Desentendimentos escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 36
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Um presente de natal para vocês!! ;)



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POV Bella

Meu primeiro tempo de aula havia acabado, muito embora eu não tivesse conseguido assimilar nada que fora ensinado durante as aulas, por mais que eu quisesse negar, eu estava nervosa e talvez, até um pouco assustada com minha ida até o hospital. Carlisle, o pai dos Cullens, havia me dito que retomaria meu caso e reiniciaríamos o tratamento; mesmo sabendo que era necessário, eu não estava muito favorável a toda essa situação.

Eu finalmente havia conseguido criar uma rotina, com amigos e estudos periódicos como qualquer pessoa normal na minha idade, então porque retomar todo aquele clima de hospital, uma vez que, iria acentuar e muito a minha consciência da minha “esquisitice”. Também tinha o fato dos Cullens serem meus melhores, e talvez, únicos amigos que eu tinha na vida! Mesmo Carlisle tendo me garantido que deixaria a meu critério quando e o que contar a eles, eu duvidava que conseguiria esconder deles por muito mais tempo. A qualquer momento eles poderiam resolver visitar o pai no hospital em uma hora infortuna e me encontrarem lá, e então, o que eu diria?

Não seria fácil explicar...

Caminhei o mais rapidamente possível para fora do campus, eu não ficaria para assistir as ultimas aulas, não queria encontrar nenhum dos Cullens antes de ir, principalmente se fosse Edward ou Alice, muito provavelmente eles iriam exigir saber onde eu iria e insistiriam em ir junto; e isso, eu não podia deixar.

-Bella? – estremeci gemendo quando ouvi Edward chamar. Droga! Pensei em fingir que não ouvi e continuar meu caminho ou até mesmo em correr, mas seria infantil demais. Pela primeira vez desde que o conheci, eu odiei o fato dele também cursar algumas matérias no mesmo prédio que eu.

Relutante e tentando não deixar transparecer meu nervosismo, me virei. – Oi Edward! – sorri fracamente. Ele se aproximou e me cumprimentou com um beijo na bochecha.

-Onde está indo? – indagou ele. – Pensei que ainda tivesse mais duas aulas de Psicologia Social.

Gemi internamente. Por que, em nome de Deus, ele conhecia toda a minha carga horária?

-Eu tenho sim, mas não vou poder assistir, preciso resolver alguns problemas na cidade. – Tentei demonstrar desinteresse. – Eu havia te dito, não disse? – menti na maior cara de pau. Eu sabia, assim como ele, que eu não comentara nada sobre isso.

Edward fez cara de cético como se pensasse exatamente a mesma coisa que eu, mas aparentemente relevou. – Não, você não comentou nada. Você precisa de ajuda? Não tenho nenhuma aula importante agora, posso te acompanhar e... – o cortei.

-Não precisa Edward! – garanti rápido demais. – Quero dizer, não é nada muito importante, não há motivos para que você perca aula.

-Mas eu não me impo... – o cortei novamente, sem saber como eu faria para me “livrar” dele.

-Não Edward! Não quero que seus pais achem que eu estou influenciando seus filhos a matarem aula. – brinquei, mesmo estando nervosa demais para achar alguma graça.

-Meus pais não são rigorosos, Bella, eles não se importam e... – o cortei mais uma vez.

-Edward, ousa. – Pedi. – Você tem aula e eu preciso resolver alguns assuntos, sozinha. Não pretendo demorar, porque não fazemos alguma coisa a noite? Podemos ver um filme lá em casa ou qualquer outra coisa, o que acha? – Não dei chance para que respondesse, beijei sua bochecha e me comecei a me afastar. – Te vejo mais tarde! Boa aula! – acenei e segui em direção ao ponto de taxi.

-Para o hospital, por favor. – pedi ao motorista ao entrar no automóvel. Não prestei atenção ao trajeto, minha cabeça vagava por pelo que eu deveria esperar de minha consulta com Carlisle; uma parte de mim sabia que não iria acontecer nada demais, eu apenas retomaria o monitoramento por conta do acidente. Mas uma parte de mim também imaginava como minha vida voltaria a ser miseravelmente sem sentido, sempre rodeada por médicos e ingerindo drogas e mais drogas, sem falar na bateria incessante de exames.

-Chegamos senhorita. – declarou o motorista arrancando-me de meus devaneios, sorri fracamente e lhe paguei o valor correspondente a corrida.

-Obrigada. – agradeci e desci do carro. Olhei para o hospital a minha frente e senti meu corpo arrepiar. Não tinha mais como adiar, era agora. Respirei profundamente e adentrei.

O pronto-socorro estava com varias pessoas na sala de espera e as recepcionistas estavam atentas à seus trabalhos mesmo não parecendo muito atarefadas. Aproximei-me da recepção e perguntei pelo consultório do doutor Cullen, a atendente me explicou como chegar e eu segui para o consultório.

A porta estava fechada me tentando fortemente a dar meia volta e voltar para meu alojamento, mas eu sabia que isso seria no mínimo infantil, além de correr o risco de Carlisle tentar contatar Char... Meu pai. Hesitante, dei duas leves batidas na porta, duvidando que Carlisle ouviria se estivesse entretido com alguma coisa.

-Entre. – Ouvi a voz angelical do pai de Edward soar atrás da porta. Levei meio minuto para tomar coragem e adentrar.

-Com licença, doutor Cullen. – pedi em meio a um sussurro enquanto me esgueirava pela porta.

-Bella! – Carlisle me saldou enquanto fechava o livro que estava lendo e vinha em minha direção. Fiquei surpresa ao ver que ele se lembrava de me chamar de Bella ao invés de Isabella. – Como está?

Sorri fracamente. – Bem. – falei dando os ombros, Carlisle gesticulou o sofá para que eu me sentasse, assim o fiz ainda desconfortável. Ele pegou um arquivo sobre sua mesa e se sentou na poltrona próxima a mim.

-Não esperava vê-la tão cedo. Achei que também tivesse mais algumas aulas agora, assim como meus filhos. – senti minhas bochechas queimarem, ao que parece Carlisle, apesar de ser médico, era muito presente na vida dos filhos.

-Na verdade, eu tinha... – sussurrei desviando o olhar. – Mas não saberia explicar a Alice e Edward minha vinda. – Carlisle franziu o cenho.

-Talvez eu deva falar com eles sobre isso. – meditou ele. – Por mais que sejam amigos não é certo eles lhe cobrarem satisfações do que você faz ou a onde vai.

-Não há necessidade, por favor, não brigue com eles por minha causa. – Essa era a ultima coisa que eu poderia querer, ser motivo de discórdia em uma família tão bonita quanto os Cullens. Carlisle ponderou por um instante e assentiu em concordância. Meus olhos se voltaram para a pasta azul nas mãos dele.

-A alguma horas recebi seu histórico médico do hospital de Forks. – explicou ele quando viu minha curiosidade pelo arquivo. Assenti em compreensão. Ele abriu meu histórico e começou a ler algumas coisas.

Enquanto isso, vaguei meus olhos pelo consultório. Diferente de tudo que eu já havia visto e imaginado, o consultório possuía uma escrivaninha, o sofá onde estávamos sentados, uma estante repleta de livros e uma maca, na parede, ao invés de diplomas e certificados como a grande maioria faz, havia apenas uma pintura.

-Veja bem Bella, - Carlisle trouxe minha atenção de volta para si. – Aqui estão os últimos exames que você realizou antes de sair de Forks, sugiro que antes de qualquer coisa, repitamos todos eles para comparar se houve alguma alteração, seja ela positiva ou negativa. – assenti em concordância, Carlisle sorriu brevemente também assentindo. – Muito bem, vou fazer o pedido dos exames e pedir a uma enfermeira que a acompanhe.

Concordei novamente, sentindo-me ligeiramente receosa. Eu estava assustada e temerosa, não tinha idéia do que esperar do resultado dos exames; também não sabia quando tempo levaria no hospital. Eu tinha combinado com Edward de fazermos alguma coisa ao anoitecer, mas se eu bem o conhecia, ele iria me procurar antes disso.

-Carlisle? – chamei num sussurro, meu olhar voltado para minhas mãos em meu colo.

-Sim, Bella? – respondeu ele, eu podia sentir seu olhar gentil sobre mim, mas ainda não o encarei.

-Quanto tempo você acha que irá levar tudo isso? – perguntei desconcertada, eu não queria que ele pensasse novamente que seus filhos eram algum tipo de estorvo para mim.

Pela visão periférica vi-o franzir o cenho. – Não posso lhe dizer com certeza, mas certamente que algumas horas se passaram. – Estremeci. Horas! Eu não tinha horas! Carlisle provavelmente percebeu minha aflição. – Algum problema Bella?

-Eu... – Engoli em seco e o fitei. – Eu não gosto muito de hospitais. – Carlisle riu despreocupadamente se apoiando no encosto da cadeira; suas mãos se unirão em frente ao peito.

-Creio que ninguém goste, Bella. – declarou ele divertido. – Mas eu posso pedir prioridade nos seus exames, talvez isso possa agilizar o processo. – sorri agradecida.

-Isso seria ótimo! Obrigada. – Carlisle assentiu e voltou a preencher os pedidos de exames.

Novamente minha mente divagou por toda aquela terrível rotina de hospitais, exames e remédios estarem retornando a minha medíocre vida. Eu não queria passar por tudo aquilo de novo. – Carlisle? – chamei-o novamente, envergonhada por fazer tantas perguntas, eu me sentia extremamente inconveniente.

-Diga, Bella. – pediu ele parando novamente de escrever. O doutor Cullen não parecia irritado ou se quer incomodado com minhas perguntas; era paciente e bondoso, fato que fez com que eu me sentisse mais culpada ainda por tomar o precioso tempo de alguém assim.

-Todas as vezes que vier no hospital serão assim? Demoradas e cheia de exames? – perguntei em meio a um sussurro.

Carlisle ponderou antes de responder. – Isso dependerá muito do intervalo de tempo em que você virá ao hospital e principalmente do resultado desses exames que faremos hoje. – Ele fez uma breve pausa e sorriu. – Mas prometo tentar ao máximo deixá-la confortável.

Sorri em gratidão. – Obrigada.

Não demorou muito para uma enfermeira chegar e me entregar um avental para que eu pudesse me trocar. Ela foi muito gentil e atenciosa, esteve comigo durante todo o tempo e foi paciente quando algum exame deixava-me nervosa ou preocupada.

Foi um dia longo e cansativo. Precisei almoçar no hospital mesmo, contudo, Carlisle em meio a toda sua bondade, foi gentil o suficiente para mandarem me levar até seu escritório onde ele havia mandado entregar um almoço delicioso de um restaurante italiano juntamente com um bilhete onde se desculpava por não poder me acompanhar no almoço, mas havia mandado comprar aquela comida para mim, com a desculpa que uma amiga de seus filhos sempre seria tratado como um filho por ele.

Beirando as quatro da tarde terminei de fazer meu ultimo exame e pude me trocar novamente, a enfermeira me instruiu a retornar para o consultório de Carlisle uma vez que ele estaria me esperando. Assim o fiz.

Bati fracamente na porta de seu consultório e entrei assim que obtive permissão. – Com licença. – pedi ainda um tanto acanhada. Eu não estava acostumada com a presença de Carlisle.

Carlisle sorriu e gesticulou a cadeira a sua frente para que eu me sentasse. – Bom Bella, alguns exames ficaram prontos dentro de poucas horas, contudo alguns, levaram alguns dias para chegarem então vou te prescrever os mesmos medicamentos para esse próximos dias e assim que eu receber todos os seus exames eu te ligarei para conversarmos novamente, certo?

Assenti em concordância. – Tudo bem. E você tem alguma idéia de qual é o meu estado atual? Se houve alguma mudança, melhoria? – perguntei ansiosa; eu decididamente não gostava de mexer com a saúde, esse assunto sempre me fazia perder a razão.

-É difícil dizer, Bella, o melhor é esperarmos pelos exames antes de pré-supormos qualquer coisa. – Declarou Carlisle após ponderar um momento.

Suspirei cansada, fora um longo dia e estava longe de terminar. - Será que já posso ir? – pedi. – Estou cansada e marquei um compromisso a noite.

Carlisle assentiu e me entregou a receita. – Aqui está a receita; você está liberada. – Não foi preciso dizer duas vezes, me despedi de Carlisle e fui para casa, ciente de que aquela história estava muito distante de um final, quem dirá um feliz.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Um feliz natal e um próspero ano novo!