Mas graças a Deus, nesse momento a porta foi arrombada e Carlisle entrou correndo, nitidamente preocupado, atrás dele vinham Emmett e Alice.

-Filho...Filho como se sente? – Carlisle perguntou se abaixando ao outro lado de Edward.

-Carlisle,...eu...eu sinto muito...Eu não sei o que me deu.. – Charlie tentou se explicar, mas Carlisle o fuzilou com os olhos.

-Cale a boca, Charlie! – rosnou Carlisle, eu nunca tinha-o visto nervoso daquele jeito, isso me assustou.

-Isso dói, pai... – Edward choramingou quase sem voz.

-Vou salvar você, filho, vai ficar tudo bem... – Carlisle disse sério, em seguida se virou para Emmett – Leve-o para o carro, Emmett.

Emmett acenou com a cabeça e se aproximou para pegar Edward no colo, mas Edward esticou a mão para que esperasse, então se virou para Alice:

-Alice..Bella... – ele sussurrou agora sem nem mais conseguir abrir os olhos – Cuide de Bella, Alice.

Alice se aproximou dele e beijou-lhe a testa.

-Não se preocupe, Edward, eu vou cuidar dela.

Edward apenas assentiu com a cabeça e ficou mole, aparentemente, inconsciente. Emmett pegou Edward no colo e o levou rapidamente para o carro, Carlisle o seguiu.

Assim que Edward sumiu de minha vista eu desabei. Cai no chão, tremendo de nervoso, o choro mais intensificado do que antes, eu mal conseguia enxergar agora, meus soluços eram absurdamente altos.

Charlie tentou me consolar, mas assim que ele encostou em mim, eu o empurrei para longe.

-Se afaste de mim!

Foi então que senti mãos gélidas me tocarem:

-Fique calma, Bella...- era Alice – Edward vai ficar bem agora...

Em tentava me convencer de que o que Alice dizia era verdade, mas eu simplesmente não conseguia. Senti Alice segurando meu pulso com uma certa força, então percebi que meu pulso ainda estava sangrando, com a outra mão Alice e ajudou a levantar:

-Venha Bella, vamos cuidar de você...Edward a deixou coberta de sangue...

-Não!Eu quero ir para o hospital!Quero vê-lo!

-Bella, vamos primeiro cuidar de você, tomar um banho, colocar uma roupa limpa e depois vamos para o hospital. – Alice tentou me convencer mas eu me mantive firme.

-Não...Quero ir ao hospital!

Alice suspirou, ela provavelmente tinha visto que só conseguiria me fazer mudar de idéia caso usasse a força bruta. Charlie continuava nos observando e então ela não podia largar meu braço, se não seria possível ver que o sangue vinha de mim.

-Tudo bem então, Bella. Vamos para o hospital. – Alice concordou e começamos a caminhar para a porta, mas Charlie me chamou.

-Bella...

Eu parei de caminhar, e Alice parou ao meu lado, mas nenhuma de nós olhou para ele.

-Eu nunca vou perdoá-lo por isso Charlie, nunca! – eu fui fria e continuei meu caminho.

Assim que saímos da casa eu vi que o carro de Alice não estava vazio, Esme e Rosalie estavam ali, esperando por nós.

Alice e eu entramos no banco de trás e Alice começou a examinar meu pulso, Esme e Rosalie nos observaram por alguns minutos até que Esme quebrou o silêncio.

-Fique tranqüila, querida, Edward está bem. – Ela sorriu carinhosamente e Rosalie começou a dirigir. – E estamos lhe devendo uma pelo que fez... – Ela completou referindo-se a história do sangue. – Se não fosse por você, nosso segredo teria sido descoberto.

-Sem problemas Esme, era o mínimo que eu podia fazer depois que Charlie... – eu me interrompi, o sangue começou a subir pelo meu rosto, eu comecei a ficar vermelha de raiva e as lágrimas, que estavam parando, voltaram a cair com intensidade.

-Se acalme Bella, não precisa ficar assim...Sabe muito bem que a pessoa com menos saúde aqui é você. – ela falou amarrando um pano em meu pulso. – Isso deve estancar o sangue por tempo suficiente até o escritório de Carlisle. Acho que você deve ter pegado no mínimo umas três veias, e algumas artérias pela quantidade de sangue que escorreu.

Eu mal ouvi o que ela falou, ainda estava preocupada com Edward.

-E agora?O que vai acontecer? – perguntei.

-Bom...Para todos os efeitos Edward esta muito ferido, então agora ele deve estar passando por um "cirurgia" para remover a bala, e ele terá que ficar algumas semanas internado, é a única maneira de manter a história real... – Foi Esme quem me respondeu.

Alice deu uma risada, e eu a fitei com a sobrancelha erguida.

-Qual a graça?

-Edward detesta ficar parado, muito menos depender dos outros, essas semanas que ele estiver "se recuperando" vai ser um inferno para ele; já imaginaram?Edward preso a uma cama por três semanas?

Todas riram, mas eu continuava aflita.

-Relaxe, Bella! – Rosalie falou pela primeira vez – Edward só estava fingindo estar mal.

O carro parou e foi aí que eu percebi que havíamos chegado ao hospital. Alice me ajudou a sair do carro dizendo baixo:

-Muito bem, agora Esme e Rose vão para a sala de espera, lá vocês encontraram Jasper e Emmett, eles estão aguardando a cirurgia terminar. Bella e eu vamos para o escritório de Carlisle, – Alice tirou do porta-malas do Ponche uma mochila. – vou prestar os primeiros-socorros ao pulso de Bella, e ela irá trocar de roupa.

Esme e Rosalie concordaram, mas eu não gostei da idéia.

-Não, eu quero esperar Edward sair da cirurgia!

-Francamente Bella, nós não vamos conseguir suportar todo esse sangue por mais muito tempo, nós não temos tanto auto-controle como Carlisle, você PRECISA trocar de roupa e limpar o sangue. – Alice falou séria e eu apenas suspirei e a segui até o escritório de Carlisle.

Quando chegamos ao escritório de Carlisle, e em cima da mesa havia uma maleta e um bilhete. Alice me forçou a sentar na cadeira enquanto ela lia, o que parecia, as instruções de Carlisle para prestar os primeiros-socorros no meu pulso.

-Bella, como se sente? – Alice me perguntou olhando por cima do bilhete.

-Estou... – foi ai que eu senti muita fraqueza, e comecei a sentir a dor infernal no meu pulso. – Estou tonta...E meu pulso esta doendo muito.

-Imaginei...– ela suspirou e abriu a maleta de Carlisle, dali tirou um vidrinho escuro, algumas gazas, algodão, faixa e esparadrapo. – Você perdeu MUITO sangue, mas muito mesmo, Bella... – ela começou a limpar o corte. – Na verdade, não sei como você ainda não desmaiou.

Eu encostei a cabeça na cadeira e deixei-a cuidar do meu pulso, fechei meus olhos e respondi:

-Não posso desmaiar; logo Edward sairá da cirurgia e eu quero estar lá.

Tive a impressão que Alice revirou os olhos enquanto continuava tratando do meu braço.

-Bella, Edward está bem, juro que está!Tente relaxar!

Assenti com a cabeça e fiquei em silêncio, revivendo aquela cena horrenda de meu pai atirando em Edward. Estremeci de leve com a lembrança e mesmo contra a minha vontade, as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos.

-Está doendo muito? – Alice perguntou ao ver-me chorando.

-Não, eu só estava pensando, - eu respondi limpando as lágrimas com o outro braço. – como Charlie teve coragem de fazer aquilo.

Alice ficou em silêncio por algum tempo e depois apertou minhas mãos.

-Bella, ele estava nervoso, ele achou que você estivesse grávida! – ela começou a enfaixar meu pulso.

Abri meus olhos, indignada por Alice esta defendendo Charlie.

-Mesmo que eu estivesse, Alice!Ele estaria matando o pai do meu filho!O homem que eu amo!

Alice não teve resposta para isso, ela sabia que eu tinha razão. Alice se levantou e abriu a mochila que ela havia trazido, dali ela tirou um vestido azul marinho, simples, longo e ao mesmo tempo elegante.

-Vista isso. – ela me sorriu. E então eu comecei a me despir.

-Você nem protestou por eu querer vesti-la com um vestido, você definitivamente não está bem, Bella! – ela agora parecia preocupada.

Acabei de fechar o vestido e comecei a prender meu cabelo num rabo-de-cavalo alto.

-Eu só quero estar com Edward o mais rápido possível. Ter certeza de que ele esta bem. – eu suspirei.

Alice sorriu tristemente.

-Como você é boba, Bella. – Ela me observou por alguns segundos e completou – Você esta linda!Mesmo triste, está linda!Edward vai adorar!Ele adora te ver de azul! – ela sorriu e nós saímos para a sala de espera.

Entramos numa salinha onde Esme estava sentada no meio do sofá, chorando, do lado direito dela estava Rosalie, e Jasper estava ao seu lado esquerdo e Emmett estava sentado no chão, aos pés de Esme. Os três estavam consolando Esme que soluçava histericamente, levou alguns segundos para eu me lembrar de que era assim que uma mãe estaria se seu filho fosse baleado.

Alice e eu nós sentamos no sofá ao lado, e aguardamos, não levou muito tempo eu estava chorando novamente, inconscientemente, eu coloquei meus pés no sofá, e abracei meus joelhos, encolhendo-me, tentando tapar o buraco que havia aberto em meu peito naquela tarde. Alice gentilmente me deitou no sofá apoiando minha cabeça no colo dela, ela ficou acariciando meu ombro, em silêncio.

Vez por outra uns funcionários do hospital, amigos de Carlisle, apareciam para tentar reconfortar Esme, dizendo-lhe que Edward estava sendo operado pelo melhor profissional dali, Carlisle, e que tudo ficaria bem.

Mais ou menos umas duas horas depois Carlisle saiu da sala de cirurgia, aparentando cansaço, todos nós nos levantamos e nos aproximamos dele.

-A cirurgia foi um sucesso!Edward esta bem! – Ele disse com um sorriso triunfante.

Todos ficaram extremamente felizes e Esme abraçou Carlisle e em seguida beijou-lhe.

-Graças a Deus! – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

O alivio que senti foi tão grande que minhas pernas ficaram moles e eu ameacei cair, mas Alice me segurou e me ajudou a sentar no sofá.

-Carlisle... – Foi a única coisa que ela disse, mas foi o suficiente para ele entender.

Carlisle se aproximou e me ajudou a levantar.

-Venha Bella, vamos ao meu escritório, vou lhe dar um calmante. - Concordei com a cabeça e sai com ele, Alice nos seguiu.

Carlisle examinou mais detalhadamente meu braço e sua expressão não foi das melhores.

-Bella, tente fechar a mão, e abri-la de novo. – ele pediu.

Tentei, pela primeira vez, fechar minha mão e tomei um susto ao ver que tive mais dificuldades do que deveria, na verdade, eu mal consegui mexer meus dedos.

Carlisle ficou sério e Alice assustada.

-É só isso que você consegue mexer?

-Sim. – respondi.

-Pelo que vejo Bella, - Carlisle disse – você pegou quatro veias, duas artérias e dois ligamentos.

Alice ficou mais branca que o normal, eu não fiquei tão assustada quanto Alice, na verdade, mal entendi o que Carlisle disse.

-O que isso quer dizer? – perguntei confusa.

-Hã.. – Carlisle pensou um pouco antes de responder. – Quer dizer que se não cuidarmos de você direitinho, você pode perder os movimentos da mão, Bella.

Fiquei branca com a notícia, era muita informação para um dia só.

-Ahh não. – choraminguei me esparramando na cadeira.

-Calma Bella, não vou permitir que isso aconteça. – Carlisle me confortou – Mas precisará seguir minhas instruções a risca.

-Claro que ela vai seguir!Eu mesma me certificarei que isso aconteça!Prometi à Edward que cuidaria dela... – Alice respondeu por mim.

-Ótimo. – Carlisle sorriu e começou a costurar meu pulso e eu fiquei em silêncio, apenas pensando em Edward e Charlie, então Carlisle tentou me distrair – A propósito meninas, Edward está dormindo.

Eu fiquei surpresa com a noticia, tinha certeza de que vampiros não podiam dormir, mas Alice provavelmente já havia visto isso.

-Como? – perguntei confusa.

-Bom, Edward estava muito ansioso, ele queria saber de você, mas como eu não estava sozinho na sala de cirurgia tive medo dele não conseguir fingir bem, então lhe apliquei uma quantidade absurda de morfina, e ele acabou pegando no sono. – Carlisle contou enquanto começava a enfaixar meu pulso. – Mas eu não tinha certeza de quanto de morfina deveria dar-lhe, então eu não sei por quanto tempo ele vai ficar desacordado. Precisará ser paciente, Bella.

Assenti com a cabeça e então me veio um estalo na cabeça.

-Meu Deus!Carlisle, Alice, ele não pode saber sobre o meu braço! – falei nervosa.

Ambos me olharam confusos.

-Bella, ele já sabe, ele estava lá... – Alice disse.

-Eu sei, mas ele vai ficar louco se souber que eu posso – engoli em seco - perder os movimentos da mão não precisa saber disso, prometam que não vão contar!

Alice e Carlisle ficaram em silêncio por alguns minutos, refletindo sobre o que eu falei, mas ao verem a angustia cravada em meus olhos, eles concordaram.