Stella escrita por Gil Haruno


Capítulo 13
Fardos!


Notas iniciais do capítulo

Novo cap. Beijos!



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Andei sem pressa naquele dia. Sem vontade alguma de chegar ao meu destino, embora Eu tivesse saído do escritório Griffin determinada a enfrentar a emboscada de Stephany. O posicionamento categórico de Bryan me dera uma dose certeira de encorajamento. Eu tinha absoluta certeza de que ele cumpriria suas palavras e desmascararia a irmã!
Surpreendente, não? O mesmo cara que me olhava com antipatia resolvera me ajudar. A contra partido, não era uma posição fácil para ele, afinal, estávamos falando de Ele ir a minha defesa e não da irmã, como o previsto. Sua atitude fez-me perceber que havia caráter em suas ações e, até mesmo, humanismo.  

—Você é pura encrenca mesmo!

Brigitte já me aguardava no Campus.

—O que está fazendo aqui?

—Ela quis me acompanhar. – Para a minha infelicidade, minha mãe surgiu, visivelmente irritada. –Peguei o primeiro vôo para New York assim que o Reitor me ligou. – Ela se aproximou de mim, avaliativa. –Onde esteve todo esse tempo? Por que está descabelada, suada, e suja?

—Andei por aí! – Cruzei os braços, irritada pelo puxão de orelha desnecessário.

—Andou por aí... – Minha mãe estava uma fera. –Leve-me para o seu quarto. Precisamos conversar.

Brigitte acenou para mim, indicando que não poderia nos acompanhar. Já prevendo aquela situação catastrófica, levei minha mãe para o meu quarto. Ela mal reparou no que havia lá dentro, trancou a porta, e foi à janela, abrindo-a.

—Divido o quarto com uma garota chamada Jane.

—Você tem idéia do que está em jogo aqui, Stella? – Ignorara os detalhes do meu alojamento. –Você pode ser expulsa por má conduta e se isso acontecer ninguém vai aceitá-la em Universidade alguma desse país!

—Isso não vai acontecer. Relaxa! – Joguei-me na cama e encarei o teto.

—Não vai acontecer? – Sorriu doentia. –É sério que você está tão calma?

—Bryan me prometeu que vai resolver isso!

—E quem é Bryan?

Sentei na cama, observando-a. –Bryan Griffin! Irmão da nojenta Griffin!

Minha mãe estava a ponto de surtar. Observar seu maxilar se contraindo era assustador. Ela estava possessa.

—Como...? – Respirara profundamente. –Como você chegou aquele rapaz?

—Ele veio me procurar, a pedido do senhor Griffin. – Foi como ver minha mãe ser nocauteada. Estava perplexa.

—Por quê? – Perguntou desnorteada. –Por que ele te procuraria?

Ela temia a resposta, mas pretendia ouvi-la até o fim.

—Ele só queria defender a enteada. – A decepção ultrajou minha face. –Não falei quase nada com ele. Saí às pressas quando percebi que ele só queria falar sobre... Stephany.

Vi Kimberly se entreter em pensamentos. A postura rígida, e o olhar fixo dera lugar a uma expressão vazia.

—Ele... Ele te tratou mal? – Minha mãe tinha baixado a guarda.

—Ele foi muito educado, e, nada, além disso.

—Uh. – Murmurou reflexiva. –Claro. – Como se tivesse saído de uma hipnose, ela pegara a bolsa, e foi à porta, dando a entender que estava de saída. –Vou falar com o Reitor e...

—A senhora vai mesmo reagir assim? – Indignada fiquei. –Ouviu a parte que William Griffin foi citado?

—Ouvi e não há nada demais nisso. – Deu de ombros, insistindo no caminho à porta.

—Fui até ele por que Eu estava certa de que ele é o meu pai! – Não consegui me segurar. Aquela era a chance de confrontar minha mãe, e Eu não a deixaria escapar facilmente. –Mas... ele foi tão... espontâneo! Não me pareceu em nenhum momento incomodado com a minha presença!

—Por que ele ficaria incomodado? Você acha mesmo que William poderia ser seu pai? – Esbravejou.

—Ouvi a senhora e o Peter falar sobre ele. – A encurralei. –Foi ele que tirou o processo contra mim, a pedido seu. E Eu sei que recorrer a ele foi uma decisão muito difícil, como fora citado em sua conversa ‘secreta’. – Minha mãe estava imóvel. Encarava-me estática. –Só quero uma explicação. Só isso.

—Você vive tirando conclusões precipitadas, como sempre! – Ela voltara em si, mas eufórica que nunca. –O fato de Eu ter pedido a William que me ajudasse não o torna seu pai, Stella! Há motivos para Eu não querer envolvê-lo naquele escândalo, e um deles é o acaso de termos sido amigos. – Minha mãe começara a agir com sensatez e calma. –Escute de uma vez por toda! William não é o seu pai!

—Então, prove! – Lancei um ultimato que poderia resultar uma boa surra. –Se não é William, há de ser outro ‘amigo’, suponho. A verdade é que a senhora teve um lance com esse milionário, e não estamos falando de ‘ficar’, e sim um relacionamento maduro! Posso ficar cara a cara com o Reitor e confrontá-lo agora mesmo! Ele não me deu certeza, mas está escrito nos olhos dele de que William é o meu pai! – Fiquei alterada. –Será que ele, ao menos, sabe que sou filha dele? O que diabos houve entre vocês para está tudo bagunçado agora?

—Nada me impediria de contar a ele que Eu estava grávida, e nada me impediu! – Abalada, minha mãe chorou, contida. –Então, se você realmente acha que William não sabe nada sobre você, está terrivelmente enganada! – Senti um grande alívio ser expelido. –Eu sei o que você sentiu. Vê-lo calmo demais, cordial demais... É assustador como ele costuma agir. – Ela secou as lágrimas e tentara, a todo custo, se recompor. –Não há o que evidenciar ou o que ser explicado. – A decepção a arrebatou perigosamente. –No fim das contas, William percebeu que não era seu destino se casar com uma garota bolsista, pobre, e afro-americana. – Ela sorriu, nervosa. –Dá para imaginar como seria ultrajante para a grande dama Rebecca Katherine Griffin? Uma nora negra... – Ela balançou a cabeça, negativa. –Mas, embora as coisas tenham sido muito desastrosa, você nasceu. – Ela se aproximou de mim, e limpara as lágrimas que deixei escapar. –Stella... – Seu olhar era determinado e fixo. –Não quero que você procure essas pessoas.

—Mas, mãe...

—Eu sei que é muito difícil para você, mas, acredite, seria pior ainda ter de lhe dá com àquelas pessoas. – Continuara a secar minhas lágrimas. –Você é uma garota crescida. Tem que seguir em frente, independente dos seus sentimentos.

Minha mãe dissera mais coisas confortantes naquele momento, enquanto me abraçava como se fosse arrancar a minha alma. Eu só consegui retribuir o abraço e chorar como nunca havia chorado em toda minha vida. Nada mais seria capaz de me atingir dolorosamente como os sentimentos de inocência que ainda existia no coração da minha mãe. Ouvi-la falar, foi como está de frente a uma garota no auge dos seus dezenove anos, e expor toda a insegurança que ela poderia ter. Era como vê-la parada no tempo, buscando uma única explicação, qual dava parecer de ser muito óbvia. Custava-me aceitar que minha mãe tinha sofrido tanto por questões que Eu considerava bobas. William seria mesmo capaz de ter atendido às exigências de uma sociedade hipócrita por puro capricho? A resposta, só ele mesmo poderia me responder, embora sua frieza diante de mim já revelasse seu instinto desumano.

—Chega, mãe! – Engoli o choro. –Ficar chorando não faz o menor sentido! – Ergui a cabeça, ajeitei meus cabelos desgrenhados. –Vamos resolver as coisas com o Reitor e... a gente vai seguir em frente, como sempre fizemos! – Sorri para ela.

—Obrigada! – Abraçou-me ainda emocionada. –Você está certa! – Foi ao espelho e ajeitou-se. –Sobre...

—Não há o que falar, certo?

Ela concordou, mais animada. –Estamos atrasadas!

—Verdade! – Olhei as horas. –A senhora pode ir na frente. Vou trocar de roupa.

—Claro, mas não demore muito.

—Ok. – Observei à jovem senhora Kimberly deixar o quarto. Ela estava mais animada, embora Eu tivesse certeza de que seu coração estava em pedaços. –Ele poderia ter tirado esse fardo da vida da minha mãe, mas, ao invés disso, pôs outro fardo em minhas costas. – A janela aberta, com o sol ardente lá fora, me fazia um ousado convite. –Agora sou Eu que vou levar um fardo gigantesco para a sua vida, William! Você vai vê!

 


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