Tudo de Mim escrita por Rayanne Reis


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?

Vamos acabar com o suspense e ver o que realmente aconteceu...



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—Está me machucando. – ele se afastou horrorizado. O que ele tinha feito?

—O que aconteceu? – Bella perguntou aparecendo ofegante na varanda. Ela olhou de um para o outro e levou poucos segundos para entender o que havia acontecido. – Está bem Max? – ela se agachou para verificar se o filho estava ferido.

Edward passou as mãos no cabelo, ele estava chocado e aterrorizado. Será que ele tinha machucado o garoto?

—Meu braço dói um pouco. – ele apontou e Bella soltou um palavrão ao ver o braço do filho vermelho.

—Vem, vamos colocar gelo. – ela não olhou para Edward e levou o filho para dentro da casa.

Edward bateu na cabeça com as mãos várias vezes. Como ele foi capaz de fazer aquilo com uma criança? Ele poderia ter matado o garoto. E se fosse a pequena Claire? Ele teria que ir embora, não poderia ficar perto das crianças. Pediria desculpas a Bella e iria embora imediatamente. Ele lamentava não poder ajudá-los, mas seria melhor assim, ele era um perigo enorme para aquela família e por esse motivo que ele sabia que jamais deveria ter uma família. Foi também, por isso, que ele havia deixado os pais para trás. Teve um ataque em uma noite e quase agrediu a mãe, ele não deveria ficar perto de ninguém, o melhor seria se ele se isolasse. Poderia ir morar numa cabana, bem longe de qualquer cidade.

Estava tão absorto em seus pensamentos que nem percebeu que estava em pé na chuva. Escutou alguém gritar seu nome e se virou dando de cara com Bella. Ela estava parada no batente da porta e fez um sinal com as mãos para que ele se aproximasse. Meio hesitante, ele obedeceu. Parou no último degrau e colocou as mãos no bolso da calça.

—Eu sinto muito, Bella. Com o Max está? – ele não tinha coragem de olhar para ela.

—Está bem. Só ficou um pouco vermelho o local, mas já coloquei gelo e passei uma pomada, ele vai ficar bem. – ela assegurou e ele respirou aliviado.

—Ótimo. Vou pegar as minhas coisas. – apontou e Bella o olhou confusa.

—Você vai embora? – ela parecia decepcionada.

—É claro. Não posso ficar perto de vocês. Sou um perigo ambulante.

—Edward, você não fez por querer. TEPT é uma doença.

—Como sabe que tenho transtorno do estresse pós-traumático? – ela cruzou os braços e sentou no balanço que havia na varanda. Deu um tapinha o convidando para sentar ao lado dela. – Estou bem aqui.

—Não precisa ter medo. Sei que não vai me machucar. – repetiu o gesto e ele sentou ao lado dela, mas respeitando uma distância segurança entre eles. – Jeff também tinha TEPT. – relevou suspirando. – É bem comum em veteranos de guerra. Li muito sobre isso. Queria saber como lidar e ajudar o meu marido. Ele acordava assustado e tinha muita dor de cabeça. Tem há muito tempo?

—Desde que voltei. Os últimos acontecimentos mexeram muito com a minha cabeça. Já tinha visto muita coisa, mas... – Edward travou, não queria reviver aqueles momentos, mas a terapeuta disse que ajudava falar sobre o que aconteceu.

—Pode se abrir comigo. – Bella colocou a mão gentilmente sobre a coxa dele e Edward se afastou. – Desculpa. – pediu erguendo as mãos.

—Tudo bem. Só não estou acostumado. – ele respirou fundo e resolveu contar tudo para Bella.

—Depois que o seu marido morreu, tentei levar o corpo dele para um lugar seguro. Estava quase chegando perto de um comboio nosso quando houve a explosão. – ele estremeceu ao falar. – Disseram que pisei em uma mina terrestre. Tive muita sorte em sair de lá com vida, mas foi por pouco, bem pouco mesmo. Fiquei umas semanas em coma e quando acordei, estava de volta aos Estados Unidos. Não completamente, é claro. – ele ergueu a barra da calça e Bella levou as mãos à boca para conter o assombro.

—Meu Deus, Edward! – ele esperava que ela saísse correndo ou se afastasse dele, mas a reação dela foi totalmente inesperada. Ela o abraçou e ele se viu espremido contra ela. Não queria lidar com a pena dela, mas acabou se deixando levar pelo momento e aceitou de bom grado o abraço. Quando ela o soltou, ele sentiu um vazio. – Eu não sabia. Percebi que você era um pouco lento ao andar, mas não sabia que era por isso.

—Estou me acostumando ainda. – respondeu, gentilmente se afastando dela.

—Então é sobre isso que está se adaptando? – perguntou segurando a mão dele.

—Também. Está sendo tudo novo para mim. Tinha a minha vida toda planejada e sabia exatamente o que iria acontecer, mas agora, eu não faço à mínima ideia de para onde ir ou o que fazer. Só estou tentando viver um dia de cada vez. Todo dia é uma superação diferente. Tive sorte e a amputação foi abaixo no joelho. Me arrumaram uma prótese muito boa. – ele sorriu para ela. – Os médicos disseram que poderei ter uma vida normal e toda aquela conversa fiada, mas é difícil seguir em frente e superar.

—Eu sei como é. – ela apertou a mão dele. – Mas temos que tentar. A vida é muito preciosa para desistimos.

—Pensei em desistir quando acordei e vi que faltava metade da minha perna. Achei que seria o meu fim, não poderia voltar para o exército e isso era tudo o que queria e sabia fazer.

—Também pensei em desistir. – Bella confidenciou baixinho. Ela tinha colocado as crianças para dormir, mas não queria correr o risco de um deles aparecer e ouvir a conversa. – Fiquei em estado de choque quando recebi a notícia sobre a morte do Jeff. Apesar de ele passar muito tempo longe, sabia que podia contar com ele. Ele era meu porto seguro e foi o meu primeiro amor. Não sabia como seguir em frente sem ele, como cuidar das crianças. Então pensei em simplesmente deixar tudo para trás. Levei as crianças para casa dos meus pais e depois dirigi até uma ponte. Parei o carro e desci e lá de pé, tomando coragem para dar fim a minha vida, percebi que não poderia fazer aquilo. Não poderia deixar meus filhos na mão e meus pais sofreriam muito. Sou filha única. Olhei para o rio e percebi como ele sempre segue em frente e sabia que precisava fazer o mesmo. Só não sabia como e ainda não sei, mas é como você disse: viver um dia de cada vez. Tudo o que faço é para ver os meus filhos bem. O mundo pode estar desmoronando, mas se eles estiverem sorrindo, tudo fica bem.

—Você é uma guerreira, Bella. – Edward comentou admirado. A primeira impressão que ele teve dela, era de uma mulher perdida e desleixada, mas agora via outra mulher, uma mãe disposta a fazer de tudo pelos filhos e isso incluía abrigar um desconhecido que arrumaria o encanamento deles.

—Nós dois somos. Cada um a sua maneira e com seus objetivos. Estamos seguindo em frente e já que você está me ajudando tanto, me deixe te ajudar também. – pediu se virando para ficar de frente para ele.

—É melhor não, Bella. Acabei de machucar o seu filho e isso pode acontecer de novo. – ele passou as mãos no cabelo.

—Vamos trabalhar nisso. – ela colocou a mão sobre o ombro dele. – Se precisar de mais um cobertor, é só avisar. – deu um beijo na bochecha dele antes de se levantar.

—Posso ficar num hotel e fazer o serviço para você. – ele não se sentia confortável em ficar lá depois do incidente.

—Edward. – ela parou colocando as mãos no quadril. – Quero que você fique. Não porque vai arrumar o encanamento, mas sim porque o considero um amigo.

—Amigo? – ele riu desacreditado. – Nos conhecemos tem pouco mais de 12 horas e você me considera seu amigo? – a cada minuto ele a achava ainda mais maluca.

—Bem, tirando os meus pais e as crianças, tenho quatro amigos e eles são adolescentes, então não estou muito em posição de escolher os meus amigos. Bateu à minha porta, já considero meu amigo. – ela abriu um largo sorriso para ele. – E posso precisar de você para um serviço.

—Que tipo de serviço? – perguntou mais relaxado.

—Preciso de um modelo adulto. – ele a olhou sem entender. – Para as roupas que faço. Vai ter uma peça na escola e você pode ser bem útil.

—Se é por isso, então eu fico. – tentou fazer graça. - Mas acho que deveria manter uma distância das crianças.

—Eles gostaram de você e vai ser bem difícil se livrar deles. Você vai superar isso, Edward. Estaremos aqui para te ajudar.

—Posso perguntar por quê?

—Vejamos. Você tentou salvar o meu marido, atravessou metade do país para me trazer um recado, se ofereceu para arrumar de graça o encanamento e ainda vai ser meu modelo. O mínimo que posso fazer é tentar te ajudar, amigo.

—Tudo bem, amiga. Só vou avisando que não sou muito bom nisso. – ele levantou com cuidado.

—Imagina se fosse. – Bella sorriu e deu as costas para ele. Edward ficou mais uns minutos parado olhando a chuva e depois entrou na casa. Se de manhã ele sentiu-se desconfortável, agora, ele quase se sentiu em casa.

Ficaria poucos dias, mas pelo menos não estaria sozinho e faria de tudo para aproveitar aqueles dias.


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Notas finais do capítulo

A Bella foi bem compreensiva quanto ao incidente, ela sabe que o Edward não fez por mal e o expulsar de lá não o ajudaria em nada. Talvez piorasse ainda mais a situação dele. Edward é cheio de traumas e a Bella e as crianças vão ajudá-lo muito nessa adaptação. Assim como ele também vai ajudá-los muito.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.