A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 9
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Capítulo Nove
Um novo aliado.

Assim que chegou em casa, Tori colocou suas coisas no chão e suspirou se encostando na porta. Parecia aquelas cenas onde a mocinha descobre que está apaixonada. E de fato ela estava. Mas não era por uma pessoa, era por um mundo novo, era por sua verdadeira história.

Mas o sorriso desapareceu instantaneamente quando percebeu Harry sentado na escadaria que dava acesso ao andar superior. Ele estava cabisbaixo e com o nariz vermelho, parecendo que havia andado chorando.

Tori se aproximou dele começando a sentir suas mãos tremendo. Sabia que para o irmão estar choroso, Duda havia feito algo.

— Se o Duda te bateu de novo, eu juro que... — começou, mas foi interrompida.

— Por que mentiu para mim? — perguntou Harry, erguendo os olhos que estavam tão avermelhados quanto tristonhos.

— Harry, eu não ment... — outra vez não conseguiu completar sua frase.

— Disse que nunca iria mentir para mim, mas acabou fazendo isso. Ninguém te mandou para um Internato à força. Você vai porque quer! — grunhiu e se levantou — Vai me abandonar por vontade própria. Vai fugir dos Dursley e dane-se o Harry. Você é uma grande egoísta e eu não quero mais ser seu irmão! — saiu correndo para o andar de cima.

Chocada demais com tudo o que havia ouvido, Tori chorou em silêncio enquanto olhava de longe seus pacotes, paralisada demais para conseguir raciocinar.

Sempre soube que mentira tem pernas curtas, por esse motivo nunca gostou de mentir e tentou ensinar isso também ao irmão. Sabia que mudar seus ideais não acabaria nada bem.

— Achou que seria tão fácil? Ir para o "internato" e continuar em seu conto-de-fadas com Harry? — Petúnia surgiu de repente — Ou melhor, acha mesmo que eu mentiria para te favorecer? — sorriu de um jeito irritante.

— A senhora é um monstro! — Tori grunhiu e passou correndo para o seu armário.

Afundou seu rosto no colchão fino e chorou a ponto de sentir cansaço físico.

Era muita novidade, muita mudança para um único ano. Sua vida sempre foi monótona, então a mudança era algo tão desconhecido a ponto de dar medo. A mudança estava trazendo tantas consequências que a estavam machucando e sabia que tudo estava apenas começando.

Ainda ficou um tempo deitada, antes de dar um pulo e sair dali rápida como um raio.

Correu até a porta, onde havia deixado seus pacotes, não encontrando nada. O desespero fez seu coração ficasse agitado.

— Cadê? — perguntou sozinha, enquanto tocava o chão para ter certeza que as coisas não estavam mesmo ali — Burra! Burra! — deu um tapinha na própria cabeça.

— Estão muito bem trancadas no porão. — Petúnia respondeu, enquanto descia a escada — Afinal, suas aulas só começam em Setembro. Até lá, você não vai nem chegar perto dessas coisas bizarras. E nem tente me desobedecer, ou eu queimo tudo! — ameaçou.

— Não é justo! — Tori protestou.

— A vida não é mesmo justa, querida! — ironizou.

◾ ◾ ◾

Algum tempo depois |

O que era para ser apenas algumas semanas, pareceu ser mais de dez anos.

O restante de julho não foi nada animador para Tori, que se sentia completamente sozinha. Harry ainda estava magoado. Não brincava com ela como antes e passava horas inventando algum estudo da escola para não precisar ter uma conversa muito longa.

Ao menos não recusou o simples presente de aniversário que Tori comprou com o dinheiro dos últimos dias de trabalho — uma enorme barra de chocolate. Ela pensou que tendo doce envolvido, tudo ficaria resolvido. Mas se iludiu a toa e a situação se arrastou por todo mês de agosto.

No último dia antes da ida a Hogwarts, Tori já havia se despedido do trabalho e escola. Ninguém compreendeu bem como alguém consegue, e quer, trocar de escola quando o ano letivo faltava poucos meses para terminar.

Mas tudo ocorreu como deveria. Não entenderam, mas tiveram de aceitar.

Estava passando pelo parquinho, enquanto carregava algumas escolas de supermercado que sua tia lhe pediu para ir buscar, quando avistou Pedro Polkiss se aproximando. O garoto com cara de rato, segundo Tori, estava com as mãos para trás e soltava risinhos travessos. Percebeu também que por ali haviam alguns rostos conhecidos de sua escola.

— O que quer? — Tori perguntou, já na defensiva.

— Ganhei 20 dólares para fazer uma coisinha. — soltou um risinho travesso.

— Falar comigo? Não sabia que meu "Oi" valia tanto. Enfim, oi. Com licença, que preciso ir agora! — se virou para seguir seu caminho.

Foi então que algo bateu contra sua cabeça e quebrou facilmente, escorrendo um líquido pegajoso e gelado em seguida.

— Mas o que... — Tori se virou para reclamar e um ovo atingiu e quebrou em seu rosto.

A surpresa do ataque a fez derrubar as sacolas e erguer as mãos até o rosto. Ela limpou o quanto pôde, mas outros ovos a atingiram.

Agora as meninas de sua escola soltavam gargalhadas e davam gritinhos animados. A humilhação e raiva fizeram Tori se virar e abraçar o corpo, esperando tudo aquilo acabar.

O barulho de um corpo caindo no chão e Pedro gemendo foi ouvido. Tori virou o rosto e viu uma cena que jamais esperaria.

— Vai pagar por cada ovada, seu tripa seca! — grunhiu Abigail, que estava sentada em cima da barriga de Pedro e lhe dava muitos tapas.

As meninas que antes riram agora haviam corrido dali, horrorizadas, e Tori estava paralisada demais com a atitude inesperada de Abigail.

— ME PEDIRAM PARA FAZER ISSO POR VOCÊ, SUA MALUCA! — Pedro berrou com uma voz chorosa.

— Estou me lixando. Eu não pedi e nunca pediria uma coisa dessa! — continuou a estapear o menino — Agora você vai limpar o chão que sujou, seu lixo! — pegou algumas cascas dos ovos que estavam ali perto e tentou enfiar na boca do menino, que se debateu.

Agora conseguindo se mover, Tori desviou o olhar e percebeu uma viatura se aproximando lentamente. Pegou suas sacolas e foi até a menina.

— Corre, se não quiser problemas! — puxou o braço de Abigail com a mão livre.

— Isso não termina aqui! — ainda ameaçou Pedro, antes de se deixar ser levada.

As duas correram sem parar, até chegar na casa de número quatro. Tori abriu a porta e ela e Abigail entraram ao mesmo tempo, e a empurraram para fechar.

Ainda ficaram um tempo recuperando o fôlego, sem conseguir dizer nada.

— Sua tia vai te matar por ter sujado o piso dela com essa catinga! — Abigail quebrou o silêncio.

— Por que fez isso? — Tori mudou o rumo da conversa.

— Sei que me acha um monstro, mas não sou a ponto de ver esse tipo de humilhação e bater palmas... Quer dizer, a não ser que seja minhas palmas na cara do agressor! — riu.

— Foi errado bater em uma criança mais nova, mas... obrigada! — agradeceu um pouco sem jeito.

A menina ainda não te passava segurança alguma. Pensou que a qualquer momento ela ia se revelar negativamente outra vez.

— Vou ir levar as compras e depois vou tomar banho. Quer ir ficar conversando com a minha tia? Melhor não ir embora ainda, ou pode ser pega! — avisou Tori, dando alguns passos para longe da porta.

— Ou melhor: você limpa isso e se limpa, eu levo as compras para você não levar uma bronca terrível dela! — sugeriu Abigail, estendendo as mãos.

— Tudo bem. Obrigada de novo! — entregou as sacolas e se virou para sair dali.

— Tori. — a chamou de volta — Eu acredito em você. Eu lembro que você estava longe. Por via das dúvidas olhei a câmera de segurança e você estava mesmo longe. Não foi você. Foi acidente com o ralo, tenho quase certeza, porque é muito comum esse tipo de acidente em piscinas, eu pesquisei na internet. O que estou tentando dizer é... Me perdoe! — desabafou.

— É claro que sim, Abigail. Só não me peça para confiar na senhora tão cedo, porque não vai acontecer! — preferiu ser sincera, mesmo sabendo que ia chatear.

— Eu mereço. Te acusei de uma coisa tão grave... De qualquer forma, obrigada por mais uma chance! — sorriu e saiu toda feliz em direção a cozinha.

Mesmo estranhando aquele bom humor repentino de Abigail, Tori se voltou para a sua situação e se sentiu triste. Sabia que não era adorada onde morava, mas aquilo havia passado dos limites.

Nunca esperou um dia que a raiva sem explicação daquelas pessoas desaparecesse, mas não esperava também que uma humilhação daquele nível aconteceria.

— Meu Deus. Lene, o que houve? — a voz de Harry a trouxe de volta a realidade.

— Ah, Harry... — suspirou e começou a chorar.

Para sua completa surpresa, levando em consideração seu péssimo cheiro, o irmão avançou para ela e a abraçou. Bem forte. Como se quisesse dizer "não fique assim, eu estou aqui".

Depois de um tempo, desapertou o abraço e a guiou escada acima, até chegar no andar superior. Eles foram direto para o banheiro.

— Quem fez isso? — Harry ligou o chuveiro e se afastou.

— Esquece. Já foi tudo resolvido. — deu de ombros e foi para perto do box.

— Foram as meninas da sua escola? A tal da Abigail? — insistiu.

— Abigail me defendeu, por incrível que pareça. — tratou logo de tirar a menina da acusação.

— Quem foi então? — ele tentou mais uma vez.

— Pagaram o Pedro, só não sei dizer quem. — dito isso, ela entrou no chuveiro de roupa e tudo.

Fechou os olhos por um momento, para a água limpar a sujeira do rosto, e ao abrir outra vez reparou que o irmão havia sumido.

— Harry? — o chamou, não obtendo respostas — Não, ele não faria nada... — riu sozinha quando a idéia do irmão envolvido em uma confusão passou por sua mente.

Preferiu dispersar os pensamentos e terminar logo seu banho, antes que a tia gritasse por ela.

◾ ◾ ◾

Alguém tocou a campainha assim que Tori terminou de limpar o chão. Ela colocou o rodo de lado, enquanto cheirava o próprio braço e ainda podia sentir o cheiro dos ovos. Fraco, mas ainda estava impregnado ali.

Depois, abriu a porta e deu de cara com o policial Thompson, que tinha uma das mãos apoiando Harry. Um enorme hematoma no nariz do menino a fez prender a respiração por alguns segundos.

— Harry! — foi para perto dele, assustada.

— Desculpa, Lene, eu falhei em te defender... — fungou e fez uma careta de dor.

— Ele apanhou de um menino mais velho, que foi defender um outro que ele queria bater. — Akin contou, sério.

— Foi atrás do Pedro? — Tori cruzou os braços.

— Sim, e teria acertado ele se não tivesse com um garoto mais velho da turminha deles! — confessou Harry, tranquilamente.

— Que coisa feia, brigando como um vândalo! — brigou.

— Se você quebrou uma regra ao mentir para mim, pensei que seria justo eu quebrar uma também... — ele encolheu os ombros.

— Pensou errado! — revirou os olhos — Anda, vai lá colocar um gelo nisso. Eu vou daqui a pouco. — pediu e fez o menino entrar.

Harry obedeceu e seguiu em direção a cozinha, deixando a irmã e o adulto a sós.

— Pode soltar o sermão para mim, senhor Akin. Só não chame minha tia, se puder. É que não quero ficar de castigo um dia antes da minha partida. Vai que ela resolve me deixar presa... — pediu ao adulto e saiu para fora enquanto puxava a porta.

— Eu não vim te prejudicar, fique calma. — Akin avisou.

— Não? Mas meu irmão brigou na rua e você o pegou. Por que não vai fazer nada? O senhor não vai se encrencar por isso? — despejou milhares de perguntas.

O policial riu e a tocou no ombro, a puxando para se afastar da porta. Eles caminharam até a calçada.

— O descontrole do Harry fez uma lata de lixo criar vida e morder a bunda do garoto trouxa! — revelou, aos cochichos.

— Espera... Trouxa? O senhor sabe... Ah, meu Deus! — os olhos da menina se arregalaram.

— Não só sei, como faço parte. Sou um nascido trouxa que estudou em Hogwarts, assim como sua mãe. Eu sou um Auror, mas esse é meu disfarce quando estou aqui te observando! — Akin apontou para sua farda.

— Me observando? Por quê? — colocou as mãos na cintura e trocou o peso de perna.

O adulto olhou para os lados como se procurasse algo. Não encontrando, voltou a encarar a menina e se encurvou um pouco para falar mais baixo ainda.

— Não percebeu nada de estranho acontecendo a sua volta? Com pessoas próximas a você? Coisas que ninguém consegue explicar? — ele perguntou.

Tori refletiu e depois de um tempo seus olhos se arregalaram mais uma vez.

— Sim! O que há de suspeito nessas coisas, senhor Akin? Não foram causadas por mim? Eu achei que sim... De alguma forma. — ficou séria.

— Eu não deveria te contar, mas... O Ministério soube de magia avançada por aqui. E Dumbledore sabe que nada de ruim pode acontecer ao Harry, a você e sua família por conta da proteção, mas alguém tentou se aproximar. Não se sabe com qual intenção, mas chegaram muito perto de você! — revelou o homem, voltando a ficar reto.

— A amnésia da senhora Breslin... Os ataques contra Abigail... — foi recordando aos poucos.

— O que todos esses acontecimentos têm em comum? Sabe me dizer? — Akin disfarçou e cumprimentou algumas pessoas que passavam por ali.

— Senhora Breslin não me deixou fazer a prova por culpa minha, que cheguei atrasada. Enquanto Abigail me irritou duas vezes. — Tori ergueu dois dedos para calcular os acontecimentos.

— Pessoas que tentaram te prejudicar de alguma forma! — conclui o adulto — Estranho... Seja lá quem for, parece não querer te machucar, apesar de machucar outras pessoas... — coçou o queixo.

— E agora? O que vai acontecer? Não tem nenhuma magia para afastar essa pessoa daqui? Senhor Akin, eu sei que quase ninguém gosta de mim e do meu irmão, mas não desejo que nenhuma dessas pessoas sejam machucadas por isso! — a menina abraçou o próprio corpo, sentindo-o estremecer vez ou outra.

— Eu vou continuar aqui, não se preocupe. O Ministério está investigando e logo o culpado vai ser pego! — tocou o ombro da menina e sorriu.

Mas Tori não conseguiu retribuir, pois a situação a assustou.

— Obrigada por ser franco comigo, senhor Akin. — suspirou.

— Pode me chamar de Akin. A forma como você me chama me faz parecer ter duzentos anos, quando na verdade não tenho nem metade! — ele riu.

— Desculpa, é uma mania minha. Mas tudo bem, Akin. Satisfeito? — conseguiu abrir um sorrisinho.

— Muito! — tocou o próprio peito e fingiu um suspiro pesado.

— Vou ir ver o Harry, ok? Mas foi muito bom saber que tenho um aliado aqui além da senhora Figg. — sussurrou.

— Pode ir sim. E não se preocupe, que vou ficar de olho em Harry enquanto você estiver fora. Pode ir em paz, sem preocupações! — Akin a tranquilizou.

— A preocupação sempre vai ter, mas vou me sentir bem melhor em saber que ele estará sendo olhado por alguém confiável! — agora ela conseguiu abrir um enorme sorriso — Obrigada. E com licença! — se afastou.

— Se cuida, menina determinada! — a chamou pelo apelido de quando se conheceram.

Assim que ia chegando perto da porta de casa outra vez, Tori ouviu a porta da viatura batendo e logo o automóvel dar a partida. Ela se virou a ponto de ainda acenar para o novo amigo, que retribuiu com uma buzina.

Pouco antes de entrar, olhou para o céu e viu uma coruja descendo como um raio. Ela arfou de susto e saiu do caminho no momento exato que a ave caiu em uma pilha de arbustos ao lado da porta.

— Ai, meu Deus! — Tori arfou e foi ver se a coruja estava machucada.

Para sua surpresa, um piado foi ouvido e ela apareceu, balançando as asas e parecendo apenas atordoada.

Uma carta estava caída perto do local do acidente. Tori se aproximou, ainda observando se a ave não estava mesmo ferida, e pegou o envelope, o abrindo instantaneamente, antes que alguém tomasse dela.

"Querida senhorita

Como vão as coisas? Espero que bem.

Estou escrevendo para te avisar que amanhã de manhã vamos ir até aí te buscar e ir juntos para a Plataforma 9 ¾ . 
Obviamente o simpático Snape recusou o pedido de ser seu acompanhante de novo e meus pais foram as pessoas mais confiáveis que Dumbledore encontrou para trazer a vossa majestade em segurança. 

Espero que seu estômago esteja doendo de ansiedade tanto quanto o meu e de Jorge.

Até amanhã, agressora de folgados.

P.S. Não se preocupe com a coruja. Errol é um pouco atrapalhado, mas sempre fica bem.

Fred Weasley (o legítimo)"

Ao terminar de ler, Tori abriu um enorme sorriso. Felizmente sua ida até a estação seria mais divertida do que a ida ao Beco Diagonal. Estaria com pessoas amigáveis e seu dia começaria de maneira positiva.

— Quer um pouco de água, amiguinho? — perguntou, como se a coruja a entendesse.

A ave soltou um piado e bateu as asas. Isso pareceu uma resposta positiva.

— Me espere aqui! — dito isso, entrou em casa.

◾ ◾ ◾

Tori levantou cedo no dia seguinte. Tudo estava pronto, suas coisas recuperadas e guardadas em um malão padrão para os alunos. De casa, levava apenas suas poucas roupas, uma fotografia junto a Harry e seu caderno de idéias, que não dava atenção havia um bom tempo.

Sentada à escada que levava ao andar superior, a menina agora encarava a porta principal e batia um pé e outro conforme o tic-tac do relógio de parede ali perto.

Tamanha era sua ansiedade.

Então a campainha tocou, fazendo a menina levantar em um pulo e correr para abrir a porta.

— Não achou que ia embora sem que eu me despedisse, não é? — a visita fez o sorriso de Tori murchar.

— Ah, é você Abigail... — tentou abrir o sorriso outra vez, mas soube pela expressão da menina que havia saído forçado.

— Uau, que animação em me ver! — ironizou.

— Desculpa, Abigail, é que estou muito ansiosa para minha carona chegar... — ficou corada.

— Relaxa, estou brincando. Enfim, vim te trazer isso. — Abigail entregou um saquinho — Marie fez cookies de chocolate para você comer na viagem. São deliciosos, mas é óbvio que eu não falo isso para ela ou ficaria se achando! — riu.

— Ela é um amor. Nem precisava ter esse trabalho por mim, mas agradeço! — Tori segurou o saquinho e o cheiro delicioso invadiu suas narinas.

— Você tem mesmo que ir? — perguntou Abigail, suspirando fraco.

— Sim. — respondeu, encarando a menina, que parecia relutar para não chorar.

— Vai fazer falta. Confesso que de toda a escola, você foi a menina mais verdadeira que eu conheci. Aquelas meninas estavam me defendendo tanto aquele dia porque eu havia acabado de pagar sorvete a elas e ontem porque queriam alguma coisa. É só para isso que eu sirvo como amiga... — abaixou o rosto.

— Eu disse para a senhora Marie que eu seria sua amiga sem esperar nada em troca e isso ainda está de pé, se quiser. — Tori tocou o ombro da colega.

— Mas é claro que eu quero! Mas como vai funcionar agora que você vai para longe? — Abigail coçou a cabeça.

— Me espera voltar. Preciso de um tempo para esquecer tudo o que aconteceu. Não sei nem se vou conseguir mandar correspondência, pois vou enfiar a cara nos livros e não vou ter tempo de nada. Mas me espera. Juro que nas férias vamos aproveitar muito! — trocou o saquinho de mão. 

— Tudo bem. Enquanto isso eu sobrevivo às falsas! — disse Abigail, dando de ombros.

— Boa sorte, Abigail. — Tori riu da expressão murcha daquela que antes parecia a detestar.

— Pode me chamar de Abie também. — surpreendentemente, a menina a abraçou e bem apertado.

— Tudo bem, Abie. — concordou Tori, retribuindo o abraço.

Se afastaram rapidamente apenas quando ouviram algum automóvel barulhento se aproximando e buzinando algumas vezes. Tori foi a primeira a avistar um Ford Anglia azul, repleto de pessoas dentro.

— Eles chegaram! — comemorou, abrindo um sorriso tão grande que sua boca doeu. 

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Notas finais do capítulo

❝| A cena dos ovos foi uma referência ao episódio 21 da primeira temporada de Glee, minha série favorita. No começo escrevi a cena por acaso, mas depois acabei me lembrando da cena em que a Rachel foi humilhada pelo Vocal Adrenaline [junto com o embuste do Jesse]. Sendo assim, créditos aos criadores. |❞