All Out Of Love escrita por Jullie Santana


Capítulo 10
Epílogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767051/chapter/10

4 anos depois.

Tony apenas observou, silenciosamente, a maneira como o garotinho montava o quebra cabeças. Os dedinhos pairando no ar enquanto os olhos esquadrinhavam o montante de peças por alguns instantes e então ele pegava uma, precisamente, e a encaixava em um dos espaços vazios. Era como um ritual, ritmado e constante.

Já fazia um tempo que eles estavam ali, tempo o bastante para que a posição de Tony, sentado sobre os próprios joelhos, fizesse com que suas pernas doessem. Steve estava na administração, resolvendo os últimos ajustes para a adoção, mas Tony não podia esperar. Ele já havia esperado por tempo o bastante.

— Peter. – Ele chamou suavemente, e os olhos do garotinho subiram, como se ele notasse a presença de Tony apenas naquele momento. Ele não demostrou qualquer outra expressão. – Você se lembra de mim?

Ele não respondeu, mas o pequeno rostinho se inclinou, apenas um milímetro para a direita e os lábios se contraíram em algo que, naquelas condições, poderia ser interpretado como um sorriso.

— Eu vim para levar você para casa, Peter. – Tony informou, ainda atento a cada mínima reação do garoto.

Demorou cerca de cinco segundos, as mãos pequenas bateram no monte de peças na mesa e as espalharam enquanto o menininho se movia. Pequenos sons indecifráveis deixaram sua garganta, ofegos, altos e animados.

— Ei, vocês parecem animados hoje, rapazes. – Steve finalmente entrou na sala. A administradora do orfanado logo atrás dele, sorrindo de orelha a orelha. – Acho que está na hora de nós irmos, eu já coloquei suas malas no carro e tem toda uma festa de boas-vindas te esperando, Peter.

Tony se levantou do chão e esticou as pernas com cuidado antes de se aproximar da criança, ele estendeu os braços e esperou por alguns instantes até que Peter o notasse ali. Os olhinhos castanhos avaliaram Tony, trinta e cinco segundos exatamente, dez segundos mais rápido do que em todas as visitas anteriores. E então o garotinho estendeu os próprios braços, permitindo que Tony o pegasse.

Peter tinha cinco anos, mas era muito pequeno e magro para a própria idade, portanto, poderia facilmente se passar por uma criança de três. O autismo também não ajudava muito, a comunicação verbal do garoto era quase nula e ele demorava muito a confiar nas pessoas e aceitar que elas o tocassem. Por conta disso, a adoção dele demorou muito mais tempo do que o esperado. Ao todo, foram quarenta e duas visitas ao orfanato antes que ele aceitasse a presença de Tony e Steve e mais dezessete para que ele confiasse neles o bastante para que eles o levassem para casa. Foi um longo caminho até ali. Um ano e três meses para ser mais exato, mas tinha valido a pena. Peter estava indo para casa com eles. Definitivamente dessa vez.

O menininho ajustou as perninhas curtas ao redor do tronco de Tony e enfiou o nariz na curva do pescoço do moreno enquanto ele se levantava com ele no colo. Steve segurou um suspiro de adoração, a visão de Peter se aconchegando em seu marido parecia sempre a coisa mais bonita do mundo aos olhos dele.

Diferente de todas as outras pessoas, Tony nunca teve dúvidas. Na primeira vez que eles visitaram o orfanato, eles viram muitas crianças brincando, mas nenhum deles chamou tanto a atenção de Tony quanto o menino parado sozinho no canto da sala, brincando com um ursinho de pelúcia e olhando para a parede, como se o mundo não existisse. 

Autismo em grau elevado, as administradoras do orfanato disseram. Ninguém queria adotá-lo porque ele daria muito trabalho, e sua confiança era muito difícil de conquistar. Tony levou aquelas palavras ao coração como um desafio pessoal. Ele se virou para Steve, quando eles entraram no carro, e disse “Eu quero ele Steve, não importa quanto tempo demore.” E foi isso.

Assim como Steve, Peter foi de Tony desde o instante em que ele colocou os olhos nele. Eles só precisaram de um pouco de tempo para descobrir isso.

***

2 anos depois.

— Peter – Natasha chamou com voz firme e o garoto olhou para cima, sobre o balcão de madeira onde estava fazendo contas em uma folha de sulfite. – O seu pai acabou de ligar e ele disse que eles estão chegando, você está pronto para conhecer sua irmãzinha?

O garoto ouviu atentamente e digeriu as palavras. Desde que ele havia se mudado definitivamente com Tony e Steve, a evolução dele com relação a comunicação era muito clara. Além do autismo, Tony havia descoberto que Peter tinha um QI mais elevado que o normal e havia tomado as providencias necessárias para que o garoto tivesse todas as suas necessidades especiais atendidas. Isso, combinado a todo o amor e devoção com que todos ao redor enchiam o garoto, fizeram com que ele evoluísse muito mais do que o esperado por qualquer um dos médicos.

Ele acenou afirmativamente com a cabeça e voltou a olhar para os números no papel.

— Use suas palavras, Peter. – Natasha o repreendeu, ainda com a voz plana e firme.

— Sim, tia Nat. – Ele respondeu sem tirar os olhos dos números na folha. A vozinha infantil era fina e anasalada demais, mas todos eles sabiam que aquelas pequenas palavras já eram uma vitória gigantesca.

— Ele mal tem sete anos e já é tão atrevido quanto o Tony. – Bucky constatou, rindo enquanto vinha da cozinha, ele passou um dos braços pelos ombros de Natasha e a segurou enquanto a mulher revirava os olhos para ele.

Algum tempo depois a porta do bar se abriu e Tony e Steve entraram. No colo de Steve, uma garotinha pequena e negra, com dois lacinhos azuis prendendo os cabelos em chuquinhas que lembravam muito as orelhas do Mickey.

— Hey, Pete Pie, você se divertiu com o tio James e a tia Nat? – Tony perguntou, sentando-se ao lado do garoto.

Peter não respondeu, apenas acenou sem tirar os olhos da folha de papel.

— Peter, – Steve chamou a atenção dele e o menino finalmente pareceu notar a garotinha no colo do pai. – Essa é a Riri, sua nova irmãzinha.

O menino avaliou por um instante, seus olhos se voltaram para Tony, que assentiu e então ele olhou para ela outra vez. A mãozinha se estendeu no ar em direção a pele dela e Steve se abaixou um pouco até que os dedos do garoto tocassem o bebe de um ano e meio. Ela riu para ele.

— Princesa. – Ele disse simplesmente e então ofereceu para ela seus números na folha de papel.

— Bom, eu acho que esse é o começo de uma bela amizade. – Bucky concluiu e todos eles concordaram imediatamente.

***

4 anos depois

Sarah olhou através da janela de sua cozinha e viu seu filho correndo atrás de Riri no gramado. Um pouco mais afastado, sentado na mesa de piquenique, Peter estava com seu caderno aberto, provavelmente resolvendo suas contas, como ele normalmente gostava de fazer. Tony estava lá também, sentado embaixo da grande macieira do quintal, com os olhos fechados e um sorriso grudado no rosto.

Algum tempo depois, Steve finalmente pegou a garotinha e veio se sentar ao lado de Tony embaixo da arvore. Durou dez segundos antes de Riri se contorcesse novamente para fora do aperto e corresse para longe outra vez. Mesmo da cozinha, Sarah ainda podia ouvir a risada de Steve quando ele virou o próprio corpo sobre Tony, o prendeu no chão e encheu o rosto dele de beijos estalados.

Ela sentiu seus olhos se encherem de lagrimas.

Era bonito de maneiras que ela sequer podia explicar com palavras.

Aquela era a felicidade que ela sempre desejou para seu filho, e mesmo que ele tivesse sido bobo o bastante para deixa-la escapar uma vez, ela sabia que ele tinha aprendido sua lição. Desde que Tony deu uma segunda chance a Steve, seu filho fazia questão de provar todos os dias que ele tinha feito a escolha cerca.

Agora, ele finalmente tinha uma família.

Havia um exame sobre a mesinha de cabeceira de Sarah, depois de todo esse tempo, o câncer havia voltado e dessa vez, não tinha muito mais o que qualquer um pudesse fazer. Ela sabia que aquela não seria uma notícia fácil para nenhum deles. Ela sabia. Ainda assim, sentiu-se feliz por saber que seu filho teria uma família inteira para apoia-lo agora.

Dessa vez, quando ela fechasse os olhos, ela poderia ficar em paz.

A vida não é perfeita, você sabe.

Existem momentos bons e felicidade, mas também existem momentos ruins e coisas que são inevitáveis. Tudo o que nós temos como garantia são as pessoas que estarão lá por nós, para nos segurar e amar em todos esses momentos.

Tempos ruins viriam em breve, mas Steve teria Tony e sua família com ele.

Eventualmente, tudo ia ficar bem.    


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então é isso gente, a historia acabou e eu espero que vocês tenham gostado e entendido todas as mensagens que eu tentei passar para vocês.

Eu quero agradecer a cada uma das pessoa votou e comentou nessa história, vocês me deixaram MUITO feliz e eu tenho nem palavras para agradecer por todo o carinho que vocês me dão.


Obrigada por me acompanharem até aqui e a gente se vê por aí.

Beijos e até mais.