A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 30
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Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora Tori e Fred: Lost In Your Eyes, da Debbie Gibson.❤


❝| Gente, eu sei que Tori e Fred são mirins ainda, mas eu já quis revelar a trilha sonora deles dois. Quis colocar alguma que já existia em 89, em vez de alguma bonitona do Ed Sheeran. A letra é uma graça e eu sou completamente apaixonada por flashback, por isso não tinha como escolher alguma da atualidade. |❞



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Capítulo Trinta
O namoro mentiroso de Tori Evans.

Mesmo com todo seu esforço em socar Olívio, ainda assim Tori não conseguiu ser liberta. O garoto seguiu caminhando até achar um lugar adequado, parando ao lado da porta do banheiro da Murta. Só então colocou a menina no chão e a encarou.

— Quem te deu o direito de me segurar? Por que me tirou de lá? Eu estava dando uma lição naquela fofoqueira e o senhor estragou tudo! — resmungou Tori, muito irritada.

— Justamente por isso eu te tirei de lá, porque você estava fazendo exatamente o que tanto reclama que eu faço: surtar. Eu não podia deixar você se encrencar como aconteceu comigo. — Olívio explicou, paciente.

— Eu não ligo para me encrencar. Eu não ligo para mais nada! — se exaltou e chorou, se abaixando devagar para sentar no chão.

— Ei, por que está assim? — o garoto também se abaixou, ficando de joelhos.

— Ainda pergunta? Olhe só para mim durante todos esses meses... — apontou para si e suspirou — Fiz tudo o que passei meus onze anos sem fazer por achar errado. Eu menti, briguei, magoei pessoas... Não me reconheço mais, Olívio, e isso está doendo. Eu quero voltar logo para o meu Harry, quero sentir de novo que eu sou aquela perfeitinha de antes. Eu não quero ser essa pessoa horrível que estou sendo agora. Não quero! — escondeu o rosto com as mãos trêmulas.

Diante daquilo, Olívio se sentou ao lado da menina e puxou uma das mãos dela para si, segurando firme para diminuir os tremores.

— Não sou tão mais velho, mas posso te dizer que isso é uma fase que você não tem para onde correr. Não adianta ir para casa, isso vai junto com você. — explicou, soltando um suspiro.

— Mas que praga de fase é essa? — perguntou Tori muito inconformada, enquanto tentava soltar sua mão.

Sem sucesso. O amigo continuou a segurá-la.

— Essa "praga" se chama Crescer. Não tem para onde correr, infelizmente, e é chata a beça! — fez uma caretinha e sorriu.

— Eu não quero crescer. Não se for para me tornar essa pessoa horrível que estou sendo agora! — falou, acabando por fazer o amigo rir — O que foi? — uniu as sobrancelhas.

— Sério que justo você está pedindo para não crescer? Tori, acho que um Elfo Doméstico é mais alto que você... — debochou ele, agora soltando a mão e segurando sua barriga.

— Exagerado... — Tori revirou os olhos, mas acabou rindo um pouco.

— Talvez, mas te fiz rir. — apertou uma bochecha dela, que voltou a ficar tristonha — Anda, seca essas lágrimas. Eu não gosto de te ver assim, quero a menina cabeça erguida de antes. Essa não é a Tori que eu conheço! — pediu, puxando as pernas e apoiando os braços nos joelhos.

— Pode ser que essa seja uma versão inédita e bem ruim. Ou eu era uma farsa mesmo... — secou uma nova lágrima que escapou, mesmo se outras vieram em seguida.

— Ninguém consegue fingir tudo o que você já fez. Pare com isso e venha aqui! — a puxou para um abraço lateral apertado — Não chora mais, ok? — pediu, enquanto depositava um beijo no topo da cabeça da amiga.

Tori assentiu, mesmo não sendo totalmente sincera. Conseguiu também secar e conter suas lágrimas, pouco antes de Fred aparecer ali um pouco ofegante.

— Tori! — apoiou as mãos nos joelhos enquanto acalmava a respiração — Lino, Jorge e eu nos separamos para tentar te encontrar. Ah... olá, Olívio. — desviou o olhar para o garoto ao lado.

— Vou sair para vocês dois conversarem. — Olívio se levantou — Vê se não deixa ela bater em ninguém de novo, por favor! — fez um pedido um tanto humorado e saiu andando dali.

Fred esperou o goleiro se afastar o suficiente, só então indo para perto da amiga e se sentando ao seu lado. Ela não ergueu o olhar e estava abatida outra vez.

— Eu estraguei tudo, Fred... Quase morri por essa união e mesmo assim eu estraguei tudo. — soltou um suspiro trêmulo trêmulo e voltou a chorar.

— Não acredito que está pegando a culpa toda para você, Tori. Fala sério! — o menino revirou os olhos — As meninas quiserem fazer tudo sem te incluir, dizendo elas que você era nossa amiga demais para confiar que guardaria esse segredo. A culpa foi toda delas também ao excluir o Carlinhos, se não tivessem feito isso você acabaria sabendo e mudaria seus planos! — explicou.

— E por que o senhor está aqui? Sua namorada estava chateada, deveria estar com ela! — Tori tentou mudar o rumo da conversa.

— Minha namorada não vem antes que minha melhor amiga e... bom, ela nem é minha namorada. Ela acha que é e por isso deu aquele chilique todo. Acha que por ter domado a Molly, que significa que estamos de casamento marcado! — Fred coçou a cabeça e soltou um riso nervoso — Eu já te deixei por causa dos chiliques da Rita uma vez. Isso não vai acontecer mais, não importa o que ela ou você vão pensar! — se arrastou até se sentar de frente para a amiga.

— É errado, eu... — tentou rebater, mas foi contida quando o menino colocou o dedo indicador na frente da boca dela.

— Shh... — fez um barulho com a boca e só então afastou sua mão — Pare de colocar a dor dos outros na frente da sua. Só é legal dependendo da pessoa, mas como é o caso de alguém que ajudou a te magoar, não compensa... — começou a aconselhar.

Mas Tori se desligou da voz do amigo, dando total atenção para os olhos dele que pareciam ainda da mesma forma que na Casa dos Gritos. Ela acabou sorrindo para isso ao se lembrar a forma em que os comparou.

— Você não está me ouvindo, não é? — ele a trouxe de volta para a realidade, enquanto estalava os dados na frente do rosto dela.

— Seus olhos de novo estão como... — Tori não terminou a frase, pois apertou os lábios para não rir.

— De salamandras? É, estou começando a achar que é melhor visitar a madame Pomfrey. Vai que é alguma doença! — Fred mexeu os ombros e olhou para seus pés.

— Não parece ser doença. É legal. E... é bonito. — inclinou um pouco o corpo para baixo para tentar ver melhor.

— Bonito? — ele ergueu o olhar de novo.

— Sim. — assentiu e passou as mãos no rosto para tirar os rastros de lágrimas.

— Os seus olhos também são bonitos. — devolveu o elogio, deixando a amiga um pouco sem jeito.

— É... — concordou e ficou um pouco paralisada.

Mais estranho do que aquele papo repentino, foi o que aconteceu em seguida. Fred colocou uma mão no chão ao lado de Tori e se apoiou conforme ia se aproximando dela. Muito mais estranho foi que, por mais que estivesse apavorada e confusa, ela não se afastou como fez com Lino.

— Achamos vocês! — Jorge apareceu de repente acompanhado por Lino.

Mesmo desnorteada com o que quase aconteceu, Tori puxou o amigo para um abraço enquanto forçava um teatro para ambos escaparem do julgamento que poderia surgir.

— EU NÃO AGUENTO MAIS. QUERO MEU TIGRINHO, QUERO MEU HARRY... NINGUÉM ME AMA AQUI ASSIM COMO NÃO AMAVAM EM LITTLE WHINGING! — forçou um choro escandaloso enquanto enquanto apertava o menino em um abraço.

— Tori, está tudo bem. Você ainda tem Jorge, Lino e eu. Nunca vamos te abandonar ou deixar de te amar! — Fred entrou na mentira, enquanto dava tapinhas de consolo nas costas da amiga.

— Isso é verdade. Anda, Tori, pare de chorar. Não gostamos quando você fica assim e geralmente não sabemos o que fazer... — Lino se aproximou dali e se ajoelhou no chão, se juntando ao abraço.

— Pois é. As meninas nos pediram para escolher um lado, mas é óbvio que escolhemos o seu! — Jorge também se aproximou.

— Elas o quê? — Tori se afastou do abraço e encarou os três.

— Viemos te procurar justamente por isso, para não pensar que ficamos do lado delas nessa confusão. Mas não ficamos. Você avançando nos cabelos da Alicia foi a coisa mais maneira que aconteceu nesse nosso primeiro ano! — disse Fred, começando a rir assim que terminou de falar.

Os outros três riram junto.

— Não tem graça, meninos, eu tentei machucar alguém! — ficou emburrada.

— Mas a graça está aí. Nós nunca te imaginamos machucando alguém, isso que aconteceu foi uma raridade! — Jorge se sentou no chão e encostou na parede.

— Raridade que eu odiei. Não deveriam achar graça nisso! — resmungou.

— Foi como ver um Pelúcio atacando um Trasgo. Não é o tipo de coisa que vamos ver mais que uma vez na vida! — comparou Lino, fazendo os outros dois amigos voltarem a rir.

— No caso da Tori, vamos sim. Só que demora um pouco. Primeiro foi o Flint no Beco Diagonal, agora foi a Alicia... Espero nunca chegar minha vez! — Fred ergueu as mãos em rendição.

— Chatos! — Tori revirou os olhos e se levantou — Melhor voltarmos para a Comunal. Filch pode aparecer a qualquer momento! — bateu a mão na roupa para tirar o pó.

— Verdade. Chega de detenção por enquanto! — concordou Jorge, enquanto também se levantava.

Os quatro amigos seguiram de volta para a Comunal da Grifinória, enquanto brincavam e riam uns com os outros. Era incrível como os meninos conseguiam fazer com que Tori ficasse bem, mesmo quando os quatro estavam envolvidos em problemas.

Assim que a senha foi dita para a Mulher Gorda, um a um começou a entrar na Comunal. Quando chegou a vez de Fred, Tori o puxou pela manga da blusa e o fez recuar.

— Se voltar a tentar fazer aquilo que tentou fazer hoje, juro que vou ter que ser violenta pela terceira vez! — ameaçou e só então soltou a blusa do amigo — Você está... Se resolva com a Rita antes de tentar beijar alguém. Isso é muito feio! — brigou.

— Isso quer dizer que depois de terminar tudo com ela posso beijar quem eu quiser? — Fred sorriu de lado.

— Pode... Desde que não seja eu! — Tori se virou rapidamente e entrou na sala.

Antes que a conversa pudesse continuar, antes de ser chamada por alguém, antes de tudo, Tori seguiu direto para o Dormitório das Meninas que, por sorte, havia apenas uma ocupante. Era uma menina loira e muito bonita, também do primeiro ano. Ela lia uma edição do Profeta Diário e fazia algumas anotações em um pergaminho.

Tori seguiu para sua cama sem tirar os olhos da direção da menina, acabando por tropeçar em um malão e cair sentada. Só então a menina ergueu o olhar e largou suas anotações.

— Você se machucou? — desceu da cama e foi para perto da acidentada.

— Não, está tudo bem. Eu só fui desastrada, para variar! — Tori riu e tocou no malão para se levantar.

A menina estendeu suas mãos e ofereceu sua ajuda, que logo foi aceita.

— A senhora é Jeniffer MacMillan, certo? — perguntou Tori, enquanto cruzava as mãos nas costas e movia o corpo de um lado para outro.

— Sim, e você é Tori. — não foi uma pergunta — E me parece que você quer falar alguma coisa, mas não sabe como... — Jeniffer soltou outra afirmação.

— Como a senhora sabe? — Tori arregalou os olhos de espanto.

— Não se preocupe, não sei penetrar em mentes. É só que você está com uma cara muito óbvia mesmo. — sorriu — O que quer? — perguntou.

— É um pedido meio estranho, por isso não tive coragem de ser direta. Mas... — deu uma pausa — Será que pode trocar de cama comigo por uns dias? Até eu resolver uns probleminhas aí... — encolheu os ombros.

— É, eu fiquei sabendo da sua briga hoje. Sinto muito. — lamentou Jeniffer — Por mim tudo bem, é tudo a mesma coisa! — apontou para as camas.

— Ah, obrigada! — comemorou — Eu realmente nem sei como te agradecer, Jeniffer, sério! — sorriu toda contente.

— Não tem de quê! — sorriu de volta — Se importa de me ajudar aqui? Depois eu te ajudo de volta! — apontou para seu malão.

— Claro. Se quiser, até carrego sozinha! — Tori foi para perto do malão da menina e tentou puxá-lo sozinha.

Sem sucesso.

— Melhor eu te ajudar. — a menina riu e se moveu para ajudar.

Juntas, as duas conseguiram arrastar o malão até o outro lado do dormitório em um curto tempo, assim como substituir o lugar pelo malão da Tori. Depois trocaram as colchas e Jeniffer ficou em sua antiga cama, onde as duas meninas começaram a conversar.

— Meus pais são Curandeiros no St. Mungus, aí eu e meu irmão costumávamos a não ver muito os dois dentro de casa. Mas no geral somos uma boa família, mesmo se rasgam elogios mais para meu irmão do que para mim! — revirou os olhos, mas acabou sorrindo.

— Os senhores brigam muito? — Tori quis saber, enquanto jogava o próprio cabelo para um lado do corpo e começava uma trança.

— Ele é meio chatinho às vezes como qualquer outro irmão, mas nos damos bem. Acho que nos tornamos unidos na época que nossos pais tinham plantões demorados demais. Um acabava cuidando do outro, por isso que acho que nunca tivemos muito tempo para brigar ou coisa do tipo! — explicou enquanto observava a trança da menina — Você tem alguma fita em seu malão? Quer que eu pegue? — moveu as pernas prestes a descer da cama.

— Não, eu não tenho. Não mais... — Tori soltou a trança pela metade e desceu da cama, indo para perto de seu malão.

Assim que o abriu, vasculhou tudo ali dentro até achar o que procurava. Encontrou os livros de Quadribol que havia ganho no Natal, assim como a coleção de fitas. Pegou tudo e seguiu para o outro lado do dormitório, depositando cada presente na cama daquelas que haviam comprado.

— Ah, entendi... — Jeniffer assentiu — Tori, acabou mesmo? — perguntou.

— Eu não sei. — confessou enquanto voltava para a cama — Mas não pretendo fazer mais nada para mudar esse "talvez". Se ninguém se manifestar, eu é que não vou! — se sentou balançou as pernas.

— Te entendo. Eu achei tudo aquilo um exagero, tanta chateação por causa de uma festa que não deu certo! — confessou a menina.

— Sim, o pior é nunca esperar tanta bobeira de quem passamos meses achando serem nossos amigos... — suspirou pesado e abaixou o olhar por algum tempo — Mas vamos esquecer isso. Como é que seu irmão se chama? — respirou fundo e sorriu.

— Peter. Mas ele não é daqui da Grifinória, o nerd foi parar na Corvinal! — riu — Ele é bem bonito, só não chega aos meus pés! — jogou o cabelo para trás.

Tori riu disso.

— Ele é humilde ou metido como a senhora? — brincou.

As duas meninas seguiram brincando e conversando por mais algum tempo, até as outras ocupantes começarem a chegar. Tori ficou em silêncio e ficou um bom tempo observando suas meias quando viu as ex-amigas chegarem ali também.

— Melhor irmos dormir. — sugeriu Jeniffer, entendendo o quanto o ambiente havia ficado desconfortável.

— Sim, conversamos mais no café ou almoço. Nas aulas não tem como, porque preciso enfiar a cara nos livros mais do que nunca! — se levantou e puxou seu edredom até metade da cama.

— Também preciso. — concordou a menina — Até amanhã, Tori! — deu um leve aperto no ombro dela, antes de se afastar e ir para sua nova cama.

— Até amanhã, Jeniffer! — acenou.

Sem sequer olhar para o outro lado do quarto, Tori subiu em sua nova cama outra vez e se deitou, cobrindo totalmente a cabeça.

Por sorte, dormiu em poucos minutos.

◾ ◾ ◾

Mesmo tendo dormido sem interrupções, Tori acordou se sentindo exausta na manhã de segunda-feira. Mais uma vez deixou os cabelos soltos, mas tentou alinhar o uniforme o máximo que era possível.

Desceu para o café em companhia de Jeniffer, que era muito agradável e gentil. Não sabia direito como não havia a procurado antes para conversar, talvez estivesse ocupada demais insistindo em pessoas que não valiam a pena.

— Olha ele ali... — Jeniffer assentiu em direção a alguém — Oi, Peter! — acenou.

Tori se virou para olhar na mesma direção que a menina e sua boca se abriu de surpresa. Peter, o irmão de Jeniffer, era um garoto bem alto apesar de ser do terceiro ano, era tão loiro quanto a irmã, mas com toda certeza uma beleza superior e surreal. Isso fez com que Tori ficasse um pouco boba.

— Oi, Jeniffer! — sorriu para a irmã — E oi, Tori! — olhou para a outra menina.

— Ah, oi... Oi, Peter MacMillan. Quer dizer, só Peter, não tem porque te chamar pelo nome completo, não é mesmo? Enfim, oi. Oi, Peter! — Tori se atrapalhou um pouco nas palavras, enquanto sentia o rosto ficar quente — Oi! — repetiu.

— Oi! — ele também repetiu, sendo muito gentil em apertar os lábios para não rir — Bom, meninas, vou indo. Tenho umas coisas para estudar antes das aulas. Com licença! — se despediu e saiu andando dali, enquanto prendia direito o cabelo, que tocavam os ombros no cumprimento.

— O que foi isso, Tori? — Jeniffer só esperou o irmão sair dali para começar a rir.

— Nem eu sei. Acho que nunca vi alguém tão bonito e não soube reagir! — tocou as bochechas coradas e começou a rir também.

— Eca, Tori, você está babando por meu irmão! — continuou a rir.

— Não estou não. Eu não tenho tempo e nem posso paquerar ninguém agora, pois tenho alguém mais interessante... Cedrico! — berrou pelo nome do menino assim que o viu passar por ali.

— Ah, olá, Tori. Como vai? — se virou para cumprimentá-la — Olá, moça! — cumprimentou a outra menina.

— Olá. — devolveu o cumprimento.

— Amorzinho, preciso falar com o senhor e tem que ser agora! — Tori foi para perto de Cedrico e entrelaçou seu braço no dele.

 Amorzinho? — Cedrico arregalou os olhos.

— Jeniffer, eu te encontro daqui a pouco no salão e te explico algumas coisas, ok? Com licença! — e saiu puxando o menino dali muito apressado.

Os dois andaram por alguns minutos, até parar em um corredor menos movimentado e Tori o soltar.

— Não sabia que você era tão carinhosa a ponto de chamar alguém de "amorzinho", Tori. O que houve? — Cedrico começou a falar, encarando a menina com uma expressão de curiosidade e ao mesmo tempo susto.

— Cedrico, eu posso explicar... — Tori foi para um outro lado do corredor, chegando perto de uma janela e observando além.

O menino a seguiu.

— Por que eu sinto que não é coisa boa? — ele perguntou — Tori, o que foi que aconteceu? — segurou no ombro dela e a fez virar para ele.

— Eu gosto do senhor, te acho legal, uma boa pessoa e sempre me tratou bem. Se eu falar o que aconteceu, acho que vai surtar... — levou a mão ao pulso e o segurou.

— Estou ficando assustado. Mas pode falar, que eu não vou enlouquecer. Eu juro! — beijou os dedos indicadores para reafirmar o juramento.

— Quero que o senhor saiba que eu fiz isso por questão de vida ou morte, mas prometo concertar assim que o ano terminar! — garantiu Tori, soltando o braço — Cedrico, eu disse para umas amigas... ex-amigas que nós dois estamos namorando só para despistá-las! — conseguiu enfim contar.

— O quê? — os olhos de Cedrico quase saltaram do rosto — Por quê? Tori, espero que tenha um bom motivo para essa loucura. Nós mal nos falamos! — apertou as têmporas.

— Eu sei que é loucura, mas eu não podia contar a elas o que eu realmente estava escondendo. O senhor foi uma ótima desculpa porque elas sabiam que eu jamais ia sair contando que estou namorando, sabem que eu esconderia até onde der. Mas por favor, não surta. Só preciso que finja até a semana das provas finais, depois eu invento uma desculpa para nosso término. Por favor, Cedrico, por favor! — permitiu que seus olhos se enchessem de lágrimas para ajudar em convencê-lo.

Nervoso com a situação, Cedrico apoiou os cotovelos no parapeito da janela e deitou a cabeça nos braços. Ele ficou assim por alguns segundos, até ergue-lo outra vez e encarar a menina.

— Você é louca, Tori Evans! — concluiu, sério — Mas eu aceito mentir com você... Mas com uma condição! — falou rapidamente, fazendo a menina sorrir e parar de sorrir em segundos seguidos.

— Qual condição? — Tori levou a mão ao pulso outra vez e o apertou.

— Quero que me conte a verdade. Me conte o que estava escondendo das suas "amigas" e eu continuo sendo seu namorado pelo tempo que quiser! — pediu.

— Ei, que tipo de Lufano o senhor é? Fazendo chantagem com os outros... Que coisa mais feia! — brigou com ele, enquanto uma carranca enorme contorcia o rosto.

— É isso ou boa sorte para encontrar um novo namorado! — Cedrico se manteve firme.

— Que droga! — choramingou Tori — Mas tudo bem. Eu te conto... Aliás, eu te mostro. Sábado pouco antes do fim do jantar quero que o senhor me siga. Vou te mostrar meu segredo, mas preciso que não conte a ninguém. Se contar, vou ter que te prender e dar de comida aos vampiros da Floresta Proibida! — tentou fazer uma cara assustadora, mas soube que não deu certo quando o menino começou a rir.

— Tudo bem, vou confiar em você mesmo se sinto que não deveria. Sábado, após o jantar! — mexeu os ombros.

— Pode confiar, eu vou ser sincera. Me cansei de guardar esse segredo comigo. Sábado, não esquece! — ela repetiu o dia.

— Não vou esquecer, namorada. — Cedrico riu — Agora podemos ir para o café? Estou faminto! — pediu.

— Sim, mas vamos começar a fingir agora, certo? — nem esperou pela resposta e segurou o braço do menino.

— Ok, mas somos namorados e não comadres. Temos que andar de outra forma. — soltou seu braço e pegou a mão da menina, a segurando e entrelaçando os dedos — Bem assim. — explicou.

— Que coisa desconfortável... Espera, nem pense que eu vou te beijar, então não venha querer fingir tão direitinho assim! — fechou a expressão outra vez.

— Eu não vou fazer nada. Meus lábios serão exclusivos da pessoa que eu gostar e não é o seu caso, me desculpe! — ele a puxou para começar a andar.

— Também não gosto do senhor. Aliás, nem gosto de ninguém... — mentiu Tori, abaixando o olhar para os pés.

— Sei que está mentindo. Mas não se preocupe, que não vou exigir saber quem é. — avisou, sorrindo um pouco.

— Ainda bem, porque eu não ia contar mesmo! — riu.

— Sabia que estava mentindo! — Cedrico começou a rir dela, que ficou séria e de bico.

— Ah, que droga, Cedrico! — tentou manter a carranca, mas acabou rindo junto.

Conforme iam se aproximando da porta do Salão Principal, mais a barriga de Tori apertava. Não estava pronta para assumir as consequências de sua mentira e isso a estava deixando apavorada.

Um suspiro aliviado escapou de seus lábios quando ouviu uma voz conhecida chamar por ela. Ao se virar, ela soltou a mão de Cedrico e sorriu para o professor Bangles.

— Professor! — sorriu toda feliz.

— Olá, Victória, Cedrico... — sorriu para os dois alunos.

— Olá, professor Bangles. Eu vou indo para conversarem em paz. Tchau, bebê. — puxou uma mão da menina e depositou um beijo.

Tori abriu um sorriso meio esquisito, entre sorriso e careta de susto. Esperou o menino entrar no Salão, antes de começar a rir junto com o professor.

— Isso é tudo culpa sua. — apontou para a mão beijada — Cedrico virou meu disfarce das aulas de sábado. Enquanto acham que estou beijando na boca, estou beijando os livros! — voltou a rir.

— Alguém desconfia que seja mentira? Ele não desconfiou? — Bangles secou algumas lágrimas no canto dos olhos.

— Imagine... ele é meio distraído. Eu disse que precisava da ajuda dele e ele topou todo feliz. Lufanos amam ajudar, o senhor sabe... — colocou uma mecha do cabelo por trás da orelha.

— Isso é bom. Falta pouco para seu desafio final antes das provas. Confesso que vou sentir falta das nossas aulas, você se saiu muito bem até agora! — a elogiou — Está fazendo as pesquisas sobre Trasgos que eu te pedi, não é? — perguntou.

— Claro que estou. Só queria saber para quê estou pesquisando isso. Espera... Tem alguma coisa a ver com o desafio final? — Tori tocou as bochechas, chocada com aquela possibilidade.

— Não vou te colocar para morrer, não se preocupe. — Bangles sorriu todo misterioso.

— Caramba, o senhor é o melhor professor do mundo. Espero que continue aqui em Hogwarts até meu último ano! — o elogiou toda animada.

— Não sei, talvez...  — assentiu e ficou com o olhar vago por alguns segundos.

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Notas finais do capítulo

❝| Assim como a Rita Orance, a Jeniffer e Peter MacMillan pertencem à @PaulaHydraMello , a autora da saga fanfic As Garotas Malfoy , que eu super recomendo que vocês leiam. Mais uma vez créditos para essa maravilhosa, que me serviu de inspiração quando eu resolvi criar a minha fanfic. A Hydra Malfoy me inspirou muito, assim como me marcou. Sempre vou ser grata à Paulinha.❤ |❞