A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 11
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Capítulo Onze
Hogwarts.

O trem foi diminuindo a velocidade até finalmente parar. Os alunos foram saindo de suas cabines e se espremendo no corredor, afim de desembarcar logo para a plataforma escura ao lado de fora.

Assim que conseguiu sair, Tori estremeceu com o ar frio que a recebeu. Ela se encolheu em sua capa e olhou para os três conhecidos, decidida a não perde-los no meio de tanta gente.

— Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui! — uma voz grave se sobressaiu entre a colméia de outras vozes.

Sem esforço algum, Tori conseguiu ver o enorme homem, que segurava uma lamparina. Sua aparência era assustadora para quem o via pela primeira vez. Tinha muita barba e cabelo, e fazia os primeiranistas parecerem pequenas formigas perto dele.

— Eu já me achava baixinha... — Tori sussurrou para Jorge, que riu.

— Venham comigo. Mais alguém do primeiro ano? Não? Me sigam! — o gigante pediu e saiu andando.

Todos seguiram o adulto por um caminho de aparência íngreme e estreita. Estava tão escuro em volta, mas isso não impedia Tori em tentar ver o que havia ao redor.

Ninguém falou muito, mas vez ou outra Tori podia sentir alguém cutucar seu ombro e os risinhos de seus três conhecidos logo atrás.

— Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo, logo depois dessa curva. — o homem falou por cima do ombro.

A curva aconteceu e então dezenas de crianças saltaram um "oh" simultaneamente. Tori ficou paralisada no lugar.

Um grande lago escuro era o que os separava do castelo de Hogwarts, que era repleto de torres e muitas janelas cintilando como estrelas. Tori começou a fungar e levou uma mão para o rosto, esfregando um dos olhos.

— Eu disse que ela era chorona... — Fred comentou, brincando.

— Não estou chorando. Um inseto mágico me picou nos olhos! — mentiu, com a voz mole.

Na beira do lado, haviam alguns barcos pequenos. O gigante foi para perto de um deles e apontou para um.

— Só quatro em cada barco! — avisou e chamou quatro primeiristas para se acomodar.

De quatro em quatro, os barcos foram acabando. Tori, Fred, Jorge e Lino pegaram um dos últimos e ficaram quietos e imóveis. Pareciam com medo de algo que poderia sair da água e os puxar.

— Todos estão acomodados? — perguntou, com a voz de trovão ecoando pelo silêncio — Então vamos! — e todos os barcos se moveram ao mesmo tempo, com o adulto à frente com um barco todo para si.

O caminho foi rápido. O lago era liso como vidro, sem sequer sinal de alguma turbulência.

O silêncio era assustador. Por sorte, logo passaram por um túnel escuro, que parecia levá-los para debaixo do castelo, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram subindo e pisando em pedras.

Todos subiram por uma passagem aberta na rocha, acompanhando a lanterna do gigante, e chegaram finalmente em um gramado fofo e úmido à sombra do castelo.

Antes que chegassem à porta, ela foi aberta e uma mulher apareceu. Tinha os cabelos escuros presos por baixo de um chapéu pontudo e vestes marsala. Sua pose severa fez com que Tori se lembrasse de Snape e abaixasse o olhar, temendo alguma bronca.

— Alunos do primeiro ano, essa é a Professora McGonagall. — o homem a apresentou.

— Obrigada, Hagrid. Eu cuido deles daqui em diante. — a professora falou e abriu a porta totalmente, deixando o saguão à mostra.

Aos poucos, os primeiranistas foram seguindo McGonagall em silêncio. Passaram perto de uma porta de onde vinham muitas vozes, mas não entraram ali. A professora os levou até uma sala que estava vazia, que ficou apertada em pouco tempo.

— Bem vindos à Hogwarts! — ela saudou — O banquete de abertura do ano letivo irá começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A Seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre na sala comunal. — explicou.

Tori se sentiu aliviada por, pelo menos, saber que aconteceria uma seleção para casas assim que chegasse ao Castelo. Graças ao Fred, que te explicou por cima, não estava totalmente desinformada.

— As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer. — continuou, encarando cada rosto curioso ali — A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam. Voltarei quando estivermos prontos para receber vocês. Por favor, aguardem em silêncio! — dito isso, se retirou da sala.

Vozes foram surgindo ao poucos, mas nenhuma ousando ser alta demais. Eram apenas cochichos.

— Fred, o senhor só não me disse como é a cerimônia. — Tori se voltou para o amigo.

— É como um teste. E dizem que pode doer muito. — soltou uma risada maléfica.

— Por que pode doer? — segurou o pulso, ficando nervosa com aquele assunto.

— Acho que quem não souber responder ao teste sofre algum tipo de tortura! — o menino explicou, sério.

Engolindo em seco, Tori ficou quieta. Sabia pouco, quase nada, para conseguir passar em algum teste tão cedo. Provavelmente sua mãe era muito esperta, para ter passado no tal teste depois de viver anos com trouxas e longe de magia.

Estava conformada que até o fim daquela noite seria mandada de volta para os Dursley.

— Agora façam fila e me sigam! — a professora voltou e os chamou.

Tori prendeu a respiração e acabou pisando no pé de Jorge, que estava logo atrás, ao se mover desengonçada para entrar na fila.

— Ai, sua violenta! — o menino reclamou, mas obviamente com o tom de humor sempre presente.

— Desculpa... — lamentou Tori, agora tomando cuidado para não pisar nos sapatos da pessoa à frente.

Todos seguiram McGonagall porta à fora e passaram pelo saguão outra vez, agora indo para a porta barulhenta. O grande salão surgiu diante deles assim que a atravessaram. O local ficou silencioso, obviamente intimidados com a postura séria da professora.

Aproveitando que sua altura não permitia que visse logo à frente, Tori ergueu os olhos para o teto. Paralisou imediatamente, sendo esbarrada pela fila atrás, que reclamaram.

— Desculpa. — murmurou e continuou a andar, mas ainda olhando para cima.

O que era para ser o teto, na verdade pareceu um céu noturno. Muitas velas presas ao nada enfeitavam e iluminavam o lugar.

— Jorge, e se começar a chover? — cochichou para o amigo, que estava logo atrás.

— Não é o céu de verdade, Tori. É magia! — foi Lino quem respondeu.

— Cada vez gosto mais de magia. — falou para si e abriu um enorme sorriso.

A fila parou de repente e Tori foi para o lado, para espiar o que havia acontecido. Viu a professora McGonagall colocar um banco diante dos primeiranistas e logo em seguida um chapéu velho, todo esfiapado e muito sujo.

Se o teste fosse para quem conseguisse deixar objeto em melhor estado outra vez, Tori tiraria de letra. Em limpeza ela era boa, então não precisaria voltar para os Dursley àquela noite.

Um tempo depois o chapéu se mexeu. Um rasgo junto à aba se abriu como uma boca e dali saiu uma voz que começou a cantarolar.

"Ah, vocês podem me achar pouco atraente,
Mas não me julguem só pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.
Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,
Suas cartolas altas de cetim brilhoso
Porque sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.
Não há nada escondido em sua cabeça
Que o Chapéu Seletor não consiga ver,
Por isso é só me porem na cabeça que vou dizer
Em que casa de Hogwarts deverão ficar.
Quem sabe sua morada é a Grifinória,
Casa onde habitam os corações indômitos.
Ousadia e sangue-frio e nobreza
Destacam os alunos da Grifinória dos demais;
Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,
Onde seus moradores são justos e leais
Pacientes, sinceros, sem medo da dor;
Ou será a velha e sábia Corvinal,
A casa dos que têm a mente sempre alerta,
Onde os homens de grande espírito e saber
Sempre encontrarão companheiros seus iguais;
Ou quem sabe a Sonserina será a sua casa
E ali fará seus verdadeiros amigos,
Homens de astúcia que usam quaisquer meios
Para atingir os fins que antes colimaram.
Vamos, me experimentem! Não devem temer!
Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!
(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)
Porque sou único, sou um Chapéu Pensador!"

Assim que o chapéu se calou outra vez, o salão explodiu em palmas. Os primeiranistas fizeram o mesmo, mas a empolgação maior era de Tori, que estava aliviada por não precisar passar por teste algum. Tudo o que precisava era colocar o chapéu na cabeça e ele decidiria sua casa.

Nem mesmo a chance de cair em uma casa indesejável tirou sua empolgação. Estava feliz em estar ali, pisando naquele chão, junto com aquelas pessoas, junto com seus novos amigos. Nada poderia estragar isso.

Desviando o olhar para a mesa dos que imaginou serem os funcionários, o olhar de Tori se demorou em uma única pessoa. As vestes pretas se destacavam entre as outras, de cores tão vivas ou apagadas demais.

Severo Snape retribuiu o olhar e o manteve ali por algum tempo. Tori abriu um enorme sorriso e acenou, mas o adulto desviou o olhar como se não tivesse visto nada menos do que um inseto irritante. Mas a menina não se chateou. Desviou o rosto também e agora observou a professora, que abria um pergaminho.

— Quando eu chamar seus nomes, vocês irão por o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. — explicou e leu o primeiro nome — Angelina Johnson! — chamou.

Uma garota negra e tão magricela quanto Tori saiu de algum lugar da fila atrás e correu para o lugar indicado por McGonagall.

O salão ficou em silêncio.

— Grifinória! — o chapéu anunciou logo depois.

A mesa citada comemorou, com muitas palmas, assovios e gritinhos. Angelina correu para a mesa e foi muito bem recebida.

— Adrian Pussey! — McGonagall chamou o proximo assim que o lugar voltou a silenciar.

Um menino de cabelos pretos e olhos claros foi para o banco muito confiante, como se já soubesse o lugar que pertencia. Tori o invejou por isso, pois também queria estar confiante, quando na verdade estava surtando por dentro.

— Sonserina! — o chapéu anunciou.

O menino saiu comemorando em direção a sua mesa, que comemoraram tanto quanto Grifinória.

— Roger Davies! — anunciou mais um, que correu até o lugar indicado.

— Corvinal! — o chapéu falou um tempo depois.

E ele foi recebido por sua mesa com empolgação, tanto quanto as outras.

— Cedrico Diggory! — o próximo logo foi chamado.

Um garoto de cabelos castanho-claros seguiu até o banquinho, onde se acomodou e esperou.

— Lufa-Lufa! — essa foi a casa selecionada para ele.

Mais algumas pessoas foram chamadas, estas sendo selecionadas para cada cada uma das quatro casas.

Faltavam poucas pessoas, quando Tori já estava impaciente por ter que esperar tanto. Seu coração estava se mostrando muito forte, pois estava sobrevivendo a tanto esforço nas últimas semanas.

Fred, Jorge e Lino já estavam tranquilos e sorriam muito na mesa da Grifinóiria, o que aumentou a tensão da menina. Tinha medo de cair em uma casa indesejada, mas também tinha medo de ficar distante demais dos únicos conhecidos.

— Victória Evans! — McGonagall enfim a chamou.

Tori se sentiu em uma crise de asma quando ouviu seu nome. A respiração quase não sai e ela acabou com uma pequena crise e tosse. Alguns alunos soltaram risinhos, fazendo-a corar.

Antes de se sentar no banco, reparou em um velhote a observando com atenção. Longa barba e cabelos muito brancos, óculos de meia-lua e vestes de cor viva. O rosto era muito familiar.

A atenção de Tori se desviou do homem quando ouviu a voz do Chapéu Seletor, que parecia vir de dentro de sua cabeça. Ela se se sentou direito, apertando as mãos no colo e esperou.

— Difícil, muito difícil. É corajosa, mas pensa muito no que sua coragem pode causar de ruim nas pessoas. Oh, tem inteligência aqui. Uau, não houve pessoa mais amigável nessa noite, com mais compaixão que você. Espera... Você tem muita vontade de se provar. Afinal, onde vou colocá-la? — o chapéu refletiu.

— Qualquer uma, senhor, menos Sonserina... qualquer uma, por favor... — Tori respondeu, mesmo sabendo que aquela pergunta não era para ela.

— Sonserina não? — o chapéu perguntou — Com toda essa combinação que você tem, duvido muito que iria se corromper para o lado das trevas... Mas se assim prefere, já sei onde vou te colocar... — fez uma pausa.

No salão não se podia ouvir sequer a respiração de alguém. Todas as mesas encaravam a menina, todos com expectativa. Parecia uma competição e todos lutavam por mais um ponto. E ela era o ponto.

Os amigos a encaravam com dedos cruzados. Fred estava mais pálido que o natural. Os cabelos de Lino pareciam mais arrepiados que o de costume.

— Grifinória! — o chapéu anunciou para o salão.

No calor da empolgação, Tori pulou do banquinho e jogou o chapéu para cima. McGonagall o pegou usando magia e lançou um olhar feio para a menina, que estava empolgada demais fazendo passinhos do Michael Jackson.

Toda Grifinória comemorava, quando Tori enfim foi para lá e foi abraçada pelos amigos e futuros também. Estava tão animada que nem prestou atenção nos últimos selecionados. Reparou apenas quando McGonagall enrolou o pergaminho e tirou o banquinho dali.

— Sejam bem-vindos! Sejam bem-vindos! — a voz do velhote ecoou pelo salão, que ficou em silêncio no mesmo instante.

— Quem é ele? — Tori perguntou para Fred, que estava sentado ao seu lado.

— O Dumbledore, oras. O Chapéu Seletor sugou sua memória? — ele riu.

— O senhor Dumbledore? Caramba, agora sim ele parece um bruxo. Eu o conheci normal demais, por isso não o reconheci! — sussurrou de volta para o amigo.

Percy olhou feio para os dois, que eram os únicos conversando ali.

— Sejam bem-vindos para um novo ano em Hogwarts! — Dumbledore falou — Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de dizer umas palavrinhas: Chifre de unicórnio, asas de hipogrifo, patas de centauro. Obrigado! — e voltou a se sentar.

Todos bateram palmas. Alguns primeiranistas soltavam risinhos, o que fez Tori fechar a cara para a falta de respeito com o mais velho.

O bico da menina se desfez quando virou o rosto para sua mesa outra vez e o que eram apenas recipientes vazios, agora estavam ocupados por todo o tipo de comida.

— Ele é um pouquinho maluco... — Fred falou, assentindo para Dumbledore na mesa dos professores — Mas é gente boa! — continuou, pegando uma coxa de frango e dando uma enorme mordida.

Todos atacaram o banquete, enquanto Tori não sabia por onde começar. Nunca passou fome, mas também nunca teve tantas opções para escolher. Comer tão bem era outro motivo que acabou pesando em sua consciência além de deixar o irmão em Little Whinging, pois sabia que ele não teria a mesma sorte.

Indo contra as vontades de seu estômago faminto, ela pegou um prato e colocou uma coxa de frango e algumas ervilhas apenas. Pegou uma taça e esticou o braço para pegar a jarra de suco.

— Oi, sou Angelina. — a primeira aluna a passar pela seleção se apresentou.

— Sou Fred. Esses são Lino, Tori e meu irmão Jorge! — foi Fred quem respondeu e apontou para cada um.

— Prazer! — Lino e Jorge responderam rapidamente, desesperados demais para encher a boca outra vez.

— Aiai, meninos... — Tori revirou os olhos e riu — Muito prazer, Angelina. Que sorte que a senhora foi logo a primeira selecionada, não precisou passar pelo sufoco de esperar tanto. Eu estava quase tendo um treco! — tagarelou.

— Respira, Tori! — Jorge falou, debochado.

— O que quis dizer com isso, engraçadinho? — ela estreitou os olhos.

— Você ama um diálogo, só isso. — Jorge colocou uma coxa de frango à frente do rosto, como se fosse para se defender.

— Me chamando de falante? Ora essa, eu sou tão quieta. Os senhores que exageram. E são piores, que ficam bagunçando o tempo todo! — falou bastante outra vez — Lino, o senhor está com um bigode de molho! — pegou um guardanapo e aproximou do menino.

Mas ele já havia esfregado em sua capa, causando uma carranca na menina.

— Céus, os senhores tem muito o que aprender! — ela riu e pegou o pulso do menino — Aqui. — colocou um guardanapo.

— Obrigada, mamãe! — debochou Lino.

— É verdade que é irmã do Potter? — Angelina voltou para o assunto.

— Sim. — Tori pegou sua taça afim de ter algum tempo para mudar de assunto — Ah, que bom que aqui tem suco de tangerina. É tão gostoso! — colocou um pouco do líquido laranja na boca.

O suco mal entrou e já saiu, espirrando tudo no rosto de Angelina que estava sentada à sua frente. Assim como a menina atingida, os que estavam por perto ficaram paralisados com o ocorrido.

— Oh, céus, me perdoe, Angelina! Perdoe meu desastre, minha nojeira, tudo! — pegou um guardanapo e entregou para a menina.

Fred e Jorge ficaram roxos de rir. Outras primeiranistas olhavam feio para Tori, enquanto ajudavam Angelina a se limpar o máximo que conseguiria.

— Santo Deus, isso é abóbora. Quem faz suco de abóbora? Isso é loucura! — cochichou para Lino, que era o único que ria menos.

— Relaxa, Tori. Tirando sua saliva, até que o suco estava bom! — Angelina tentou animar a colega.

— Sinto muito, de verdade... — mais uma vez Tori se desculpou.

O banquete prosseguiu, até que todos estavam estourando de cheios. As sobras desapareceram da mesma forma em que surgiram, do nada, e em seu lugar sobremesas de todos os tipos.

— Você não é normal, Tori. Recusar sobremesa não é normal! — Jorge comentou enquanto enfiava um punhado de sorvete na boca.

A menina apenas deu de ombros. Estava morrendo de vontade, mas era mais uma coisa que não conseguia comer sem pensar no irmão.

— Anda, uma colherzinha só. — Fred pegou um pouco de seu pudim e fez aviãozinho até a boca da amiga.

— Não posso... — Tori virou o rosto.

— Só uma colher e eu te deixo em paz. Juro! — insistiu.

— Ah, tudo bem. Umazinha. — abriu a boca e recebeu o pedaço de pudim — Uau, isso é muito bom! — tomou a colher do menino e comeu mais do doce.

Parou apenas quando notou estar sendo observada. Só então percebeu a burrada que fez, sendo tarde demais para voltar atrás.

— Ah, eu sou uma grande egoísta. Harry tinha razão... — sussurrou sozinha e largou a colher.

Fez-se silêncio no salão e Tori percebeu que Dumbledore estava de pé outra vez. Ela o observou e esperou.

— Hum... só mais umas palavrinhas agora que já comemos e bebemos. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para vocês. — começou ele — Os alunos do primeiro ano devem saber que é proibido andar na floresta da propriedade. E o Sr. Filch, o zelador, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas! — avisou.

Alguns alunos resmungaram ao ouvir a última regra. Principalmente Fred e Jorge, que mesmo se mal sabiam segurar uma varinha, já era notório que queria usa-la para aprontar.

Um pequeno grupo de alunos de idades diferentes seguiram para perto da mesa dos professores e se posicionaram em ordem de altura. Tori percebeu que os que estavam à frente seguravam um enorme sapo cada um. Um homem muito baixinho apareceu em seguida e ergueu os bracinhos, como um maestro.

— Agora, antes de irmos para a cama, vamos cantar o hino da escola! — Dumbledore anunciou e moveu sua varinha, de onde saiu uma fita dourada que se enrolou até formar palavras.

Cada um em um tempo diferente, todos se afastaram de suas cadeiras e ficaram de pé. Tori se levantou um pouco atrasada, mas o fez, ficando em uma pose ereta e colocando a mão direita no peito.

— Que isso, Tori? — Fred riu.

— Isso se chama respeito à pátria de onde eu vim, engraçadinho! — revirou os olhos e esperou.

O homem baixinho começou a mover o braço e o coral começou a cantar, sendo acompanhados pelos outros alunos.

"Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts,
Nos ensine algo por favor,
Quer sejamos velhos e calvos
Quer moços de pernas raladas,
Temos as cabeças precisadas
De ideias interessantes
Pois estão ocas e cheias de ar,
Moscas mortas e fios de cotão.
Nos ensine o que vale a pena
Faça lembrar o que já esquecemos
Faça o melhor, faremos o resto,
Estudaremos até o cérebro se desmanchar."

A canção foi finalizada com as notas afinadas do coral. O homem abaixou as mãos e só então todos começaram a aplaudir.

— Um sapo canta melhor do que eu, que ótimo! — Fred resmungou.

— Um não, são vários para piorar a situação! — corrigiu Jorge.

— Quem são eles? — Tori perguntou, ainda abobada com o que ouviu a pouco.

— O Coral de Sapos, dirigido pelo professor Flitwick, aquele à frente! — foi Percy quem a respondeu e assentiu em direção ao homenzinho.

— E como faz para participar? — fez outra pergunta.

— É só procura-lo. Se sua voz for boa, acredito que será aceita. — o garoto respondeu, encarando-a com uma desconfiança que fez os gêmeos caírem no riso.

— Eu não sou das piores, eu acho... — ela respondeu o olhar de dúvida dele, depois encolheu os ombros.

— Se machucar meus ouvidos, vou querer galeões para o tratamento! — Fred avisou.

Tori revirou os olhos.

— E agora, hora de dormir. Sigam seus monitores! — se despediu Dumbledore e foi saindo junto com os funcionários e professores.

— Primeiranistas da Grifinória, aqui comigo! — Carlinhos surgiu entre a multidão que seguia para a saída do local.

Os primeiranistas se trombaram enquanto iam em direção ao Monitor. Alguém pisou no pé de Tori, que gemeu e se lembrou que aquilo era vingança da vida por ela ter feito algo parecido com Marcus Flint no Beco Diagonal.

— Me sigam! — falou Carlinhos, assim que conseguiu organizar uma fila.

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Notas finais do capítulo

❝| O capítulo teve trechos retirados do livro Harry Potter e a Pedra Filosofal. Sendo assim, créditos à JK por cada uma de suas palavras usadas aqui.❤ |❞