Philia e Eros escrita por Holanda


Capítulo 1
Parte I - Philia


Notas iniciais do capítulo

Essa será uma two shot, ou seja, terá dois capitulos, logo mais estarei postando o resto! Lembrando que essa é uma fic greek fire, Pyrrha x Yang, você pode até tocer o nariz para esse ship, mas eu adoro e acho que ele merece mais amor! *-*



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Philia

Sentimentos são coisas líquidas por isso não tem fronteiras bem definidas… não se sabe onde termina um sentimento e começa outro, eles podem se misturar e formar soluções novas, pode evaporar e desaparecer, por isso, sentimentos não se explica, apenas se sente.

 

Seu cabelo longo e vermelho como o fogo caía em ondas pelas suas costas, a água escorrendo por seu corpo bem definido e musculoso pelos anos de treino. A pele branca que apesar de endurecida, era lisa e suave. Ela era Pyrrha Nikos e se havia um consenso no mundo era que ela era linda.

Ela desligou o chuveiro, a água parou de cair na sua cabeça e Pyrrha soltou um longo suspiro, puxando a toalha, ela se enrolou e saiu do box, seus pés quase deslizando pelo azulejo frio do banheiro do vestiário da universidade Beacon.

O lugar estava vazio, Pyrrha havia demorando mais do que o necessário propositalmente, daquela forma, quase todos já tinham terminado suas atividades de higiene, deixando o vestiário em silêncio, um ocasional fechar e abrir de armários, alguns murmúrios baixos e sons de passos eram ouvidos, mas nada comparado ao barulho que aquele lugar ficava quando estava cheio.

Pyrrha chegou a seu armário, ela o abriu e seus olhos se arregalaram por um instante.

— Oh, não… — murmurou para si mesma, depois ela soltou um suspiro cansado, não era a primeira vez que aquilo acontecia… Ela ainda se deu ao trabalho de verificar se havia aberto o armário errado, mas não.

Suas roupas haviam desaparecido.

Ela já começou a pensar o que faria para resolver aquilo, normalmente ligaria para sua amiga Nora lhe trazer roupas, mas ela estava sem seu celular, Pyrrha se amaldiçoou por isso já começando a ficar nervosa. Seu rosto empalideceu, ela procurava alguma solução, mas está apenas de toalha e sem roupas para trocar estava prejudicando seu raciocínio.

— Hey! Você tá precisando de ajuda?

Pyrrha se virou para ver quem havia falado, era uma garota loira, ela usava um moletom da faculdade de cor verde e preto, seu cabelo estava desgrenhado formando uma juba amarela que ainda parecia muito bonita, como se os fios dourados fossem naturalmente indisciplinados.

— Ah, não! Eu estou bem! — Ela disse corando, aquela era uma situação muito constrangedora, ainda mais, na frente de uma desconhecida.

— Esse ai é seu armário? — A loira perguntou, obviamente que ela não estava tão disposta a deixar para lá com a desculpa pouco convincente que Pyrrha deu.

— Bem, sim… — Ela admitiu desconfortável.

— Eu vi uma garota mexendo ai, achei estranho, mas pensei que era o armário dela e não falei nada. — A garota loira se aproximou casualmente. — Ela tirou algo seu? — perguntou parecendo buscar uma confirmação de uma suspeita.

— Sim, aparece que minhas roupas sumiram. — Pyrrha admitiu tão constrangida que não conseguia olhar a expressão da outra mulher, ela riria? Ficaria com pena? Fosse qual fosse a reação, Pyrrha sentia que não saberia lidar.

— Foi o que eu pensei, eu deveria ter feito algo, isso é uma merda, você tem algo para vestir, sei lá, tipo um par de calções extra? — Ela falou parecendo está brava com a situação, aquela era uma reação que Pyrrha não previa.

— Eu não trouxe roupas extras. — Ela viu a loira cruzar os braços sobre o peito, foi quando Pyrrha realmente reparou na mulher, havia algo de familiar em seu rosto, mas ela não lembrança de onde.

— Que chato, eu tenho peças de roupa extras no meu armário, se você não se importar em usar algo de outra pessoa que esteja possivelmente suado, eu poderia te emprestar, só para você não sair daqui só de toalha.

Pyrrha a olhou surpresa, ela não esperava receber ajuda, tanto que ela avaliou rapidamente se havia algum truque ou segunda intenção, mas a mulher loira a sua frente parecia honesta e confiável, apesar de não se conhecerem.

— Obrigada, acho que não tenho escolha a não ser aceitar. — Ela esboçou um sorriso e a loira riu, mas não era nada debochado, era um riso divertido e pueril.

— Imagine o alvoroço que seria se Pyrrha Nikos andasse por aí só de toalha, aposto que era isso que aquela garota estava querendo, só para te desmoralizar. — Ela disse ainda rindo e Pyrrha se surpreendeu por ela saber seu nome. — Mas ela não contava com Yang Xiao-Long para salvar o dia! — Apontou um dedo para si mesma e espalhou um sorriso confiante pelo rosto, foi quando a mente de Pyrrha clicou e ela percebeu de onde já tinha visto aquela garota.

— Você é a goleira do time de futebol da faculdade! — constatou arregalando os olhos.

Yang sorriu largamente ao ser reconhecida.

— Sim, sou eu! E você é a garota invencível do atletismo, o rosto da universidade!

Pyrrha corou com as palavras.

— Não é para tanto…

— Que isso, você é mega talentosa, certamente será uma futura campeã olímpica.

— Obrigada… — falou tímida.

— Vamos até meu armário, aí você pode se trocar.

— Ah, sim, obrigada por isso, não tenho nem como agradecer você. — Pyrrha disse enquanto caminhava ao lado de Yang para um outro corredor de armários.

— Imagina, se eu soubesse o que aquela garota tava fazendo… eu teria a impedido. — Yang falou abrindo seu armário e mexendo nas coisas, deu para ver que estava bagunçado e amarrotado de tranqueiras.

— Você não poderia saber…

— Sim… achei algo, acho que ficará meio grande em você, não sei, experimenta para a gente ver. — Yang lhe deu um par composto de uma calça curta e apertada de cor preta e uma camisa larga amarela.

— Tudo bem, o importante é ter algo para vestir. — Pyrrha aceitou as peças de roupa e olhou para Yang que sorria para ela, seu rosto ficou completamente vermelho.

— Oh! Ah, me desculpe, isso foi rude! — Yang disse percebendo o que estava acontecendo, ela se virou de costas. — Prometo que não vou olhar. — Para ressaltar o que dizia, Yang cobriu os olhos com as mãos.

— Não precisa de tanto, somos garotas não é? — Pyrrha falou.

— Bem, sim, mas… você parecia constrangida. — Yang se virou para falar olhando para ela. — E você sabe…

— Sei o que? — Pyrrha ficou realmente confusa com o tom que ela usou.

— Eu gosto de garotas. — Yang admitiu com as bochechas coradas.

— Ah… entendo… — Pyrrha murmurou com uma voz pequena.

— Eu não vou te olhar, eu juro! — A loira se virou e voltou a sua posição de cobrir os olhos com as mãos.

Pyrrha nada disse, ela não era muito habituada a lidar com assuntos pertinentes à sexualidade, principalmente, a de outras pessoas. Ela não era preconceituosa, pelo contrário, ela apoiava toda e qualquer causa que lutasse por igualdade, mas vinda de uma família tradicional e vivendo uma vida com bem poucas experiências, Pyrrha nunca se aventurou fora dos chamados “campos da heterossexualidade”.

— Pronto! — Ela disse depois que acabou de se vestir, assim como havia prometido, Yang não havia se movido.

— Uou, coube perfeitamente em você! — Yang disse sorrindo quando se virou para olhá-la.

— Acho que temos o mesmo número. — Pyrrha disse sorrindo para ela.

— Você deve ser mais encorpada do que parece. — Ela riu, mas Pyrrha recuou um pouco assustada. — Não, eu não quis dizer isso, quis dizer que eu sou mais musculosa e se minhas roupas couberam em você quer dizer que temos o mesmo biótipo corporal, eu… me desculpe por isso, eu não estou dando em cima de você, me desculpe.

— Tudo bem, você pediu muitas desculpas, aparece até eu… — Pyrrha riu. — Você não fez nada de errado, nem disse nada de mal, eu apenas me surpreendi. — Ela tirou uma mecha de cabelo que caiu sobre seu rosto. — Você está sendo muito gentil, só tenho a agradecer, Yang.

Yang abriu um sorriso enorme no rosto.

— Que legal, sabe, eu te admiro muito…. Como atleta! — Yang falou. — Claro, você também parece ser uma pessoa incrível, quer dizer… nós não nos conhecemos muito e tal, mas…

— Poderia me dar o seu número de telefone? — Pyrrha disse de repente deixando Yang meio estupefata.

— Como?

— Para devolver as roupas, depois. — Se justificou apressadamente antes que fosse mal interpretada, mas um rubor ainda se espalhou pelo rosto de Pyrrha.

— Ah, claro, dou sim. — Yang lutou para puxar seu aparelho telefônico no bolso, Pyrrha viu que o rosto dela estava um pouco corado também.

Ela recebeu o número telefônico da mão de Yang e recolheu suas coisas para se retirar.

— Tenho de ir, muito obrigada por toda sua ajuda e desculpe pelo incomodo. — Pyrrha disse colocando sua bolsa no ombro. — Vou lavar e devolver suas roupas assim que possível.

— Ah, não precisa se incomodar tanto, eu tenho um monte de roupas, assim que puder você devolve.

Pyrrha sorriu para ela.

— Obrigada, vou entrar em contato.

— De nada. — Yang disse a vendo se afastar, mas Pyrrha parou antes de sair pela porta e se virou.

— Boa sorte no jogo de amanhã, talvez eu apareça para te ver. — Ela sorriu e saiu logo em seguida,

Yang ficou a olhando com um sorriso apatetado no rosto, ela mal acreditava no que havia acontecido.

 

~**~



Pyrrha foi para um programa diferente em seu sábado a noite, ela estava encostada no lado de fora do vestiário esperando com uma sacola na mão, ela viu as portas se abrindo e as jogadoras do time de futebol feminino na faculdade começaram a sair fazendo grande algazarra, elas estavam comemorando a vitória que tiveram no jogo daquela noite.

Ela avistou facilmente Yang no meio delas, seu cabelo loiro se destacada, Pyrrha acenou e Yang sorriu para ela, depois se despediu das amigas e correu para onde a ruiva estava.

— Hey, Pyrrha, como você está?

— Bem, trouxe suas roupas, como havíamos combinado. — Ela sorriu e lhe entregou a sacola com as roupas que Yang havia lhe emprestado, perfeitamente limpas.

— Ah, valeu. — Yang pegou e nem sequer verificou o conteúdo. — Nós ganhamos!

— Eu vi, estava assistindo na arquibancada. — O sorriso de Yang se alargou com a informação. — Você jogou muito bem, fez ótimas defesas. — comentou.

— Ah… eh… obrigada… — respondeu Yang um pouco sem jeito. — Tomara mesmo, as meninas tavam dizendo que podia ter olheiros hoje.

— Você tem ambições de jogar em um time profissional?

— Claro! — Yang falou quase gritando o que afastou Pyrrha, mas o tom dela não era bravo ou agressivo, a loira a sua frente, só estava muito empolgada. — Quer dizer, claro que tenho, sempre quis está em um time profissional, achei que minha bolsa aqui na universidade abriria portas, mas… ainda estou esperando a oportunidade de ouro aparecer. — completou meio tímida logo em seguida.

— Entendo, eu espero que consiga, acho você muito talentosa.

Pyrrha viu o rosto de Yang ficar levemente avermelhado.

— Obrigada.

— Bem… eu acho que vou indo. — Pyrrha trocou os pés enquanto sentia seu próprio constrangimento aquecer seu rosto.

— Espera! — Yang chamou e Pyrrha se virou para olhá-la. — Eh… as garotas querem ir naquela pizzaria do centro, para comemorar, não quer vir junto?

O rosto de Pyrrha ficou entristecido por um instante, mas logo ela colocou um sorriso educado no rosto:

— Obrigada pelo convite, mas não seria adequado eu me meter na comemoração de vocês, espero que se divirtam.

— Espera só um momento! — Yang passou na frente de Pyrrha a impedindo de sair. — O que foi aquilo?

— Aquilo o que? — A ruiva se assustou e deu um passo para trás.

— Você ficou toda pra baixo por um segundo e depois disfarçou, conheço essa estratégia, o que há de errado, Pyrrha?

Ela se surpreendeu com a atitude de Yang, parecia que a loira era muito atenciosa e captava os mínimos detalhes quando se tratava dos outros. E ainda era gentil o bastante para se importar… Um sorriso mínimo surgiu os lábios de Pyrrha e ela nem sabia o porque aquilo lhe agradava tanto.

— Bem, eu nunca foi uma pessoa muito habilidosa socialmente falando… — Pyrrha disse e esperou alguma reação de Yang, talvez tirar sarro da cara dela porque ela ser considerada tão perfeita e agora dizer que nem conversar ela sabia fazer direito, mas Yang apenas a olhou esperando pacientemente que ela continuasse. — A maioria das garotas tinham inveja de mim ou só se aproximavam com interesse de se aproveitarem, os garotos… bem, são garotos, você sabe como são… por isso nunca tive muito amigos e me deixou desconfiada, acho que não levo jeito para fazer amizades.

— Entendo…

— Entende? — Pyrrha riu. — Você que é toda sociável?

Yang riu também, assim, o clima sério desapareceu tão rápido quanto chegou.

— Não tanto por experiência própria, mas entendo seu lado, que tal eu ser sua amiga? — Yang sorriu largamente para ela, mas Pyrrha hesitou. — Quer dizer, você já até já usou minhas roupas, podemos pular a parte do constrangimento inicial!

Pyrrha piscou olhando para ela, certamente que Yang era a pessoa mais espontânea e calorosa que ela já havia conhecido, ela se pegou pensando que seria muito legal a ter como amiga.

— Eu adoraria ser sua amiga, Yang. — disse sorrindo e de repente, Pyrrha se viu sendo abraçada.

— Que demais! Vou te apresentar todos os meus amigos e podemos sair todos juntos! — Yang comemorou e sem pensar, deu um grande abraço em Pyrrha, mas Yang rapidamente se afastou ao perceber que a ruiva ficou rígida em seus braços. — Ah, me desculpe, eu não deveria ter feito isso…

— Tudo bem, eu só não esperava…

— Ah… certo… — Yang se mexeu meio desconfortável. — Então, podemos ir?

— Claro! — Elas começaram a andar até a saída, mas Pyrrha percebeu que ela não sabia para onde estavam indo. — Vamos para pizzaria?

— Eh? Não, não! Esquece isso, a Dana sempre quer pizza de abacaxi, mesmo que todo mundo odeie, mas como ela que fez os gols da partida, teríamos de pedir o que ela quer. — Yang riu. — Dá sempre confusão.

— Entendo…

— Eu posso te acompanhar até sua casa. — Yang disse de repente. — Se você quiser, é claro. — completou apressadamente.

— Tudo bem… eu moro em um prédio de apartamento não muito longe daqui.

— Ah, legal, minha casa fica longe, em um bairro residencial, então, tenho de vir de moto todos os dias, e um gasto com combustível grande, por isso estou pensando em me mudar para mais perto, o problema é grana mesmo e porque sou muito apegada a minha família, morar só parece um pesadelo.

Pyrrha sorriu a olhando de lado, era bem evidente que Yang era do tipo que falava muito, a ruiva gostava disso, ela odiava aquele tipo de silêncio constrangedor que se abatia sobre as pessoas quando ela começava a conversar.

— Eu divido o apartamento com uma amiga, Nora, ela é parecida com você. — Pyrrha comentou.

— É mesmo? Parecida como? — perguntou Yang estando genuinamente interessada.

— Enérgica, fala muito… gosta de abraçar os outros inesperadamente. — Pyrrha tirou uma brincadeira e Yang riu.

— Desculpe por isso, prometo que não vai acontecer de novo.

— Me parece que está fazendo promessas que não pode cumprir. — disse Pyrrha em um tom bem-humorado.

— Tá bom, então não vou prometer nada. — Yang riu. — Quer dizer que eu posso te abraçar? De vez em quando?

Pyrrha gastou um tempo a olhando, Yang foi paciente esperando a resposta dela.

— Sim, pode sim. — Por um instante, Pyrrha achou que Yang saltaria e a abraçaria novamente, mas a loira se conteve.

— Obrigada, então, me conta, você pretende se profissionalizar e viver do atletismo?

Elas voltaram a andar uma ao lado da outra.

— Eu já tenho alguns patrocinadores, acho que estou bem perto disso, mas viver só do esporte é bem difícil.

— Ehh, eu sei como é isso…

As duas continuaram conversando o caminho inteiro, Pyrrha descobriu que não só era fácil conversar com Yang como também era muito divertido e agradável. Ela quase deixou escapar um lamento quando chegaram a seu destino e tiveram de se despedir, mas estava tudo bem, porque agora elas eram amigas e os meses seguintes foram preenchidos com várias conversas, saídas amistosas e qualquer outra coisa que boas amigas fazem. Pyrrha sentia que havia encontrado uma amiga com um grau de afinidade que ela nunca havia visto, que ela nunca imaginou que poderia ter com alguém.

Elas gostavam das mesmas coisas e sempre havia assuntos em comum, fosse sobre os jogos de basquete na liga nacional ou sobre como os professores insistiam em fazer aulas ao ar livre mesmo que estivesse chovendo. Pyrrha e Yang saiam para correr juntas no parque ou fazer musculação na academia da universidade, elas iam até a casa uma da outra e ficavam no sofá assistindo o canal de esportes e comendo besteiras com refrigerante.

Foi o começo de uma bela amizade…

Philia é uma palavra que os gregos usavam para descrever o amor que se sente pelos amigos, não é uma mera amizade com conhecemos hoje em dia, é um amor verdadeiro e genuíno, sem interesses, onde a companhia um do outro já basta para aquecer seu coração.




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