O garoto de apenas cinco anos e cabelos castanhos, cansado de permanecer em pá, sentou-se no chão de tábuas antigas e quebradiças, fazendo-as ranger em um som assustador.

“Fique aqui que a mamãe e o papai já voltam ta?” Relembrou na própria mente a voz carinhosa da mãe, fazendo tal pedido para depois entrar no carro e desaparecer na estrada escura, deixando-o a sós.

“Eles vão voltar, eles vão. Sei que vão.” Murmurou o inocente menino, em uma tentativa de consolar-se na solidão, com ao mesmo tempo dúvida e convicção.

         O silencio era perturbador. A cada segundo, o tempo parecia enganá-lo. O vento constante balançava a instável e antiga casa, sempre com a falsidade de poder cair ou não.

         Carlos era o nome do menino. O tempo intensificava cada vez mais o frio. Esfregou suas mãos na parte entre o ombro e o cotovelo do braço, em uma tentativa de aquecer-se apenas parando para descansar o braço.

         Olhou o céu estrelado, tentando acalmar-se. Fitou a estrada vazia. Aquele lugar emanava um sentimento forte e intenso. Olhou a casa detrás de si. Não parecia acolhedora, como talvez pudesse ter sido.

         A criança levantou-se e caminhou até a estrada, em busca da esperança que toda criança guarda dentro de si. Ele fitou o fim e o começo da mesma, ou o que podia se ver dela. Ele esperou. Esperou mais do que qualquer um podia esperar. Mas o casal nunca mais voltou para buscar o garoto.