Numa Folha Qualquer escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Escrevi uma coisa mais levinha e feliz dessa vez, pra contrastar com toda a tristeza que ando escrevendo ultimamente, kk.
Fora que faz um tempinho que não escrevo AsaNoya né. Agradeço à Yomi por ter sugerido que eu escrevesse uma fanfic de Haikyuu pra esse DeLiPa, e à Nat que leu esse negócio antes de eu postar.
Sempre bom voltar a escrever algum OTP que acabei deixando de lado, senti falta dos meus meninos.
Me empolguei bastante escrevendo e acabei passando o limite de 999 palavras, então tive que fazer uns cortezinhos pra caber. Também tive que cortar o título, que ia ser "Numa folha qualquer eu escrevo uma declaração de amor", acho que ficou melhor assim, né?
(E parece que usei a mesma fonte na capa que tinha usado na última vez, opa)
Enfim, aproveitem.



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Asahi já estava encarando o papel branco a tanto tempo que sua visão até estava atrapalhada.

“Você tem que falar pra ele de algum jeito!” Sugawara enfatizou pela centésima vez no mês. “É importante que ele saiba dos seus sentimentos, mesmo que não os corresponda!”

Ter contado para Sugawara sobre a paixonite boba que ele tinha no líbero do time era algo de que Asahi se arrependia amargamente. Era melhor ter mantido aqueles sentimentos ridículos escondidos no fundo de seu peito até que desaparecessem. Na verdade, esse foi seu plano desde o início, mas Suga, já desconfiado a algum tempo, pressionou-o dos mais diversos jeitos, quase que em uma sessão de tortura, até que ele finalmente confessasse tudo que esteve guardando em segredo há quase um ano.

“Isso é para o seu próprio bem, Asahi. Eu sei que você é mais travado que sei lá o quê, mas você precisa falar sobre isso com o Nishinoya!” Asahi abriu a boca para falar algo, mas Suga o cortou no mesmo instante. “Não, eu não vou falar pra ele, você é que vai falar. Seja falando ou por escrito, você vai botar tudo pra fora de algum jeito.”

Como a alternativa ideal de fazer um telefone sem fio fora vetada, Asahi não teria escolha a não ser se confessar. Caso contrário, Suga provavelmente o trancaria junto com Nishinoya no armário da quadra e só os libertaria depois da confissão.

(Não, essa última parte não era só uma fantasia cruel vinda da imaginação fértil de Asahi. Era uma ameaça real feita por Sugawara.)

Derrotado, Asahi aceitou seu destino e resolveu que escreveria uma carta contando tudo o que sentia. Falar, fosse pessoalmente ou por telefone, já era fora de cogitação, e digitar mensagens de texto muito longas não era muito confortável, então, Asahi optou por escrever a lápis em uma folha de caderno.

Na teoria, era a opção mais fácil.

Na teoria.

Asahi estava há quase uma hora encarando o papel em branco como se palavras fossem surgir magicamente ali. Ele até arriscou fazer um traço ou outro, mas sua mente estava tão branca quanto o papel em sua frente.

Parece que depois de tanto reprimir, os sentimentos acabaram presos em algum lugar no fundo de seu coração e dali não sairiam nunca mais.

Asahi suspirou alto.

Ainda dava para ouvir os gritos do pessoal vindos de dentro do ginásio. Se ele não escrevesse aquilo logo, o treino (do qual ele fora dispensado por, supostamente, precisar terminar um relatório para a aula de química) acabaria e todos o pegariam em seu esconderijo óbvio e nada estratégico: atrás da quadra, sentado no gramado e encostado na parede.

Talvez, se não estivesse com pressa pra acabar com aquela loucura o quanto antes, Asahi tivesse se esforçado mais na hora de procurar um lugar para escrever aquela maldita carta.

Suspirando mais uma vez, Asahi finalmente colocou algumas palavras naquele papel.

Caro Nishinoya.

E agora?

Brincando com um dos fios da barba entre os dedos, Asahi pensou se aquela deveria ser uma carta longa, expondo seus sentimentos mais íntimos da forma mais poética e profunda possível.

Não. Era melhor ser curto e direto, sem muitos rodeios. Primeiro porque seria vergonhoso escrever algo tão meloso assim, e segundo porque ele não tinha muito tempo.

Eu não sei bem como dizer isso, então é melhor ir direto ao ponto: eu gosto de você.

Pronto, já era um começo.

Entretanto, antes que ele pudesse pensar no que mais escrever, um par de tênis entrou em seu campo de visão.

“Ei, Asahi, o que está fazendo aí?”

O coração de Asahi quase parou. Ainda dava pra ouvir gritos e bolas quicando dentro do ginásio!!! Por que Nishinoya estava ali fora?!

“Ah, é, eu, nada.” Ele balbuciou.

“Está escrevendo seu relatório de química?” Nishinoya parecia tão mais alto e ameaçador quando se olhava assim, de baixo.

“Não!” Asahi imediatamente abraçou o caderno contra o peito, só então percebendo o erro fatal que acabara de cometer. “Quer dizer, sim! É o relatório que eu estou escrevendo!”

Mas já estava muito mais do que óbvio que aquilo não era um relatório de química. Nishinoya sorriu malicioso e, quase que como um animal selvagem, atacou Asahi para tomar-lhe o caderno de suas mãos.

Ele até tentou escapar, mas estando sentado e com um garoto com cinquenta quilos e muita força de vontade em cima de si, não deu muito certo. Assim que conseguiu o que queria, Nishinoya ergueu o caderno, soltando um grito vitorioso, e rapidamente sentou-se para ler o que estava escrito.

Deitado no chão, com o uniforme amassado e sujo, Asahi cobriu o rosto com as mãos, aguardando sua morte iminente. Se nem Nishinoya nem Suga o matassem depois daquilo, seu próprio coração pararia de bater depois de passar por tanta vergonha e desespero.

Aqui jaz Azumane Asahi, o ás do coração de vidro.

O que ele não esperava era ouvir uma risada vindo de Nishinoya. Não uma risinho debochado, mas sim um riso alegre e divertido.

“Você estava escrevendo isso pra mim?” Ele perguntou, e Asahi concordou balançado a cabeça. “Sério?!”

As mãos que cobriam seu rosto foram tirada a força por outro par de mãos menores, e Asahi foi obrigado a olhar para os olhos dourados de Nishinoya. Esse contato visual durou uma fração de segundos, porque logo em seguida, Noya fechou os olhos e encostou seus lábios nos de Asahi, em um selinho que também durou uma fração (um pouco maior) de segundos.

“Eu tenho que voltar pro treino, mas me espere aí pra gente conversar depois que acabar!” Nishinoya se levantou e voltou para dentro da quadra.

Enquanto seu universo se expandia e se comprimia cem vezes em um segundo, Asahi só tinha certeza de que não estava morto porque os sons das batidas enlouquecidas de seu coração quase ensurdecia seus ouvidos.

É, seu plano de se declarar por carta podia ser considerado um sucesso.




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