— Amiga – Ino chamou não gostando da roupa que Sakura estava vestindo. – Que tal um vestido?

Estavam terminando de se arrumar para a tal "confraternização" que teria naquele dia.

— Nem pensar – Sakura negou. Estava muito satisfeita em sua jaqueta de couro, calça jeans e os coturnos – Estou ótima assim – disse se olhando no espelho.

— É, ótima pra ir pra aula – reclamou a loira. – É uma festa! – suplicou. – Você tem que se vestir à caráter!

— E "à caráter" é usar um vestido, por acaso?

— Exatamente! – concordou Ino tirando um vestido roxo que possuía tiras pretas do guarda roupa. Era a cara de Sakura.

A filha da Malévola arqueou a sobrancelha diante da peça.

— Como eu queria que você parasse de ir às aulas de Princesologia – pediu a de cabelos cor de rosa.

— Já falei que Princesologia não ensina só a conquistar príncipes – rebateu Ino – Faz um teste – pediu. – Não vai te matar usar um vestido de vez em quando. Você nem precisa tirar o coturno – ofereceu.

— Tá bom – Sakura revirou os olhos e pegou a peça indo ao banheiro pra se trocar.

Alguns minutos depois voltou ao quarto.

— Nossa – elogiou Ino, depois suspirou desejosa olhando as pernas da amiga – Você tem tanta sorte de não precisar se depilar.

Sakura deu de ombros.

— Tudo proveniente do sangue das fadas. Mas bem que eu podia não menstruar também – revirou os olhos.

— Não dá pra se ter tudo – brincou a filha da Rainha Má.

— Vamos – disse Sakura.

Encontraram com os garotos no refeitório.

— Vai chover – disse Shikamaru irônico. – Sakura usando um vestido? É a filha da Malévola mesmo?

— Vai se ferrar Shikamaru – mandou Sakura.

— É, é ela mesma – riu Kiba junto de Ino.

O garoto parecia mais relaxado do que nunca, os tempos longe da mãe o estavam fazendo muito bem.

— Só mais dois dias – disse o filho do Jafar por elas zombeteiro.

Sakura nem respondeu. Até porque ainda não havia tomado decisão nenhuma.

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O evento aconteceria no jardim atrás da escola e já havia muitas pessoas no local.

Os amigos acabaram se separando.

Shikamaru acabou tombando sem querer em Temari que parecia estar furiosa.

— Opa – a segurou antes que caísse. – Vai com calma aí princesa.

Temari respirou fundo tentando se controlar.

— Desculpa – pediu.

— Melhor? – perguntou vendo ela mais calma.

— Sim, são só meus irmãos – revirou os olhos.

Shikamaru se controlou ele mesmo para não revirar os olhos. Ela achava que tinha irmãos ruins?

— O que aconteceu? – perguntou solícito. Temari corou e Shikamaru arqueou a sobrancelha.

— Nada – respondeu rápido demais. – É só... Eles me tiram do sério – deu de ombros.

— Quer beber algo para se acalmar?

— Pode ser depois? É que já vai começar a apresentação e eu preciso estar lá – ela revirou os olhos.

— Eu espero – Shikamaru sorriu e pegou a mão dela, depositando um beijo no torso logo em seguida. – Aliás, está muito linda – elogiou.

Temari se afastou fisicamente, mas sua cabeça estava nas nuvens.

Na outra extremidade do jardim Sasuke e Itachi estavam bebendo um suco e conversando sentados em uma mesa junto de seus pais.

— Sasuke – Izumi o chamou timidamente se aproximando dos dois irmãos. – Acho que já está na hora da apresentação.

— Claro – Sasuke concordou terminado de beber o suco rapidamente. – Te vejo depois – se despediu do irmão.

Itachi só balançou a cabeça, seus olhos estavam em Izumi. Ela parecia mais linda do que a última vez em que a vira.

— O que é esse machucado no seu braço? – perguntou estranhando a marca.

— Nada demais – Izumi correu para cobrir. Usava uma blusa de manga longa bufante. – Bati... Por aí...

— Continua desastrada como sempre, não é?! – sorriu o príncipe.

Izumi sentiu seu rosto corar e o coração dar um salto no peito. Desde pequena tinha uma queda por ele. E pelo visto não superaria nunca.

Desviou a atenção quando Sasuke chamou em um microfone.

— Atenção, por favor – se ajeitou com os amigos em volta. – Temos um número musical preparado unicamente para este momento.

Além de Sasuke, também estavam Naruto, Neji, Temari, Gaara, Kankuro, Tenten, Karin, Sai, Karui e Lee.

Ma cherie Mademoiselle

It is with deepest pride and greatest pleasure

That we welcome you tonight

And now, we invite you to relax

Let us pull up a chair

As the dining room proudly presents

Your dinner!

Be our guest!

Put our service to the test

Tie your napkin 'round your neck, cherie

And we'll provide the rest

Soup du jour

Hot hors d'oeuvres

Why, we only live to serve

Try the grey stuff

It's delicious!

Don't believe me?

Ask the dishes

They can sing, sing, sing!

They can dance, dance, dance!

After all, Miss, this is France!

And the dinner here is never second best!

Go on, unfold your menu

Take a glance and then you'll

Be our guest

Oui, our guest

Be our guest!

We tell jokes

I do tricks!

With my fellow candlesticks

And it's all in perfect taste

That you can bet

Come on and lift your glass

You've won your own free pass

To be our guest

If you're stressed

It's fine dining we suggest!

Be our guest!

Be our guest!

Be our guest!

Todos em volta bateram palmas e os mais novos chegaram a gritar e a assobiar quando eles terminaram.

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— Oi – disse Sasuke se aproximando de Sakura.

— Oi – ela o cumprimentou de volta. – Eu nem te agradeci direito, valeu por aquele dia.

— Disponha – disse ele.

O que é que os olhos de Sasuke tinham que prendiam tanto sua atenção? Não eram coloridos como os seus ou os de Ino, eram de um preto bastante escuro e que pareciam ter um brilho próprio.

— Quer jogar golfe? – ele ofereceu.

— Claro – ela respondeu imediatamente. – Como é que se joga isso mesmo?

— Você tem apenas que acertar o buraco – ele respondeu. – Assim... – e demonstrou.

— Não parece tão difícil – Sakura arqueou a sobrancelha ao observá-lo.

— Tenta – Sasuke lhe estendeu o taco.

Sakura pegou da mão dele e jogou, mas jogou tão forte que a bolinha de golfe foi parar do outro lado do campo.

Sasuke riu após a terceira tentativa fracassada da garota.

— Não é tão difícil? – brincou ele.

— Vai, ri mesmo – Sakura bufou.

— Oh querida – uma senhora se aproximou. – Não é assim que se deve fazer, o segredo desse jogo não é força, é jeito – e mostrou como se fazia.

Sakura observou e a imitou, conseguindo enfim marcar um ponto.

— Muito obrigada – sorriu para a senhora.

Sasuke se afastou sorrindo satisfeito. Deixou que as duas conversassem e se conhecessem melhor.

— Você me é familiar, será que já não nos vimos antes? – perguntou analisando a jovem.

— Ah não – Sakura negou. – Duvido muito, eu não sou daqui.

— E de onde é? – perguntou curiosa. – Você é uma moça muito bonita.

— Obrigada – agradeceu sinceramente e retribuiu o elogio. – A senhora é muito gentil.

— Ai, quem dera minha neta fosse como você. Mas de certa forma é culpa minha – disse colocando a mão no queixo. – E do resto da família, ela é minha única neta e nós a mimamos muito. Acho que você deve a conhecer – jogou novamente fazendo mais um ponto.

— Ela estuda aqui? – Sakura perguntou imitando a senhora e novamente fez mais um ponto. Pulou feliz sem se controlar.

— Sim – olhou ao redor procurando alguém. – Ali está ela, espera um tantinho que vou chamá-la.

Enquanto Sakura aguardava fez mais três pontos no placar.

— Está mandando bem – disse Ino se aproximando.

— Uma senhora me ensinou – deu de ombros. – Ela disse que a neta dela estuda aqui.

Um momento depois ouviu a voz de Karin se aproximar e se segurou pra não revirar os olhos.

— Vó vai com calma – ela dizia, parecia irritada.

— Só por hoje eu gostaria de não brigar com ela – cochichou para Ino.

— Bobagem Karin – disse a senhora que havia lhe ensinado a jogar. – São só alguns minutos, logo você volta para seus amigos.

Sakura estava abismada.

— Vó? – perguntou confusa.

— Sim, essa é minha neta, Karin – disse orgulhosa. – Perdão, eu nem perguntei o seu nome.

— Vó! – ralhou a ruiva. – Você não devia falar com ela!

— E porque não, Karin?! Você tem que parar mais com essas atitudes, quantas vezes tenho que te dizer que não são modos de uma dama – brigou a senhora. – Seu nome, mocinha? – pediu.

— É Sakura – sua voz falhou. Olhou para Ino preocupada.

— É um nome muito bonito, onde foi que eu já ouvi? – colocou a mão no queixo pensando.

— Vó, ela é filha da Malévola! – Karin gritou e muitas pessoas em sua volta se viraram e ficaram em silêncio analisando a situação.

A senhora estava em choque e um olhar passou em seu rosto. Sakura reconhecia aquele olhar: era o mesmo no rosto do diretor todas as vezes em que se viam. Não importava as palavras que tinham acabado de trocar, as gentilezas e os elogios. Nada mais importava para aquela senhora agora, só que Sakura era filha de Malévola. Por um momento sentiu vergonha e logo se arrependeu, não tinha culpa pelos pais.

— Como ousaram deixar que os filhos daqueles vilões se misturassem com a gente? – a senhora estava furiosa.

Karin tinha um olhar de prazer no rosto.

— Essa é uma segunda chance para eles – Sasuke se aproximou rapidamente.

— Você é jovem, não sabe o que passamos – a senhora exasperou e se virou para Sakura. – Por culpa de Malévola eu não vi minha filha crescer, por culpa dela eu quase a vi morrer! – se voltou para Sasuke. – Você espera que eu simplesmente esqueça tudo o que ela me fez e conviva com a filha dela quando não tive a minha filha por perto na mesma idade dela?

Sakura sentiu o medo crescer dentro do peito e se virou ao redor. Todos mais velhos pareciam pensar o mesmo que a senhora. Os mais jovens não faziam nada para impedir.

Ino apertou seu braço, enquanto que Shikamaru e Kiba se aproximavam.

— Eu não tive culpa de nada – Sakura disse a ela.

— Não me importa! Sua mãe ainda aparece em pesadelos pra mim e pra minha filha também.

— Eu não tive culpa de nada – tentou se aproximar.

— Não se aproxima da minha avó! – Karin atacou.

— Karin – Sasuke tentou intervir.

— Nem vem Sasuke!

Sasuke se virou aos demais ao redor e pronunciou.

— Eles não são os pais deles!

— Mas foram criados por eles – disse Neji se aproximando de Karin. – O que acha que os vilões ensinam aos seus filhos?

Ino se sentiu traída.

Os demais pareciam concordar com Neji e logo um alvoroço se instalou.
Sakura viu o estardalhaço que aquilo estava virando e revidou da única maneira que conseguia: começou a rir sarcasticamente.

A senhora se afastou assustada e os mais velhos paralisaram apavorados. Pareciam escutar o riso da própria Malévola.

— Meus parabéns – disse sem mascarar o rancor na voz. – Belos reis e rainhas vocês são por se sentirem superiores por seu sangue azul – bateu palmas. – Adoram espalhar seus belos contos de fadas cheios de finais felizes. Mas apenas para quem vocês acham dignos – bateu palmas mais uma vez. – Bravo! – "bando se hipócritas" acrescentou em pensamentos.

Todos ainda estavam calados, mas Sakura sabia que aquilo não duraria muito.

— Vem gente, vamos sair daqui – chamou os amigos.

— Esperem, por favor – Sasuke pediu colocando a mão no braço de Sakura, mas ela se desvencilhou.

— Não Sasuke, eu sei quando não sou bem vinda.

Partiu sem olhar pra trás com os amigos no encalço.

Sasuke se sentiu triste, logo agora que estava ganhando a confiança dela. Resolveu dizer aos demais presentes:

— Eu, como seu futuro conselheiro real, me sinto extremamente decepcionado pela forma como se comportaram hoje. O futuro que almejo é o da paz. Os vilões estão presos na ilha, não há mais nada que possam fazer e me decepciona muito que não vocês vêem isso.

— Concordo com meu irmão – disse Itachi se aproximando do irmão. – Estamos em uma nova era, os vilões são passado. A história de vocês é passado – foi duro em sua crítica. – Como futuro rei quero um mundo onde possa conviver com os filhos daqueles que foram considerados pária, porque sou justo e aqueles jovens não têm culpa nenhuma de suas origens. O melhor que posso fazer é dar oportunidades a eles e é isso que vou fazer.

— Isso é o que nós vamos ver – disse a avó da Karin e partiu dali.

Os demais também se dispersaram.

— Essa festa foi um fracasso – lamentou Sasuke para o irmão.

— Papai não vai ficar feliz em saber disso – disse Itachi bagunçando os cabelos. – Vamos ter que nos preparar, os mais velhos não vão deixar isso barato. 

— Conte comigo para o que precisar – Sasuke colocou uma mão no ombro do irmão. – Mas vamos precisar de aliados.

— Podem contar comigo – disse Naruto se aproximando. – Não esperava que Neji fosse ser contra a gente – falou incrédulo.

— Eu também não – concordou Sasuke. – Principalmente porque ele parecia ser amigo da Ino.

— Eu acredito – disse Itachi olhando ao redor. – Muitos aqui não concordam com nossa decisão, eles apenas sabem disfarçar muito bem.

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— Que idiota nós fomos – disse Sakura estalando a língua.

Foram direto para o quarto dos garotos.

— É isso o que acontece quando você tentar ser bonzinho: você só se ferra! A gente já não tinha aprendido isso com os vilões? Com os nossos pais?

Ino ainda estava abismada que Neji tivesse tratado ela daquela forma. Tudo bem que ele não gostasse de Sakura, mas daí nem olhar em sua cara quando dissera tudo aquilo, Ino se sentia usada, principalmente porque havia feito todos os deveres dele nas duas últimas semanas.

— Eles vão nos mandar de volta na primeira oportunidade que tiverem – disse Shikamaru.

— Não podemos deixar isso acontecer – pediu Kiba.

— Não tem jeito – Ino lamentou. – Vamos ter que pegar a varinha.

Os meninos entraram em um impasse: pegar a varinha e libertarem os pais ou abandonar os pais e correr o risco de a qualquer momento serem mandados embora?

Sakura não teve dúvidas ao dizer:

— Tá, vamos fazer isso: vamos pegar a varinha.

Sasuke que lhe desculpasse, mas iria tomar uma poção do amor.