Entrei no carro batendo a porta com força. Na vida podia me orgulhar em dizer que nenhum homem tirava meu juízo facilmente, mas Douglas Maldonado era mestre em fazer isso. Minha vontade era encher sua cara de tapas, embora ele já estivesse machucado. Enquanto dirigia podia sentir seus olhares.

— Senhor! o que aconteceu?

— Nada, Bráulio. Besteira

Fico preocupada com seus ferimentos que pareciam bem feios, mas saio dali direto pro meu quarto.

— Deixe-me ajuda-lo

— Não precisa. Vá dormir, é uma ordem.

Desde quando Paola Montaner se importava com alguém? Onde estava esse meu “eu”? Queria ver como Douglas estava, era uma vontade grande demais para ser ignorada ou talvez eu quisesse ver para brigar mais, pois só assim eu tinha sua atenção. Bufo com esse tipo de pensamento. Falo para mim mesma que vou para rir da cara dele. Bato na porta e está trancada.

— Quem é?

— Sou eu. Abra

— Me deixa, Paola

— Acho bom você abrir ou farei um escândalo

Ele demora, mas sorrio vitoriosa ao ouvir seus passos.

— O que quer?

— Você está horrível

— Obrigado. O espelho já me disse isso.

— Me espere

Vou em busca de gelo e algo para limpar os ferimentos.

— Não precisa disso

— Cala a boca e faça o que eu mandar. Tira a camisa

Empurro o gelo nas suas costelas e ele geme

— Ai! Com cuidado

— Fique segurando firmemente

Molho o algodão com soro fisiológico e passo em seu rosto. Estava bem concentrada, mas não sou cega, ele é lindíssimo e me atraí mais do que devia.

Lembro do Havaí, de como nos amamos todas as manhãs, todas as noites. O poder de sedução dos seus lábios, a paixão que exalava deles. Não era possível que em tão pouco tempo ele tivesse esquecido disso. Ao sair do meu devaneio percebo que estamos perto demais e desvio meu olhar para sua boca, ele também faz isso, porém logo ele se afasta como se eu fosse uma bactéria.

— Não era necessário, mas obrigado. Pode sair.

— Eu mesma faço questão de sair. Amanhã mesmo entro com o pedido de divórcio

— Você o que?

— É isso mesmo que ouviu. Não vejo necessidade de continuarmos casados

— Não pode fazer isso. Esquece do contrato que assinou?

— Eu não assinei contrato nenhum

Ele ri cinicamente

— Claro que assinou

Douglas me mostra um papel que não lembro de ter assinado. O desgraçado deve ter colocado no meio dos outros papeis.

— Olha o que eu faço com isso aqui

— Rasgou. Esse era cópia, o original está bem guardado. Você ficará presa a mim até quando eu quiser soltar você.

Tento dar um tabefe na sua cara, mas ele segura meu braço, eu me solto do seu aperto.

— Eu te odeio

— Você ainda vai me amar

— Sonhe com isso, querido. Nunca amarei você

Saio dali furiosa. Como eu pude ser tão burra em me casar com ele? Eu vou embora daqui e nunca vai me achar. Começo a fazer minhas malas, mas ao buscar minhas joias, não as acho em local nenhum. Foi ele quem mexeu nas minhas coisas. Quebro todos os vidros da penteadeira de raiva. Isso não vai ficar assim.

*

— Bom dia, Bráulio. Paola já se levantou?

— Já senhor. Está na piscina

Não ia dar esse gosto a ele. Ele queria me ter, pois então teria. E eu usaria todas as minhas armas. Douglas estava apaixonado por mim, mas queria fazer com que eu caísse na mesma armadilha, então eu vou fingir que amo e arrancar até o último centavo dele. Será minha vingança.

Resolvo aproveitar o sol para relaxar e provocar um pouquinho Douglas Maldonado, vamos ver quanto tempo você resiste, queridinho.