A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 24
1x24




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766825/chapter/24

Capítulo Vinte e Quatro
Segredos.

No dia seguinte, Tori seguiu muito sonolenta para a primeira aula do dia. Havia pulado o café para dormir mais um pouco, poupando tempo até mesmo em seu típico penteado. Os cabelos estavam totalmente soltos e ultrapassavam a cintura no cumprimento.

Assim que chegou na sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas onde Grifinória dividiria com a Lufa-Lufa, que no momento estava vazia, ela sentou no mesmo lugar de sempre — na penúltima mesa do fundo, da fileira próxima à parede — e encostou a testa na mesa. Era provável que iria dormir logo, se alguém não tivesse sentado ao seu lado logo depois e a cutucado no braço.

Erguendo o rosto brevemente, viu Fred com o olhar meio perdido e uma expressão de cão sem dono. Tori acabou desviando o olhar disso e voltou a deitar a cabeça.

— Preciso muito falar com você, Tori. — Fred praticamente suplicou.

— Não tenho tempo agora. — a menina negou, enquanto erguia a cabeça e mexia em seu material.

— Mas você não está fazendo nada! — observou.

— Agora estou... — assentiu em direção a porta, por onde Snape entrou apressado — Sala errada, professor? — ela perguntou, mas foi ignorada.

A mesma confusão em vê-lo ali aconteceu conforme os alunos foram adentrando a sala, onde esperavam ver o professor Bangles e não a cara azeda do professor Snape logo cedo.

Jorge e Lino foram os últimos a entrar, indo Jorge se sentar ao lado do irmão e Lino ao lado da amiga. Angelina, Alicia e Rita se sentavam na fileira ao lado, uma atrás da outra.

— O que ele está fazendo aqui? — Lino sussurrou para Tori.

— Eu fiz exatamente essa pergunta, mas ele me ignorou, para variar! — ela respondeu, dando de ombros logo depois.

— Silêncio! — Snape ordenou — O professor Bangles teve um chamado no Ministério e teve que sair. Eu estou aqui para substituí-lo por hoje. Sem mais delongas, abram o livro na página três. — explicou rapidamente.

O único som da sala se tornou o movimento das páginas do livro sendo passadas a procura da indicada. Logo depois, cochichos foram ouvidos e um encarando o outro com a expressão de dúvida. Tori foi a única a ter audácia de expor suas dúvidas.

— Professor, por que capítulo um? Nós já estávamos no onze! — perguntou.

— Nunca pode obedecer sem questionar, Evans? — Snape lançou um olhar desagradável para a aluna.

— Mas professor, todo mundo... — tentou explicar, mas foi interrompida.

— Silêncio! — rosnou o professor — A aula de hoje é de onde vocês deveriam ter começado, mas o professor Bangles achou ser tolice e resolveu começar por coisas mais avançadas. A propósito, podem ir se acostumando! — se levantou de sua mesa e mexeu em alguns pergaminhos.

Dali em diante, ninguém além de Snape ousou falar. A aula foi silenciosa e chata, como não era em muitos meses.

◾ ◾ ◾

Após mais algumas aulas, o horário do almoço chegou. Diferente dos outros dias, Tori saiu muito apressada direto para o Salão, pois não jantar e nem tomar café da manhã já causavam efeitos e sua barriga fazia muito barulho.

Chegando no Salão Principal, a menina foi para a mesa da Grifinória, que ainda não estava cheia, se sentou e ficou batendo os dedos na mesa de forma nervosa e impaciente. Parou apenas quando sua primeira companhia chegou.

— Tori, o que houve? Você está meio abatida, com olheiras... — Rita se sentou à sua frente na mesa.

— Não consegui dormir, só isso. — respondeu, se encará-la direito.

— Algum problema em especial? — a menina insistiu, aparentemente preocupada.

— Não. — Tori girou o olhar pelo salão, impaciente.

— Não? Ou você não quer contar? — soltou um risinho divertido — Anda... aproveite que sou só eu aqui. Angelina e Alicia não chegaram ainda para te irritar com piadinhas! — pediu.

— Acho que a segunda opção é a mais verdadeira. Mais alguma pergunta? — respondeu um pouco irritada.

— Nossa, e está irritada também. A coisa é séria mesmo! — concluiu Rita, sorrindo um pouco sem graça e colocando uma mecha do cabelo por trás da orelha.

— A senhora não me viu irritada ainda, Rita. — resmungou Tori — Com licença! — deu um soquinho na mesa e se levantou.

— Não vai comer nada? — Rita ainda insistiu, preocupada.

Sua única resposta foi um dar de ombros, e então Tori sumiu porta à fora do Salão.

Estava com fome, mas um novo mistério a rondando estava a deixando inquieta o suficiente para não conseguir ficar parada esperando. Estava cansada, mas seu pensamento estava tão acelerado que mesmo matando aula, o que jamais ousou fazer, conseguiria melhorar.

Tori decidiu então ir para a sala de História da Magia, onde seria sua próxima aula com a turma da Corvinal. Estava seguindo para lá, mesmo sendo tão cedo, quando alguém surgiu como um vulto em seu caminho, a assustando a ponto de dar um pulo para trás.

— Olá, Victória. Posso falar com você em particular? — era o professor Bangles, que parecia tão acelerado quanto sua aluna.

— Professor Bangles? Pensei que ficaria fora o dia todo! — estranhou, mas acabou sorrindo toda simpática — Bom, pode sim falar comigo, só espero que não sejam problemas. Cansei deles, sabe? Enfim, pode falar! — pediu.

— Eu fui resolver só umas coisinhas, nada tão demorado... — explicou.

— Está tudo bem? — Tori percebeu que ele parecia um pouco abatido, provavelmente menos do que ela.

— Sim, só não vou mais poder dar aulas práticas pelos próximos meses... E é por isso que te procurei! — Bangles conseguiu sorrir.

— Lamento por isso, professor, suas aulas eram as melhores. Mas... o que eu tenho a ver com isso? Te prejudiquei em alguma coisa? Ah, meu Deus, isso foi por causa daquela aula da Queimada-Bruxa? Eu sinto muito, eu... — ela se agitou, mas acabou sendo interrompida.

— Se acalme, você não teve culpa de nada, eu que me empolguei e adiantei algumas matérias que vocês deveriam ver só daqui uns anos! — o professor riu — Eu vim propor que você continue tendo aulas práticas comigo! — revelou.

— Mas o senhor não foi proibido? — estranhou Tori, arqueando as duas sobrancelhas.

— Ninguém saberia, seria um segredo nosso. Olha, Victória, eu não iria propor isso se eu não tivesse visto grande potencial em Defesa Contra as Artes das Trevas em você! — elogiou Bangles, tocando de leve o ombro da menina.

— Isso é tão errado... Tem certeza que não vou me encrencar? — ela cochichou e olhou entre os ombros como se alguém fosse aparecer ali.

— Sim, confie em mim. Mas caso não queira, eu procuro minha outra opção de discípulo sem problemas... — deu de ombros.

— Eu quero! — Tori respondeu rapidamente — Sabe... por mais que seja errado, tenho que ser boa o suficiente para proteger meu irmão quando ele precisar. Ou proteger meus amigos para quando Voldemort voltar. Não quero o mesmo fim para eles que meus pais tiveram... — suspirou.

— Quem te disse que ele vai voltar? — estranhou Bangles, mudando sua expressão de repente.

— Todo mundo acha isso, professor. Comigo não é diferente. Minha tia dizia que vaso ruim não quebra! — ficou muito séria diante daquele fato.

— Então você aceita mesmo? — o professor sorriu para quebrar o gelo ali instalado de repente.

— Sim. — a menina conseguiu retribuir.

— Ok. Nos encontramos no sábado após o jantar, na Torre de Astronomia. Consegue chegar lá sem problemas? — avisou.

— Acredito que sim. Ah, vou esperar ansiosamente, professor! — a empolgação de Tori voltou e ela até deu um pulinho.

— Não se esqueça, Victória, isso é segredo nosso e só nosso! — deixou isso bem claro pouco antes de se virar para sair dali.

— Pode deixar! — concordou imediatamente.

Depois de ver o professor se afastar para um corredor oposto, Tori seguiu seu caminho e entrou na sala de sua próxima aula. Ainda estava sonolenta, então foi para seu lugar no fundo da sala, se acomodou e deitou a cabeça na mesa.

Sua paz não durou muito, quando alguém entrou apressado na sala, o som dos passos indo direto para onde ela estava. Curiosa, a menina ergueu a cabeça para ver quem era. Vendo que era Fred outra vez, voltou a se deitar.

— Victória, você não pode ficar sem falar comigo! — Fred chacoalhou o braço da menina, a obrigando a erguer o corpo outra vez — Eu estou precisando da minha melhor amiga, poxa... — suplicou.

— Tudo bem... — Tori concordou, soltando seu braço e esfregando os olhos cansados.

— Eu estava bem seguindo a minha promessa, mas aí todos foram passar o Natal lá em casa, inclusive a Rita. Ela é uma menina muito legal, você sabe, e eu fiquei com medo de magoar os sentimentos dela e depois vocês, meninas, me massacrar. Então nos beijamos, beijo que não durou nem cinco segundos! — desabafou, sem dar pausas.

— Fred, me poupe dos detalhes. — pediu, achando graça no desespero do menino.

— Desculpe... Enfim, aconteceu isso aí e agora nos consideram casados. Eu estou ferrado. Não quero nada com ela, eu concordo com o que você disse que não temos idade, mas não sei como resolver isso. Ela é legal, não sei o que fazer! — apertou os próprios cabelos em um tique nervoso.

Tori soltou um risinho diante daquilo. Depois, tirou as mãos do amigo dos cabelos e as segurou.

— Acho que deveria dar uma chance à ela. Pelo menos para andarem mais juntos e então quando tiverem idade, quem sabe daqui uns meses, vocês tentam de novo. A Rita é uma menina maravilhosa, o senhor vai gostar muito dela se der uma chance. Se eu estiver errada, depois você pode brigar comigo! — o aconselhou.

— Não sei... — ponderou Fred.

— Tenta, pelo menos. Se não der certo, seja sincero com ela. Algumas garotas gostam de sinceridade. Talvez seja o caso da Rita, porque seria o meu... — deu dois tapinhas nas mãos do amigo e recolheu suas mãos.

Os alunos começaram a chegar, se acomodando em seus lugares e se preparando para tirar um cochilo.

— Por que está com essa cara de acabada? — perguntou Fred, enquanto se levantava e ia para seu lugar, na mesa atrás da menina.

— Obrigada pela sinceridade... — Tori riu e esfregou os olhos outra vez — Um novo motivo me tirou o sono durante toda noite. — respondeu.

— Qual motivo? — o amigo quis saber.

— Recebi um bilhete anônimo que dizia "Dumbledore não está te contando tudo". Estranho, não é? Agora quero saber quem enviou o bilhete e o que o senhor Dumbledore está escondendo. Não sei como vou fazer isso, mas tudo bem... — suspirou e virou para frente, para organizar seu material sobre a mesa.

— Sei que não é novidade para você, mas... conte comigo! — deu seu apoio e apertou de leve o ombro da amiga, que sorriu.

— Obrigada, Frederico! — agradeceu.

O professor Binns entrou flutuando na sala, enquanto os últimos alunos entravam também. Fred chegou apressado e se sentou ao lado do irmão, enquanto Lino se sentou ao lado de Tori.

A aula mais tediosa na opinião de todos os alunos começou, com o professor falando na mesma monotonia de sempre.

◾ ◾ ◾

Com o fim das aulas, Tori pegou suas coisas e saiu apressada da sala de sua última aula. Seguiu direto para a Comunal da Grifinória, disposta a ir para seu dormitório e tentar dormir um pouco.

— Senha? — a mulher do quadro perguntou.

— Cabeça de Rabicurto! — Tori respondeu, apressada.

Em seguida a entrada para a Comunal surgiu, por onde a menina entrou apressada e foi direto em direção a escada do dormitório das meninas. Mas a presença de alguém na sala chamou sua atenção e ela desceu todos os degraus que já havia subido.

— Rita, posso falar com a senhora? — foi de mansinho até a menina.

— Está mais calma agora? — Rita perguntou, um pouco insegura.

— Sim... — Tori corou.

— Então pode. — fechou o livro que estava lendo e se virou para dar total atenção.

— Poxa, me desculpa pela forma que te tratei mais cedo. Eu estava exausta, com dor de cabeça, preocupada e muito, muito pensativa. Acabei explodindo com a pessoa errada. Me perdoe? — pediu, enquanto se sentava ao lado da menina no tapete.

— Claro que sim, mas... Quer desabafar? Mais uma vez estamos sozinhas. — ofereceu sua ajuda e olhou em volta da comunal.

Haviam poucos alunos ali, mas cada um focado em livros ou conversas paralelas.

— Tudo bem, isso pode ajudar... Eu recebi um bilhete estranho ontem que dizia que Dumbledore não está me contando tudo. Mas nem sequer tive tempo de memorizar direito a caligrafia, porque o bilhete se destruiu sozinho logo depois! — suspirou pesadamente e apertou sua têmpora.

— E o que ele te contou até agora? Para não estar contando tudo, deve ter começado a contar algo... — concluiu Rita.

— Dumbledore é meu padrinho. — Tori sussurrou no ouvido dela.

— DUMBLEDORE O QUÊ? — a menina surtou, muito surpresa com o que havia ouvido.

— Shh... Pelo amor de Deus, isso é segredo por enquanto! — apertou a mão na boca dela, a impedindo de continuar a gritar — Só quero contar para as pessoas que confio. Dumbledore disse que pode ser acusado de me favorecer caso todos saibam... Então por favor, não conte para ninguém. Deixe que eu conto no meu tempo! — só então afastou sua mão.

— Pode deixar. Enquanto ao seu mistério, pode contar comigo se precisar de ajuda. — Rita falou sussurrando.

— Acho que não vai adiantar. Seja lá quem for, parece que só me quer envolvida, não quer mais ninguém! — suspirou Tori, voltando a apertar sua têmpora.

— De qualquer forma eu estou aqui. Quando estiver com insônia, pode me jogar um travesseiro, que eu fico um tempo acordada com você. — sorriu.

— Obrigada, Rita. É tão bom saber que nem toda Rita é boboca como a Skeeter! — riu e a puxou para um abraço apertado.

As duas ficaram assim até Tori sentir um leve puxão de cabelo.

— Minha mão prendeu em seu cabelo. Brigou com a escova hoje, Tori? — Rita começou a rir.

— Eu não arrumei como de costume, poupei todo o tempo para tirar um cochilo. Hum... Quer arrumar para mim? — riu junto com a amiga ergueu uma mecha, logo a deixando cair bagunçada na frente do rosto.

— Claro. Vamos! — Rita se levantou num pulo e estendeu a mão para ajudar a amiga a se levantar.

Tori aceitou a ajuda e as duas correram para o dormitório das meninas.

Enquanto Tori arrastava seu malão para o centro do quarto e se sentava, Rita foi até suas coisas e pegou uma espécie de necessaire. Ela a abriu e pegou uma escova, colocando sua bolsinha na beira da cama e se virando para dar um jeito no cabelo da amiga.

— E então... o Fred falou com a senhora? — Tori puxou assunto, enquanto sentia a escova passar por seus fios rebeldes.

— Não, desde o Natal não nos falamos direito. Nunca pensei que aquele Fred bagunceiro e mestre em detenções que eu conheci, no fim fosse uma pessoa tímida! — ela riu.

— Dê um tempo a ele. Meninos são estranhos assim mesmo... Harry já ficou dias sem falar comigo, depois voltou a falar de repente, como se nada tivesse acontecido! — riu e sentiu os olhos lacrimejando.

— Você sente falta dele, não é? — Rita parou de pentear e foi até a frente da amiga.

— Muito. Eu tento disfarçar na maior parte do tempo, mas eu morro de saudades... E preocupação também. Meu Deus, eu nem sei se meus tios estão cuidando dele direito. Eu nem escrevi para o Akin para saber. Ah, sua burra! Burra! Como pude me esquecer disso? Argh! — se levantou do malão com lágrimas de raiva molhando seu rosto.

— Não fique assim, Tori, você não teve culpa. Teve tantos problemas desde quando chegou, que acabou se esquecendo. Você não esqueceu porque é ruim, não foi isso! — Rita tentou consolar a menina, que agora havia aberto o malão e o revirava.

— Ainda assim, tenho que escrever. Vou escrever e hoje mesmo vou pedir para a Kiki levar! — tirou um pedaço de pergaminho para fora, mas continuou procurando por mais alguma coisa.

— Se não percebeu, já é noite... — a lembrou.

— Não importa. Vou ao Corujal mesmo assim! — deu de ombros e paralisou de repente — Ah, meu Deus! — gemeu.

— O que aconteceu? — Rita correu para perto dela.

— O diário sumiu... — Tori se sentou sobre os pés e segurou o pulso, o apertando enquanto observava o malão após esvazia-lo completamente.

◾ ◾ ◾

No dia seguinte, Tori e Rita chegaram juntas para o café da manhã. Elas sussurravam algumas vezes e outras soltavam risinhos.

— Bom dia, pessoal! — Tori cumprimentou os outros amigos, enquanto se sentava em seu típico lugar entre Fred e Lino.

— Bom dia. O que tanto vocês conversam? Quase não nos deixam dormir ontem! — resmungou Angelina, que estava com o rosto amassado de quem havia acabado de acordar.

— Quando vocês estão falando sobre Quadribol, Tori e eu não reclamamos do barulho... — Rita deu de ombros.

— Sinto muito, meninas. Rita e eu vamos nos conter mais na próxima. Desculpa! — se desculpou Tori, enquanto desviava olhares pela mesa e encontrava o olhar de Olívio em sua direção.

Mesmo chateada com tudo o que aconteceu no dia anterior e em sua culpa em arruinar o time de Quadribol da Grifinória, ela acabou acenando para ele, que retribuiu.

— Estou boba com o que aconteceu ontem, do Olívio quebrando a cara do Flint por causa da Tori! — Alicia comentou, soltando risinhos maldosos.

— Eu pensei em ajudar o Olívio nisso, mas Flint dá dois de mim e eu ia levar uma surra... Sinto muito, Tori! — Lino se desculpou.

— Ainda bem que tem amor à sua vida, magrelo! — debochou Fred, dando uma cotovelada leve no braço do amigo.

— A intenção valeu, Lino, mas não quero ninguém brigando por mim. Sério. — ela balançou a cabeça.

O café da manhã foi servido alguns segundos mais tarde, onde todos atacaram como se não comessem há dias. Tori principalmente, que comeu até sentir dor de estômago.

— Tori, as correspondências! — Rita a avisou.

Tori engoliu o enorme pedaço de maçã que havia em sua boca e largou a fruta sobre a mesa, focando agora sua atenção nas corujas que entraram voando no Salão. Observou cada uma delas e seu sorriso foi murchando, pois não havia nenhuma de penas alaranjadas.

— Ah, não... — ela gemeu quando a última coruja entrou e fez a entrega, também não sendo para ela.

— Não se preocupe, Tori, você mandou faz pouco tempo e ainda é cedo para a resposta. Talvez Akin esteja ocupado e vá responder mais tarde! — tentou consolar a amiga, que ficou com a expressão muito abatida.

— O que está acontecendo? As duas estão cheias de segredinhos... — Jorge estranhou.

— É que eu escrevi para saber sobre o Harry e estou esperando a resposta. Eu demorei demais, ele já deve pensar que me esqueci dele, que não vou voltar mais... Eu sou uma péssima irmã, como pude me esquecer de perguntar sobre ele? — apertou o rosto nas mãos e suspirou alto.

— Tão pequena, mas tão dramática... — debochou Fred, mexendo no ombro dela — Até parece que o Harry ia esquecer você. Isso é meio impossível para qualquer pessoa, Victória! — chacoalhou ela.

— Ai, Frederico. Seu bruto! — deu uns tapas no amigo, que riu bastante.

Tori acabou rindo junto.

— Bom, vamos para a aula? Snape é um pouco exigente! — Angelina se levantou e foi seguida por Alicia e Rita.

— Eu também vou, meninas, para sair de perto desse chato! — disse Tori, enquanto secava lágrimas de riso do canto dos seus olhos.

— Você me ama, senhorita! — gabou-se.

— Sonha! — revirou os olhos e correu um pouquinho para alcançar as amigas.

O caminho até as Masmorras, para duas aulas de Poções, foi estranhamente silencioso. As quatro meninas estavam quietas, o que era muito raro já que sempre tinham tanto assunto.

Rita foi a primeira a entrar e Tori iria logo depois, mas foi impedida por Angelina e Alicia.

— Tori, o que está fazendo? — Angelina perguntou, cruzando os braços.

— Ué, indo para a sala de Poções, não é óbvio? — revirou os olhos e riu.

— Não sobre isso, sobre o Fred. Você não deveria ter tantas gracinhas com ele, isso pode magoar a Rita. Fora que deveria ceder seu lugar na mesa para ela sentar perto dele! — a menina explicou, séria.

— Nossa, não estou acreditando que as senhoras estão me pedindo para me afastar do meu melhor amigo só por causa de um beijo que para as senhoras significa "relacionamento eterno". — Tori riu como se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo — Vamos fingir que isso não aconteceu e vamos entrar na sala? — tentou passar pelas meninas, mas foi impedida.

— Tem que parar isso, porque não gostaria que fosse com você! — Alicia foi um pouquinho mais firme.

— Eu não vou parar com nada. Ele é meu melhor amigo, só isso. Não sei porque estão vendo maldade nisso. Meninos e meninas podem ser amigos, sabia? Principalmente quando ele é solteiro e pretende continuar por um bom tempo! — resmungou Tori, começando a perder a paciência.

— Quem te disse isso? — Angelina fechou a expressão.

— O Fred. Estão forçando ele a fazer uma coisa que não quer, isso está assustando ele, mas sou eu que tenho culpa, não é mesmo? — abriu um sorriso irônico.

— O Fred disse exatamente que não quer nada com a Rita? — perguntou Alicia, enquanto lançava um olhar breve para Angelina.

— Sim, mas só porque... — Tori tentou explicar, mas foi interrompida.

— Então é por isso que ele não me escreveu no final das férias e nem me procurou para conversar. — disse Rita, aparecendo de repente na porta.

As duas que fechavam a saída se viraram para olhá-la. O rosto dela começava a ficar vermelho.

— Rita, espera, ouve a conversa toda! — pediu Tori.

— Não. Eu... vou pular essa aula, com licença! — Rita negou e saiu apressada dali, sendo possível reparar que ela começou a chorar.

— Eu disse que ela ia se chatear com você! — Angelina a lembrou, irritada.

— Ah, claro. Agora a culpa é toda minha... Já entendi tudo. Agora com licença! — entrou na sala esbarrando nas duas de propósito. 

    ◾ ◾ ◾ ◾ ◾ ◾ 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!