James Potter e Lílian Evans – Aprendendo a Amar escrita por Emma Salvatore


Capítulo 21
Gravidez


Notas iniciais do capítulo

Oiii, gente!!! Perdoem-me pela demora, mas estava passando por um bloqueio criativo mais uma vez!



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Lílian largou o Profeta Diário na cozinha e correu para o quarto, chorando copiosamente.

James suspirou pesadamente e apanhou o jornal caído na sozinha, a fim de ver quem teria sido a vítima de Lord Voldemort dessa vez. Suas mãos tremeram ao ler que Dorcas Meadowes tinha sido encontrada morta em uma viela trouxa londrina. Respirando fundo, James jogou o jornal fora e seguiu para o quarto que dividia com Lílian.

Desde que Lílian e James se casaram, um ano antes, a guerra tinha encrudescido. Não se passava uma semana sem que más notícias os atingissem, assim como a todos os membros da Ordem da Fênix. Voldemort estava agindo mais rápido. Mais pessoas morriam... Mais perto ele estava da vitória... James e Lílian o enfrentaram três vezes, sendo a última duas semanas antes, quando o viram assassinar Edgar Bones. Lílian não conseguira parar de chorar por quase um final de semana inteiro e James sabia que ela ainda tinha pesadelos com a cena.

— Lily? – chamou ao chegar até a porta. Não ouviu resposta, apenas o choro da esposa.

Suspirando ruidosamente, James abriu a porta.

Lílian estava debruçada sobre o travesseiro, chorando. James aproximou-se dela e acariciou com delicadeza seu cabelo.

— Lily...

— Até quando, James? – sussurrou, sem olhar para o marido. – Já perdemos tanta gente... Gideon, Fabian, Edgar e agora Dorcas... Me pergunto quando será a nossa.

— Não – James disse com firmeza. – Lílian, olhe para mim.

A mulher fez o que o marido pedira e o encarou com seus olhos verdes ainda mais brilhantes por causa do choro.

— Olha, sei que esse não é um dos momentos mais confiantes – começou, incerto. James sabia que suas próximas palavras não seriam absolutamente verdadeiras, mas precisava consolar a esposa de alguma forma. Lílian, desde o último encontro com Voldemort, andava mais emotiva do que nunca. – Mas ainda temos Dumbledore. Se tem algo que nós podemos nos agarrar, é nele. Você confia em Dumbledore, não confia?

— Não sei se Dumbledore ainda pode nos ajudar... – Lílian soluçou.

— Não pense assim – James censurou com suavidade, enxugando o rosto da esposa. – Precisamos ser confiantes.

Lílian sentou-se e encarou James com seus olhos duros.

— James, acho que tempo para sermos confiantes já acabou. Estamos em uma guerra e estamos perdendo feio. Não me peça para ser confiante enquanto vejo meus amigos morrerem.

James suspirou. Sabia que Lílian tinha razão. Ele próprio estava caindo em desesperança, assim como Sirius e Remus. Voldemort crescia com uma velocidade inacreditável. Seu exército crescia em uma velocidade inacreditável. A Ordem da Fênix certamente era pequena se comparada aos Comensais da Morte.

— Vi Snape da última vez – Lílian contou de repente, atraindo a atenção de James.

— Hein?

— Quando enfrentamos Voldemort. Quando Edgar foi morto. Os Comensais que o ladeavam... Bem, uma máscara soltou-se e eu o vi. Snape tornou-se realmente um Comensal da Morte – Lílian virou o rosto para o lado, sentindo-se incapaz de encarar James. – Eu ainda tinha, sabe... é bobo, mas... ainda tinha esperanças de que ele ainda fosse, sabe, aquele menino... aquela pessoa...

James notou que Lílian fazia esforço para não chorar.

— Lily, ele não...

— Eu sei que ele não merece nem um pingo da minha atenção! – Lílian disse com rispidez. – É só que... ele foi meu amigo durante muito tempo. Meu melhor amigo. É difícil perceber que ele se aliou ao bruxo que quer me matar pelo meu sangue.

James fez um gesto como se fosse abraçá-la, mas achou melhor não. Lílian sabia que ele nunca gostara de Snape e talvez esse não fosse o melhor consolo. Lílian, contudo, não chorou pelo antigo amigo. Apenas fitava o quarto com um olhar opaco. James nem se aventurara pensar o que se passava em sua cabeça.

— Vamos ao St. Mungus, James – ela disse de repente, levantando-se. – Há dias que venho sentindo enjoos estranhos.

E antes que ele pudesse perguntar por que não os mencionara, ela já estava trajando a capa de viagem e direcionando-se para a porta.

*

— Grávida? – Lílian repetiu, colocando instintivamente as mãos na barriga. – Eu estou grávida? A senhora tem certeza?

James piscou de Lílian para a curandeira, que ostentava um longo sorriso.

— Absoluta, Sra. Potter – ela confirmou alegre. – Meus parabéns!

Lílian ofegou e abraçou a barriga imediatamente. Por que não desconfiara disso? Por que não percebera que os enjoos e as tonturas de duas semanas estavam a alertando para a chegada de alguém? Como ela poderia não notar que seu – seus olhos marejaram quando notou – filho estava morando em seu corpo?

Ela olhou para James, tentando captar a reação do marido, mas este olhava fixamente para a sua barriga, como se estivesse petrificado.

— James? – Lílian chamou com uma ligeira preocupação. Não houve resposta. – James? James, você está bem? JAMES!

O homem finalmente olhou em sua direção.

— Lílian... – sussurrou tão baixo que Lílian quase não ouvira. – Nós... isso... isso... isso é... real?

Lílian olhou enviesada para o marido, sem entender o que estava acontecendo.

— James, você tem certeza de que está bem? – perguntou calmamente, colocando a mão na varinha por baixo das vestes.

— Não – James respondeu simplesmente. – Não sei... Lílian, estou... não consigo... isso... bem, eu...

— James! – Lílian cortou-o, fazendo-o olhar em sua direção. A mulher abriu um pequeno sorriso para o marido. – Isso tudo porque vamos ter um filho?

James segurou suas mãos e inclinou-se para mais perto.

— Lílian, nós vamos mesmo ter um filho? – murmurou, encarando a esposa com incredulidade. – Ainda parece...

Lílian apertou sua mão com força.

— Vamos ter um filho, James – ela confirmou com um sorriso ainda maior. – Acostume-se com a ideia de ser pai.

James sorriu largamente e abraçou a esposa com intensidade. Possivelmente, era o dia mais feliz de sua vida.

— Isso é loucura, sabia? – ele sussurrou no ouvido de Lílian. – Estamos no meio de uma guerra.

Lílian riu em seu ouvido.

— Bom, teremos que ter cuidado, mas não é como se Lord Voldemort estivesse atrás de nosso bebê ou coisa parecida.

James riu, apertando-se ainda mais contra a esposa. Aparentemente, não havia motivos para se preocupar com o futuro da criança desde que se cuidassem.

— Papai e mamãe iriam adorar conhecê-lo – James murmurou e Lílian sentiu uma nota de tristeza em sua voz.

Fleamont e Euphemia Potter tinham morrido seis meses após o casamento de Lílian e James. Os dois contraíram uma violenta varíola de dragão e, em poucas semanas, morreram. O Ministério da Magia ficou de luto por uma semana, afinal perdera um de seus melhores aurores em um momento em que mais precisavam deles. A Comunidade Mágica lamentou profundamente a morte dos Potter e desejava efusivamente que o filho do casal mostrasse o mesmo compromisso que o pai demonstrara na luta contra as Artes das Trevas. Sirius quase não conseguiu proferir o discurso fúnebre que tinha preparado para o enterro, tamanha era a sua tristeza.

Contudo, todo o sofrimento da ocasião estava cravado em James. Nenhuma outra notícia que recebera no último ano fora tão alarmante quanto o dia em que vira a vida deixar os corpos de Fleamont e Euphemia. Lílian, que também sofrera com a perda dos sogros, desesperara-se em fazer o marido sair da profunda tristeza que o abatera. Demorara semanas – e alguma persuasão de Sirius e Remus – até que James voltasse a ser o que era.

— Eles saberão – Lílian confortou-o. – De alguma forma.

James sorriu singelamente. Ele desvencilhou-se do abraço, enxugou o rosto e encarou a esposa.

— Bom, não podemos deixar essa notícia só para nós, não é mesmo?

*

— Desculpem-nos o atraso – Lílian pediu, entrando desajeitada na casa dos pais ao lado de James. – Dumbledore não pôde aparecer antes e precisávamos que ele soubesse da notícia.

— O que ela faz aqui? – Petúnia bradou, correndo até a porta. – Achei que a senhora tinha marcado um almoço comigo e com Válter, mamãe. Não com eles.

— Ora, Petúnia! – Amélia ralhou, aparecendo por trás da filha mais velha. – Vocês duas são minhas filhas. E Lílian pediu que te chamasse. Tem um anúncio a fazer.

Amélia cumprimentou a caçula, enquanto Petúnia fuzilava a irmã com os olhos.

— Desculpe, Túnia – Lílian pediu, desvencilhando-se da mãe e aproximando-se da irmã com um sorriso sincero. – Mas você não viria se eu chamasse.

— Não viria mesmo! – Petúnia confirmou, empinando o nariz com superioridade. – Somos muito ocupados, Válter e eu. Não temos tempo para as suas besteiras, Lílian.

— Posso lhe garantir, querida cunhada, de que o que temos para contar não é besteira – James afirmou, postando-se ao lado de Lílian com um sorriso.

Petúnia empertigou-se e voltou para a cozinha com raiva.

— Vamos – Amélia convidou. – Estávamos só esperando vocês para servirmos o almoço.

Lílian e James acompanharam Amélia até a mesa da cozinha.

— Lílian! – o Sr. Evans levantou-se, animado, para cumprimentar a filha. – Como vai? Como vai? E você, James?

— Muito bem, Sr. Evans, obrigado – James respondeu, apertando a mão do sogro. – Dursley! Não te vi. Como vai? Bem, eu espero.

Válter ficou púrpura e tentou – como se fosse possível – esconder-se atrás de Petúnia.

— Estamos muito bem, obrigado, Potter – Petúnia respondeu secamente; a raiva marcada em cada palavra.

— Bom, Lílian e James, sentem-se, sentem-se – Amélia apontou para as cadeiras vazias.

James sentou-se, alegremente, ao lado de Válter, enquanto Lílian ficava entre o marido e a mãe. Lentamente, Válter retirou a mão da mesa e pôs ao lado do corpo, numa visível tentativa de se afastar o máximo possível de James.

Amélia serviu o almoço e todos começaram a comer em um angustiante silêncio. Petúnia não parava de lançar olhares furiosos a Lílian, como se a culpa fosse dela pela atmosfera pesada que recaiu sobre o ambiente. Lílian devolvia com sorrisos os olhares da irmã.

— Então, querida, qual era a novidade que queria nos contar? – Amélia perguntou, carinhosamente, acariciando a mão da filha mais nova.

Lílian bebeu mais um gole de sua taça de vinho. Limpou, delicadamente, a boca com um guardanapo, olhou para James e, em seguida, virou-se para os pais.

— Estou grávida!

Os senhores Evans gritaram com entusiasmo e correram para abraçar o casal, felicitando-os. Petúnia, porém, encarava a irmã com os olhos semicerrados, lívida de raiva.

— Não! – exclamou, tremendo de raiva. Lílian voltou-se para ela.

— O que foi, Túnia? Estou grávida sim. Queria poder mostrar o teste, mas para nós...

 Você não pode estar grávida! – repetiu, olhando furiosamente para a irmã. – Você não pode estar grávida agora.

Lílian não entendeu.

— Desculpe, Túnia, mas não é realmente algo que possamos prever...

— Você não pode estar grávida no mesmo momento que eu, Lílian! – Petúnia explodiu, levantando-se da mesa e apontando um dedo acusador à caçula.

— O quê? – Lílian exclamou, surpresa, levantando-se também. – Túnia, você está grávida?

— Petúnia! Você não contou à sua irmã? – Amélia perguntou, visivelmente chocada.

Lílian colocou as mãos no peito e encarou a irmã com perplexidade.

— Você está... e não... não me contou?

Petúnia soltou uma sonora risada sem alegria e balançou a mão como se estivesse espantando algo realmente desagradável.

— Mas é claro que não! – respondeu como se fosse óbvio. – Se você ainda não reparou, Lílian, não quero que a minha família tenha contato com anormais como vocês.

— Petúnia! – Amélia repreendeu.

Os olhos de Lílian começaram a marejar e ela teve que se apoiar em James para não cair.

— Túnia... Nós somos... nós somos... Somos irmãs— ela murmurou, tolamente. – Por que tanto ódio? Jamais iria querer que você se afastasse de mim... do meu filho. Por que você quer isso?

Petúnia aproximou-se da irmã, encarando-a com desprezo.

— Quero ter uma vida perfeitamente normal, Lílian. Sem corujas sobrevoando minha casa para mandar recados, sem feitiços estranhos, sem bruxos das trevas rondando a vizinhança. Tenho que dar ao meu filho o que eu nunca tive. E você é uma parte viva dessa anormalidade toda!

Petúnia empurrou a irmã para o lado e saiu da sala com passos fortes. Válter a seguiu rapidamente, evitando o máximo possível encarar James e Lílian.

— Lílian... – Amélia tocou seu ombro, mas a filha não reconheceu seu toque. Observava, com olhos úmidos, o lugar pelo qual a irmã tinha saído. Nunca pensara em ter uma vida longe da mais velha. Queria fazer questão que os filhos fossem amigos, trocassem cartas e se encontrassem de Natal em Natal. E, apesar de toda a amargura que sabia que Petúnia sentia, jamais pensara que a irmã desejaria uma vida toda à parte dela.

— Mamãe, não estou me sentindo bem – murmurou bem baixinho, tocando levemente a mão de James e se direcionando para a porta.

Amélia não tentou impedi-la. James despediu-se dos sogros e seguiu a esposa porta a fora. Eles aparataram em frente à casa e Lílian desabou no colo de James ao chegarem.

— Não fique assim – ele consolou com suavidade, acariciando os longos cabelos acaju da esposa. – Ela, com certeza, vai mudar de ideia. Foi um momento de tensão, de raiva. Acho que... bom... ela não gostou muito de vocês terem engravidado no mesmo momento...

— Não foi minha culpa! – Lílian sussurrou, agarrando-se ao marido de maneira mais intensa.

— Sei que não foi – James concordou. – E ela sabe também. Bem no fundo. Só precisa de tempo, sabe?

— Não quero me afastar de Petúnia! – Lílian exclamou com uma tristeza angustiante crescendo em seu peito. – Ela é minha irmã, James!

— Tenho certeza de que não será por um longo tempo – James garantiu sem ter, contudo, convicção do que estava dizendo. – Mas não podemos dizer que nosso filho ficará desamparado de tios.

Lílian afastou-se do marido para encará-lo.

— Como assim? Você é filho único. E eu só tive uma irmã.

— Bom, biologicamente falando, sim, sou filho único – James concordou, esboçando um sorriso. – Mas não podemos nos esquecer de Sirius, não é mesmo? Você viu como ele ficou quando recebeu a notícia. Vamos ter que tomar cuidado senão ele vai deixar nosso filho extremamente mimado.

Lílian riu. Lembrou-se de quando contara a notícia a Sirius, Remus e Pedro. Sirius agira como se ele fosse o pai e garantira que a criança iria poder contar com ele para tudo, inclusive se precisasse de ajuda para desobedecer a Lílian e a James.

— E ainda tem Remus – James continuou, como se estivesse contando no dedo. – Pedro, Alice, Frank, Marlene... Você acha que eles seriam tios irresponsáveis?

Lílian riu mais uma vez. Os amigos reagiram à notícia com tanto entusiasmo que podia até anular a reação de Petúnia. Alice, por exemplo, também estava grávida e animara-se com a ideia de que os filhos poderiam nascer no mesmo dia. Alimentara, assim como Lílian, a ideia de que as duas crianças seriam tão grandes amigas como elas.

Remus agiu tal como Sirius, sendo, contudo, um pouco mais responsável e mais reservado em demonstrar sua empolgação. James sabia que o amigo trataria o bebê que Lílian esperava como se fosse seu próprio filho, afinal não pretendia ter filhos ele mesmo.

De todos os amigos, Pedro foi o que menos demonstrou entusiasmo. Parabenizara Lílian e James, mas não parecera se importar em tecer comentários sobre o futuro do menino – se seria tão Maroto quanto James ou tão responsável quanto Lílian. Limitava-se a sorrir e concordar com Sirius vez aqui ou ali. Por sorte – ou azar –, ninguém percebera a falta de interesse e o isolamento do rapaz.

— Você tem razão, James – Lílian respondeu, esboçando um pequeno sorriso. – E precisaremos decidir um padrinho, sabe.

James ergueu uma sobrancelha para a esposa, sem acreditar que ela estivesse mesmo fazendo essa pergunta.

— Você realmente precisa pensar, Lílian?

Lílian sorriu e abraçou o marido.

— Creio que já temos um nome em mente, então? – perguntou, brincalhona, depositando um beijo na bochecha do marido. – Só não deixe que ele saiba. Por enquanto. Vamos criar um suspense.

Ela sorriu e subiu para o quarto, sentindo-se mais feliz e mais renovada que nunca. Acariciou a barriga e permitiu-se aproveitar o fato maravilhoso de que teria um filho em alguns meses.


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Notas finais do capítulo

E então??? O que acharam???
Comentem!!!
Ps: possivelmente, ficarei alguns dias sem postar, mas não desistam da fic!!! Prometo que irei terminá-la e tentarei postar o mais breve possível.
Beijosssss