James Potter e Lílian Evans – Aprendendo a Amar escrita por Emma Salvatore
— Lílian! Petúnia! – Amélia chamou e as irmãs atenderam ao chamado imediatamente. – Por favor, vão ao mercadinho e comprem as coisas que faltam para o jantar.
— Mamãe, o mercadinho fica a mais de três quadras daqui! – Petúnia reclamou.
— Preciso desse favor, Petúnia. Seu pai está em uma dieta rígida. Será que vocês podem fazer isso por mim?
— Vamos, Túnia – Lílian chamou, direcionando-se até a porta. – Com sorte, voltaremos antes de anoitecer.
Petúnia bufou e seguiu a irmã.
As duas caminharam por alguns minutos em silêncio, até Petúnia abrir a boca para acusar a irmã:
— Você é muito invejosa! Não pode aceitar o fato de que tenho um noivo maravilhoso e você está sozinha, por isso ficou com esse idiota que você odeia. Tenha dó, Lílian! Isso é baixo até para você.
— O quê?! – Lílian exclamou, completamente chocada. – Não estou com James só para fazer ciúmes em você! Estou com ele, porque gosto dele!
— Você o odiava, Lílian! – Petúnia gritou. – Vivia gritando aos ventos que James Potter te atormentava e agora aparece completamente apaixonada por ele. É óbvio que você está querendo roubar o meu momento!
— Não seja ridícula, Petúnia! – Lílian aumentou um pouco mais seu tom de voz. – Eu percebi que não odeio James. Nossa convivência aumentou e eu comecei ouvir meus sentimentos. Não tem nada a ver com você.
— Você sempre tem que ser a mais querida, não é, Lílian? – Petúnia sussurrou, aproximando-se perigosamente da irmã. – O centro das atenções, a garota prodígio, o orgulho da família. Desde que você recebeu aquela maldita carta!
— Isso tudo é por eu ter sido uma bruxa e você não? – Lílian perguntou, começando a compreender. – Você tem inveja de mim.
— Eu?! – Petúnia gritou, vermelhíssima. – Eu não tenho inveja de uma anormal como você! Eu tenho um noivo perfeito! Terei uma vida perfeita! E completamente normal!
Lílian abriu a boca para responder, mas um frio se apoderou dela de repente. Ela olhou para o lado e os viu.
— O que você está fazendo? – Petúnia perguntou, assustada.
— Eu não estou fazendo nada! – a caçula respondeu, tirando a varinha das vestes. – Corra, Petúnia! São dementadores!
— Quê?!
— Vá! – Lílian gritou e não perdeu tempo em bradar: – Expecto Patronum!
Uma linda corça saiu de sua varinha e avançou contra os dementadores.
— Lílian! O que você está...
— Saia daqui, Petúnia! – Lílian gritou mais alto do que nunca. – AGORA!
Pálida de medo, Petúnia correu para longe dali o mais rápido que conseguiu.
Mais dementadores aproximavam-se e Lílian bradou mais uma vez:
— Expecto Patronum!
A corça saiu de sua varinha, correndo em direção aos dementadores. Mas ela não estava sozinha.
Tinha agora a companhia de um majestoso cervo prateado.
Lílian olhou para trás e viu James vindo ao seu encontro com a varinha erguida.
— James! – Lílian exclamou, surpresa. – O que você está fazendo aqui?
— Vim te visitar, mas sua mãe me disse que você e Petúnia tinham saído. Fui atrás de vocês, então e vi Petúnia correndo e gritando, pálida – James explicou.
Lílian correu para abraçar o namorado.
— Que bom que veio!
— Almofadinhas também veio – James contou. – Só que ele ficou na sua casa, esperando lá.
— Precisamos sair daqui – Lílian sussurrou, vendo dementadores se aproximarem. – Quem está os comandando?
— Expecto Patronum! – James berrou e um novo cervo saiu de sua varinha, dando suporte ao anterior e à corça.
— Expecto Patronum! – Lílian gritou mais uma vez e sua corça prateada avançou nos dementadores com êxtase.
Os dementadores recuaram e uma risada fria foi ouvida ao longe.
Lílian arrepiou-se e segurou a mão de James com força.
Lord Voldemort caminhava lentamente até eles com um sorriso desdenhoso no rosto. Uma mulher vinha logo atrás dele e tinha o mesmo tipo de sorriso.
James reconheceu-a na hora: era Bellatrix Lestrange.
— Meus parabéns. Vocês conseguiram impedir o meu intento – Voldemort congratulou-os com sua voz fria e arrastada. – Sabe, tinha intenção de aterrorizar os trouxas hoje e vocês acabaram com a minha diversão. Nada mal para crianças.
Bellatrix riu alto.
— Não somos crianças! – James gritou, segurando a mão de Lílian com força. – Você viu muito bem o que somos capazes de fazer! Não tente nada, porque temos força suficiente para derrubar você!
Bellatrix riu gostosamente, enquanto que Voldemort analisava o rosto do menino.
— Muito valente – o bruxo constatou. – Suponho que seja um dos pupilos de Dumbledore. Só não consigo me lembrar de seu nome...
— É Potter, milorde! – Bellatrix contou. – Amigo do traidor Sirius! Um dos nojentos da Grifinória.
— Ah, sim – Voldemort pareceu lembrar. – James Potter. Filho de Fleamont Potter, não é?
— Sou. – James afirmou com o orgulho.
— E a garota ao seu lado? Quem é? – Voldemort perguntou, olhando para Lílian com curiosidade.
— Sou Lílian Evans – a garota apresentou-se, sem demonstrar medo.
— É a sangue-ruim que Potter gosta – Bellatrix constatou.
— Não ouse chamá-la assim! – James gritou, apontando a varinha para Bellatrix.
A mulher riu com desdém e olhou para Voldemort, sugestiva.
— Milorde, creio que a sangue-ruim aqui pode nos prover de um pouco de diversão – sugeriu com um sorriso maligno.
— Tem razão, Bella – Voldemort concordou, sorrindo também.
— Vocês não vão tocar nela! – James berrou, pondo seu corpo na frente do de Lílian.
— Expelliarmus! – Bellatrix bradou e a varinha de James voou para a sua mão. – Incarcerous!
Cordas voaram para o pescoço e o corpo de James, prendendo-o a uma árvore próxima.
— James! – Lílian gritou e correu para o namorado, mas Bellatrix foi mais rápida e berrou:
— Crucio!
A dor pegou Lílian em cheio e a derrubou no chão, contorcendo-se. Ela queria resistir. Ela tentou resistir. Mas a dor era tamanha que não lhe coube mais nada além de gritar.
Seu corpo se contorcia, mil facas pareciam perfurá-la e os berros de Lílian poderiam acordar a vizinhança toda. Evidentemente, Bellatrix era mais experiente do que Avery.
Pela primeira vez na vida, Lílian achou que iria morrer. Ela nunca sentira tanta dor em toda sua vida.
— Estupefaça! – uma voz gritou e a dor parou.
Bellatrix caíra inconsciente no chão, enquanto alguém se aproximava. Lílian não conseguia reconhecer quem era.
— Não acredito – ela ouviu Voldemort sussurrar.
— Lily – era a voz de James. – Você está bem?
Lílian olhou para o namorado e conseguiu distinguir os olhos castanho-esverdeados e os cabelos bagunçados. Ela assentiu levemente, apesar de saber que não era verdade.
— Você! – Voldemort apontou para James, completamente surpreso. – Você tem dezessete anos e foi capaz de usar o feitiço convocatório sem varinha. Você é realmente poderoso. E ainda é puro sangue. Seria muito válido em nosso exército.
James riu com escárnio. Lílian forçou-se a levantar um pouco para encarar o bruxo.
— Jamais me unirei ao seu exército nojento! – o menino gritou com extremo desprezo.
— Pense bem, Potter – Voldemort sibilou, aproximando-se deles. – Você está iludido por Dumbledore. Eu estou vencendo essa guerra. Nada do que esse velho idiota fale vai mudar isso. Você terá poder, fama e prestígio. Ninguém ousará questioná-lo depois que tudo estiver acabado.
James levantou-se, tremendo de raiva.
— Você não está vencendo. Você não vai vencer. Eu vou fazer questão de lutar pessoalmente ao lado de Dumbledore contra você. Sinto muito em desapontá-lo, Lord Voldemort, mas essa guerra você vai perder.
Os dois encaravam-se. Voldemort observava com muita atenção o garoto à sua frente. Era só uma questão de persuasão, ele sabia. James veria os fatos e iria para o lado correto.
— Vou te dar um tempo para pensar – Voldemort avisou.
— Ele já disse que não vai! – Lílian gritou com todas as forças que tinha.
Ela tinha se levantado e parecia extremamente fraca, mas seus olhos brilhavam como nunca.
— Apesar do seu sangue, você também seria valiosa – Voldemort ressaltou. – Você conseguiu resistir à Maldição Cruciatus no começo. Talvez, se não fosse a habilidade de Bellatrix, você teria vencido a Maldição.
Lílian aproximou-se devagar, unindo todas as forças que tinha. Ela chegou perto o suficiente de Voldemort para poder cuspir em seus pés.
— Eu tenho nojo de você e de seus seguidores idiotas – a garota afirmou olhando bem nos olhos vermelhos do bruxo.
Voldemort sorriu.
— Bom, pensem. A proposta ainda está de pé.
Ele aproximou-se da inconsciente Bellatrix, segurou seu braço e desaparatou com ela.
Logo em seguida, Lílian caiu nos braços de James.
— Você precisa descansar. Vou te levar para a casa.
O garoto carregou a namorada pelo pequeno caminho e Lílian aproveitou para apoiar a cabeça no peito de James.
Ela tremia e James sabia que ela ainda sentia a Maldição Cruciatus na pele.
— Você é a garota mais corajosa que já conheci – ele sussurrou. – Você enfrentou Voldemort, mesmo estando sem condições físicas para isso. Isso torna você cada vez mais incrível. E me faz te admirar cada vez mais.
Lílian sorriu minimamente no peito de James.
Os dois chegaram à casa da garota e, assim que Amélia abriu a porta, deu um grito.
— O que houve com a minha filha?! – perguntou, desesperada, quando James entrou em casa.
— Estou bem, mamãe – Lílian sussurrou.
— Onde é o quarto dela? – James perguntou.
— Primeira porta à esquerda – Amélia respondeu, preocupadíssima.
James subiu com Amélia e Sirius em seu encalço.
Ele entrou no quarto e deitou Lílian em sua cama.
— O que houve, James? – Sirius perguntou, sério.
— Voldemort e Bellatrix – James respondeu, sombrio.
— Voldemort esteve aqui? – Sirius perguntou novamente, sem acreditar.
— Vol... Aquele bruxo das trevas? – Amélia perguntou.
— Esse mesmo – James confirmou.
— O que ele fez com a minha filha? – Amélia perguntou, aterrorizada.
— Ele não fez nada. Foi a seguidora dele, Bellatrix – James respondeu.
— A Maldição Cruciatus – Sirius adivinhou na mesma hora.
— O que é isso? – Amélia perguntou, assustada. – Minha filha vai ficar bem?
— É a maldição da tortura – James explicou. – Pode causar danos terríveis, mas graças a Deus, não foi o caso de Lílian. Ela vai ficar bem, Sra. Evans.
— Como vocês se livraram deles? – Sirius perguntou.
— Estupefiz Bellatrix, e Voldemort foi embora logo depois com ela. Ele queria que nós nos uníssemos a ele – James contou.
Sirius deu uma risada de escárnio.
— Com certeza, ele não conhece vocês.
— Você não contou o quão incrível você foi – Lílian sussurrou, tocando o braço do namorado com carinho. – James fez um feitiço convocatório sem varinha.
— Você o quê?! – Sirius espantou-se. – Como?
— Eu estava amarrado. Sem varinha enquanto Lílian estava sendo torturada. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu tinha que parar Bellatrix. Eu tinha que salvar Lílian. Então me concentrei bastante e convoquei minha varinha. Acho que a minha sanha por salvá-la fez isso – James contou, acariciando a mão de Lílian.
— Isso foi incrível, James! – Sirius exclamou, completamente admirado. – Nem bruxos adultos conseguem fazer isso.
— Foi só uma vez, Sirius. Não sei se consigo fazer de novo – James falou. – E foi por causa de Lílian. Se ela não estivesse em tamanho perigo, não sei se conseguiria.
— Você foi um herói, meu filho – Amélia garantiu, olhando para James com carinho. – Fico feliz de minha filha ter arranjado alguém tão bom quanto você.
— Obrigado, Sra. Evans – James agradeceu com um imenso sorriso. – Prometo que vou proteger Lílian a todo custo.
Lílian sentiu novamente um mau pressentimento e apertou a mão de James com força.
— Também vou te proteger – ela garantiu.
— Vocês vão contar a Dumbledore? – Sirius perguntou depois de um tempo.
— Claro – James afirmou. – Ele precisa saber o que houve.
Sirius assentiu, concordando.
O quarto morreu em silêncio, cada um dos adolescentes com suas preocupações.
James temia que Lílian sofresse mais com a guerra. Ele não queria que a sua ruivinha fosse vítima novamente da Maldição Cruciatus. Ele sabia que a promessa feita a Amélia não era em vão. Ele realmente faria de tudo para protegê-la.
Lílian, entretanto, preocupava-se com o pressentimento ruim que vinha sentindo. Toda vez que James lhe fazia promessas desse tipo, algo de ruim invadia seu peito e não queria sair. Era como se fosse uma certeza de que ele não conseguiria cumpri-la e isso a deixava temerosa.
Sirius pensava na proposta que Voldemort fizera. Sabia que os amigos eram fortes suficientes para recusá-la, mas temia pelos outros. Quantos Comensais da Morte foram forjados pela simples promessa de muito poder? E, embora empurrasse esse sentimento para longe, o garoto tinha impressão de que Remus não recusaria a proposta caso fosse lhe oferecida uma vida mais digna, um emprego decente e a segurança de sua futura família.
E Sirius não queria ter que lutar contra um amigo. Porque de uma coisa Sirius Black sabia: iria lutar até o fim contra Voldemort e qualquer aliado dele.
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