-Edward, eu não faço idéia de como vamos contar ao meu pai. – eu disse com medo, tentei imaginar como Charlie reagiria, isso me fez estremecer.
-Se acalme, Bella.. – ele sussurrou no meu ouvido tudo vai acabar bem. – então ele deu aquele sorriso torto que eu amo.

Edward olhou para a janela e disse:

-Agora fique calma, esta bem?Charlie esta chegando.

Charlie entrou e bateu a porta atrás de si.

-Oi, Charlie. – disse Edward, inteiramente relaxado.

-Não! – protestei em voz baixa.

-O que foi? – sussurrou Edward.

-Espere até ele pendurar a arma!

Edward riu e passou a mão no meu cabelo.

Charlie virou no corredor, ainda de uniforme, ainda armado, e tentou não fazer careta quando nos viu sentados juntos no sofá de dois lugares.

-Oi meninos, o que foi?

-Gostaríamos de falar com você – disse Edward muito sereno. – Temos uma boa notícia.

A expressão de Charlie foi de amizade forçada à desconfiança sombria em um segundo.

-Boa notícia? - resmungou Charlie, olhando diretamente para mim.

-Sente-se, pai.

Ele ergueu uma sobrancelha, fitando-me, em seguida se sentou na poltrona à nossa frente.

-Não fique agitado, pai – eu disse tentando me mostrar calma – Está tudo bem.

-Claro que está, Bella, claro que está. Se tudo está tão bem, por que você está suando em bicas?

-Eu não estou suando. – menti e em seguida passei a mão na testa para retirar as provas.

-Você está grávida! – explodiu Charlie. – Está grávida, não está? – E antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Charlie fez um movimento rápido que não consegui entender o que era de primeira, e meio segundo depois veio aquele barulho ensurdecedor.

Levou alguns segundos para eu entender que Charlie havia sacado a arma, e quando olhei para Edward, ele estava caindo no chão, foi ai que eu havia atirado em Edward.

Fiquei branca e paralisada por alguns segundos, mas logo voltei a mim e me joguei ao lado de Edward.

-EDWARD! - fiquei apavorada, ele estava com uma cara de dor e seus olhos estavam semi-abertos, demonstransdo angústia e muita me deitei sobre ele chorando. - Edward, Edward! - eu o apertava com força.

-Fique calma, eu estou bem...Mas preciso fingir que a bala me machucou... - ele sussurrou tão baixo no meu ouvido que eu tinha certeza de que não havia como Charlie ter ouvido.

Eu fiquei muito aliviada ao saber que ele estava bem, mas sabia que continuar a encenação, não podia deixar o segredo dele e da família dele ser continuei chorando em cima dele por mais alguns segundos e então olhei para meu pai que estava imóvel, sem acreditar no que ele mesmo fizera.

-O QUE VOCÊ FEZ? - Gritei para ele, agora com raiva nos olhos.

Charlie abaixou a arma com uma expressão horrorizada, mas continuou olhando para o mesmo lugar em que Edward estava quando foi baleado, tive a impressão de que ele estava revivendo o que fizera milhões de vezes em sua mente.

Aproveitei essa deixa e me levantei rapidamente e fui até a mesa onde estava o celular de Edward ao lado de uma tesoura que eu havia usado mais cedo, agarrei os dois o mais rápido que pude e voltei a me jogar em cima de Edward.O fato dele não ter sangrado quando levou o tiro não me passou despercebido, e eu sabia que se não agisse rápido, logo Charlie sairia do transe e perceberia também.

Olhei rapidamente para meu pai, para ter certeza de que ele não havia me visto pegando à tesoura, mas ele continuava em estado de choque.

Edward se retorcia no chão e gemia baixinho, seu rosto era igual ao de uma vitima de um filme de terror, ele realmente sabia fingir muito bem.

Me deitei sobre Edward, ainda chorando, mesmo sabendo que ele estava bem, vê-lo ali, caído, aparentemente machucado, fazia um buraco se abrir dentro do meu peito, onde a angustia e o medo de perdê-lo inundava meu ser.

Para quem me via em cima dele daquele jeito, acharia que eu estava abrançando-o, desesperada, com medo de perdê-lo, quando na verdade eu estava usando meu corpo como escudo para esconder minha mão que segurava a tesoura, e principalmente, para esconder a falta de sangue.

-Pare de respirar agora... - Eu ordenei aos sussurros e encostei a ponta da tesoura no meu pulso, mas Edward segurou minha mão no mesmo momento.

-Não! - ele disse numa voz autoritária, mas ainda baixa e nos fitamos em silêncio por um longo minuto e então ele acrescentou. - Não chores por mim, meu amor... - Eu sabia que a essa altura Charlie já estava começando a prestar atenção em nós e por isso o complemento da frase dele, mas nós dois sabíamos que o "não" era para o que eu pretendia fazer.

-Você vai ficar bem, meu ligar para Carlisle e você vai ficar bem... - eu disse em bom tom para o caso de Charlie estar mesmo nos ouvindo, então me aproximei dele e sussurrei - Você acabou de tomar um tiro, deveria estar jorrando sangue de você!Solte-me agora!Não vou permitir que você estrague o seu disfarce nem o de sua família.

Charlie agora estava mais recomposto e se aproximou de nós para prestar socorro, então Edward afrouxou minhas mãos e eu enfiei a tesoura no meu pulso; o sangue manchou rapidamente a roupa de Edward, e conseqüentemente, a minha também.

Me levantei um pouco, mas mantive meu braço cortado em cima do buraco da bala, assim pareceria que o sangue saia de Edward e não de isso Edward escondeu a tesoura no bolso com uma velocidade incrível, num momento eu estava com ela na mão e no momento seguinte ela não estava mais ali.

-Edward..eu.. - Charlie tentou se explicar quando se abaixou ao nosso lado.

Eu o fuzilei com os olhos e disse enquanto discava o número de Carlisle no celular de Edward:

-Eu nunca vou te perdoar, Charlie!NUNCA! - eu gritei, mas logo me interrompi, pois Carlisle havia atendido ao telefone:

-Edward? - Carlisle parecia aliviado com a ligação - Alice viu..

-Carlisle, sou eu, Bella! - eu o interrompi já sabendo que Alice havia visto tudo aquilo acontecer - Meu pai atirou em Edward! - eu falei entre soluços - Precisa ajudá-lo!

Carlisle ficou em silêncio, nem sua respiração era mais audível, então percebi o que o preocupou e logo acrescentei:

-Venha o mais rápido que puder, Carlisle!Por favor!Edward esta perdendo muito sangue!

Carlisle entendeu que o segredo de sua família estava seguro.

-Estamos indo para i, Bella!Tente manter Edward, acordado! - e depois a ligação caiu.

Eu larguei o celular no chão e voltei a olhar Edward nos olhos.

-Eles estão vindo, Ed, você vai ficar bem... - eu tentei acalmá-lo, mesmo sabendo que a mais histérica ali era eu. - tente ficar acordado...Carlisle logo estará aqui...

Edward entendeu a mensagem e foi fingindo estar cada vez mais fraco:

-Bella... - ele disse baixo.

-Não se esforce Edward... - agora quem dizia era Charlie, mas eu o ignorei.

-Procure descansar, meu amor, tudo vai ficar bem..Eu prometo... - sussurrei segurando firme a mão dele e tentando controlar meu choro.

-Bella, eu te amo...Não se esqueça disso, independente do que aconteça. - ele falou com uma voz cada vez mais baixa.

-Eu também te amo!Muito!Por favor, não me deixe, Edward, não me deixe! - agora eu estava chorando mais do que voz ficou tremula, eu estava realmente acreditando que Edward estava à beira da morte.