A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 1 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 1
1x01


Notas iniciais do capítulo

— Significado de Bastardo(a): Que não nasceu de matrimônio.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766825/chapter/1

 

Capítulo Um
O orgulho do Papai.

O dia começava com a mesma monotonia de sempre em Little Whinging. Tori Evans estava na rua, quando os primeiros raios de sol começavam a surgir tímidos no céu, destacando seu cabelo ruivo e tornando ainda mais claros seus olhos azuis.

A menina carregava uma bolsa quase maior do que ela, repleta de jornais e apoiada no cesto à frente da bicicleta, onde seguia para o endereço que deixava jornais todo santo dia antes da aula. A rua vizinha à sua havia não só casas diferentes uma da outra, como pessoas também. Diferente da Rua dos Alfeneiros, onde morava, tudo parecia amigável por ali.

Tori começou a trabalhar havia poucas semanas, logo após completar onze anos e parecer finalmente ter crescido alguns centímetros, levando em consideração que sempre foi mais baixa que seu primo Duda, mesmo este sendo mais novo. Mas queria ter alguns trocados para contar quando ela e Harry precisassem.

Mesmo sendo considerada a entregadora mais lenta por seu chefe, com todos os moradores de sua rota era só elogios. Ao contrário dos outros entregadores, que jogavam os jornais para o trabalho ser mais rápido, Tori fazia questão em parar a bicicleta e colocar em cada porta. Até mesmo os cachorros, que costumavam odiar qualquer tipo de entregador, pareciam se render à paciência da menina.

— Bom dia, senhor Poseidon! — cumprimentou um enorme Golden Retriever marfim que parecia esperá-la na porta da casa de seus donos.

Assim que desceu da bicicleta e a estacionou próxima a guia, Tori foi vítima da empolgação do animal. Ele pulou sobre ela, derrubando-a, e a encheu de lambidas. A menina riu, enquanto tentava se levantar do chão para retomar o trabalho.

— Se contenha... menininho... eu tenho... que continuar... — suplicou, enquanto não podia evitar suas próprias gargalhadas diante de tanto afeto.

Quando estava prestes a desistir de relutar contra as lambidas, Poseidon se afastou e os pelos de suas costas ficaram eriçados. O cão soltou um rosnado, enquanto olhava e farejava algo mais acima, para começar a latir logo em seguida. Tori estranhou tal comportamento e se colocou de pé, disposta a olhar o que poderia estar deixando o animal desconfortável.

Em uma árvore ali perto, um outro animal parecia encará-la fixamente. Uma coruja de penas acinzentadas e olhos amarelos era o motivo da mudança de comportamento de Poseidon.

— Tudo bem, ela não vai nos machucar. — tentou acalmar o cão, que seguia latindo.

Para a surpresa dos dois, a coruja levantou vôo no momento seguinte, vindo em direção a eles muito rápido e parecendo ter algo preso em suas patas.

Em um reflexo do susto, Tori se jogou para qualquer lado, temendo ser atacada pelo bicho. Acabou arranhada pelo asfalto, ao derrubar e cair por cima da bicicleta.

Por precaução, permaneceu algum tempo encolhida e com os olhos fechados, esperando o ataque.

Que não veio.

— Tudo bem aí? — ouviu uma voz desconhecida perguntar.

Abrindo um olho de cada vez, virou o rosto e deu de cara com um policial fardado, negro e alto, onde parecia ser bem novo de idade.

Não lembrou de tê-lo visto antes pelas redondezas.

— Eu... Acho que sim. Acabei me distraindo com o Poseidon e tomei um baita tombo! — abriu um sorrisinho sem graça e apontou para o cão, sem encará-lo.

— Deixe-me ajudá-la. — o mais velho estendeu as mãos e ajudou a menina a se colocar de pé.

— Obrigada. Eu sou um desastre ambulante, senhor, não liga não! — a menina avisou ao policial, após ver sua cara de preocupação com os inúmeros arranhões.

Foi então que Tori percebeu que Poseidon, enquanto ela conversava com o adulto, havia mordido e rasgado algo, onde agora tentava enterrar. Se aproximou, tendo a impressão de ser um papel ou algo do tipo.

Suas suspeitas foram confirmadas quando se abaixou e pegou alguns pedaços de envelope de carta, quase impossíveis de se ler.

Quase.

Pegando outros pedaços e juntando-os, conseguiu encontrar seu segundo nome e o sobrenome completamente úmidos pela saliva do animal.

— Ai meu Deus! — pegou os outros pedaços da carta.

— Algum problema? — perguntou o policial.

— Ele comeu uma carta endereçada a mim, senhor. E agora? Como vou saber o que era? E se for importante? Odeio ficar curiosa... Principalmente quando não sei quem poderia me escrever! — se levantou, começando a andar de um lado para outro, mancando, mas ainda assim sem conseguir ficar quieta.

— Se acalme. Se for mesmo importante, vão retornar até que você enfim consiga ler! — tentou acalmá-la, muito seguro no que dizia.

— Acho que bati contra o chão forte demais, pois acho que foi a coruja que me assustou que deixou essa carta aqui... — tocou a própria cabeça, agora parando no lugar.

— Quer que eu a ajude ir para casa? — se ofereceu, agora acreditando menos ainda que ela estava bem.

— Não precisa. Fora que não terminei minha rota ainda. Eu aguento. Sou durona! — sorriu, mesmo sendo um sorriso inseguro — Vou indo, senhor. Obrigada pela ajuda! — se despediu, enquanto erguia a bicicleta e analisava os estragos nela.

— Akin Thompson. Nos vemos por aí, sou novo na região e acredito que vou vê-la mais vezes. Espero que não na mesma situação... — o homem sorriu divertido.

— Até logo, senhor Thompson! — Tori saiu empurrando a bicicleta.

  ◾ ◾ ◾  

Mesmo mancando, Tori foi capaz de terminar sua rota, porém mais lenta do que nos dias anteriores. O pior é que faltava pouco menos de uma hora para o ônibus da escola passar em sua rua, há algumas quadras de distância dali.

— Prontinho, senhor Charles! — avisou, assim que bateu na porta e entrou no escritório de seu chefe, um homem pálido e de óculos com grossas lentes escuras.

— Você se superou hoje, uhn? — o homem falou, olhando um relógio de pulso.

— Me desculpa, eu tomei um baita de um tombo por causa de uma coruja que me assustou tentando me entregar uma carta... — tentou se explicar, mas foi interrompida pelo adulto, que gargalhou.

— Coruja, Tori? Coruja em plena luz do dia? Uma coruja carteira? — ele sorriu, achando graça naquilo — Sua imaginação está ficando cada vez melhor com o passar das semanas! Enfim, aqui está o pagamento de hoje... Com alguns descontos. A bicicleta sofreu alguns arranhões e vou ter de repará-los! — avisou.

— Mas... mas senhor Charles, não pode deixar para descontar em uma outra ocasião? Estou economizando para o aniversário do Harry, quero dar algo bacana para ele e sei que não posso contar com meus tios. Por favor... — ela suplicou, mancando para perto da mesa e unindo as mãos para ficar mais dramática.

— Não posso, seria injusto com os seus outros colegas que já sofreram punições pelo mesmo motivo. Eu sinto muito, Tori. De verdade! — lamentou Charles.

— Tudo bem, o senhor tem toda razão. Não seria justo mesmo. Obrigada mesmo assim... — Tori suspirou toda tristonha e se virou para sair dali, mancando um pouco.

— Use um antisséptico nesses arranhões... — ouviu o chefe dizer, antes de fechar a porta e seguir em direção a saída do local.

  ◾ ◾ ◾  

— Está atrasada, encosto! — o primo Duda foi a primeira coisa que Tori viu ao pisar na calçada de sua casa; um garoto gorducho é de cabelos castanho-claros.

Sempre tão carinhoso.

— Eu sei, oras! — passou reto e seguiu como um raio direto para a porta.

 Lene, você está toda arranhada. O que houve? — agora foi Harry quem apareceu, seu adorável irmãozinho de cabelos sempre despenteados e óculos de armação redonda.

— Explico depois, estou prestes a perder o ônibus! — passou as mãos pelo cabelo do irmão em uma tentativa em abaixar alguns fios, não deixando de reparar na cicatriz de formato peculiar que ele tinha na testa.

Ao enfim adentrar a casa, Tori correu direto para o armário embaixo da escada, cujo era seu "quarto" que dividia com Harry. Estava ficando apertado conforme eles iam crescendo, mas era a realidade que ela tinha que aceitar no momento.

Uma peça de roupa mal saiu e outra tomou seu lugar no corpo da menina. Isso se repetiu até que ela estivesse vestida e pronta para correr para a aula. Na pressa, pegou as meias usadas e limpou o sangue dos arranhões, mesmo tendo risco em perder uma perna por alguma bactéria superpoderosa.

O cabelo, que batia na altura do quadril, estava semi-preso com um elástico, como de costume. E foi a última coisa que Tori tentou colocar no lugar antes de correr para fora do armário com a mochila nas costas e bater o rosto contra a barriga flácida de seu tio Válter Dursley, que era muito mais alto do que ela tanto quanto era largo.

— Cheguei e já estou de saída. O ônibus vai passar dali uns minutos. Tchau, tio Válter! — avisou rapidamente, enquanto movia o corpo com destino à porta de saída.

— Nem tão rápido, mocinha. — Válter a puxou pela mochila — Sua tia está com crises de enxaqueca e mandou que você tirasse a mesa do café! — avisou.

— Faço isso quando eu chegar e ainda limpo a cozinha inteira, mas agora preciso correr! — Tori agitou os ombros, tentando livrar sua mochila.

— Acho que você não entendeu, menina... Agora! — o tio ordenou e a puxou um pouco mais para trás.

— Mas... o ônibus! — protestou, sentindo os olhos umedecendo aos poucos.

— Não é culpa de ninguém se você é incompetente em seu trabalho e sempre demora séculos para terminá-lo. Cozinha-agora! — ordenou o adulto mais uma vez, já sem muita paciência, isso visível pela vermelhidão que começava a colorir o rosto.

— Não posso perder a aula hoje, tio. Pelo amor de Deus, tenho teste de matemática. Não me dou bem com a matéria, mas passei a noite estudando. A professora não acredita muito em mim e eu queria mostrar o contrário indo bem dessa vez... — aproveitando as lágrimas sempre frouxas, a menina tentou um drama.

— Ainda não começou? Será que chega a aula antes do recreio, talvez? — Válter rosnou, irredutível.

— Tudo bem, o senhor venceu! — Tori largou a mochila no chão, depois seguiu para a cozinha.

Mesmo ralada e dolorida, ela foi ágil e em pouco tempo a mesa começou a ser limpa e organizada. Finalizou um tempo depois, passando um pano úmido e colocando o vaso de centro.

O último item era uma xícara de café semi vazia em cima do armário, cujo não fazia idéia do motivo de estar ali e não na mesa. Tori a pegou, mas a alça se soltou do devido lugar e o conteúdo escorreu por seu uniforme antes de cair e terminar de se quebrar no chão. Ela ficou paralisada de raiva, ao mesmo tempo que começava a chorar.

Ficando óbvio que alguém fez uma brincadeira de muito mau gosto, a menina buscou a vassoura e a pá em meio as muitas lágrimas.

Após limpar, tentou dar um jeito também em sua roupa, mas só piorando tudo.

Teve de caminhar para a escola completamente irritada, chorosa, dolorida e cheirando a café. O pior era que sabia que não chegaria a tempo de seu teste, mesmo suas pernas insistindo em continuar a caminhar.

Até que alguém surgiu em seu caminho.

— O que aconteceu? — a voz a surpreendeu.

Olhou para o lado e viu que uma viatura acompanhava seus passos.

— Ahn? Ah, oi senhor Thompson. Não é nada não. Nada que não dê para superar, não se preocupe. — tentou abrir um sorriso otimista, mesmo sabendo que seu rosto estaria vermelho por conta do choro.

— Gosto desse seu jeito determinado. É admirável para uma menina tão nova... — o adulto elogiou.

— A vida me obrigou a ser assim, senhor. — deu de ombros e abaixou o rosto.

— Tudo bem? Parece que andou chorando... — perguntou Akin, observando-a da janela da viatura.

— Eu odeio essa pergunta... Ela sempre me desmonta! — Tori estremeceu, a medida que seu esforço em parar de chorar veio por água abaixo.

— Ei, criança, qual o problema? Quer compartilhar? — se compadeceu ao ver a menina chorando.

— Problema? PROBLEMA! — berrou, esquecendo por um momento do choro — Meu teste de matemática! — saiu correndo e mancando algumas vezes, deixando o adulto sem entender nada.

— Não deveria estar no ônibus? — continuou a seguir com a viatura.

— Deveria sim, mas o perdi. Agora vou perder também meu teste de matemática, perder o resto da minha dignidade em casa por notas baixas... Com licença! — tentou correr mais rápido, mesmo em vão por conta da sensibilidade de seus arranhões.

— Entre, eu te dou uma carona. Você está machucada e não vai chegar tão cedo desse jeito. — Akin se ofereceu, parando a viatura e abrindo a porta.

— Desculpa, mas não. Pode até ser um policial, mas não o conheço. Não pegar carona com estranhos é a dica número um para não ser sequestrada, morta e ter seus órgãos vendidos no mercado negro! — Tori foi sincera e causou uma gargalhada no policial.

— Está certa nisso... boa sorte então, garota determinada! — sorriu e voltou a fechar a porta.

Tori se arrependeu em não ter aceito a carona no momento que o adulto acelerou e foi sumindo de vista. Mas sabia que havia feito certo. Não podia se arriscar com um desconhecido, mesmo este passando uma confiança jamais sentida por outra pessoa senão Harry.

  ◾ ◾ ◾  

— Com licença... senhora Breslin. — ofegou Tori, parando na porta da sala após muito correr.

Todas as meninas da sala, que estavam concentradas em seus testes, viraram a cabeça para encará-la.

— Victória, está atrasada! — a professora, uma mulher jovem e tão loira a ponto de quase não ser possível ver suas sobrancelhas, se levantou e seguiu para a porta.

— Tudo tem uma justificativa, mas eu juro que dei meu melhor para estar aqui e fazer a prova... — disse ela, visivelmente exausta.

— Não fez o suficiente, pois o sinal do recreio está prestes a tocar e anunciar o fim de minha aula! — cruzou os braços.

— Eu fico sem comer, não me importo. Só quero fazer a prova e salvar meu ano... — garantiu a menina, começando a se desesperar.

— Mas não posso abrir exceção para você. Se eu abrir, que respeito vou ter para negar às outras alunas quando me pedirem a mesma coisa? Vai virar bagunça. Não vou fazer isso! — Breslin negou.

— Professora, pelo amor de Deus. A senhora é mais uma pessoa que eu estou suplicando no dia de hoje... Estou cansada da mesma resposta. Está tudo tão esquisito, tudo tem dado errado. Uma coruja me assustou e eu cai, me arranhando e arranhando a bicicleta que eu estava. Terminei o trabalho mais lerda do que nunca. Meu chefe descontou o dinheiro dos arranhões da bicicleta dele. Meu tios me fizeram perder o ônibus e eu vim a pé, correndo. E agora vou perder a última chance de não terminar o ano com uma bomba em matemática, já que meus pontos antes não foram suficientes. Por favor, me dê mais essa chance, senhora Breslin. Eu suplico! — agora Tori havia voltado a chorar.

— Eu sinto muito. Dias ruins são comuns para qualquer pessoa, até mesmo para uma menina! — dito isso, a adulta se virou e fechou a porta.

Sem chão, Tori arrastou seu corpo derrotado para um banco no corredor, onde se jogou e encolheu os ombros, enquanto chorava baixinho.

Ficou assim até o sinal do recreio tocar. Então secou rapidamente as lágrimas, pois não queria ser vista daquele jeito, e pegou sua mochila, pronta para ir guardá-la na classe.

Parou apenas quando alguém chamou sua atenção. Não havia reparado que o Zelador antigo não estava mais ali e em seu lugar havia um outro, cujo agora a encarava de um jeito estranho.

— Esquisita! — assustou-se com Abigail McGregor, uma garota muito bonita de sua classe, sempre com bochechas rosadas e fios loiros como de anjinhos.

Mas só o cabelo mesmo.

— Bom dia para a senhora também, Abigail! — Tori passou reto, indo direto para a sala.

Estava tão cansada, que naquele dia não iria ceder, mesmo sabendo que a garota não ia desistir de inferniza-la. Como de costume.

  ◾ ◾ ◾  

O restante das horas escolares haviam se arrastado, para a agonia de Tori que não via a hora de voltar para casa. As últimas aulas sofreu com piadinhas de Abigail, sempre apoiada por outras. Mas assim que o sinal tocou, correu tão rápido da sala que não ouviu mais nada.

Até que estava seguindo em direção ao ônibus, quando ouviu um "psiu" vindo de dentro de um carro pelo qual havia acabado de passar. Resolveu seguir sem dar atenção, quando uma buzina a fez pular de susto.

Para sua surpresa, ao se virar, viu sua professora de matemática acenando para que ela se aproximasse. Mesmo com receio em perder o ônibus, Tori caminhou até a janela do carro.

— Algum problema, professora? — perguntou, observando a adulta.

— O único problema é no teste de matemática que você vai fazer agora, caso ainda queira... — Breslin respondeu, de um jeito meio distante, porém firme.

— É claro que eu quero. Mas... o que fez a senhora mudar de ideia? — estranhou Tori, antes de se animar com aquilo.

— Você é uma boa aluna, não merece ser prejudicada depois de se esforçar tanto! — disse a professora, causando uma careta de confusão na mais nova.

— Mas eu nunca tirei mais do que 5 em sua matéria, sempre fui surrada pelos números... Não sou uma boa aluna. Não mesmo! — estranhou ela.

— Quer fazer a prova ou não? — foi a vez de Breslin perguntar, um pouco impaciente.

— Claro que quero! — confirmou rapidamente.

— Então vá até aquela lanchonete de esquina, que a encontro lá. Vamos fingir coincidência ao chegar lá, ok? — tramou ela, ainda de um jeito esquisito que a menina não conseguiu ignorar.

— Sim senhora... — concordou Tori, se afastando do carro e indo em direção ao local indicado.

  ◾ ◾ ◾  

Alguns minutos se passaram desde quando a professora pegou a prova de Tori para corrigir. Ela rabiscava a folha, passava um tempo escrevendo algo e logo depois continuava apenas observando.

Na mesa, sentada logo à frente, a menina encarava a adulta com expectativa, pois havia dado seu melhor.

— Pronto. — Breslin anunciou, tirando seu fichário da bolsa e guardando a folha junto às outras.

— Fui mal de novo, não fui? Me desculpa, senhora Breslin. Justo esse ano que ando cansada, foi quando seus números ficaram mais complicados... Perdão por fazê-la perder tempo! — choramingou Tori.

— Você tirou 7. Não há motivos para se desesperar... Agora, quer algo? Tem fome? — a mulher empurrou o cardápio para a menina.

— O quê? Não, não... Eu não tenho como pagar e preciso voltar para casa. Me desculpa, professora. — empurrou de volta.

— Faço questão. É minha melhor aluna! — confessou Breslin, abrindo um sorriso cujo não alcançava seus olhos.

— Se a senhora diz... — deu de ombros, enquanto analisava o rosto da professora — Um lanche desse aqui, então! — a menina apontou para o nome no cardápio.

— Está certo. Garçom, por favor! — acenou para o atendente se aproximar.

— Nunca vou entender por quê está fazendo isso por mim, senhora Breslin. Mas... obrigada! — Tori confessou.

— Tão simples... Você é o orgulho do papai! — agora a adulta encarou a menina de um jeito assustador.

Tori só não saiu correndo, onde tudo indicava que a professora não estava bem da cabeça, porque não queria parecer ingrata. Fora que a mulher não parecia que iria fazer algum mal à ela. Principalmente em um lugar tão público.

Então esperaria ser liberada.

◾ ◾ ◾◾ ◾ ◾


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!