Tudo de Mim escrita por Rayanne Reis


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?

Edward está partindo, mas não fiquem muito triste por isso...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766889/chapter/16

Edward colocou a mala no carro de Bella. Como o ônibus sairia bem cedo, eles passariam a noite fora e depois ela o deixaria na rodoviária. Deu mais uma olhada para a casa e sorriu orgulhoso do que tinha feito, e não só relacionado à reforma, mas ao que ele tinha feito por Bella e pelas crianças. Todos estavam de acordo que eles mudaram, e para melhor. Ele sentia mais leve e em paz, como se um enorme peso tivesse sido tirado dos ombros dele.

Deu um suspiro e seguiu até o balanço onde Max estava chorando. Despedir dos pequenos seria a pior parte, pois eles não entendiam o motivo dele precisar ir e ele tinha se apegado muito a eles.

—Posso sentar? - Perguntou e Max o ignorou. O garoto não falava com ele desde a noite anterior. - Por favor, Max, fala comigo. - Pediu agachando ao lado dele.

—Está nos abandonando. - A acusação foi como levar um soco.

—É claro que não. Podemos sentar no outro balanço? - Apontou para o que ficava na varanda, ficar naquela posição por muito tempo seria muito desconfortável.

Os dois seguiram em silêncio até a varanda. Max sentou e manteve os braços cruzados.

—Por que está indo embora?

—Preciso resolver algumas coisas.

—Então leva a gente. - Virou o encarando. - Eu juro que vamos ficar quietinhos. Noah e eu podemos te ajudar a construir casas, não vamos ser um peso.

 Edward o abraçou de lado, queria que tudo fosse tão simples assim, e talvez realmente fosse, mas as pessoas tendiam a complicar demais as coisas. Bella e ele se amavam, por que não ficavam juntos de vez? Por que não deixavam o passado de lado e viviam felizes para sempre?

—Eu gostaria de levar vocês, mas essa não é uma decisão minha.

—É da mamãe? Vou falar com ela. - Levantou num pulo, animado.

—Não, baixinho. - Segurou o braço dele. - Não podemos pressioná-la, temos que aguardar ela tomar essa decisão. Tem que vir do coração e ela virá. - Garantiu e ele voltou a sentar.

—Quando vai vir?

—Não sei, mas espero que seja em breve. E se ela não quiser ir morar em São Francisco, eu volto para cá assim que resolver tudo. - Ergueu a mão. - Eu juro para você.

—O que você tem que resolver? - Ainda não estava muito certo quanto à promessa de Edward.

—Eu me sinto bem melhor, mas ainda preciso de acompanhamento médico e já faz um bom tempo que não vou a uma consulta. Aqui não tem as especialidades de que preciso e quero garantir que estou 100% para vocês não correrem nenhum risco comigo.

—Você não vai nos machucar. Já melhorou. - Max o abraçou apertado.

—Sim, vocês me fizeram melhorar, mas ainda há um longo caminho a percorrer. - Depositou um beijo nos cabelos dele. - Tenho também que olhar a minha perna, ver os meus pais… - Edward queria que Bella e as crianças mudassem para São Francisco e para isso precisaria arrumar uma boa casa para eles e um emprego, queria dar de tudo a eles.

—E depois você volta. - Max completou sorrindo.

—É assim que gosto de ver você, sorrindo.

—Eu vou sorrir. - Garantiu aumentando ainda mais o sorriso.

—Vê se não apronta muito. - Bagunçou os cabelos dele antes de entrar na casa. – Noah!

—Achei que já tivesse saído. - Ele estava aliviado.

—Estou esperando a sua mão terminar de arrumar. - Rosalie e Alice estavam no quarto a ajudando.

—A mamãe está feliz. - Sentou na escada e Edward ao lado dele.

—E você?

—Estou triste porque você vai embora. - Apoiou o rosto nas mãos. - Queria que você ficasse.

—Eu também queria. Gostei muito de passar esse tempo com vocês. Sabia que são muito especiais? Todos vocês.

—Eu não sou. - Negou balançando a cabeça.

—Não é? Lembra-se do dia que me ameaçou por que eu machuquei o Max? Você estava defendendo a sua família e isso é muito bom. Apesar de ser apenas uma criança, é bom que fique de olho neles. Você é forte Noah, é inteligente e muito esperto. - Edward pegou o cordão com a placa de identificação militar dele.

—Meu pai tinha uma igual. - Noah a pegou nas mãos a admirando. - O vovô ficou com ela.

—Quero que fique com a minha. - Colocou em volta do pescoço dele.

—Por quê?

—Eu as ganhei porque estava lutando para proteger o meu país e as pessoas de uma forma geral, pelo menos é nisso que acredito. Quero que fique com ela para se lembrar de mim e porque pelo tempo em que estiver fora, vou deixar você no comando cuidando deles. - Claire veio correndo e se jogou nos braços de Edward, chocalhando várias folhas nas mãos. Edward beijou os cabelos dela e entregou um bloco para Noah. - Aqui tem o número do meu celular e da casa dos meus pais e tem também o meu endereço. Se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, quero que você entre em contato comigo na hora, mesmo que sua mãe diga para não ligar. Vocês são fortes e corajosos, mas não quero vê-los em perigo.

—Sim pai. - Noah bateu continência e Edward o abraçou.

—Tenho muito orgulho que vocês sejam meus filhos e sei que o seu pai Jeff também tinha.

—Ele era legal, mas você é mais. - Confidenciou baixinho.

—Presente papai. - Claire entregou as folhas para ele.

—Você que fez? - Eram vários desenhos, e um em especial chamou a atenção dele. Era um desenho dos cinco brincando e o bonequinho maior tinha uma das pernas diferente, colorida de prata.

—Você papai. - Claire apontou.

—É muito lindo e vou guardar com muito carinho. - Deu um beijo estalado na bochecha dela. Os três viraram ao escutarem um barulho no andar de cima.

—Está bonita mamãe. - Edward engoliu em seco sem conseguir tirar os olhos dela. Não era a beleza produzida pelo cabelo arrumado, pelas roupas ou pela maquiagem, era o brilho que ela exibia que o deixava hipnotizado.

—Está linda. - Estendeu a mão para ajudá-la a terminar de descer as escadas.

—Só dei uma arrumadinha. - Explicou corando.

—Não chame a nossa obra de arte de arrumadinha. Você está maravilhosa e demais palavras que não podemos dizer na frente das crianças. - Alice sorriu para o casal.

—Concordo totalmente com ela. - Edward deu um beijo no dorso da mão esquerda dela e notou que a aliança não estava mais lá. Não quis comentar nada, mas aquilo fez o coração dele encher de alegria.

—Agora vão logo aproveitar a noite de vocês, mas juízo. De três damos conta, mas quatro já complica um pouco. - Rosalie provocou e Edward riu, envergonhado. Ele ainda não sabia se poderia ou não ter filhos. Acreditava que não, mas seria preciso um exame para confirmar e aquele não era o momento ideal para pensar nisso.

—Tão engraçadinhas vocês duas. - Inclinou para depositar um beijo na testa dos filhos e o vestido azul dela subiu um pouco, o que fez Edward engolir em seco.

—Eu disse que a escolha era boa. - Alice também provou o fazendo ficar ainda mais envergonhado.

—Comportem-se, por favor.

—Espero vê-los em breve. - Edward imitou o gesto dela. - Amo vocês.

—Tchau pai. - Noah e Claire falaram juntos.

—Cadê o Max?

—Aqui. - Ele entrou correndo e abraçou a mãe e depois Edward.

—Até mais baixinho.

Edward guardou os desenhos dentro da mala e se acomodou no banco do carona. Ficou impressionado ao ver o carro completamente limpo.

—Um milagre, não é? - Bella piscou para ele.

—Sabe, eu tenho um carro. - Ela o olhou rapidamente e voltou à atenção para estrada.

—Achei que não dirigisse mais.

—Ele não é adaptado, então não o uso mais. Mas ele é novo e bem espaçoso.  - Sorriu e ela entendeu o que ele queria dizer.

—O meu carro funciona muito bem e você pode adaptar o seu.

—Quando vai aceitar um presente meu?

—Quando ele não tiver custado nenhum centavo.

—Posso te dar o meu coração. - Ela pisou no freio repentinamente o assustando.

—Não pode dizer essas coisas enquanto dirijo, tenho três filhos para criar. - Edward riu e colocou a mão na coxa dela.

— Vai aceitá-lo ou não?

—É claro que vou. - Sorriu e voltou a dirigir. - Mas vai ter que aceitar o meu também.

—Será um enorme prazer.

[...]

Bella dirigiu até Port Angeles e estacionou em frente a um restaurante pequeno, mas muito aconchegante e que tinha uma comida muito saborosa.

—Já veio aqui? - Edward perguntou segurando a mão dela.

—Uma vez com as crianças e eles gostaram muito. Espero que também goste.

—Se a comida não for boa, não me importa, pois a companhia é excelente. - Bella corou.

—Você está tão diferente.

—Dizem que o amor muda as pessoas. Você também está diferente. – Apontou e ela deu de ombros

—Todos nós estamos. - Era inegável a mudança na vida deles.

[...]

Após o jantar, eles seguiram até o Ediz Hook Reserve, que era um local bem tranquilo àquela hora e apesar do friozinho que estava fazendo, eles não se incomodaram nenhum pouco. Bella estendeu uma manta, que pegou no carro, e os dois sentaram em um dos troncos e permaneceram em silêncio por um tempo admirando o mar.

—Temos umas cinco horas até o seu ônibus sair. Quer ficar por aqui ou ir para outro lugar?

—Aqui está bom. - Passou o braço pelos ombros dela.

—Qual vai ser a primeira coisa que vai fazer ao chegar em casa?

—Responder ao interrogatório da minha mãe. - Respondeu rindo. - Ela sem dúvidas vai querer saber tudo sobre vocês. Preferi não dar detalhes por telefone.

—Por quê? - Perguntou aconchegando nele.

—Era bem capaz de ela vir para cá se eu desse detalhes. Eu amo a minha mãe, mas ultimamente ela tem sido bem enxerida na minha vida. Quero só ver como vai ser esse bendito jantar. - Ele sentiu Bella ficar tensa.

—Ansioso para rever a Kate? - Não queria ter soado tão ciumenta, mas o sentimento era mais forte.

—Não muito e acho que ela está menos ainda. - Bella ergueu os olhos sem entender. - Digamos que ela me mandou uma carta de término bem raivosa. Disse que foram seis anos perdidos da vida dela, que eu era incapaz de me conectar a alguém e que merecia o título de pior namorado do mundo.

—Certamente ela falou da boca para fora. Deve que estava com muita raiva.

—Talvez, mas eu realmente fui um péssimo namorado e acho que ela pode estar certa. - Passou as mãos no cabelo.

—Se ela te conhecesse como eu conheço, ela jamais teria dito isso sobre você. Você é incrível Edward e qualquer mulher seria feliz ao seu lado. Estava focado no trabalho e não conseguiram conciliar as duas coisas.

—Você e Jeff conseguiram. - Declarou e ela ajeitou para encará-lo.

—Cada casal é diferente e nós tínhamos os nossos problemas. Nenhum relacionamento é perfeito. Com o tempo amadurecemos e paramos de cometer os mesmos erros.

—Gosto de pensar que dessa vez vai ser diferente, mas e se eu não for o suficiente? E se não conseguir dar tudo o que vocês precisam? Vocês são tão amorosos e… - Bella o silenciou.

—Edward, você é uma boa pessoa e tem o seu jeito de ser, jamais pediremos para que você mude quem é. Nós te amamos e você não precisa ser como nós para continuarmos a te amar. Você é carinhoso, atencioso e gentil e não deixe que ninguém diga o contrário. - Beijou o rosto dele. - E qual vai ser a segunda coisa que vai fazer? - Perguntou mudando de assunto.

—Agendei algumas consultas. Não vejo a hora de renovar a minha receita.

—Achei que tivesse conseguido, vi você tomando remédios. - Ele coçou a nuca.

—Não consegui renovar e tive que comprar remédios mais fracos. Eles não ajudam muito. – Confidenciou.

—Edward! - Ela o olhou como olhava para os filhos quando eles aprontavam algo. - Não acredito que não está se cuidando. Vou ter que ligar para a sua mãe e pedi para ela puxar a sua orelha.

—Vai me dedurar? - Perguntou fazendo cócegas nela.

—Para. - Ela se desequilibrou e caiu na areia com ele por cima dela, os dois ficando com os rostos a centímetros um do outro.

—Só paro se prometer não me dedurar. - Continuou as investidas e Bella gargalhava tentando se desvencilhar dele. Aquela proximidade toda estava mexendo com eles, mas aquele não era o lugar e nem o momento certo para avançarem.

—Só prometo se prometer tomar cuidado. - Ele parou com as cócegas. - Não quero te perder, Edward.

—Prometo que vou seguir direitinho o que os médicos falarem. - Levantou a ajudando a sentar de volta no tronco. - Não fiz por mal, só não queria ir embora antes e estou me sentindo bem. - Ela sabia que aquilo não era bem verdade, ele vinha se queixando de dores.

—Por favor, se cuida. - Implorou segurando a mão dele.

—Eu juro que vou me cuidar. - Os dois ficaram em silêncio por mais alguns instantes. - Eu disse ao Max que a decisão tinha que partir de você, então não vou pedir, mas apenas te lembrar de que pode contar comigo e que tem os meus contatos e as portas estarão abertas para vocês. Seus amigos vão embora e acho que também deveria ir.

—Está tentando me convidar para ir morar com você em São Francisco? - Perguntou sorrindo.

—É uma sugestão. - Deu de ombros. - A decisão é toda sua. Posso mudar para cá, arrumar uma casinha.

—Nem pensar. - Ele arregalou os olhos surpreso com a negação dela. - Você vai morar na minha casa. - Declarou e ele sorriu. - Se decidir mudar para cá, é claro.

—Então estamos de acordo que queremos ficar juntos? - Ela assentiu. - Vamos tirar esse tempo para pensar com calma, sei que as crianças estão terminando o período escolar e uma mudança agora seria complicado.  

—Falta menos de três meses para terminar. - Ela suspirou. - Não queria desfazer da casa que você custou tanto para reformar.

—Não me custou nada, Bella. - Acariciou o rosto dela. - E eu reformaria mil casas para você. Não decida nada agora, pense com calma.

—Eu vou pensar. Estou mais aliviada ao saber que isso não é um adeus.

—Nunca será, Bella. Nos encontraremos em breve, eu juro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Edward voltou para casa e ninguém está muito feliz com isso, mas faz parte.

Para aqueles que acompanham This Is Us, o capítulo deve sair até na sexta-feira.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.