POV Edward

Nunca acreditei que meu mundo pudesse desabar por tantas vezes em tão pouco tempo. Bella me via como seu amigo? Como seu irmão? Por Deus, como isso era possível? Depois de tudo que vivemos! Depois de todos os carinhos, todas as juras de amor! Mesmo que ela não tivesse mais essas memórias eu jamais imaginei que ela poderia não se apaixonar por mim novamente, nosso laço era forte demais para que isso acontecesse. Mas aparentemente, eu estava errado.

Por meses, meu peito inteiro se dilacerava com a dor da ausência da mulher que amo, mas agora, sentir essa mesma ausência, somada com a ciência que seu sentimento por mim era fraternal, que talvez ela jamais me visse como um homem, faziam o pouco de sanidade e esperança que meu ser carregava, se extinguir tão rápido quanto o trovejar de um trovão.

Tudo isso era um pesadelo. Tinha que ser. Como foi que depois de tudo que enfrentamos. Depois de tudo que vivemos, nossas vidas tivessem se separado tão dolorosamente por conta de más escolhas e impulsos inconseqüentes? Bella e eu éramos feitos um para o outro! Sempre fomos! Como ela pode ver-me como um irmão? O que mudou para ela não mais me desejar como homem, o que aconteceu com aqueles dias sem fim, que eu precisava reunir todo meu auto-controle para resistir as tentações que aquela mulher terrivelmente sedutora e atraente me impunha?

O que aconteceu com o nosso amor?

Cheguei em casa desejando que o mundo todo sumisse, que minha vida ali terminasse, tudo estava acabado agora. Não adiantava mais fingir. Pra que lutar? Eu já havia ido longe demais com toda aquela história. Eu já havia decido muito baixo por esta ultima chance, não era justo com Bella, depois de tudo que fiz, tudo que lhe causei, infligir-lhe meu amor quando a mesma não mais o queria. Eu sempre soube que esta seria minha ultima chance. Não podia mais tentar.

Eu havia perdido Bella. Havia perdido-a para sempre.

-O que houve filho?  - percebi tardiamente que eu havia desabado em soluços descontrolados em meio a sala, esquecendo-me de minha família ali presente. Esme fora delicada e me abraçava como qualquer mãe amorosa enquanto meu rosto se enterrava na curvatura de seu ombro, sofrendo cada segundo que me reprimi naquela maldita noite.

Pude sentir o olhar atento de cada um de meus irmãos sobre aquela cena deplorável, mas pouco me importei. Nada mais importava.

-Edward, querido, fale comigo. – pediu Esme angustiada. – O que há de errado?

Eu sabia que não deveria falar, eu sabia que não deveria me abrir, mas não pude evitar, a dor que emanava de dentro de mim era forte demais para que eu conseguisse agüentá-la em silêncio.

-Ela não me ama mais, Esme. Ele me vê como um irmão! Um irmão! – desabafei, descontrolado. Tudo isso era muito mais do que eu poderia um dia suportar.

-O que está dizendo, Edward? – perguntou Alice rudemente.

-Bella nunca irá se lembrar de nada Alice! – declarei com amargura. – Ela se esqueceu, seu sentimento por mim mudou, se ao menos uma ponta de seu subconsciente se lembrasse, se em seu intimo ainda ardesse alguma misera chama de seu amor por mim... – Fechei meus olhos sentindo, pela primeira vez em quase cem anos, o veneno que corria em minhas veias queimar-me com toda sal intensidade. – Bella se esqueceu de tudo. Tudo que vivemos... Tudo que sentimos... Mesmo as coisas ruins... Tudo morreu naquele maldito acidente.

Desesperado. Desiludido. Desmotivado.

Tudo parecia se tornar cinza a minha volta. A cor de minha vida se apagava. A luz da esperança que tanto me guiou para a felicidade parecia ter sido brutalmente levada para longe de mim. Qual era o sentido continuar vivendo se eu não teria mais Bella? Qual era o sentido continuar tentando se ela jamais voltaria a me olhar com aqueles olhos inocentes e cobertos de desejo?

Algo morrera dentro de Bella naquele acidente. Seu amor por mim morrera. E junto com ele, minha alma também se fora.

Sem ter forças nem mesmo para seguir para meu quarto, me separei de Esme e me joguei no sofá. Meus olhos se fecharam. O gosto do desespero invadiu minha boca ao mesmo tempo em que a agonia e o desespero de se perder alguém tão brutal e rapidamente preencheram meu coração.

Não sei bem o que se passou a seguir, mas percebi Alice agitada, e mesmo que eu não tivesse interesse em saber o que ela fazia, foi impossível não ver sua mente agitada ligando para alguém.

-O que está fazendo, Lice? – Jasper perguntou curioso, talvez em outro tempos isso tão atiçaria minha curiosidade, mas não hoje, não mais.

Alice não respondeu-lhe de imediato, continuou falando no celular coisa que eu fazia questão de não ouvir. Não me interessava. Não me importava.

Demorou mais alguns instantes para Alice desligar o celular. Ouvi-a respirar fundo. – Mel e Gui estão vindo pra cá! – declarou ela por fim.

Mesmo ainda estando de olhos fechados e prestando parcialmente atenção a conversa, senti minhas sobrancelhas se franzirem. Quem estava vindo?

-O que? – gritou Jasper surpreso fazendo-me ficar ainda mais intrigado. Abri meus olhos e me sentei no sofá, olhando meus irmãos conversarem.

-Quem são Mel e Gui? – perguntou Emmett verbalizando a dúvida de tods na sala.

-São alguns amigos. – Alice fingiu desinteresse.

-Foram as pessoas que Alice designou para cuidar de Bella enquanto ela estava na Ilha Esme. - declarou Jasper sem desviar os olhos de Alice. Senti o ar me faltar, tenho certeza que se meu coração fosse vivo ele teria falhado uma batida nesse instante. Pra que Alice queria que eles viessem até aqui? – Onde está querendo chegar, Lice?

Alice continuou a sustentar o olhar do marido até que por fim, fitou-me com intensidade. - Edward disse que Bella apagou completamente o passado de sua mente, quero ver se isso é verdade.