A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 2
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Capítulo Dois
O jantar com os Polkiss.

Assim que foi deixada na porta de casa pela carona da senhorita Breslin, Tori ainda ficou observando o carro da mulher se afastando. A situação ainda era muito estranha para ela. Toda essa mudança repentina de decisão, ainda mais sendo de uma professora tão rígida.

Deixando de lado seu estranhamento, a menina adentrou sua casa e foi direto para o armário a procura de Harry.

Tori, é você? — ouviu a voz da tia vinda da cozinha.

— Sim, tia... — Tori encolheu os ombros, já esperando por um sermão.

— Já não era sem tempo! — reclamou.

— Eu estava com a senhora Breslin. Ela foi esclarecer umas dúvidas minhas com os números. Se quiser perguntar à ela... —  se justificou, querendo por fim naquela bronca e ir procurar o irmão.

— Não me importo com quem esteja, se vai voltar para casa ou não. Mas vá se trocar, que hoje preciso de ajuda aqui. Seja rápida! — ordenou Petúnia.

— Sim senhora... — concordou a menina, saindo de fininho para a escada.

Chegando ao topo, ela passou em frente aos quartos e espiando para tentar encontrar o irmão. Passou pelo quarto de Duda e encontrou o primo vidrado em seu vídeo game. Sobrou apenas o banheiro, onde a porta estava fechada. Então a abriu.

— AHHHH, MARLENE! — Harry, que estava urinando, se assustou, tropeçou nas próprias calças e caiu.

— Desculpa, desculpa! — Tori se virou de costas e se desculpou — Juro que não vi nada... Nada que eu já não tenha visto antes. — gargalhou, ainda sem se virar.

— SAI, POR FAVOR! — reclamou o menino — Eu preciso da minha privacidade. Não sou mais um bebê! — colocou as calças no devido lugar.

— Saio sim, mas não vou dar um negócio que eu tenho em minha mochila e guardei especialmente para o senhor... — chantageou, enquanto balançava a mochila de um lado para o outro, de um jeito tentador.

— Lenezinha, sabe que te amo, não é? — Harry mudou de tom e voz, agora sendo uma falsa meiguice.

— Sei? — duvidou a menina, enquanto se virava para encarar o mais novo.

— Mesmo você não me deixando fazer xixi em paz... — revirou os olhos.

— Continue, que estou gostando disso. — pediu ela, jogando uma mecha do cabelo para trás.

— É minha irmã favorita! — apelou.

— O senhor só tem a mim como irmã, cabeção! — foi a vez dela em revirar os olhos.

— Argh, droga! — resmungou — Então... então não te conto quem vai vir jantar aqui essa noite! — contra-argumentou Harry.

— Olha essa boca, menino! — Tori deu bronca no irmão — Toma... Agora me diz quem é, pois sei que a tia não vai querer dizer. Está em um péssimo humor, pior do que o natural! — retirou da mochila metade de seu lanche guardado dentro de um saco.

— Os Polkiss. — fez uma careta ao pronunciar o sobrenome.

— O quê? Que porcaria! — se exaltou Tori.

— Olha essa boca, menina! — resmungou Harry.

— Desculpa. Enfim, de qualquer forma vamos para a sra. Figg mesmo. Não vamos precisar aguentar aquele cara de rato do Pedro hoje! — deu de ombros e sorriu.

Sra. Figg podia não ser a melhor babá do mundo, mas era muito melhor passar umas horas com ela, do que todas as outras com os Dursley. Era indefesa e sempre fazia bolo de chocolate para os dois, mas tagarelar sobre coisas relacionadas a gatos a tornava chata.

 VICTÓRIA! — ouviu a voz da tia berrar do andar de baixo.

— JÁ VOU! — gritou de volta — Preciso ir, Tig. Coma escondido e jogue a embalagem no fundo do lixo. Se a tia ver, vai me infernizar achando que sou pidona! — usou o apelido enquanto abria a porta e saía por ela.

— Obrigado, Lene! — agradeceu, de boca cheia.

Assim que fechou a porta e se virou, Tori esbarrou em seu primo Duda, que apesar de dois anos mais novo, era muito maior que ela, tanto de altura quanto de massa muscular.

— O que estão fazendo aí, encostos? — perguntou, simpático como sempre.

— E é da sua conta, seu chato? — ela devolveu a carranca.

— É sim, é MEU banheiro. Se não me contar, grito a mamãe e digo que vocês estão aprontando aqui! — Duda ameaçou.

— Vai chamar a mamãe? Olha o seu tamanho e o meu, vai ter que chamar a mamãe para defender o bebêzão? Que fofo! — debochou, ameaçando apertar as bochechas do primo.

— Não me irrite, sua magrela! — ficou super vermelho.

— Vamos mesmo nos ofender fisicamente? Podendo nos abraçar e nos beijar? Vem cá, coisa fofa! — tentou distrair o primo tentando deixá-lo enojado.

— Sai da frente! — como brutalidade, Duda empurrou a prima para o lado e a derrubou.

O plano não funcionou daquela vez.

— Tudo bem, seu bruto. Enquanto o senhor se ocupa aí, eu vou até seu quarto e vou reiniciar aquele jogo que você demorou tanto para avançar os níveis! — Tori se levantou e deu alguns passos para trás.

— Você não ousaria... — Duda se virou para ela.

— Certeza? — arqueou uma sobrancelha, um sorriso perverso nos lábios.

Então ameaçou correr para a porta do quarto, assustando Duda e o fazendo sair correndo feito um raio dali.

— NÃO! NÃO! — foi gritando.

— Aiai, crianças...  — riu sozinha.

— Vou ter que subir até aí, Tori? Sabe que a coisa vai ficar feia para você! — a voz da tia agora estava mais perto, assustando-a.

— Estou indo, estou indo! — saiu correndo para a escada.

  ◾ ◾ ◾    

A tarde foi agradável para Tori, mesmo tendo que ajudar no jantar de pessoas que não gostava. Apesar do péssimo humor com ela e Harry, Petúnia era uma cozinheira muito boa. Tudo o que a menina havia aprendido a fazer, foi observando-a.

Nos preparativos para o jantar havia aprendido mais um pouco, incluindo uma sobremesa de frutas vermelhas, que mesmo sabendo que não poderia experimentar, sabia que havia ficado ótima.

— Vou subir. Termine a louça e comece a pôr a mesa. Quando eu voltar, arrumo os detalhes que você não será capaz! — Petúnia tirou o avental.

Ela era uma mulher magra e possuía o pescoço mais cumprido que o normal, onde destacava-se mais ainda devido ao cabelo castanho pouco abaixo das orelhas.

— Sim, senhora! — Tori concordou e terminou de secar uma última colher.

Sozinha no cômodo, a menina foi para a mesa e começou a usar os talheres e pratos que a tia havia separado.

Aos poucos, foi organizando conforme se lembrava de ter visto na TV ou revistas. Sabia que, de qualquer forma, sua tia não ia gostar, mas ao menos estava fazendo sua parte.

— Lene, quer ajuda? — Harry surgiu de repente.

— Nem pensar. Isso não é serviço para crianças! — respondeu, distraída.

— E você é o que? — cuspiu um riso.

— Sua irmã mais velha. Foca na palavra velha. — fingiu beijar o ombro — Mas não precisa ajudar não, Tig, pois isso aqui nem eu mesma sei fazer... — negou, observando a mesa e riu.

— Tudo bem. — assentiu Harry, indo para perto da pia logo em seguida.

O silêncio dominou o ambiente, enquanto a mesa do jantar começava a se formar.

Até que Harry se apoiou na pia e praticamente colocou o rosto no vidro, ofegando de surpresa.

— Veja, corujas em cima do carro do tio Válter! — sobressaltou o menino, descrente no que estava vendo.

— O QUÊ? — Tori também foi espiar a janela e observou o tio lá fora, tentando assustar as aves — Ai, meu Deus! — saiu correndo da cozinha, indo em direção a porta principal.

Para sua surpresa, no capacho da porta haviam cerca de 10 cartas, com envelopes iguais. A menina se aproximou devagar, olhando para todos os lados por temer em aparecer uma coruja ali. Estava paranoica com elas.

Então pegou todos os envelopes e selecionou um para dar atenção antes dos outros, reparando ser endereçada a ela assim como aquela que Poseidon mastigou.

"Srta. Victória Marlene Evans
O armário embaixo da escada
Rua dos Alfeneiros, 4
Little Whinging
Surrey"

Acabou sorrindo pela forma que as informações de endereço estavam escritas. Com toda a certeza era de alguém que sabia as condições que ela e o irmão viviam. Talvez quisessem melhorar, talvez fosse algum parente mais cuidadoso. Mas teria que abrir para descobrir.

E teria descoberto, se as mãos magras de sua tia não tivessem apertado seu pulso e afastado todas as cartas dela.

— Ei, isso é meu! — protestou Tori, tentando libertar seu braço.

— Com toda certeza foi um erro. Afinal, quem escreveria para você? — Petúnia enfim soltou o braço da sobrinha.

— Diabos! — Válter bateu a porta.

— Válter... — a mulher acenou as cartas ao marido, onde os dois trocaram olhares significativos que somente eles entenderam.

— O que tem de errado nessas cartas? Eu quero saber. Eu tenho o direito, pois elas me pertencem! — a menina berrou, agora começando a ficar irritada com toda aquela suspense.

— Abaixe o tom! — Valter berrou de volta, aproximando seu rosto gordo ao da sobrinha — Te pertence aquilo que eu quiser que te pertença, estamos entendidos? — bateu o indicador contra o próprio peito.

— Vá terminar suas tarefas. Não tem nada para você aqui! — completou Petúnia, partindo dali e levando as cartas consigo.

— Mas... — Tori ainda protestou com os olhos repletos de lágrimas.

— Obedeça! — o tio ordenou e também se afastou dali.

  ◾ ◾ ◾    

Pelas próximas horas Tori nada falou. Apenas respondia o necessário, mesmo estando irritada a ponto de não querer colaborar com mais nada para os detestáveis Polkiss.

A única coisa que iria melhorar o final daquele dia era as horas que passaria longe dali, em companhia a Harry e a Sra. Figg. Não havia péssimo humor que não melhorasse com bolo de chocolate que a senhora sempre fazia para eles.

— Lene, vamos? — Harry surgiu na porta do armário parecendo ansioso.

— Estou quase terminando... — Tori terminou de amarrar o cadarço de seu surrado par tênis — Pronto. Vamos logo, antes que aquele troço chegue aqui! — pegou seu caderno de anotações e desenhos e saiu do armário.

— Tenho algo para te contar, mas não pode ser aqui. — o menino cochichou, enquanto a irmã assentiu em silêncio.

Os dois caminharam lado a lado em direção a porta para irem até a casa da vizinha, onde ficariam durante visita da família do amigo de Duda.

— Tori! — ouviu Petúnia chamá-la e se virou.

— Senhora? — respondeu, ainda emburrada.

— Hoje você fica. Vou precisar de sua ajuda para servir o jantar. — avisou Petúnia — Pode ir, Harry! — despachou o sobrinho mais novo.

— O quê? Vou ter que aguentar essa tortura? Pelo amor de Deus, tia, hoje não! — suplicou.

— Não está em discussão. Anda, Harry, vá! — Petúnia se virou e deixou os dois sobrinhos a sós.

— Se não pode ser em outro lugar, vai ser aqui mesmo: Tori, a tia e o tio estão escondendo cartas suas em algum lugar no quarto deles. Eu recebi uma delas, mas a tia tomou de mim antes que eu pudesse esconder para te dar! — o menino sussurrou para a irmã mas velha, enquanto caminhava para a porta.

— Vou dar um jeito de sair do jantar e pegar uma pelo menos. Agora vá, antes que você tenha de ficar também! — segurou a porta para Harry e a fechou assim que ele saiu.

  ◾ ◾ ◾    

— Pedro teve uma das notas mais altas da última prova de soletrar. A professora o elogiou e eu quase explodo de orgulho! — gabou-se a senhora Polkiss, uma mulher de nariz tão fino que Tori jurava ser capaz de furar alguém.

O jantar havia ocorrido tranquilamente e a sobremesa recebia sua atenção fazia algum tempo.

— O meu Dudinha tirou notas maravilhosas esse ano. É o meu orgulho! — Petúnia abriu um sorriso maior que seu pescoço.

— Em compensação, em comportamento são dois diabos! — Tori pensou alto, enquanto lavava a louça do jantar.

Sentiu seu rosto ficar pálido ao notar o que havia dito, principalmente quando teve a impressão de que o olhar da tia estava prestes a furar sua nuca.

— Desculpa, pensei alto. Me ignorem! — pediu e voltou a esfregar um prato de maneira nervosa.

— Não ligue, Marissa. Ela está despeitada por ter péssimas notas na escola. Sabe como é... puxou o cérebro pequeno do pai! — debochou Petúnia, causando risinhos na amiga.

— Para quem parecia odiar meu pai, até que se lembra bem do cérebro dele! — rebateu Tori.

— Vai ficar quieta ou quer que eu lave essa boca respondona com detergente? — foi a vez de Válter se intrometer e brigar com a sobrinha.

— Desculpa... — lamentou, agora disposta a tentar não responder às provocações.

Apesar de ser uma adorável menina na maior parte do tempo, também sempre tinha resposta na ponta da língua. Sinceridade era seu maior defeito.

— Petúnia, você e Válter tem corações imensos. Não sei se eu teria o mesmo estômago para criar filhos dos outros. Ainda mais duas crianças com defeito, que de longe se percebe que nunca serão educadas por mais que vocês dois se esforcem! — a visitante continuou a deixar claro seu amor pela menina.

Disposta a ignorar a situação que parecia não ter fim e querendo uma desculpa para ser expulsa dali, Tori colocou em prática o único plano que sempre serviu para irritar seus tios.

Músicas de cantoras julgadas impróprias para crianças.

— I come home... in the morning light my mother says when you gonna live your life right? Oh mother dear we're not fortunate ones... Oh girls they wanna have fun-ãhmmm... Ohuuu girls just wanna have fun-ãhmm... — começou a cantarolar baixo, mas o suficiente para a mesa ficar em silêncio.

Aproveitou para dar chutes de um lado e depois do outro, como dançarinas de cancan, em uma tentativa engraçada de imitar Cyndi Lauper.

Outra vez sentiu sua nuca receber furadas de olhares nada contentes.

— Deus do céu, vocês a deixam ouvir músicas de uma depravada? — senhora Polkiss perguntou, chocada.

— Se conhece a música de uma depravada, é sinal que também andou ouvindo músicas da depravada! — rebateu Tori.

— Cale essa boca, Victória! — gritou Válter, agora muito vermelho.

— Desculpa, titio. Não canto mais música de depravados aqui. Prometo! — fingiu-se de sonsa — Desculpa, senhor e senhora Polkiss... — usou a expressão angelical mais falsa que conseguiu.

A conversa voltou ao mesmo fluxo, como se nada tivesse acontecido ali.

Para o desespero de Tori, faltava pouco menos de duas horas para as visitas irem embora e ela ainda não havia arrumado uma boa desculpa para poder se livrar do olhar dos tios.

Então tentou uma última vez.

— Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah Hallelujah, hallelujah, hallelujah, halleluuuu...uuu...uujah... — cantou totalmente teatral, com direito a sinal da Cruz e depois mãos unidas.

— JÁ CHEGA! — Válter gritou — Para o armário AGORA. E só saia de lá quando completar 18 anos! — apontou o dedo para a porta, o rosto gordo completamente vermelho e o bigode parecendo tremer.

Fazendo uma falsa cara de choro, Tori saiu cabisbaixa em direção a porta.

— Sinto muito, senhor e senhora Polkiss! — lamentou e ainda segurou sua saia para fazer um cumprimento de damas.

Assim que fechou a porta da cozinha, Tori seguiu para o armário e se fechou lá dentro. Sabia que seus tios iriam ver se ela realmente obedeceu.

Passado o tempo, a menina abriu a porta devagar, saiu e foi para a escada. O papo da cozinha agora parecia mais animado sem a presença de crianças. Mas mesmo com conversa alta, ela teria que tomar muito cuidado pois Duda e Pedro estavam por ali. Estavam entretidos com algum jogo novo do vídeo game, mas não poderia confiar totalmente que eles ficariam nisso por tanto tempo.

Conseguiu passar de fininho pelo corredor e chegou ao quarto onde seria sua busca. Fechou a porta após entrar e olhou para todos os lados para saber por onde começaria.

Harry fazia falta ali, pois uma ajuda extra seria muito bem vinda. Mas o problema era seu, afinal. Então teria de tentar resolver sozinha. Se desse errado, seria a única a se encrencar. Se desse certo, seria ponto para ela.

Então a busca começou.

  ◾ ◾ ◾    

Guarda-roupa, bolsos de casacos, caixas de sapatos... Havia procurado em todos os lugares óbvios para esconder papéis e não encontrou nada. Nem sinal de suas cartas. O tempo estava prestes a expirar e Tori havia se dado por vencida. Ao menos daquela vez.

Irritada por ter de ficar curiosa, a menina soltou um suspiro alto e se sentou na cama, cruzando os braços e ficando de bico.

— Que colchão desconfortável. E é bem do lado do tio, que vive reclamando das costas! — reclamou sozinha.

Se mexeu em uma tentativa de sentar em alguma parte confortável, sentindo volumes desiguais em boa parte do colchão e tentando entender como seu tio conseguia dormir ali.

— Espera... — estranhou e deu uns pulinhos para ter certeza de suas suspeitas — Isso! É isso! — pulou para o chão e ergueu o colchão, encontrando várias cartas iguais a que havia recebido, todas sobre a grade da cama.

Os olhos da menina brilharam diante dessa visão. Havia alcançado seu objetivo. O esconderijo das cartas havia sido descoberto, para sua alegria.

Abobada, Tori pegou uma das cartas e leu novamente o local do endereço, tudo para ter certeza de que aquela também lhe pertencia.

— O que está fazendo aqui, sua intrometida? — uma voz conhecida a faz congelar no lugar.

Tudo estava fácil demais para ser verdade.

— Dudinha... — colocou o colchão no mesmo lugar e se virou — Tudo bem, primo? — abriu um sorriso amarelo.

— MAMÃE! PAPAI! TORI ESTÁ APRONTANDO! — o menino começou a gritar e pular, sabendo que isso faria uma barulho enorme no andar de baixo.

— PARE, EU NÃO ESTOU FAZENDO NADA DE ERRADO! — Tori também gritou, desesperada com todo aquele chilique.

Mas era tarde demais para tentar se explicar, pois sua tia apareceu segundos depois. Só não soube identificar se estava ofegante de raiva ou cansaço em correr até ali.

— Garota impertinente, hoje você passou completamente dos limites! — Petúnia avançou para a sobrinha e a pegou pela orelha.

— Aiaiaiai... Tia, já tenho orelhas grandes... Aiaiai... não faça isso... aaai! — gemeu enquanto ambas saiam do quarto.

— JÁ CHEGA DESSA PALHAÇADA, GAROTA! — a mulher empurrou a sobrinha contra a parede e a prendeu.

— Tia, está me assustando... — Tori começou a chorar, enquanto encarava os olhos raivosos de sua responsável.

— VOCÊ NÃO VAI LER CARTA ALGUMA! NÃO VAI! COLOQUE ISSO EM SEU CÉREBRO MINÚSCULO! NÃO VAI ACEITAR CONVITE ALGUM! — continuou, descontrolada.

— Me desculpa, ti... Espera, convite? É um convite? A carta é um convite? — diminuiu o choro ao reparar esse pequeno deslize da mulher.

Mas ao invés de responder, Petúnia puxou a menina com tamanha brutalidade, arrastando-a em direção à escada.

— Ha-ha... Enfim teve o que merece, encosto! — Duda debochou, dando pulinhos e apontando.

Petúnia levou a sobrinha muito rápido ao andar de baixo, onde a empurrou para o armário e bateu a porta, trancando-a lá dentro. Não disse nada e se afastou, deixando a menina assustada e muito ofegante no pequeno espaço.

— Tive mesmo o que mereci... — Tori enfim conseguiu se mexer após um tempo, onde ergueu um pedaço da camiseta revelando uma carta presa no elástico de sua saia.

Conseguiu sorrir, mesmo com sua orelha agredida queimando e os braços começando a doer pela brutalidade que haviam sido segurados. Branca como era, sabia que no dia seguinte estaria com hematomas.

Mas a sensação de dever cumprido a fez pensar que tudo não havia sido em vão, afinal.

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