Tudo de Mim escrita por Rayanne Reis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando e espero que gostem do capítulo.



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—Ficar aqui? – se antes ele achava que ela era doida, agora ele tinha certeza absoluta. Pensou em retirar a proposta, mas ao ver a cara de desespero dela, ele soube que não poderia voltar atrás.

—Sim. – sorriu para ele. – Não posso deixar você trabalhar de graça e ainda pagar por uma pousada. Sei que não é muito, mas pelo menos não terá gastos e vai ser só por alguns dias, não é?

—Sim. – ele passou as mãos no cabelo. Mesmo que fosse só por alguns dias, morar naquela casa seria muito estranho. Tirando os companheiros de alojamento e os pais, ele nunca tinha morado com outras pessoas, principalmente com uma mulher e com crianças. – Espero que sim. Ainda não vi as extensões do problema, mas não deve levar muito tempo, a não ser que queira fazer uma reforma completa.

—Reforma? – ela olhou em volta fazendo cálculos de quanto uma reforma custaria para ela. Mesmo não entendendo nada do assunto, sabia que ficaria muito caro.

—Seria bom. A casa é antiga e está com alguns problemas estruturais. – apontou para algumas partes que estavam com infiltração e rachaduras. – Mas posso dar uma olhada para você e dizer com mais certeza.

—Certo. – ela falou a palavra como se fosse uma maldição. – Vai ficar?

—Sim, se não for incomodo. – ela era doida e ele também.

—Desde que não repare a bagunça e não se importe de ter três crianças correndo e gritando pela casa afora. – ela sorriu e ele fez uma careta. Na verdade, ele se importava muito com aquilo, mas não diria isso a ela, seria muita grosseria da parte dele. – Vou tentar mantê-los sobre controle. – falou sem muita convicção.

—Está tudo bem. Já passei por coisa pior. Seus filhos não vão se importar?

—Não. – pensou um pouco. –Vai ser um pouco estranho, mas eles vão gostar de termos um hóspede. Faz muito tempo que não tem mais nenhum adulto nessa casa. Às vezes essa vida de solidão é bem chata. Não tem ninguém para falar sobre hipoteca, contas, política. – ela suspirou e começou a arrumar a cozinha.

—Quer ajuda? – ofereceu juntando algumas vasilhas.

—Você é muito gentil. – agradeceu sorrindo. – Só vou arrumar algumas coisas e podemos ir até uma loja de material de construção que tem por perto e acho que tenho dois ajudantes perfeitos para essa tarefa.

—Não tem que trabalhar?

—Não trabalho fora. Eu faço peças de roupa de teatro para a escolae para algumas lojas que vendem fantasias. – ele balançou a cabeça. Agora fazia sentido à bagunça de roupas coloridas que ele viu espalhada pela casa. – Não dá muito dinheiro, mas ajuda a pagar as contas e as crianças se divertem muito sendo meus modelos.

—Qual a idade deles?

—O Noah tem 7, o Max 4 e a Claire tem 1 ano e seis meses. – era visível o amor que ela sentia pelos filhos. – Eles são as melhores coisas que já me aconteceram. Não me imaginava sendo mãe, principalmente não aos 17 anos, mas não me arrependo nenhum pouco. - Edward a olhou com interesse. Ele imaginou que ela fosse nova, mas não achou que fosse tão nova assim, pelo menos não para alguém com três filhos.

—Seu marido estava com essa foto. – ele entregou a foto para ela que pegou com mãos trêmulas.

—Mandei para ele duas semanas antes... De tudo acontecer. – fungou voltando a lavar as vasilhas.

—Enquanto você termina, vou analisar melhor o encanamento. – avisou saindo da cozinha. Ele não sabia como agir perto dela. Respirou fundo e riu ao lembrar como tinha terminado naquela situação. Ele deveria apenas dar o recado para a viúva e sair de lá rápido, mas agora, ficaria por alguns dias naquela casa bagunçada com pessoas que ele não conhecia. - Que loucura isso. – passou as mãos no cabelo e quase trombou na criança que estava parada ao lado dele. – Tudo bem? – perguntou colocando a mão no ombro dela.

—Sim, e você? – ela sorriu para ele e ele sorriu de volta.

Talvez não fosse tão ruim assim passar alguns dias com aquela família. Fazia muito tempo que ele não ficava tão próximo assim de alguém e seria bom ter um pouco de normalidade. Após voltar da guerra, ele ficou muitos meses internado e em repouso. Sentia falta de ser útil e de colocar a mão na massa. A terapeuta dele havia dito que ele precisava superar o que aconteceu e que deveria focar apenas no presente, mas ele se sentia sufocado. Queria ter a sua vida de volta, embora não soubesse mais qual era a sua vida. Tinha passado tanto tempo na guerra, que não sabia como era estar em paz e viver uma vida pacata.

—Podemos ir? – Bella perguntou o assustando. Ela estava com a filha no colo.

—Sim. Acho que já anotei tudo que vamos precisar. – apontou para o pequeno caderno que segurava.

—Lá se vai as minhas economias. – sorriu para ele e pegou as chaves do carro. – Está de carro? – perguntou andando rápido até a porta. Edward a acompanhou com passos lentos.

—Não dirijo mais. – respondeu com pesar. Ele amava dirigir, mas ainda estava se adaptando a nova vida.

—Vamos com o meu. – apontou para um Chevrolet Suburban vermelha que estava estacionada em frente a casa. Ele não tinha reparado no carro quando chegou. – Não repare na bagunça. – avisou enquanto ajeitava a filha na cadeirinha. Edward achou que aquela fosse apenas uma forma de falar, mas teve que conter uma exclamação de pavor ao ver a bagunça que estava no carro. Havia embalagens de comida por todo lado, farelo de biscoitos, roupas e brinquedos espalhados pelo carro. – Vou dar uma arrumada amanhã. – ela estava constrangia e Edward apenas sorriu sem dizer nada. Espanou o que estava no banco do passageiro e se acomodou.

—Belo carro. – ele não sabia mais o que poderia dizer. O avô dele tinha um carro igual.

—Era da minha avó. Quando morávamos em Portland as coisas eram diferentes, mas tivemos que nos adaptar e ainda estamos nos adaptando, por isso dessa bagunça toda. – Bella tentou se desculpar, ela sabia que ele a estava julgando.

—Sei como é. – a tranquilizou. – Também estou tentando me adaptar e não é uma tarefa fácil, mas pelo que vejo você está se saindo bem. – ela riu e ele a olhou sem entender.

—Bem? Minha casa e carro parecem um chiqueiro. Mal consigo cuidar dos meus filhos e acabo de convidar um completo estranho para ficar na minha casa. E se você for algum maníaco ou estuprador pedófilo? – Edward gargalhou e foi à vez de Bella o olhar sem entender nada.

—Desculpa, mas finalmente você teve uma reação sensata. – passou as mãos no cabelo e a encarou. – Não sou maníaco e nem um estuprador pedófilo, Isabella. Só quero ajudar vocês. Não sei de onde vem isso, mas sinto que devo ajudá-los. Talvez seja pelo fato de não ter conseguido salvar a vida do seu marido. Sinto que de alguma forma, devo compensá-lo por isso.

—E eu agradeço por isso. As coisas estão bem complicadas, principalmente a minha situação financeira e você vai me ajudar muito fazendo essa obra sem cobrar nada. – sorriu para ele e se concentrou na estrada. – Fale mais sobre você.

—Vejamos. – ele se acomodou no carro. – Tenho 32 anos. Sou de São Francisco e é lá que meus pais ainda moram. Não tenho irmãos e sirvo no exército desde os 18 anos. – ele falou com orgulho.

—Sempre quis servir? – o marido dela foi apenas pelo dinheiro. Quando Noah nasceu, as coisas se complicaram e ele precisava de algo mais estável para oferecer a família.

—Sim. Estava ansioso para completar 18 e ir lutar pelo meu país. – Bella o olhou com desdém. – Não acha que é isso que fazemos?

—Não sou a favor de guerras, elas me custaram muito. Se não fosse por ela, Jeff ainda estaria comigo e com as crianças. – ele apenas balançou a cabeça concordando.

—É um bom ponto. E você? – ela estacionou em frente a uma loja de material de construção.

—Eu? – perguntou descendo do carro e retirando a filha da cadeirinha.

—Sim. Me fale mais sobre você. – pediu descendo do carro também.

—Tenho 24 anos, 3 filhos, uma casa com infiltração, um carro caindo aos pedaços, várias bagunças e muitos motivos para agradecer. – finalizou sorrindo.

—Isso aí. Positividade sempre. – ergueu os polegares em sinal de apoio.

—Acredito que pensamentos positivos tragam coisas positivas e apesar de tudo, você tem razão, estamos indo bem. Só o fato de não termos desistido, já é um fator positivo. Continuemos de pé. – se tivesse um copo nas mãos, teria erguido em um brinde.

Edward colocou as mãos no bolso e se mexeu desconfortável no lugar. Ele quase havia desistido uma vez, ainda bem que não havia prosseguido com a ideia de dar fim a própria vida. Ele sentia que tinha uma missão pela frente, e faria de tudo para ajudar aquela família e talvez, eles também pudessem o ajudar.

—Oi meninos. – Bella ergueu a mão livre e chamou dois garotos que andavam de bicicleta pela rua. Com a outra mão, ela ajeitou a filha no colo.

—Oi Bella. Oi Claire. – um rapaz alto e moreno pegou a garota no colo e a jogou no ar, a pegando logo em seguida. A garota riu alto, já Bella pareceu não gostar nenhum pouco da brincadeira.

—Emmett, não faça isso, por favor. – Bella pediu levando as mãos ao peito.

—Desculpa, mas ela gosta muito. Não gosta Claire?

—Gosto. – ela apertou as bochechas dele.

—Certo. – pegou a filha de volta dos braços dele. - O que acham de ganhar uma grana? – os dois garotos a olharam com interesse. – Seria pouca coisa, bem pouco na verdade, muito pouco. – pensou um pouco. -Sendo sincera, não posso pagar vocês, mas posso dar a moto do meu marido e vocês podem conseguir algum dinheiro com ela.

—Uma moto? Legal. Estamos dentro. Quem temos que matar? – o garoto moreno perguntou rindo.

—Ninguém. Esse é o Edward, um amigo. – Edward os cumprimentou com um aceno de cabeça. – Ele vai mexer lá em casa. Está com infiltração e ele precisa de ajudantes.

—Ixie, não entendo muito disso não. – o garoto loiro coçou a nuca.

—Não se preocupem. Vou fazer a maior parte do serviço, mas preciso de ajuda com algumas coisas e darei todas as orientações.

—Se é assim. – deu de ombros. - Estamos dentro. Quando começamos? – Bella olhou para Edward.

—Amanhã?

—Tudo bem. Passamos na sua casa depois da aula. – os dois acenaram e montaram nas bicicletas.

—Menos um problema. – Bella sorriu e entrou na loja.

—Você tem amigos interessantes. – Edward comentou a seguindo. Ele tentava acompanhar os passos dela, mas ela andava muito rápido.

—Eles moram perto de casa e foram uns dos poucos a me aceitarem aqui. A cidade não é tão receptiva assim. – revirou os olhos e empalideceu quando esbarrou em um homem moreno.

—Desculpa. – o homem começou a se desculpar e sorriu quando percebeu quem era a pessoa que tinha trombado nele. – Olha só... – passou a língua no lábio inferior a olhando de cima a baixo. - Bella Swan.

—Jacob. – Bella tremeu ao falar e Edward se colocou ao lado dela. Seus instintos diziam que havia algo de errado ali e ele descobriria o que era.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O capítulo trouxe informações bem interessantes... Alguém já arrisca uma teoria sobre essa adaptação do Edward? E o Jacob? Parece que a Bella não ficou muito confortável com esse encontro.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.