaços! Se Eu não começasse a juntar todos os cacos naquele momento, possivelmente Eu jamais conseguiria pôr a minha existência em ordem outra vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stella" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.