Ambre ria muito, ela não estava acreditando em uma única palavra que aquela garota mal-trapilha estava falando. Mandou que o segurança retirasse aquela garota de sua sala de estar e virou as costas.

Porém antes da riquinha começar a subir as escadas e o segurança pegar no braço de Jaqueline a força, a futurista gritou:

— Se você não acredita 100% em mim, je peux vous prouver. Sou do futuro!

Ambre virou nos calcanhares e levantou uma das sobrancelhas finas e desenhadas. Questionou-a cruzando os braços e voltando para perto de Jaqueline.

— Eu posso te dizer de coisas que aconteceram ou vão acontecer… Posso falar sobre coisas que só você e sua família sabe.

Não disse nada, apenas permitiu que a futurista continuasse, estava começando a ficar realmente curiosa com o que ela estava falando.

— Em 2010 eu fui morar com você, pois meus pais estavam passando por uma crise de casal… Ou melhor dizendo em 2010 eu vou ir morar com você — Jaqueline não sabia em que tempo usar. Sua mente estava confusa e dolorida. Não sabia muito bem o que estava fazendo — Você me disse que seu sonho sempre foi ter muitas amigas, mas só Charlotte e Li conseguiam ver como você realmente é.

Ambre levantou ambas sobrancelhas e descruzou os braços. Nunca havia comentado com ninguém que gostaria de ter mais amigas, nem mesmo escrito em seu diário aquilo.

— Você e o Nathaniel tiveram uma briga feia quando vocês estavam prestes a entrar no ensino médio. Il vous a appelés d'irresponsable et débile. Aquilo te magoou tanto que você contou para seu pai. Quando você terminou de contar a história, ele simplesmente concordou com o que Nathaniel havia dito. Ele também te chamou de burra e irresponsável. Depois daquilo você nunca mais falou toda a verdade para ele.

Ambre gritou para que ela parasse. Estava assustando e deixando-a muito triste com todas aquelas memórias.

— Não quero saber como você sabe de tudo isso! Eu só quero que você saia daqui. Meu irmão deve ter contado essas coisas absurdas para você e ele só quer me irritar! — ela gritava — Tire-a daqui agora!

O segurança empurrou Jaqueline para fora da casa. Ambre estava com vontade de chorar graças às lembranças que aquela conversa havia lhe herdado, e enquanto Jaqueline era enxotada da casa de seus próprios avós ela pensava finalmente que havia feito algo horrível.

Viu o portão se fechar no seu nariz e respirou fundo. Precisava de muitas coisas, incluindo um banho e uma boa massagem nas costas, porém a primeira coisa que conseguiu pensar naquele momento foram os outros futuristas.

Correu em direção ao parque, porém um acidente de carro estava impedindo que seu caminho fosse mais rápido. O acidente era próximo à escola, havia muitas pessoas ao redor do carro e de alguém que estava no chão.

Sua curiosidade falou mais alto e ela simplesmente ficou nas pontas dos pés para ver o que estava acontecendo sobre os ombros dos curiosos ao redor.

Louise estava desmaiada no chão da rua, com a testa sangrando e uma perna fraturada. Lysandre chorava muito ao lado do corpo da garota, porém ele não a tocava com medo de machucá-la ainda mais.

Aquilo parecia errado, aquela situação parecia estar totalmente errada.

A respiração de Jaqueline estava acelerada e seus olhos estavam arregalados. Não sabia o que fazer ou pensar. Será que Louise estava morta?

Desviou de todas as pessoas que atrapalhavam seu caminho e correu ainda mais rápido para o parque; as duas garotas estavam ainda sentadas no banco, conversando desanimadas.

— Tous! — Jaqueline gritou e elas olharam em direção à loira, incluindo Castiel e Lis, que ainda estavam por ali desfrutando do piquenique — Eu fiz algo horrível. Eu acho que estraguei tudo!

Jaqueline não falava nada com nada, ela estava muito atordoada com tudo que havia acontecido. Ser expulsa por sua própria tia como se fosse um cachorro sarnento e, agora, ver a mãe de Adeline ser atropelada daquele jeito foi muita informação para sua cabeça.

— Calma, respira fundo — Adeline disse tocando no ombro da menina. Jaqueline tremia muito. Ela não estava sentindo a mão de Adeline sobre sua pele.

— O que aconteceu? — Nicole perguntou preocupada.

— Eu contei para Ambre que somos do futuro — ela disse sem respirar. Cada vez mais seu corpo tremia de nervoso — Pensei que poderia confiar nela. Ela é tão diferente do nosso tempo!

Enquanto Jaqueline gritava tudo aquilo, Lis e Castiel ouviam atentos aquela situação. Estavam entendendo absolutamente nada. O que queriam dizer com “do futuro”?

— Você o que? — Nicole gritou arregalando os olhos e puxando os cabelos.

— Eu sinto muito, eu pensei que iria nos ajudar — Jaqueline começou a chorar — E quando estava voltando para cá para ver vocês eu vi… Eu vi a Louise atropelada perto da escola.

Adeline retirou a mão do ombro da garota e empalideceu.

— Renversée?

— Eu sinto muito — ela só chorava.

Lis ao ouvir que a amiga estava naquela situação começou a chorar e correu em direção a loira.

— Onde Louise está? — gritou.

Todas se assustaram, menos Adeline, que estava parada no mesmo lugar, olhando para o nada.

— Está perto da escola, na rua principal — Jaqueline soluçou entre uma palavra e outra.

— O que vocês querem dizer com “avenir”? — Castiel finalmente apareceu na visão de todas. Ele estava enfurecido com a situação. Lis não quis ouvir nenhuma explicação, apenas correu em direção a Louise.

— É isso mesmo, já que é pra foder de vez, vamos foder com areia e caco de vidro — Nicole gritou enfurecida — Somos do futuro. Fu-tu-ro! Sabe o Kentin? Aquele que você implica e fica zoando? Ele tem 3 filhas, babaca, e eu sou a mais velha. E sabe o Adam? O menino de cabelo preto que anda com a gente? Ele é seu filho, seu com a Lis.

Castiel estava com o cenho franzido. Não sabia se aquilo era ridículo demais para ser verdade ou simplesmente maluco demais. Ele encarava as três garotas com um pouco de medo.

— Isso não era para acontecer — Adeline disse pela primeira vez, depois da notícia — Quem é atropelado é meu pai.

Todos voltaram a direção para a platinada.

— E nem é a data do acidente ainda — ela olhava para o nada, imóvel e sem expressão — Não é minha mãe que sofre o acidente… Mas por que?

— Vocês não estão me ajudando, sabiam? — Tia Agatha apareceu simplesmente do nada. Para falar a verdade, foi como se ela sempre estivesse ali.

Cada mão sua estava apoiada em um dos ombros dos gêmeos. Eles estavam sujos de lama e pó.

— Precisam manter essa langue dentro da boca — ela resmungou soltando os garotos — Castiel meu querido, você mora sozinho, certo?

Ele apenas balançou a cabeça assustado.

— Ótimo, leve esses cinco idiotas até seu apartamento. Eles precisam de banho e roupas novas. Não se preocupe com as roupas, elas vão estar já no local — ela sorriu simpática — Mais tarde nós vamos conversar. Todos nós, inclusive Adam; mas antes preciso encontrar ele.

Do mesmo modo que ela apareceu, desapareceu. Os gêmeos estavam atônitos e confusos, Jaqueline ainda chorava, Nicole parecia estar à um milímetro de começar a gritar novamente e Adeline estava ainda imóvel.

Ninguém sabia o que fazer, nem mesmo Castiel, que havia sido colocado naquela confusão sem nem querer.