Estavam andando quietos no corredor principal. O que Jaqueline havia dito era sério demais para qualquer um pensar em algo para descontrair o momento. Adeline finalmente pensou que não conhecia ninguém ali, não sabia se podia realmente confiar naqueles cinco adolescentes.

Foi entre esses pensamentos que uma mulher baixinha e acima do peso se colocou no meio do caminho. Um sorriso simpático e muitos papeis nas mãos chamaram atenção de todos.

— Quem são vocês? — ela perguntou. Sua roupa era extravagantemente rosa, que fez Jaqueline quase ter um AVC de moda.

— Alunos — Adam respondeu seco, sem paciência com o que ele imaginou ser uma professora.

Ela encarou séria cada um dos futuristas e um sorriso sarcástico nasceu no rosto gordo da mulher.

— Vocês não são alunos deste colégio. Eu conheço cada aluno daqui, sei cada movimento dos meus alunos — aquela era a diretora Shermansky e ela era a única pessoa que eles deveriam rezar para não encontrar — Então vou repetir: Quem são vocês?

Os seis se entreolharam preocupados.

— Ele quis dizer que gostariamos de ser alunos — Adeline riu nervosa e tentou lançar um sorriso amarelo para a diretora, que continuou olhando séria para todos.

Demorou algum tempo para que sua expressão voltasse para a mesma antes da conversa. O sorriso simpático e a postura calma voltaram ao pouco, conforme a diretora se fazia acreditar de que realmente eram crianças interessadas na escola.

— Que bom então — ela alisou o cabelo, arrumando o coque de cabelos brancos — Acredito que trouxeram os documentos do outro colégio para fazerem a transferência.

Novamente olharam entre eles preocupados. Cada vez mais estavam entrando em uma confusão sem fim.

— Infelizmente não — Nicole tomou a voz —Nós viemos apenas para ver como era o colégio mesmo.

— Entendo. Então terei de pedir para vocês se retirarem do colégio. Estamos em horário de aula e visitas pelo prédio é após o meio-dia.

Ela mostrou a saída do colégio e antes mesmo de ver se todos haviam realmente saído voltou a andar, entrando em uma sala de aula qualquer. Aaron encostou as costas em um dos armários azuis e soltou todo o ar que estava segurando durante toda aquela conversa.

Jaqueline o imitou, se apoiando na parede e suspirando com força.

Eles se olharam por alguns minutos antes de Adeline falar:

— O que acham de ficarmos no parque, até dar o horário do fim das aulas? — O parque não era longe do colégio, e não era longe da casa de seus avós também. Conseguia ver o muro da casa onde sua mãe foi criada da porta do parque.

Eles aproveitaram o fato de estarem em um parque para procurarem flores amarelas. Duas ou três vezes pensaram em ter achado a flor que Tia Agatha mencionou, porém quando eles retiraram a flor da sua raiz nada aconteceu.

Era horário do almoço quando Jaqueline notou que muitos estudantes do colégio estavam entrando e saindo do prédio.

— Vamos procurar minha mãe logo, ela deve saber qual flor estamos procurando — a loira resmungou começando a andar e deixando cair na grama um crisântemo amarelo.

— Se nem nós sabemos o que estamos procurando imagine ela! — Roger disse com ironia. Todos seguiram Jaqueline sem muita esperança. Estavam começando a pensar que nunca achariam aquela flor amarela e que ficariam presos naquele tempo para sempre.

O horário do almoço era um horário muito importante para os estudantes, já que algumas turmas não teriam aula depois daquele horário e outras turmas iriam ter mais uma ou duas aulas depois do horário.

Assim que entraram no colégio avistaram Louise conversando com uma garota de cabelos brancos, presos em um rabo de cavalo desengonçado.

— Aquela que está conversando com minha mãe é mãe da minha prima Sophie — Adeline sussurrou para Nicole, que concordou com a cabeça, notando subitamente a semelhança — Fiquem aqui, vou chamar Louise.

Todos obedeceram e Adeline foi sozinha chamar atenção da castanha.

— Bonjour!

— Bonjour Adeline — Louise disse se virando para futurista, que sorria de nervoso — Rosa, esta é Adeline. Adeline esta é Rosalya.

Era estranho demais Adeline ver sua mãe apresentando sua tia como se ela não soubesse quem fosse. Tentou controlar seus pensamentos e agir o mais normal possível.

— Nós queríamos saber se você pode nos ajudar agora, ou se está ocupada.

— Oui, oui — olhou para Rosalya, que não estava entendendo do que a conversa se tratava e começou a falar diretamente com a estilista — Combinei com os amigos dela de ajudar a procurar uma coisa. Aline e alguns meninos irão ajudar… Amanhã nós nos falamos então?

— Claro — Rosa respondeu, olhando de soslaio para Adeline. Nunca havia visto aquela garota na vida e já a achava estranha demais; como se ela não pertencesse àquele lugar — Não esqueça de me falar como foi com o Lysandre!

Então Rosalya se retirou e foi em direção ao segundo corredor para pegar seu material no armário.

— Onde estão os outros? — Adeline perguntou olhando ao redor.

— É só me acompanhar que irei achá-los.

Os seis adolescentes então começaram a seguir Louise pela escola. O primeiro a ser achado foi Nathaniel, que estava arrumando os documentos no grêmio; junto a ele estava Isabelle.

— Bonjour — a loira disse olhando para Louise sorridente. As duas garotas tinham um tipo de richa já que ambas tentaram no semestre anterior a presidência da turma e Isabelle falhou — Vocês ainda precisaram da minha ajuda?

Louise encarou o grupo surpresa. Não imaginou que iriam pedir ajuda para Isabelle também.

— Quanto mais gente melhor, né? — Aaron diz sem graça, soltando uma risadinha por fim.

— Nos encontre então na frente da escola daqui dez minutos — Louise disse abrindo a porta do grêmio. Ela estava se referindo a Nathaniel, porém sabia que Isabelle iria acompanhar de qualquer forma.

Ao saírem do grêmio Louise teve de pensar onde será que os outros estariam.

— Talvez Castiel e Lysandre estejam no porão — comentou para si mesma, começando a andar em direção à escadaria. Todos continuaram a segui-la sem questionar nenhum movimento.

Porém ao descerem as escadas do porão tiveram uma surpresa; desagradável para uns e engraçada para outros.

Um rapaz alto de cabelos escuros estava de costas para todos enquanto tinha duas mãos lhe arranhando e puxando qualquer superfície que fosse alcançável. Mãos femininas, delicadas e muito ágeis por sinal. Louise não soube o que fazer, já que eles não haviam notado que tinha sete pessoas observando o espetáculo de aféto.

O bolo que Roger ingeriu estava dando um olá desagradavel. A vontade de vomitar foi tão grande que ele acabou deixando cair muitas cadeiras enferrujadas, tentando sair do porão.

O barulho das cadeiras fez com que o casal parasse de se beijar instantaneamente. A boca totalmente vermelha por causa do batom e do atrito era algo cômico de se ver em Armin. A garota ruiva se encolheu atrás do Gamer não entendendo nada o que estava acontecendo.

— Quem são vocês? — Armin disse pegando a toca que havia caído no chão e tentando arrumar a roupa.

— Não vou ficar repetindo a mesma coisa toda vez — Jaqueline resmungou sem paciência.

— Só estamos procurando o Castiel e o Lysandre, relaxa Armin — Louise disse tombando o tronco para o lado e finalmente vendo que era Anne que se escondia atrás do rapaz — Não vou falar para ninguém, não se preocupem.

Armin não sabia o que falar, já que o relacionamento entre ele e Anne era tão intenso e tão secreto que nem seu próprio irmão sabia.

— Merci — a ruiva disse com um sorriso borrado.

— Vamos indo. quem nós precisamos não está aqui — Adeline diz dando meia volta e fazendo o mesmo caminho que Roger fez para sair do porão.