A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 27
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Capítulo Vinte e Sete
A Casa dos Gritos.

Logo após ser revelado a todos que o Mapa do Maroto havia sumido, o clima na Sala Comunal da Grifinória era de velório entre Tori e os amigos. Todos encaravam as paredes, muito entediados ou irritados, enquanto ela chorava se sentindo muito culpada e Lino dava tapinhas de consolo nas costas dela.

— É tudo culpa minha... — choramingou pela milésima vez.

— Dumbledore tem que saber que tem um ladrão aqui em Hogwarts e pegar o responsável! — grunhiu Angelina.

— Ah, claro. E com isso vai saber do Mapa do Maroto também. Muito inteligente isso! — ironizou Fred, que estava sentado no braço da poltrona onde Rita estava.

— Alguma ideia melhor, espertão? — rebateu ela.

— Bom, não... — encolheu os ombros.

— Então fique na sua, seu bobo! — acertou uns tapinhas nele, que se esquivou e riu.

Depois de um tempo calada, Tori se levantou rapidamente e arrumou seu cachecol. Seguiu em silêncio até a saída da Comunal sem nada dizer, enquanto secava o rosto com as mangas do suéter.

Ao lado de fora, saiu caminhando sem rumo certo pelo Castelo. Passou por corredores, para só então seguir para as escadas.

Mas pouco antes de chegar, ouviu passos correndo em sua direção. E ao se virar viu Fred, Jorge e Lino muito ofegantes.

— Não temos tempo para explicar agora, só ande discretamente! — foi Fred quem falou.

Tori obedeceu e seguiu os amigos, que iniciaram um assunto aleatório entre eles para disfarçar. Fred ficou um pouco mais atrás com a menina, em silêncio. 

Mesmo insegura do que eles iriam aprontar e envolvê-la, Tori seguiu os três até se aproximarem dos terrenos de Hogwarts, onde ela parou e cruzou os braços.

— Não acredito que vão deixar as meninas para trás! — resmungou, enquanto batia um pé no chão.

— Ninguém manda elas estarem meses com a gente e ainda serem lerdas. Falamos que íamos ao banheiro, OS TRÊS, e elas acreditaram. Você não teria acreditado, porque sabe que nós três não prestamos! — Jorge debochou.

— Ei, fale por você, porque eu presto sim, seu tonto! — se defendeu Lino, enquanto dava um soquinho nas costelas do amigo, que retribuiu.

— Acho que não deveriam subestimar as meninas. Talvez elas estejam quase chegando aqui! — Tori revirou os olhos para a lutinha boba dos dois.

Depois, olhou para trás enquanto procurava por alguma aproximação, qualquer uma. Mas não havia nada além do silêncio e dos três por ali.

— Sei. — Jorge desacreditou.

— Vamos logo, antes que alguém que não seja nenhuma delas apareça e estrague tudo! — incentivou Lino, onde todos concordaram com ele.

Todos voltaram a caminhar rumo ao Salgueiro Lutador, que já estava próximo, com Tori e Lino conversando e brincando um pouco mais atrás e os irmãos na frente.

Algum tempo depois, Fred surgiu entre os dois e os abraçou de lado, simulando que iria soltar todo seu peso.

— Frederico, seu folgado! — Tori o empurrou e apressou os passos, indo para perto de Jorge.

Ouviu os dois amigos brincando de lutinha logo atrás, onde podia ouvir o esforço deles em socar um ao outro e em não serem derrubados. Tori apenas revirou os olhos para a situação e riu junto com Jorge, que se envolveu na brincadeira um tempo depois.

Assim que chegaram nas proximidades do Salgueiro Lutador, todos pararam e ficaram o encarando, onde parecia ser apenas mais uma árvore inofensiva.

— Você se lembra do feitiço, não é? Porque eu é que não quero apanhar dessa coisa de novo! — estremeceu Fred, enquanto se escondia atrás do ombro da menina.

— Ah, me dê licença, bando de marmanjos que só tem tamanho! — abriu os braços para que eles fossem para trás, depois puxou a varinha do esconderijo e deu alguns passos para frente.

— Cuidado, Tori! — Lino pediu, alarmado.

A menina parou alguns centímetros longe do Salgueiro, que começou a mover discretamente um de seus muitos galhos. Ela estendeu o braço com a varinha e o encarou com determinação.

— Immobulus!  — atacou.

Imediatamente o Salgueiro ficou paralisado, tanto quanto ficou diante da professora Sprout. Por sorte o feitiço havia funcionado com algo maior, quando a menina apenas havia treinado com plantas-carnívoras.

— O que estão esperando, seus maricas? — abriu um enorme sorriso presunçoso e começou a caminhar em direção ao buraco entre as raízes — E cuidado aqui, pois é uma descida bem escorregadia! — avisou enquanto guardava sua varinha outra vez.

Assim como da primeira vez, Tori escorregou pelo buraco e caiu no túnel lá embaixo, mas com a diferença do impacto ser menor por já esperar pela queda. Mas isso durou pouco, quando Fred desceu escorregando muito rápido e caiu em cima dela, sendo seguido por Jorge e Lino.

— Sai, bando de retardados. Nós estamos matando a Tori! — ele gritou, enquanto fazia força para tirar os outros dois de cima de si.

Assim que caíram para o lado, eles se moveram rápido para ficar de pé e verificar se a amiga estava bem. Um de cada lado, eles a puxaram pelos braços até coloca-la de pé.

— Tori, fale alguma coisa! — suplicou Jorge, enquanto analisava o corpo que tinha dificuldade de ficar de pé sozinho.

O silêncio permaneceu por alguns segundos, enquanto os três meninos trocavam olhares apavorados. Até que um riso foi ouvido, primeiro baixinho, para se tornar bem alto logo depois.

— Caramba, nós somos muito tontos quando estamos juntos! — continuou a rir.

Os meninos acabaram rindo também, enquanto a soltavam ao ver que estava bem.

— E acho que deveriam diminuir um pouco as tortinhas de abóbora, pois estão bem pesados para corpos de apenas 11 anos de idade! — ela avisou e passou a andar sozinha enquanto tocava o abdômen que havia sofrido todo o peso.

Com Tori à frente, os amigos seguiram túnel à dentro. Foi ela também que usou Lumus para iluminar o caminho e impedir alguém de se machucar ou algo do tipo.

Assim que chegaram na entrada para a casa, Tori parou e encarou os três.

— Preparem as varinhas, por via das dúvidas. O estrago é grande pelos cômodos, então não sabemos o que pode ter feito isso tudo! — disse enquanto respirava fundo e começava a subir devagar pela entrada.

Primeiro Tori colocou a cabeça e espiou em volta, antes de colocar parte do corpo e dar impulso para se sentar no piso da casa. Jorge veio logo em seguida, sendo seguido por Lino e Fred. Os quatro ficaram de pé ao mesmo tempo, onde olharam em volta a procura de algo ou alguém.

— Por aqui a barra está limpa! — sussurrou Lino, que parecia aliviado.

— Vamos para o próximo cômodo. Mas tomem cuidado onde pisam, o chão não está confiável! — a menina pediu e deu os primeiros passos para sair dali.

Assim como da outra vez, Tori foi para as escadas e começou a subir degrau por degrau com excesso de cuidado. O chão rangia conforme ela ia subindo.

Barulho maior aconteceu quando algo pulou na escada e pareceu estremecer a casa toda. Imediatamente Tori se virou pronta para atacar, enquanto Jorge e Lino, que vinham logo atrás, faziam a mesma coisa.

Mas era só o Fred que havia pulado de propósito em um degrau. Ele começou a rir muito enquanto se encostava no corrimão e segurava a barriga.

— Eu só... estava testando... se todo... esse cuidado... era... necessário... — explicou enquanto relutava contra o riso — Tinham que ver suas caras de tontos! — respirou fundo e começou a rir de novo.

— Brincadeira sem graça alguma, quase me matou do coração! — Tori revirou os olhos e começou a subir o restante dos degraus sem o extremo cuidado de antes.

— Mas eu ajudei. De uma forma engraçada, ainda por cima! — argumentou e continuou a rir.

Os quatro amigos subiram os últimos degraus e chegaram no segundo andar, onde Tori os guiou até o mesmo cômodo que havia entrado da outra vez.

— Realmente, alguém muito nervosinho esteve aqui por algum tempo! — Jorge falou, enquanto tocava o papel de parede rasgado.

— Foi aqui que eu encontrei o diário. — Tori se aproximou da cômoda partida ao meio.

— Você deveria ver se encontra mais alguma coisa. Aquele dia nem pensou nessa possibilidade. — sugeriu Fred, indo para perto da amiga.

— Eu só fiquei com medo. Como eu ia saber se a casa estava mesmo vazia? Eu estava sozinha e não estava afim de morrer! — deu de ombros.

Fred foi para a parte caída da cômodo e a moveu do lugar, a arrastando para um canto oposto. Antes de seguir para a outra parte, ele vasculhou aquela até crer que não havia nada ali.

— Melhor derrubar essa outra parte ou ela pode cair em cima dos dois! — Jorge se aproximou e empurrou com o pé a outra parte da cômoda.

Como o esperado, ela caiu e fez um enorme estrondo no chão. Tori se afastou um pouquinho, temendo que o chão pudesse se quebrar a qualquer momento.

Mas nada aconteceu.

— Pessoal, venham até aqui! — Lino, que estava perto da janela, os chamou.

Os outros três seguiram para perto do amigo, que os pediu para olhar além da pequena fresta da janela fechada por madeiras.

— É impressão minha ou ali é Hogsmeade? — perguntou, curioso.

— Sim! — os dois irmãos falaram ao mesmo tempo.

— Genial! Podemos escapulir para lá quando quisermos agora! — comemorou Jorge.

— Ah, claro, vão acreditar tanto que nós temos treze anos. Principalmente eu, que passo até por quinze numa boa! — ironizou Tori, enquanto ria daquela ideia doida do amigo.

— Se ali é Hogsmeade e essa casa parece estar isolada, nós só podemos estar... — Fred pensou alto enquanto coçava o queixo — A Cada dos Gritos! — gritou, alarmado.

O amigo e o irmão trocaram olhares assustados e simultaneamente pegaram suas varinhas outra vez.

— Casa dos Gritos? O que isso significa? Não estou ouvindo ninguém gritar, oras! — Tori quis saber.

— Rolou uma história por Hogwarts anos atrás, onde foi confirmada por várias pessoas, que essa casa é mal assombrada. Certas noites é possível ouvir gritos, uivos e barulhos assustadores. O próprio Dumbledore confirmou tudo isso! — explicou Lino, enquanto ia até Tori e a puxava pelo pulso — Melhor irmos embora, enquanto temos chance! — avisou.

— Deixem de ser bobos. Não tem ninguém aqui agora e está longe de anoitecer! — Tori livrou seu braço.

— Acho que nós deverí... — o menino insistiu, mas foi interrompido no meio de sua frase.

Um forte barulho vindo do andar inferior fez com que os quatro ficassem paralisados no lugar, paralisados de surpresa e um pavor crescente.

Mesmo com os braços tremendo, os dois irmãos foram os primeiros a erguer suas varinhas e andarem de costas até chegar perto dos dois amigos. Lino e Tori se armaram alguns segundos depois, todos com dificuldade em parar de tremer.

— Se eu morrer, lembrem-se que amo vocês! — disse Fred, enquanto engolia em seco.

— Não fale bobagens, Frederico! — Tori o advertiu.

O barulho começou a se mover rapidamente para aquele cômodo, obrigando os quatro amigos a se prepararem para atacar a qualquer momento. Até que tudo ficou silencioso outra vez, seguindo assim por longos e irritantes minutos.

— Eu acho que não é nada, afinal! — Tori abaixou a varinha e caminhou até a porta.

Quando estava perto de chegar até lá, algo que parecia um manto preto pulou em sua frente enquanto gritava muito. Com o susto, a menina caiu sentada e sua varinha escapou de sua mão. Os três amigos também gritaram muito.

Mas nenhum ataque aconteceu logo em seguida. Foram risos vindo da coisa, que logo começou a se mover para cima até revelar três rostos conhecidos.

— Pegamos vocês! — Alicia, Angelina e Rita falaram juntas, enquanto caíam na risada outra vez.

— Isso é para aprenderem a não fazer coisas escondidas de nós três! — avisou Angelina, enquanto ia para perto de Tori e a ajudava a se levantar.

— Nem foi grande coisa! — Jorge deu de ombros, indiferente.

— Ah, foi sim! — Lino o corrigiu — Você gritou feito uma menina no meu ouvido! — começou a rir também e tomou um soquinho nas costas.

— Eu avisei para eles não subestimarem as senhoras, mas não quiseram acreditar em mim! — Tori falou e foi apanhar sua varinha em um canto do cômodo.

— Eu gostei disso e confesso que fiquei bem surpreso que vocês também tem um jeito maroto de ser! — Fred elogiou, sorrindo para todas elas até parar em Rita, onde ele deu uma piscadinha.

A menina sorriu toda boba. Tori e Jorge se encararam logo depois de presenciar isso e fizeram caretas de nojinho, depois caíram na risada.

— E então, o que perdemos? — Alicia perguntou, enquanto andava pelo cômodo e observava seus detalhes.

— Descobrimos que estamos na Casa dos Gritos! — resumiu Jorge.

— Mas isso é genial. Podemos até ir para Hogsmeade antes do terceiro ano! — comemorou Angelina, indo para perto da janela.

— Foi a mesma coisa que sugeri! — o menino sorriu animado.

— Vocês tentaram fazer um Dementador com isso? — Lino parou perto do manto preto que as meninas usaram para assustá-los.

— Sim. — Rita respondeu — Eu sei, ficou péssimo. Mas parece que mesmo assim o resultado foi bom! — riu.

— E o que mais tem aqui além desse quarto todo estragado? — Angelina se virou para os amigos e cruzou os braços.

— Não sabemos. Só viemos até aqui e não tivemos tempo de olhar mais nada. Na verdade íamos revirar esse resto de cômoda de onde encontrei o diário, para ver se tem mais alguma coisa interessante. — Tori apontou para a cômoda.

— Eu posso ajudar, enquanto os outros vão explorar o resto da casa. — Lino se ofereceu.

— Eu já estava fazendo isso, senhor Jordan! — reclamou Fred.

— Mas agora o senhor vai fazer outra coisa, Fred. Pode ir, que o Lino é tão forte quanto o senhor! — a menina se intrometeu e puxou o citado para perto da cômoda.

— Tudo bem! — revirou os olhos e saiu do cômodo acompanhado de Rita, Angelina e Jorge.

— Me ajude aqui, Lee. — pediu, enquanto se abaixava perto de uma das gavetas.

O menino assentiu e foi para perto da amiga, segurando em um lado da gaveta enquanto ela segurava do outro. Em sincronia, os dois puxaram e derrubaram a gaveta no chão, assim como tudo o que havia dentro.

Era algumas peças de roupas, todas do sexo masculino. Tudo o que havia naquela gaveta se resumia a isso.

— Podemos dizer então que o "A.R.L." é um homem? — sugeriu Lino.

— Talvez. Quem garante que seja uma única pessoa? — supôs Tori, tocando agora na próxima gaveta.

Novamente, os dois puxaram a gaveta em equipe, agora não encontrando nada além do vazio. Insistiram em mais uma, tendo o mesmo resultado até chegar na última. Eles puxaram e encontraram um buraco quadrado, onde parecia caber direitinho um diário.

— Estou ficando doida ou aí tem um bilhete escrito meu nome? — Tori se ajoelhou e rugas de dúvida contorceram sua testa.

— Sim. — concordou e pegou o bilhete, o entregando para a amiga.

— Tudo bem... — ela pegou e o abriu rapidamente, lendo a única frase ali presente.

SUA ORIGEM NÃO É EXATAMENTE COMO TODOS TE FAZEM PENSAR SER.

O bilhete se destruiu sozinho assim que foi lido.

Chocada, Tori se permitiu sentar no chão e cruzou as pernas, enquanto apertada suas têmporas e suspirava pesado.

— O que foi? — se preocupou Lino, enquanto engatinhava para perto da menina.

— Outro bilhete do mesmo que eu já havia recebido antes... Mais mistérios! — passou as mãos pelo rosto — Estou me cansando desse joguinho, Lee! — confessou.

— Fale com o Dumbledore, até porque ele conheceu seus pais então vai saber explicar tudo. — disse, enquanto segurava as as duas mãos trêmulas dela.

— Nossa, como eu pude me esquecer disso? — falou consigo mesma — Lino, tem uma coisa que eu já deveria ter contado, mas acabei esquecendo. — soltou uma de suas mãos e passou pelo cabelo.

— Pode falar, Tori, que estou ouvindo. — o menino esperou.

— O Dumbledore é meu padrinho. Mas, por favor, me prometa não espalhar isso. É segredo entre eu, ele e as pessoas que confio. O senhor é uma delas! — sorriu e apertou uma bochecha dele.

— Nossa! E, nossa, fico tão feliz em saber que sou uma das pessoas que você confia. Obrigada! — o sorriso dele quase chegou na testa — Tori, eu acho que vou fazer uma coisa que posso acabar apanhando depois, mas... — colocou o peso do corpo nos joelhos e foi se aproximando.

Tori arregalou os olhos diante do que supôs que o amigo tentaria fazer e afastou o corpo muito rápido para trás, enquanto gritava alto e fazia Lino cair de barriga no chão.

— Lino Jordan, o que pensa que está fazendo? — gritou, enquanto se levantava e arrumava seu cachecol.

— Tori, eu... — tentou se explicar, mas foi interrompido.

— Não. Eu sempre falei que não quero saber dessas coisas. Então não e, uh, não mesmo! — bateu o pé no chão e marchou muito irritada em direção à porta.

Fred, Jorge, Rita e Angelina surgiram ali apressados, com a expressão preocupada e as varinhas em mãos.

— O que houve? Ouvimos Tori gritar! — perguntou Fred, entrando no cômodo e olhando rapidamente em volta — E por quê está no chão, Lino? — reparou no amigo.

— Nada! — Tori respondeu — Eu que sou estérica, não aconteceu nada! — fungou e passou muito rápido pela porta.

— Onde você vai, doida? — Jorge perguntou enquanto via a menina descer a escada apressada.

Tori não respondeu, simplesmente saiu muito rápido dali deixando os amigos com milhões de interrogações.

◾ ◾ ◾

Quando enfim parou de correr, Tori estava no corredor que levava ao banheiro da Murta. Parou um pouco para descansar, enquanto apoiava as mãos nos joelhos, chorava e resmungava ao mesmo tempo.

— Tori, o que aconteceu? Eu te vi correndo nesse estado e tive que te seguir. Aconteceu alguma coisa? — Olívio apareceu pouco tempo depois.

— Não aconteceu nada. — respirou fundo e começou a secar o rosto.

— Não parece... — duvidou, parando um pouco mais perto da amiga.

— Olívio, não estou precisando da sua proteção agora... Eu sou ridícula e não mereço isso! — mesmo depois de secar todo o rosto, Tori voltou a chorar.

— Quer me contar? — Olívio ficou em uma distância segura.

— Um menino tentou me beijar, um menino que é muito especial para mim, mas não deu. Eu não gosto dessas coisas, eu... e-eu acho que tenho medo disso. Ah... eu sou muito ridícula. O Chapéu Seletor colocou uma covarde na Grifinória! — afundou o rosto nas mãos enquanto soluçava entre o choro.

— Ei, pare com isso. Sua reação foi totalmente normal. Nem todo mundo nasceu pronto para um passo tão grande como esse. Você não é um alienígena, Tori, se é o que pensa! — o garoto a consolou, dando alguns tapinhas nas costas — Me conte quem foi, que eu vou lá dar um cascudos nele se isso te fizer ficar bem... — riu discretamente.

— Olívio! — Tori tirou as mãos do rosto e o encarou com repreensão.

— Estou brincando! — ergueu as mãos em rendição e riu — Ei, está disponível para me ouvir agora? É sobre aquilo que eu disse que justificava minha super proteção. — perguntou e ficou sério.

— Tudo bem. Eu preciso mesmo esquecer isso que aconteceu. — a menina assentiu e secou o rosto com as mangas do suéter.

— Vamos para outro lugar, pode ser? — o garoto falou, enquanto se virava para começar a andar.

— Sim, pode sim! — concordou e o seguiu.

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Notas finais do capítulo

❝| O que acharam da reação da Tori ao quase ser beijada?
Nessa situação eu me inspirei em minhas experiências de "quase beijo", onde eu tinha a mesma reação que ela e corria maratonas só pra fugir do menino. Juntava o pavor de não saber fazer direito e o menino reclamar depois, o pavor de não ter certeza alguma que aquele menino é o certo pra ter a honra de ser seu primeiro, além de não ter pressa alguma de perder o título de "BV".
Foi uma fase horrível pra mim até acabar acontecendo.
Vários garotos passaram raiva comigo porque eu dizia gostar dele, mas não dava o que eles diziam ser "prova", que é o beijo. Mas isso só me mostrava que nenhum deles realmente mereceu e eu não perdi nada.
Até que aconteceu com alguém que eu gostava de verdade, isso com meus 17 anos quase terminando o Ensino Médio, e esse mesmo garoto virou meu primeiro namorado, rendendo uma relação de quase quatro anos e um término amigável, diferente de outros casais que terminam em pé de guerra. kkkk Esperar valeu a pena, ser tão tonta quanto a Tori também valeu.❤ |❞