Desentendimentos escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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POV Bella

Senti-me nauseada e sufocada, tudo começou a ficar escuro e a sustentação de meus pés logo não era o suficiente para me manter erguida, eu já podia sentir a colisão com o chão duro, contudo ela nunca veio, em seu lugar senti braços fortes e firmes segurando-me e erguendo-me do chão, ao longe pude ouvir uma voz familiar, mas não reconhecível pelo meu cérebro sobrecarregado, gritar por meu nome, ou algo próximo a isso.

Eu não queria preocupar ninguém, eu não queria chamar a atenção para mim, meu maior desejo era me levantar e sair o mais rápido possível daquele homem, e voltar a esquecer de uma vez por todas a vergonha que me assombrava por não ter um passado.

Como ele poderia estar ali? Como...?! Minha mente foi ficando cada vez mais lenta, mais incrivelmente dolorida, tornando até mesmo o ato de pensar algo impossível; até que, segundos mais tarde, a escuridão me tomou por completo assim como a inconsciência.

Era difícil dizer o que havia acontecido, minha cabeça latejava com força, dificultando-me pensar qualquer coisa coerente. Aos poucos meus olhos foram se abrindo, incomodando-se no mesmo instante com a claridade. – Mas que diabos...? – murmurei a mim mesma, uma mão fria e firme tomou meu pulso e dois vultos surgiram em meu campo de visão.

Um deles se aproximou de meu rosto, permitindo que eu conseguisse focalizá-lo, era Edward. – Bella? Bella você pode me ouvir? – Minha cabeça latejava mais e mais, levei minha mão até ela, pressionando-a, tentando diminuir a dor, a latente dor.

-O que houve...? – perguntei em um leve sussurro, logo consegui ir focalizando tudo ao meu redor, estava em um quarto braço, atrás de Edward havia uma estante repleta de livros e CDs, e ao meu lado direito, estava o homem loiro que a muito fora meu médico era uma de minhas primeiras lembranças. Bastou encará-lo para relembrar o que havia acontecido.

Os pelos de minha nuca se enrijeceram e meu corpo ficou totalmente tenso. Oh Meu Deus. O que ele fazia aqui? Sentei-me rapidamente, temendo-o, temendo que ele houvesse me reconhecido e pior, ter conta aos Cullens a verdade sobre meu passado. –Você desmaiou e... – Edward começou a explicar, mas pouco lhe dei atenção, eu não conseguia desviar meus olhos do homem junto a ele.

Eu não sabia o que fazer, o que dizer... Será que ele me reconhecia? Será que ele dissera algo a Edward, ou a um de seus irmãos? – Eu queria tanto perguntar, me expressar, mas eu tinha medo de qualquer movimento, se Edward ou qualquer um de seus irmãos soubessem a vergonha do meu passado, ou devo dizer, a falta dele?  Se eles soubessem a verdade provavelmente se afastariam e... Bem eles eram meus amigos, atualmente, os únicos amigos que eu tinha na vida.

Como se pudesse ler o pavor em meu olhar o médico ordenou. – Edward, pode buscar alguma coisa salgada para sua amiga comer, por favor? Ela ainda parece fraca... – Só no final de sua sentença ele olhou significativamente para Edward como se dissesse mais do que suas palavras.

Edward assentiu prontamente e me encarou segurando levemente minha mão. – Eu não demoro! – prometeu ele e deixou o quarto, beijando minha mão antes de sair.

Assim que ele deixou o cômodo eu me sentei na cama, aturdida. – O que você está fazendo aqui? – perguntei em meio ao pânico. Isso pareceu divertir o médico; ele relaxou sua postura, mas seu olhar nunca perdeu o meu.

-Bem, está é minha casa, e aquele que acaba de sair é meu filho caçula, Edward. – um sorriso surgiu em seus lábios ao mesmo passo que o pânico me tomava completamente. Como, em nome de Deus, o médico que me atendeu em Forks poderia ser pai de Edward e Alice? – Acredito que não seja a primeira vez que nos encontramos... Isabella, se não me engano.

Tentei recuar mais. – Você era médico em Forks! Como pode estar aqui? – perguntei meio gaguejando, meio assustada, eu estava lutando tanto para esquecer tudo aquilo, como isso pode ter me perseguido até aqui?

Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso. – Bem, eu não era médico de Forks, esta lá apenas resolvendo alguns assuntos, e quando você foi levada ao hospital, eles pediram que eu assumisse seu caso uma vez que você feria brutalmente a cabeça. – uma breve pausa. – Devo dizer que estou muito surpreso por vê-la aqui, em minha casa, amiga de meus filhos. – um riso fraco escapou de seus lábios. – O destino é engraçado às vezes. – Seus olhos voltaram a me encarar e o sorriso voltou a reinar em meus lábios.  – Mas acima de tudo estou feliz por vê-la bem, tirando esse pequeno incidente agora pouco. – seu rosto se transformou numa leve careta.

-Por favor me diga que não contou a eles! – Pedi desesperada, só a idéia de um de meus amigos cientes da minha... Condição; me apavorava, me desesperava. Minha respiração acelerou assim como meu coração, o nervosismo tomava conta de mim, eu podia sentir.

O médico franziu as sobrancelhas, confuso. – Contei o que?

Ainda aflita, respondi. – Sobre a minha memória... Ou a falta dela. – quase sussurrei.

Meu ex-médico pareceu chocado com minha declaração, ele parecia não compreender o quão humilhante era aquilo. Talvez ele jamais compreendesse, mas eu finalmente estava tendo uma vida normal, eu já era defeituosa, não precisava de mais esse detalhe para assustar os únicos amigos que eu tinha.

-Você não contou a eles que não se lembra de nada? – perguntou ele atordoado.

Dei de ombros. – Isso não é da conta de ninguém. – declarei firme, tentando mascarar todo meu despeito; doía-me intensamente pensar em quão obscuro era meu passado.

-Tenho certeza que não. – concordou ele. – Mas há certas perguntas que você não tem como responder. – contrapôs ele delicadamente.

Bufei irritada. – E o que eu deveria dizer? Olha, eu sofri um acidente a pouco tempo atrás e não me lembro de nada, na verdade, eu nem mesmo sei se meu nome é mesmo Isabella, legal né? – falei cheia de sacarmos ainda tentando mascarar a angustia.

-Isso não é motivo para se ter vergonha, Isabella. – Carlisle era delicado e paciente, fazendo com que eu me sentisse confortável em discutir aquele assunto tão doloroso com ele.

-Pra mim é! – rebati ainda irritada, eu não queria ser grossa, mas também não queria falar disso.

-Não, não é! E nós dois sabemos que você não poderá esconder isso de todos pro resto da vida, mas o tempo é seu, leve o tempo que precisar, eu lhe asseguro que seu segredo está muito bem guardado comigo. – Suas palavras quebraram-me por completo, eu simplesmente não esperava essa atitude dele. O médico me sorriu tranqüilo, e eu me vi sorrindo de volta, agradecida, aliviada.

-Obrigada... – sussurrei.

-Não precisa me agradecer, entretanto, eu gostaria de retomar seu caso, Isabella, na verdade, se bem me lembro, seu caso era delicado, e se sua memória não retornou, mesmo que parcialmente, e seu desmaio agora a pouco podem ser sinais preocupantes. – Sua postura de médico retornou. – Com quem está se consultando, agora?

Senti-me envergonhada e baixei meus olhos para minhas mãos. – Ah... Na verdade, eu não estou me consultando com ninguém no momento.

Vi a face do médico se transformar em uma máscara de descrença. – Você largou o tratamento? – indagou ele desacreditado.

Senti minhas bochechas corando, continuei com os olhos presos em minhas mãos. Dei de ombros. – Se ajudar alguma coisa, ainda tenho os remédios que me passou, e eu os tomo direitinho.

O médico suspirou pesadamente, cansado, seus dedos seguraram a ponta do nariz, como se contasse até dez para tentar se acalmar. – Menos mal. – declarou ele alguns minutos mais tarde. – Contudo quero que vá até o hospital amanhã e nós iremos retomar o tratamento, está bem?

Gemi frustrada. – Isso é mesmo necessário? – indaguei frustrada. – Eu estou bem...

-Isabella, você quase morreu naquele acidente, teve uma boa parte do cérebro afetada, não pode simplesmente parar o tratamento, se o fizer, seqüelas realmente graves podem surgir. Você compreende isso?

-Sim... – sussurrei envergonhada por ter se quer tentado evitar o tratamento, eu já estava mais do que ciente que ele era importante e no meu caso, indispensável.

-Posso esperá-la amanhã em meu consultório? – perguntou ele paciente. Eu sabia que não tinha muitas escolhas, assenti com a cabeça. – Ótimo! – o médico sorriu. – Vou ligar para o hospital de Forks e pedir que me mandem sua ficha, Isabella.

Fiz careta ao ouvir meu nome. – Me chame de Bella, por favor. – pedi meio sem jeito.

O médico assentiu. – Certo, contudo que me chame de Carlisle. – Ah! Então o nome dele era Carlisle! Ainda bem que eu não tive que perguntar.

-Certo, Carlisle. – sorri abertamente e ele fez o mesmo.

-Agora, me diga, esse desmaio que você teve, é freqüente? Isso já aconteceu outras vezes? – sua postura de médico retornou.

Recostei minha cabeça na cabeceira da cama. – Não; foi a primeira vez. Mas tenho tido dores de cabeça constantes. – Carlisle assentiu em compreensão.

-Vamos verificar isso, amanhã. Agora talvez fosse melhor você descansar. – ele se levantou. – Edward já deve estar voltando com algo para você comer. – Ele tocou minha testa, verificando rapidamente minha temperatura. – Qualquer coisa que precisar, Bella, você sabe onde me encontrar.

Assenti em compreensão. – Obrigada, Carlisle. – Eu realmente estava feliz por resolver esse problema, Char... Quero dizer, meu pai, havia me intimado a procurar um novo médico para dar seqüência ao tratamento, contudo, eu realmente não estava muito propensa a retomar todo aquele clima de enferma e hospital, sempre repleta de médicos, medicamentos e exames. Eu queria uma vida normal.

Entretanto, Carlisle era o médico que havia cuidado de mim quando estive no hospital, pelo pouco que vi e ouvi falar, eu sabia que ele era um excelente médico e continuar o tratamento com alguém que eu sabia que seria competente e principalmente discreto, era mais do que o suficiente para eu aceitar tranquilamente.

Não demorou mais que alguns minutos após a saída de Carlisle para que Edward e Alice adentrassem o quarto com uma bandeja de comida. – Como está se sentindo, Bellinha? – indagou Alice enquanto se sentava ao meu lado na cama, Edward ocupou o outro estremo enquanto colocava uma bandeja com vários sanduiches, um prato de salada, um copo de suco e alguns doces, em meu colo.

-Eu estou bem. – sorri para os dois, ele não pareceram acreditar muito, revirei os olhos diante de tanta desconfiança. – Eu realmente estou bem! – Eles ainda me olhavam desconfiados. – Juro! Agora parem de se preocupar a toa.

Edward suspirou frustrado, parecia querer dizer muitas coisas, as mesmas que nunca chegaram até seus lábios, morreram em seus pensamentos. – Apenas coma uma pouco, esta bem? – pediu ele.

-Na verdade, - fiquei um pouco desconfortável em pedir, uma vez que eles haviam preparado toda aquela comida para mim. – Eu gostaria de ir para casa; estou cansada e quero descansar.

-Mas Bella, você precisa comer! – contrapôs Alice levemente exaltada. Edward a deteve de continuar.

-Façamos um trato. – propôs Edward. – Coma um pouco e eu a levarei para casa.

Avaliei sua oferta, não era nem de longe o que eu queria, mas eu sabia que eles não me deixariam ir embora sem comer alguma coisa. Assenti em resposta e peguei um sanduiche para comer. Alice iniciou uma conversa sobre roupas e compras no shopping, mal dei atenção a isso, Edward parecia fazer o mesmo, contudo eu não tinha idéia de onde sua mente estava, eu apenas sabia que a minha estava em Carlisle, e em como o destino era traiçoeiro e cruel em colocar logo meu médico como pai de meus dois melhores amigos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!