—O que está fazendo? - Edward levou um susto ao ver Max ao lado dele. O garoto parecia que tinha acabado de acordar.

—Estou consertando o balanço. Só uns ajustes e vai poder usar. - apertou alguns parafusos e passou óleo nas partes enferrujadas. - Prontinho, quer experimentar? - o garoto olhou meio incerto e coçou os olhos. A mãe sempre disse para ficarem longe do brinquedo. - Não precisa ter medo. Garanto que é seguro.

—Tudo bem. - sorriu e com a ajuda de Edward subiu no balanço.

—Pronto? - perguntou se posicionando atrás dele para empurrá-lo.

—Bem alto. - pediu segurando firme e soltou um grito quando foi empurrado. - De novo. - exigiu gargalhando de alegria.

—Se segure então. - Edward avisou rindo também. A empolgação de Max era contagiante e fazia muito tempo que ele não se sentia assim. Vivo.

—Max! Desça agora mesmo. - Bella apareceu correndo e parou ao ver Edward ao lado do filho.

—Eu consertei. Não precisa se preocupar. - ela levou as mãos ao coração tentando conter o medo do filho acabar se machucando. - Desculpa. Deveria ter pedido permissão antes. - segurou o balanço o parando e Max protestou.

—Não para. – resmungou tentando impulsionar o corpo para voltar a balançar.

—É melhor descer, carinha. – Edward colocou a mão no ombro dele.

—Não. Está tudo bem. - Bella abanou as mãos. -Se você consertou então deve ser seguro. - ela não tinha 100% de certeza disso, mas lhe daria o benefício da dúvida.

—Quer testar? - ergueu uma sobrancelha a desafiando.

—Se eu cai você vai se ver comigo. - apontou o dedo o ameaçando de brincadeira e Max levantou para dar espaço à mãe.

—Quer que te empurre? - perguntou com as mãos na corrente ao lado do corpo dela. Ele estava praticamente colado as costas dela e mesmo com o vento e com o frio que estava naquela manhã, ele sentiu o calor irradiar dela.

—Manda ver. - pediu fechando os olhos e sentiu o corpo ser jogado para o alto. Era uma sensação de liberdade e de nostalgia. Quando foi a última vez que se sentiu assim? A mente dela estava vazia e só se concentrava no vento batendo em seu rosto e que fazia os cabelos dela voarem para todos os lados, deveria tê-los prendido antes. - Isso é demais. - sentiu uma leve vertigem, mas conseguiu sair do balanço sem sofrer nenhum dano. Ela estava rindo sem parar. - Deveria tentar. – se apoiou no peito de Edward em busca de equilíbrio e ele travou no lugar.

—Melhor não. – se afastou gentilmente dela. Ficar tão perto assim dela não era bom. Fazia muito tempo que ele não ficava próximo assim de uma mulher e seu lado primitivo dava sinais de vida. E ele não queria que Bella tivesse a impressão errada sobre ele. - Sou alto demais para esse balanço e não seria uma cena muito bonita quando meus pés batessem no chão.

—Desculpa. - ela esquecia que ele usava prótese em uma das pernas. Tirando a forma lenta que ele andava, ele agia de forma completamente normal.

—Vou chamar o Noah e a Claire. - Max avisou saindo correndo em busca dos irmãos e só então os dois perceberam que não estavam sozinhos.

—E eu vou preparar o café da manhã. – Bella pigarreou e apontou para a cozinha, ela também não estava imune a toda aquela proximidade. 

—Tudo bem. - Edward virou para passar mais óleo nas correntes, as ouviu ranger um pouco e queria que elas fossem completamente seguras para as crianças. Não queria vê-las em perigo.

[...]

—Vou levar as crianças para escola e aproveitar para entregar umas encomendas lá. – Bella avisou retirando os pratos de cima da mesa.

—Certo. Vou adiantar algumas coisas enquanto os garotos não chegam. – eles estavam mexendo na cozinha há quase uma semana e tinham praticamente a reformado. Como teve que quebrar algumas paredes, foi preciso tirar os armários e Edward aproveitou para dar uma repaginada neles. – Acho que consigo liberar a cozinha para você ainda hoje. – ela sorriu emocionada.

—Você é um anjo, sabia disso?

—Acho que vai mudar de ideia, logo, logo. – murmurou pegando o caderninho de anotações. – Essa era a boa notícia, a má é que amanhã vou começar a mexer nos banheiros, um de cada vez. – garantiu vendo a cara de preocupação dela. – Queria começar pelo do seu quarto.

—Tudo bem. – assentiu secando as mãos.

—Uma das paredes é a que dá para o seu quarto e vou ter que quebrar tudo praticamente. 

—Ah, que ótimo. Vou ganhar uma reforma no quarto também. – falou com sarcasmo e Edward assentiu.

Ele gostaria de acrescentar que a casa toda precisava de uma reforma, mas aquele não era o momento para discutirem aquilo. Embora, ele torcesse para que ela aceitasse a oferta, assim poderia ficar mais tempo. Pelos cálculos dele, levaria entre 10 e 15 dias para arrumar os dois banheiros. Agora, se ela quisesse e pudesse bancar uma reforma completa, poderia trocar todo o azulejo, além de fazer algumas mudanças na casa. Tinha um projeto para fazer um ateliê de verdade para ela e quem sabe uma casa na árvore para as crianças. A última parte ele só coordenaria, Emmett e Jasper teriam que fazer todo o serviço, mas não era nada impossível de ser feito, até mesmo para amadores como eles. 

Se Bella aceitasse a proposta dele, passaria alguns meses com eles e ele ansiava por isso. Quando chegou, quis sair correndo de lá, mas agora, não imaginava como seria deixá-los para trás. Ele não tinha mais pesadelos e a TEPT dele estava sob controle, pelo menos não teve mais nenhum surto.

As crianças que ele antes tinha tanto pavor. Agora estava adaptado a elas e sorria sempre que os garotos chegavam em casa. Ele não sabia se era influência por observar Bella suspirar aliviada ao vê-los chegar, mas a verdade era que ele sentia o mesmo alívio ao vê-los bem e a salvo. Sentia que Bella escondia algo e que tinha medo, mas ainda não havia descoberto o que era. Imaginava que o homem moreno tivesse algo a ver com isso e até tentou sondá-lo, mas ela desconversou e não disse nada. Talvez fosse hora de perguntar aos garotos. As namoradas deles eram amigas dela e deveriam ter comentado algo.

—Posso te ajudar com o dinheiro. – Edward falou decidido. Ele tinha que ficar mais tempo.

—Nem pensar. – ela negou balançando a cabeça para enfatizar. – Já está fazendo muito e aceitar seu dinheiro seria inadmissível.

—Considere um empréstimo. Depois você me paga. – Insistiu.

—Não será necessário. Meninos estão prontos? – gritou colocando a cabeça para fora da cozinha. – Dia das bruxas está chegando e faço mais fantasias nessa época do ano, vai me render um bom dinheiro. A propósito, vou até Port Angeles entregar umas encomendas e comprar mais material. Então, siga em frente com a reforma. Está tudo dentro do orçamento. – Já que ela havia tocado no assunto...

—Pensei em fazer uma reforma completa. – começou coçando a cabeça e ela engoliu em seco. – Vou dar uma pesquisada e montar um orçamento e se aprovar, fazemos de uma vez.

—Huum... – batucou os dedos na bancada da cozinha. Ela gostaria de ter uma nova. Sem falar em tirar o mofo e trocar o piso do quarto dos filhos. A maior preocupação dela era com o dinheiro. Ela até tinha para fazer a reforma, mas isso significaria mexer em parte da poupança reservada para emergências. Mas quando teria uma oportunidade melhor do que aquela? Edward estava trabalhando de graça. Mesmo que conseguisse dinheiro para os materiais em outro momento, os prestadores de serviços cobrariam uma fortuna dela. E sem falar que assim, ele ficaria mais tempo com eles. Ela e as crianças estavam acostumadas com a presença dele e Bella se sentia segura com ele por perto. Gostava de conversar com ele a noite quando as crianças já estavam dormindo. Gostava de cozinhar e vê-lo comer com tanto entusiasmo, ela se sentia uma chef de cozinha, ele elogiava tudo o que ela fazia e comia até o último pedaço. E gostava do fato de não estar mais sozinha. – Certo. Faça o orçamento e vou dar uma olhada nas minhas finanças. – ela parou e o encarou. – Tem certeza de que pode ficar? Isso vai levar um bom tempo e você deve ter mais o que fazer. Sua mãe deve estar doida para te arranjar um casamento.

—Eu sei que ela está. – e estava mesmo. Ela havia ligado e praticamente exigiu que ele voltasse para casa. Queria fazer o tal almoço para Kate. – Mas não há outro lugar em que eu queira estar. Se você quiser, eu fico Bella. – garantiu e ela teve que se controlar para não se jogar em cima dele.

—Comporte-se Swan. – pensou e sorriu para ele. – Eu quero que você fique Edward. – deu um beijo no rosto dele e pegou as lancheiras dos filhos. – Até mais tarde, deixei sanduíches prontos na geladeira. – gritou por sobre o ombro e ele sorriu levando a mão ao local onde ela o havia beijado.

—Você está tão ferrado, Cullen. – murmurou pegando o caderno. Aproveitaria para ir até a loja de construções e começar a preparar o orçamento. Ela não era tão longe e seria bom fazer uma caminhada. O fisioterapeuta dizia que ajudava. Se fosse mesmo ficar por mais tempo, teria que agendar uma consulta para ver se estava tudo bem. Estava começando a ganhar peso e aquilo era muito bom, perdeu muito quando estava no hospital. A comida de Bella era deliciosa e a reforma o deixava com fome. Além disso, ele se sentia melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente falando, mas não custava nada dar uma checada. Queria se recuperar ao máximo para poder ajudar Bella e as crianças.

—Quer uma carona? – levou um susto ao ver um carro o acompanhar. Ele conhecia o motorista e parou, fazendo Jacob frear e descer do carro. – Posso te dar uma carona. A Bella saiu? – sentou no capô do carro e cruzou os braços encarando Edward. – Desculpa os meus modos. – fez uma pequena reverência. – Meu nome é Jacob Black, acho que falei lá na loja. Meu pai é o prefeito da cidade e praticamente dono daqui. – estufou o peito tentando intimidar Edward.

—Parabéns. Essa é sua maior conquista? – Edward ergueu uma sobrancelha e se apoiou em uma árvore. Precisa descansar um pouco, mas não deixaria o sujeito vê-lo fraquejar. Faltava pouco para chegar até a casa de Bella. Tinha sido uma caminhada e tanto, mas ele conseguiu chegar até a loja e não desistiria agora que faltava tão pouco.

—Não. Minha maior conquista foi ter pegado a sua namoradinha. – Jacob levantou e se aproximou dele. –Espero que não se importe. – ele queria socar o sujeito, mas não tinha forças para se envolver em uma briga, em outra época, no entanto, ele teria acabado com ele em dois tempos.

—Bella não é minha namorada, mas isso não me impede de exigir que a trate com respeito.

—Exigir. – o imitou e começou a rir. – Qual é cara? Você é um otário. – debochou e Edward estava prestes a agir com violência.

—Tudo bem por aqui? – os dois ergueram os olhos para um garoto que se parecia muito com Jacob.

—Cai fora, Seth. – Jacob gritou e voltou à atenção para Edward.

—Cai fora você, Jake. – o puxou pela camisa. – Deixe-o em paz e vá antes que conte ao papai. – Jacob era protegido pelo pai, mas Seth era o queridinho.

—Isso não acabou. – ameaçou apontando o dedo para Edward que não se deixou abater e o encarou de volta. Jacob entrou no carro e saiu cantando pneu.

—Tudo bem? – Seth colocou uma mão no ombro de Edward, ele parecia estar prestes a cair.

—Preciso sentar. – olhou em volta e havia um banco por perto. Seth o ajudou a chegar até lá. – Obrigado.

—Não precisa agradecer e desculpa pelo meu irmão. Ele é um idiota. – Edward bufou. – Você é o cara novo que está ficando na casa da viúva? – perguntou curioso. – Desculpa perguntar, mas as pessoas dessa cidade falam demais e eu gosto de saber a verdade, ao invés de ficar espalhando fofoca. Eu até gosto da Bella, ela me parece ser uma boa pessoa e cuida dos três filhos, sozinha. Sou amigo do Emmett e do Jasper e sei da verdade através deles. As pessoas aqui inventam muitas coisas, e, infelizmente meu irmão é um deles. O que ele fez com a Bella foi horrível. Eu até tentei fazer algo, mas meu pai não deixaria sujar a imagem do filho dele.

—E o que ele fez? – Seth percebeu que falou demais.

—É melhor perguntar a ela. – levantou envergonhando. – E desculpa pelo meu irmão ter te chateado é melhor ficar longe dele.

—Bem. – Edward também levantou. – Eu não me aproximei dele, então é ele que tem que ficar longe de mim. – rosnou ainda mais bravo do que estava antes. O que afinal esse moleque havia aprontado? 

—Precisa de ajuda? Você está um pouco pálido. – Seth ameaçou ajudá-lo, mas Edward ergueu as mãos o impedindo.

—Estou bem. E se puder, garanta que o seu irmão não cruzará o meu caminho ou o da Bella novamente.

Ele não se deixaria intimidar e muito menos deixaria que Bella continuasse a viver com medo. Se Jacob Black achava que poderia ganhar, ele estava muito enganado.