Desentendimentos escrita por Marry Black, grupo_FCC


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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POV Edward

Fiquei petrificado com a música de Bella, o nível de seu rancor para comigo, minha alma se dilacerou ao constatar o quanto eu havia ferido a única pessoa que não me era permitido fazê-lo, eu amava Bella, mais que tudo, minha vida nada significava se ela não se fizesse presente.

Em meu intimo eu sempre soube que não a merecia, que Bella merecia um humano de verdade, honrado, justo, com as mãos limpas, sem vidas em sua consciência; mas mesmo assim arrisquei, cobicei-a, cortejei-a, seduzi o fruto proibido, a mulher fora de meu alcance, mas por alguma graça divina, eu consegui tê-la para mim, consegui convencê-la a estar comigo, ensinei-a como me amar, a expus ao perigo iminente e Bella aceitou tudo aquilo, me aceitou do jeito que eu era, meu estilo de vida, aceitou tudo.

Eu consegui tomá-la como esposa, mesmo que esse não fosse seu maior sonho e eu não precisava fazer mais nada! Eu a já tinha! Bella já era minha! Como pude estragar tudo? Como pude deixar a felicidade escorrer por entre meus dedos?

Bella era minha vida, minha razão de existir, e agora partira, se fora para sempre, eu tinha certeza. Ela nunca me perdoaria, nunca voltaria para meus braços, enterraria qualquer sombra do amor que devotava a mim... E no fundo, por mais que me doesse aceitar, eu sabia que ela estava certa, sabia que seus motivos eram mais do que plausíveis, sabia que ela se via cansada de lutar por nosso amor, qualquer um em seu lugar estaria, ela... estava certa. Sempre estava.

A escuridão foi envolvendo-me lenta e tortuosamente, determinada a me destruir, a me sufocar com o desespero, a me enlouquecer com a solidão... Meus joelhos fraquejaram, fazendo-me cair no chão, olhando fixamente para a estrada pela qual Bella partira, sem conseguir encontrar forças para fazer qualquer coisa. Minhas mãos foram aos meus cabelos, segurando-os com força, quase arrancando-os, os soluços vinham fervorosamente por meu peito, a dor era mais que insuportável, era fisicamente avassaladora.

Não sei dizer quanto tempo fiquei ali, enterrando-me em um buraco de sofrimento eterno, sem chance para retornar a superfície, mas foi um grito agoniado de Alice que me fez despertar, levantando num pulo.

-BELLA! – Alice saiu correndo para fora de casa, sendo seguida por todos, que não sabiam dizer o que dera na baixinha. Alice estava mais que desesperada, estava em pânico, seguiu para seu carro, Jasper a seguiu.

-O que houve Alice? – perguntou Emmett, seu tom era sério, muito diferente do costumeiro. Não esperei pela resposta, invadi a mente da pequena vidente a fim de descobrir o motivo de seu desespero.

Quando eu acreditei que minha dor não poderia ser pior, quando o inferno não poderia ser mais quente, eu descobri que conseguia. Na mente de Alice eu vi o carro de Bella em alta velocidade passar para a pista contrária, sair da estrada e cair do barranco, capotando.

Foi mais do que eu poderia suportar, mais do que um dia eu poderia temer, isso não poderia estar acontecendo... Simplesmente... Não podia!

Uma onde de choque passou por meu corpo e meu instinto de proteção a Bella me impulsionou a correr para meu carro e seguir Alice a maior velocidade possível.
Minha alma gritava em desespero para que pudéssemos impedir aquilo, meu peito queimava só com a idéia de perder Bella para a morte, eu era o responsável, era minha culpa! Em nome de todos os Deuses... Tenham piedade de mim e me joguem no inferno antes de levarem Bella, ela não merecia... Já sofrera injustamente, já se anulara por mim, o qual não soube dar o devido valor a ela.

Bella não merecia isso, eu sim, ela não. Bella não podia... Eu não consiga pensar nisso... Eu não podia cogitar a hipótese de... Não. Não dava. Meu corpo e minha alma se dilaceravam só de pensar em ver o corpo de Bella frio, ferido, seus olhos sem vida... Era mais do que eu poderia suportar.

Que ela fosse feliz com outro, que ela me esquecesse, que ela me menosprezasse, que ela me odiasse, eu não me importaria, desde que ela estivesse viva, desde que ela fosse feliz.

Meu martírio interno foi quebrado ao chegarmos em um trecho da estrada onde havia um caminhão encostado no acostamento, um homem fora do veiculo falando ao celular e olhando para baixo do barranco; na direção que o caminhoneiro olhava saia uma fumaça e havia um carro totalmente destruído. Gelei. Não podia ser... Não podia ser Bella!

Parei o carro e desci correndo até onde o carro estava, assim como Alice, Carlisle e Emmett fizeram.

-Bella! – gritei em pânico correndo até o carro destroçado.

Para o meu completo terror, Bella estava no meio dos escombros, sangrando violentamente, inconsciente, toda machucada. A agonia e o pavor tomaram cada célula do meu corpo, eu não podia estar perdendo-a. Ela não podia estar...

Eu não conseguia mais vê-la daquela maneira, precisava tirá-la dali, precisava fazer alguma coisa. Fiz menção de agir quando Carlisle me impediu.

-Não! – e antes que eu surtasse ele prosseguiu. – Nós não sabemos a extensão dos ferimentos dela, qualquer movimento em falso e ela pode não resistir, precisamos esperar pelo resgate.

-Mas Carlisle... – minha voz era embriagada pelo choro e pelo medo. – É Bella!

-Eu sei, Edward, eu sei! Mas por enquanto, não há nada que possamos fazer.

Não tive coragem de me afastar dali, de perde-la de vista. Continuei observando a mulher da minha vida cada vez mais próxima da morte bem na frente dos meus olhos. A dor da perda, da solidão, da impotência e do medo me envolvia lentamente, a agonia sufocava-me sem qualquer piedade, eu não sabia o que fazer. O desespero estava enlouquecendo-me de uma maneira lenta e dolorosa. Eu não conseguia parar de me culpar, eu não conseguia esquecer que o responsável por aquilo era eu. Eu jamais me perdoaria.

Não sei quanto tempo se passou, nem como tudo ocorreu, mas quando dei por mim, já estávamos no hospital, aguardando Carlisle, quem estava cuidando de Bella, aparecer com noticias.

O clima era tenso, todos estavam temerosos com o futuro incerto, Charlie também estava ali, fora ele o policial a ir atender o chamado do acidente, e para a sua "sorte" e a minha, era a filha dele quem estava acidentada.

Inicialmente, ele quisera matar-me – e com razão -, mas Alice interveio contando-lhe uma história que Bella havia saído sozinha, sem dizer a onde ia, nem permitindo que eu a acompanhasse, a história de que eu era inocente foi facilmente confirmada pela expressão devastada em que me encontrava. Por fim Charlie acreditou que eu não tive culpa – doce ilusão.

As horas se arrastaram sem que tivéssemos qualquer noticia do estado de Bella, cada segundo era uma nova facada em meu peito, eu não conseguia aceitar, não conseguia acreditar em nada daquilo, como as coisas chegaram a esse ponto, como eu pude entregar Bella a morte? Sim, era isso que eu havia feito! Eu havia matado-a!

Ela tinha se recuperado, ou pelo menos se disposto a seguir em frente e ao invés de entendê-la eu não aceitei, tentei tê-la de volta, mesmo sabendo que isso seria impossível. EU havia descontrolado-a, EU havia permitido que entrasse naquele carro que simplesmente, não tinha condições de dirigir. EU era o culpado... por tudo.

Eu não conseguia suportar nada daquilo, eu era fraco, eu era um monstro... Como eu poderia suportar aquela dor infernal? Como eu poderia conviver com a culpa? Como agüentar ouvir os pensamentos alheios cheios de culpas e penas? Como eu poderia conviver comigo mesmo? Eu não sabia nem mesmo como suportar um único minuto, quem dirá viver uma eternidade sem Bella... Nunca desejei tanto a morte...

Já começava anoitecer quando Carlisle apareceu na sala de espera, estava cansado, visivelmente triste, tentei invadir sua mente para saber de uma vez por todas o que havia acontecido a Bella mas de alguma maneira, ele não permitiu. No mesmo instante todos se levantaram e se aproximaram, ansiosos por noticias de Bella. Carlisle parecia relutante em se pronunciar. Tentei ser paciente e aguardar que Carlisle estivesse preparado para falar, mas minha agonia se fazia maior que minha educação.

-Como ela está pai? – perguntei desesperado. Aquilo era minha culpa... MINHA CULPA.

-O estado dela é grave, Edward... – respondeu ele com um pesar na voz, fazendo meu mundo desabar. Mais uma vez.

Eu me permiti cair sentado no sofá que ali estava, agarrei meus cabelos com força, desarrumando-os, tentando conter-me, tentando conter a dor, tentando amenizar meu medo, minha solidão; aquilo não poderia estar acontecendo... Não... Podia...

Senti o choro subindo por meu peito, pedindo para exteriorizar, ao menos um pouco, toda a devastação que se alojava em mim, como eu poderia aceitar? Como minha vida chegou a tal lugar? Como eu pude... Como Tanya pode... Como Bella pode... Como o destino pode brincar tão cruelmente conosco, como pode fazer Bella pagar por meus atos?

Minha dor se fazia física só de pensar em como Bella se afundava no lado negro da vida, sempre rodeada de perigos, dores, medos, sofrimentos e tristezas, meu peito clamava por alento, ao imaginar como Bella estaria agora, entre a vida e a morte, minha alma pediu clemência de joelhos, ao sentir a culpa acusando-me da mais pura verdade.

Alheio a tudo, ouvi Carlisle explicar aos demais que Bella estava com varias costelas fraturadas e mais alguns membros locomotores, também explicou que Bella bateu com força a parte traseira inferior da cabeça, quase na nuca, e ainda não se era possível saber quais seriam os reais danos, por fim, declarou Bella como estado crítico e explicou que se ela iria sair ilesa deste acidente se viesse a se recuperar, somente o tempo iria dizer.

Vi meu mundo escurecer a cada palavra dita, Bella estava morrendo, a apenas um passo de se separar de mim eternamente, e eu nada poderia fazer a não ser talvez; aguardar...

Os minutos se fizeram horas, logo as horas se fizeram noite e a noite, dia. Sem que eu me desse conta, os dias se arrastaram, e cada vez mais, eu me vi a ponto de perder as esperanças, me vi entregue cada vez mais a tortuosa loucura, vi minha sanidade tornar-se cinzas, eu estava desistindo ao mesmo passo que o corpo de minha amada se enfraquecia. Naqueles dias, eu descobri que vampiros não eram imortais, pois eu tive certeza que no momento em que o coração de Bella parece de bater, a morte me envolveria instantaneamente. Eu quase ansiava por este momento, talvez assim eu tivesse paz, talvez assim eu pudesse ter Bella novamente.

Egoísta! Desgraçado Egoísta! Como posso desejar algo para mim depois de tudo que fiz? Como posso se quer pensar em tê-la novamente depois do que lhe fiz passar? Como posso olhar para mim e apenas para mim? Eu estava a cada minuto mais insano.

Por diversas vezes eu me atrevi a entrar no quarto para vê-la, me permiti segurar-lhe a mão e beijar sua pele cálida, mesmo agora estando quase que totalmente coberta de arroxeados. Algumas noites me atrevi a pedir-lhe, suplicar-lhe que voltasse para mim, ou pelo menos, para a vida, que voltasse para esta luz, para este mundo. Vez por outra, eu me peguei rogando ao Deus dos humanos, o Deus que um dia foi o de Carlisle, para que desse uma nova chance à Bella, para que fosse feliz, sem mais lágrimas, sem mais dor, sem mais maníacos ou vagabundas, sem vampiros. Eu almejei que ela pudesse ter a chance de ter a vida normal que sempre mereceu.

E foi durante uma dessas orações desesperadas que Alice adentrou o quarto com Renné e Charlie e obrigou-me a sair um pouco do quarto, quase arrastando-me para fora do mesmo.

-Por que fez isso, Alice? – perguntei rudemente, ela havia feito de propósito.

-Acredite, você não vai querer estar lá agora! – alertou-me ela, automaticamente fiquei tenso, o que estava por vir agora?

-Por que? O que vai acontecer Alice? – perguntei já virando-me para entrar no quarto mas Alice me segurou pelo braço.

-Não Edward! – decretou ela, séria. Encarei-a buscando a resposta em seus olhos. – Bella está acordando...

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!