Aquele pedido (Revisada) escrita por Gabriela


Capítulo 2
2


Notas iniciais do capítulo

Qualquer erro perdoe. Literalmente estou escrevendo no fluxo dos meus pensamentos, quase sem tempo para revisar direito o texto.



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—Uma guerra vai explodir e jovens vão morrer. –Seu pai resmungou enquanto lia, ou tentava, o jornal.

—Você fala isso todos os dias. –A frase fez seu pai jogar o jornal em sua direção. Estava bravo com seu tom e com seu comentário. –Não precisava fazer isso.

—Por que está acordada? E com um vestido mais comum? –Ele a conhecia bem.

—Vou sair. –Empurrou o jornal para o chão, e comeu o último pedaço do bolo, que trouxe a casa um cheiro quase de um lar. –Não se preocupe não vou colocar fogo em nada. –Não como a alguns anos atrás.

—Quer que eu vá junto com você? –Resmungou, abafando seu tom meloso e gentil. No fundo, ainda queria cuidar dela.

—Não. –A negação saiu rápida dos seus lábios. Desde seus dezesseis anos, não eram mais pai e filha; só colegas que conviviam em uma casa diariamente. –Volto a noite.

Pegou um branco lenço ao lado do seu prato, e limpou com delicadeza sua boca. Não queria desmanchar sua maquiagem. E assim que terminou, levantou da cadeira e andou pela casa até o lorde quintal, onde um cavalo a esperava. Seu colega dos últimos dois anos.

Como uma amazona, subiu rapidamente nas costas do cavalo, e sem esperar, o fez cavalgar em direção a cidade. A ação era cansativa para os dois, mas preferia aquilo a aquele claustrofóbico automóvel; e seu amigo provavelmente preferia correr com alguém nas costas do que não correr mais um dia. Eram livres. Pelo menos, por algum tempo.

Logo, se aproximaram da cidade, chegando nas áreas residenciais; e no número 786. – Calma, garoto. –Falou baixinho acalmando o cavalo, que se aproximou mais da casa. E antes de chegar no quintal, desmontou dele e o prendeu em um lugar seguro. Haviam chegado.

Suspirou e, por alguns segundos, apenas olhou para a casa avermelhada e pequena. Podia aparentar ser o ser mais corajoso e forte, mas estava com medo. Ansiosa o suficiente para uma vida inteira. Odiava isso. Por isso, levantou o rosto e firmou seus pés, e suas convicções.

Só nesse momento, notou o silêncio. Toda a região parecia estar dormindo, e permaneceria assim por um bom tempo, se não fosse pelos sons que escapavam da casa. Eles, davam um pouco de vida, e caos, à aquele pequeno grupo de lares.

Sua mão bateu na madeira, e antes de terminar o movimento, alguém abriu. Não era Kate pelo menos.

—Está atrasada. – Pontuou uma mulher baixinha enquanto abria a porta.

—Três minutos não mata ninguém. –Golpeou com frieza.

O barulho dos seus saltos ecoou pela casa quando entrou, fazendo todos os olhares se focarem nela. Era uma criatura estranha até para aquele mundo. –Perdi algo?

—Não. –Kate sentada no sofá falou. Assim como no outro dia, a mulher usava uma calça, camiseta e um cachecol. Uma combinação perfeita para realçar seus olhos castanhos e seu cabelo negro. –Estamos apenas planejando alguns comícios... como distribuir alguns panfletos.

—E... –Cortou enquanto puxava um copo sem dono e lotado de uísque da mesa de centro. –Eles não te darão o voto se forem gentis. 

—Eu sei. –Seu olhar desviou do dela por um segundo. –Só quero tentar uma nova maneira.

—E é aí que entrou? –Deveria ter dito não.

—Sim. Seu sobrenome tem força e... seu primo disse que tem alguns amigos no parlamento. –Tinha que ter coragem para traze-la ali por causa disso.

—Sim, tenho. Mas, duvido muito que eles ajudem. Estão preocupados com outras coisas...

—Então, você vai fazer que eles se preocupem com isso. Esse é o seu papel e você aceitou. –Sua voz saiu firme, mas seu olhar não se segurou quando encontrou o olhar decidido e forte de Beatrice. Aquela mulher parecia querer tomar o que era dela.

—Ok. –Concordou sem deixar sua pose. –Como quer que eu faça? –Líder. Completou mentalmente com um tom irônico.

—Vai ter uma festa na sua casa. Do seu pai. Quero que esteja lá e nos represente. –E ela pensando que passaria a festa do seu pai a quilômetros dali. Seria a pior tortura ver seu pai se humilhar por atenção e a vender como se fosse um pedaço de terra.

Por isso, suspirou antes de responder. –Estarei lá. E farei o possível.

—Bom. –Foi mais fácil do que imaginava. –Como advogada, tem algum palpite de ação?

—Quando vocês forem presas, eu te falo. –Suas palavras atingiram as outras mulheres com forças, e não entendia porquê. Era óbvio que isso acabaria com algumas presas, na melhor hipótese. Por coisa menor, já foi presa.

Como a líder que era, Kate contornou a tenção e trouxe a atenção de volta aos preparativos das próximas ações. Em outras palavras, era a sua brecha para pegar mais bebida e beber fora daquela casa abafada. E foi desse modo que parou no quintal, no meio do subúrbio da cidade, bebendo um uísque barato.

O vento passou por ela, enquanto movimentava as roupas do varal, fazendo as voar junto com algumas partes do seu vestido. Por sorte, hoje, seu cabelo estava preso, evitando uma confusão de fios vermelhos, mas eles tentavam, mesmo assim, responder o chamado da ventania. Queriam seguir.

Iria chover.

—Não sabia que gostava de bebidas fortes. –A frase veio logo depois da batida da porta, e durante os passos firmes, pertencentes a uma revolucionária.

—O que sabe sobre mim? –Isso desequilibrou a outra mulher, a fazendo suspirar. –É brincadeira. –As duas sabiam que não era.

—Não precisa se esconder aqui. Pode participar. A menos que não queria é claro. –A frase a fez olhar para Kate, e isso fez a mulher desviar os olhos. Estranho.

—Acho que vocês já pensaram em tudo. Mas, não se preocupe... quando precisar mostrarei do que sou capaz. –Sorriu levemente, antes de beber o resto da sua bebida. Perdendo nessa ação, um olhar quase desafiador da outra mulher. –Preciso ir.

—Claro! –Sua testa franziu. Isso já estava ficando estranho. –Tem algum problema com a gente?

Não. Tinha problema com amontoado de pessoas. -Se eu tivesse... –Aproximou-se mais dela. –Não estaria aqui. –E passou. Deixando-a sozinha naquele quintal.

Isso não dará certo.


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