POV Edward

Desliguei o telefone após ter um relato minucioso de Carlisle sobre o dia de exames de Bella; parte de mim não se sentia a vontade sabendo que enganava Bella descaradamente fingindo acreditar em seus compromissos particulares na cidade, eu estive a todo instante vigiando das proximidades do hospital e muito provavelmente teria o resultado de seus exames muito antes dela própria, mas eu não conseguia evitar. Bella era pessoa mais importante em minha vida, como eu poderia ignorar qualquer mínimo fato relacionado a ela? Eu sabia que como Edward amigo de Yale, demoraria mais algum tempo para, quem sabe, Bella confiar em mim o suficiente para dividir seus problemas pessoais, eu simplesmente não poderia esperar, mesmo sabendo que isso era invadir toda sua privacidade e destruir o pouco de dignidade que me restara depois... Do que houve.

Não demorou muito tempo mais para Bella me ligar dizendo para eu encontrá-la em seu alojamento uma hora mais tarde. Bella e eu já estávamos próximos, embora eu não soubesse ao certo o quão próximos para ela nós éramos. Aos poucos, mas não tão rapidamente como fizera da primeira vez que nos conhecemos, ela estava confiando em mim e quem sabe, secretamente se apaixonando – Deus queira que isso seja verdade.

Desesperava-me lembrar que aquela era minha única chance de reconquistá-la, eu sabia bem que nem mesmo merecia tal chance e para estar onde estou eu precisei descer muito baixo e me distanciar ao máximo do merecimento de tomar Bella como minha novamente; mas Deus sabia o quão desesperado eu estava, beijar Tanya fora um erro, um terrível erro, Bella era minha razão de existir, minha única razão, eu não podia perdê-la.

Se você a ama tanto quando diz, como pode ser tão egoísta ao ponto de querê-la para si ao invés de desejar sua felicidade?

Você a machucou demais! De todas as maneiras possíveis e imagináveis. Por sua culpa, ela quase morreu!

Foi para se esquecer de você que ela partiu... Foi tentando te esquecer que ela entrou naquele carro, sem condições de dirigir e quase terminou com a própria vida!

Ela quis apagar você da memória dela!

Ela quis ser feliz...

Alice sempre repetia frases como essas, tentando me fazer desistir de tudo isso, palavras que eu ignorava em respeito a Carlisle e Esme, evitando assim uma possível briga, mas ainda eram palavras que me amedrontavam secretamente, pois no fundo, bem lá no fundo, eu sabia que eram verdades. Por muitas vezes, principalmente quanto eu me via espionando Bella ou inventando novas mentiras para ela aquelas sangrentas palavras queimavam em meu peito como brasa ardente, lembrando-me que nada disso precisava ter sido desta maneira. Que hoje eu poderia estar feliz ao lado de Bella, da minha Bella.

Me arrumei rapidamente e segui para seu alojamento, eu sabia que estava adiantado, alias, bem adiantado, mas eu estava louco para vê-la novamente, parecia que se passaram dias e até meses desde a ultima vez que a vi, minha ansiedade chegava a doer.

Cheguei na porta do alojamento e chequei as horas, só haviam se passado vinte minutos desde que Bella ligara, mas eu não conseguiria esperar mais. O som vindo do apartamento estava alto, assim como eu havia apreendido que a Bella de depois do acidente gostava de fazer. Agitado, bati na porta.

Bella estava cantando juntamente com a música, e pude ouvi-la murmurar um “Já?” provavelmente assim que constatou no relógio minha antecipação. – Entra, Edward! – gritou ela. – Está aberta! – franzi o cenho diante disso. Ela deixou a porta destrancada?

Girei a maçaneta e adentrei no apartamento. A sala estava vazia, fechei a porta e parei na soleira. – Bella? – chamei-a um pouco alto por conta da música.

-Aqui no quarto Edward! – gritou ela de volta, então ela abaixou a música e repetiu talvez acreditando que eu não tivesse ouvido. – Aqui no quarto!

Segui para seu quarto despreocupadamente, mas parei abruptamente assim que entrei. A visão que tive foi ao mesmo tempo que paradisíaca como demoníaca. Meu intimo lutou com todo o fervor contra si mesmo para fazer com que eu me controlasse. Meu veneno circulou com todo o vigor por meu corpo e meus instintos masculinos a muito adormecidos vieram com toda a força.

Bella estava em frente ao espelho, penteando os cabelos, vestindo uma calça jeans colada e apenas um sutiã vermelho rendado na parte de cima.

Meu olhar percorreu repetidas vezes seu corpo inteiro, eu estava petrificado, excitado, deslumbrado. Como poderia existir criatura tão bela? Bella demorou alguns instantes para perceber meu olhar preso em seu corpo, e foi só quando ela levantou os olhos para mim que me vi forçado a reagir. Fiz o que mais desejava não ter que fazer. Virei de costas.

-Me desculpe eu... – comecei a explicar, um pouco incoerente e desorientado, mas Bella me cortou.

-Está tudo bem Edward, pode se virar. – Fiz o que me foi dito, mas para meu espanto, ela ainda estava de sutiã. – Eu não tenho vergonha de você. – explicou ela dando de ombros. – Afinal, para mim nós já somos como irmãos! – ela sorriu lindamente, um sorriso que me machucou como nenhuma outra coisa nesse mundo.

A partir daí a noite se arrastou sem que eu ao menos prestasse atenção ao que fazíamos. Minha mente remoia e remoia as palavras de Bella. Palavras puras e dóceis que foram capazes de acabar com minhas esperanças; nós não éramos irmãos. Não poderíamos ser. Éramos casados! Marido e mulher!

Houve um tempo em que eu era tudo para Bella. Eu a deslumbrava. Eu a deixava sem ar. Como agora, poucos meses mais tarde ela me via apenas como um irmão? Porque...? Porque????

Tudo em meu mundo estava ruindo novamente, de uma maneira mais acelerada e dolorosa. E eu vi então, a chance do futuro não ser condescendente comigo e me arrancar a pessoa mais preciosa. Minha Bella.

Talvez não houve oportunidade para se alcançar uma segunda vez o felizes para sempre.

Eu deixei minha felicidade escorrer por meus dedos e talvez, não mais o conseguiria recuperá-lo.