Desentendimentos escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Adentramos no alojamento de Bella silenciosos, eu não conseguia desviar meu olhar dela, Bella estava maravilhosa, bem cuidada, vaidosa, graciosa... Feliz. Desejei tanto poder vê-la assim novamente, sonhei acordado tantas vezes com o dia em que ela voltaria a me tratar com carinho e gentileza, por mais que o acidente tenha sido trágico, assim como tudo que vem lhe acontecendo, o que quer que ela tenha vivido nesse um mês em que esteve sumida, onde quer que Alice tenha mandado-a, fez-lhe muito bem e isso não poderia me fazer mais feliz.

Fora uma sacada de mestre colocar Bella naquele apartamento, um simples quarto a deixaria muito presa e fora tão fácil colocá-la ali... Nos registros legais Bella é casada comigo, portanto, já seria nos concedido o apartamento de casal, bastou um pequeno suborno a secretária para que esta contasse outra história para Bella estar ali e tudo estava certo. Tudo fluía bem por enquanto.

Claro que eu estava um pouco receoso, Alice havia falado muito sério quando disse que iria se colocar no meu caminho, eu precisaria encontrar alguma maneira de ultrapassar essa barreira, sem que Bella percebesse minha rixa com Alice, eu sabia que ela iria me denegrir, iria fazer de tudo para que Bella não se apaixonasse novamente por mim e eu precisava mudar isso, era minha última chance.

-Muito bem. – Alice bateu palmas. – Creio que vamos começar pelas paredes, não é mesmo? – Ela se virou para Bella, sorrindo e largando a bolsa em algum canto, Bella fez o mesmo.

-Sim. – respondeu ela. – Se importam se eu colocar uma música? – perguntou ela já ligando o aparelho na tomada.

-De maneira alguma. – garanti sorrindo, me aproximando para ver o que ela pretendia colocar. – Que tipo de música você gosta? – perguntei interessado.

Bella ficou tensa por alguns segundos em silêncio, o que me confundiu, por fim, ela deu os ombros. – Gosto de tudo. – declarou indiferente; um rock agradável começou a tocar, ela abriu uma mala e retirou três camisetas grandes masculinas e surradas de lá, lançou duas para nós.

-Aqui, não vão sujar a roupa. – Bella retirou os sapatos e vestiu a camiseta por cima da roupa. Alice e eu a copiamos. – Certo, cada cor está de frente para a parede correspondente. – Bella começou a passar as demais orientações, Alice sem dizer nada se aproximou e começou a trançar o cabelo de Bella, fato que simplesmente me surpreendeu, por mais que eu soubesse que Bella não possuía os movimentos da mão esquerda, não me ocorrera o fato de isso impossibilitara de realizar coisas simples como prender o cabelo.

Bella também se surpreendeu com a atitude de Alice, mas silenciosamente eu vi o quão grata ela ficará, não pelo gesto em si, mas pela sensibilidade. E foi naquele momento que percebi que Bella e Alice seriam grandes amigas novamente; Alice havia ganhado Bella não por palavras, mas gestos e se eu quisesse reconquistar minha mulher, eu precisava começar a fazer igual.

Inicialmente tudo correu bem, cada um pintando uma parede, “distraídos” ao som da música, afinal, a única verdadeiramente distraída era Bella, Alice e eu estávamos atentos aos movimentos de Bella, observando como ela já não era mais a mesma menina de antes, tímida, dependente de mim, machucada pela vida...

Também nos atentávamos a qualquer dificuldade que Bella pudesse vir a ter, mesmo ela não lembrando, sempre seriamos culpados por sua deficiência, e juramos fazer de tudo para que ela não sentisse a ausência do movimento e cumpriríamos nossa promessa, mesmo que Bella não fizesse mais parte de nossas vidas.

Um quarto de hora mais tarde, resolvi puxar assunto, eu precisava começar de algum lugar, precisava me aproximar. – Em qual curso você está? – perguntei, diferente da primeira vez que “conheci” Bella, hoje eu já sabia tudo e o interrogatório seria apenas para manter a proximidade.

Bella me olhou de relance, sorriu levemente como faria com qualquer um, ah... Tão diferente da primeira vez, quem dera eu pudesse deslumbrá-la novamente. – Vou começar Psicologia. – ela parou de pintar, dando-me total atenção. – E você, está cursando o que?

-Medicina. – sorri abertamente, por mais que eu nunca pudesse exercer a profissão, tanto pelo sangue quanto por minha idade, eu jamais me cansaria de cursar medicina, era minha paixão.

Bella me analisou de cima a baixo, ponderando minha resposta de uma maneira toda descontraída e sexy, meu desejo por ela gritou vendo-a tão tentadora. – É... – declarou ela por fim. – Você tem cara de médico.

Ri levemente com a espontaneidade dela, foi um comentário tão fiel a sua nova natureza... Algo com o que eu precisava me acostumar logo. – Obrigado; eu acho. – respondi incerto, ao que parecia, seria como na primeira, eu deveria re-aprender a lê-la, Bella seria imprevisível.

Ela sorriu. – Isso é um elogio, afinal ninguém quer exercer uma profissão que não se identifique, não é? – ela colocou a mão na cintura, acabei por rir novamente.

-Deus me livre. – concordei jogando as mãos para o alto em sinal de rendição, essa nova Bella me encantava tanto quanto a primeira. Ela se virou para Alice.

-Deixe-me adivinhar... – sua mão foi ao queixo, analisando Alice da cabeça aos pés, pela mente da baixinha eu pude ver que Bella acertaria, mas Alice se manteve ansiosa, interpretando bem seu papel. – Moda?

Alice sorriu abertamente, assim como eu, e bateu palmas saltitando de um jeito todo “Alice de ser”. – Isso mesmo! Como adivinhou? – Bella riu e deu os ombros, divertida com a situação.

-Intuição talvez. – um sorriso maroto surgiu em seus lábios e piscou para Alice. Bella estava muito aberta, muito receptiva, eu sabia que era hora de investir mais um pouco.

Devagar aproximei-me por trás, sem que Bella me visse, com o pincel sujo de tinta toquei a bochecha direita de Bella, sujando-a. – Quer dizer então que você é adivinha?

-Ei! – reclamou ela rindo enquanto limpava o rosto com a mão, sem dizer mais nada, pegou seu pincel e veio atrás de mim, a fim de sujar-me também.

Abri um sorriso divertido e comecei a me afastar. – Nem pense! – alertei-a me deliciando com aquele momento tão infantil e puro que surgiu entre nós. Bella continuou se aproximando.

-Se fugir será pior, Cullen! – bati as costas na parede oposta, era engraçado como estávamos nos dando bem mesmo tendo nos “conhecido” a poucas horas, o clima entre nós se fez agradável desde o primeiro instante, como se fossemos amigos desde sempre... Mal sabia ela o quão verdade era isso...

A tarde se seguiu muito agradável, pintamos e arrumamos toda a casa ao som das mais diversas músicas e em meio a brincadeiras descontraídas, a todo momento eu fazia uma leve “investida” para com Bella, quanto maior a aproximação melhor seria.

Ficara claro, tanto para mim quanto para Alice, que a Bella ao nosso lado era muito diferente da que conhecemos, seus valores, seus medos e até mesmo sua maneira de encarar a vida, ao que parecia, seu subconsciente ainda vivia intensamente todas as antigas feridas, mesmo que Bella não soubesse disso.

Já beirava o crepúsculo quando finalmente terminamos tudo e mesmo “cansados” todos estávamos visivelmente satisfeitos com o resultado. – Obrigada, gente, de verdade. – Bella sorriu agradecida a nós.

-Não por isso. – Alice sorriu abraçando Bella. – Foi muito divertido. – ambas sorriram e Bella se virou para mim, abraçando-me em agradecimento, degustei de cada milésimo de segundo daquele abraço tão almejado por mim.

-Foi um prazer te ajudar. – declarei quando nos separamos.

-Vocês tem certeza que não querem ficar e jantar? – insistiu Bella enquanto seguíamos para a porta, Alice e eu negamos.

-Nossa família está nos esperando. – Alice desculpou-se com delicadeza. Bella fez bico, como uma criança mimada, nós rimos.

-Tudo bem então. – Bella deu os ombros enquanto abria a porta para nós.

-Você ouviu falar sobre a festa que terá amanhã a noite para recepcionar os calouros? – Alice perguntou enquanto saímos do alojamento, prostrando na entrada.

-Ouvi alguma coisa por cima. – Bella deu os ombros, desinteressada. Alice não gostou muito disso.

-Ah, você vai conosco! – Declarou a baixinha autoritária. Bella fez menção de discutir, mas Alice a calou. – Não aceito não como resposta! Será uma ótima oportunidade para você conhecer nossos irmãos e de nos agradecer pela ajuda.

-Alice... – gemeu Bella frustrada. Fiz menção de interferir, mas Alice me lançou um olhar gélido alertando-me a não ousar.

-Não aceito não como resposta! – declarou fazendo Bella suspirar em frustração. E naquele momento uma nova idéia me ocorreu.

-Vamos Bella. – insisti sorrindo. – Estarei sozinho mesmo, venho te buscar para ir e a hora que você quiser ir embora eu te trago de volta.

Alice me lançou um olhar raivoso xingando-me em pensamento, reprimi o riso.

-A hora que eu quiser? – confirmou Bella desconfiada, assenti com convicção, mal sabia ela que eu faria qualquer coisa que me pedisse, sem me importar com as conseqüências, sem me importar com nada. Eu faria tudo por Bella. – Ok, eu vou.

Alice ainda estava irritada com minha interferência, mas não deixou transparecer para Bella, bateu palmas, satisfeita e sorriu. – Ótimo.

Sorri igualmente satisfeito. – Passo te pegar as nove, ok? – Bella assentiu e nós partimos, bastou sair da vista de Bella para Alice começar a me azucrinar, xingando-me e ameaçando-me, mal a ouvi, deixei-a falar, meu dia já estava ganho, Bella não tinha aversão a mim e isso já era um grande avanço.

Pela primeira vez eu me vi ansioso de verdade por uma festa, ciente que ela poderia me trazer minha mulher de volta para meus braços.


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Notas finais do capítulo

A Lice não vai dar mole pro Ed...rss
Espero que tenham gostado!