Um Amor Como o Seu escrita por Lilissantana1


Capítulo 5
Capítulo 5 - Constrangimento


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, eles estão começando a se interessar mais um pelo outro. Obg Mei Mei pelos reviews, estou amando ter vc aqui comigo.



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Mal parara junto a sacada quando ouviu:

— Aproveitando a noite senhorita Wentworth?

— Está muito agradável não acha senhor Forster? - ela respondeu antes mesmo de se voltar na direção dele com a respiração acelerada.

O corpo masculino encobria a luz que vinha da sala, mas isso não a assustava. De certa forma estava satisfeita em ver que ele a seguira até ali. E essa constatação era extremamente perturbadora.

— Certamente. Foi uma grata surpresa descobrir que o clima aqui é bem mais ameno, durante a noite, que na capital.

— Isso quer dizer que está gostando da região?

Ela perguntou gentil.

— Imensamente! - aquela simples palavra parecia ter duplo sentido.

Ele deu mais um passo em direção a ela, colocando-os frente a frente. Mia tentou se afastar, mas suas costas ficaram coladas a porta da sacada ao mesmo tempo em que o ar ia sumindo dos pulmões como acontecera na outra manhã.

Péssima ideia lembrar daquela manhã. Do quanto a imagem descomposta de um homem mexera com ela.

— Não creio que seja adequado ficarmos sozinhos aqui, na penumbra.

Ele retrocedeu.

— Claro que não. Meu último desejo é colocá-la em uma situação inadequada.

Em segundos ele estava debaixo da luz. Deixando a mostra sua pele lisa e bronzeada, os olhos pequenos, os lábios carnudos e um suave furo no queixo... algo que ela ainda não havia notado.

— Obrigada! - Mia falou sinceramente constrangida – Nem todos os “cavalheiros” compreendem que determinadas situações podem acabar com a reputação de uma moça.

E ela prezava sua reputação. Tanto quanto prezava a palavra dada. Ele respeitava isso. A capacidade de alguém ser verdadeiramente honrado.

— Tento fazer o melhor que posso. - ele disse de maneira brincalhona.

— E eu agradeço. - ela retribuiu a brincadeira e logo emendou sobre um assunto que permeava seus pensamentos sem autorização  - Como foi seu passeio naquela manhã?

Ele sorriu novamente, um sorriso aberto e gentil. Realmente não ficara incomodado com o comentário anterior. E demonstrava a sinceridade em atender o pedido dela. Mia sentia-se satisfeita em descobrir cada vez mais qualidades em sir Forster.

— Sinto dizer-lhe que não aconteceu.

Ele puxava o lábio para o lado quando falava acentuando a imagem de menino.

— Cansou-se da caminhada com certeza? - ela perguntou sem conseguir desviar o olhar dos detalhes que ainda não tivera a oportunidade de ver nele.

Forster moveu o corpo trocando o peso do corpo de uma perna para a outra. E ela pode constatar em toda o esplendor a estrutura firme das coxas musculosas. E a maneira como a casaca, a camisa e o colete se ajustavam ao peito amplo.

— Brooks estava ocupado. - ele explicou balançando a cabeça levemente, como se estivesse desolado com o acontecimento. Quando na verdade ficara satisfeito em se sentar sozinho para pensar.

— Que fez de agradável então? - Mia questionou tentando desviar a atenção do corpo dele.

— Sentei-me a sombra de uma macieira. Comi algumas maçãs e aproveitei para dormir um pouco.

Desta vez foi ela quem sorriu quando formulou a cena na mente. Um homem descomposto acomodado sob uma maceira dormindo.

— Mas, não pense que desistimos do passeio. O transferimos para hoje.

O modo animado como ele falava produzia uma leve e gostosa agitação dentro dela.

— No que fizeram muito bem. Há locais lindos nas terras do barão.

Ele concordou de imediato.

— Muito bonitos e aprazíveis é verdade.

Havia um em especial na memória de Mia.

— O senhor conheceu a cachoeira?

— Sim...

— É impressionante não acha?

— Certamente! A água é fresca e cristalina...lembrou-me um local que gostava de brincar quando menino. - o rapaz respondeu distraído, com o olhar perdido em algum lugar, provavelmente no passado.

— O senhor sente falta de casa?

A resposta não demorou.

— De vez em quando... vivo neste país há doze anos, é meu segundo lar. Estou habituado. Algumas vezes chego a acreditar que não me readaptaria aos novos costumes instalados na América.

— Isso é ruim? - ela perguntou inclinando levemente o rosto, com verdadeiro interesse borbulhando nos olhos azuis e isso arrebatou o coração masculino.

— Não sei bem como colocar em palavras. Mas acho que compreenderá quando digo que é como se não tivesse pátria... como se eu não tivesse um lugar no mundo.

Um homem adulto perdido. Ele não aparentava sentir-se assim. Parecia seguro e tranquilo de si mesmo.

— Acho que seu lugar é onde o senhor se sente bem e a vontade. - ela fez uma tentativa.

Outro sorriso amplo se desenhou no rosto masculino.

— Então temos um problemas senhorita Wentworth. Ainda não encontrei esse lugar aqui e já não acredito que o encontraria onde nasci.

Uma leve brisa moveu o cacho que dançava ao lado do rosto feminino, jogando-o sobre o olho. Mia piscou de leve e imediatamente sentiu o roçar caloroso de uma pele macia contra a face. Um movimento delicado, quase imperceptível que teve o poder de amolecer seus joelhos.

Antes que Liam conseguisse afastar a mão do rosto de Mia, os dedos dela encontraram os dele. Mesmo sabendo que poderia ser mal interpretado, ele permitiu que o roçar se transformasse em um cruzar de dedos que se mantiveram unidos até que suas mãos tivessem novamente  se afastado do rosto feminino.

A face ruborizou, o coração acelerou e ela teve que se apoiar contra a cadeira na tentativa de manter-se em pé. O senhor Forster a encarava sério. Com aqueles olhos de brasa que a queimavam de dentro para fora. A boca pareceu surpreendentemente seca, ela a umedeceu com a língua.

Parece que você faz isso para me provocar. Ele disse mentalmente. Parece que tem a intenção ser beijada. Quando sei que isso é a ultima coisa que espera que eu faça.

— Mia... - a voz era suave e pertencia a Candence, mas teve o poder de acabar com o clima que se instalara entre o casal.  

— Senhor Forster... posso roubar minha amiga por alguns instantes?

Ele queria dizer que não. Que se pudesse passaria o restante da noite ao lado dela. Mas, era impossível. Não possuía qualquer importância na vida de Mia ao ponto de exigir sua presença perto.

— Esteja a vontade. Já monopolizei a atenção da senhorita Wentworth por demasiado tempo.

Foram segundos, instantes apenas Mia disse a si mesma. Nunca o tempo passara tão rápido quanto naqueles minutos em que estiveram juntos, conversando.

— Com licença senhor.

Ele se moveu realizando uma  reverência. Mia se afastou.

— Ele chegou. - a jovem ouviu Candence informar enquanto seus pensamentos estavam todos voltados para o homem de quem se afastava.

— Quem?

— Sir Jayden Huxley, o Conde e a condessa.

— Não sabia que você o convidaria.

Candence fez um breve suspense antes de comentar com claro orgulho:

— Quando comentei com mamãe sobre seu “interesse” por ele, ela mesma fez questão de promover um novo encontro.

Aquilo era uma intromissão. Mia não gostou da atitude da amiga, mesmo que Candence tivesse boas intenções.

— Você não deveria ter dito nada a sua mãe! Ele não fez menção de que estava interessado em mim. Não foi me visitar ou mandou flores...

Candence não considerou aquele comentário como pertinente.

— Você tem fama de difícil. De inatingível. De recusar pretendentes por qualquer motivo. Ele precisa de algum incentivo para tentar uma aproximação. Qualquer um com um pouco de inteligência sabe que quando se trata de Mia Wentwort, é necessário ter cautela.

Mia não concordava.

— Se toda a atenção que lhe dispensei na outra noite e as danças que lhe concedi não o fizeram perceber que estava disposta a ser cortejada, sinceramente, não sei se um convite para jantar na casa de minha melhor amiga o fará.

— O que há? - Candence comentou produzindo um muxoxo com os lábios – Pensei que você ficaria tão feliz que me nomearia sua melhor amiga para a vida toda.

— Você já é minha melhor amiga para a vida toda. Não é necessário promover meu casamento para consolidar essa posição. - Mia respondeu sorrindo de leve.

Por que estava zangada? Não era essa a intenção na noite do baile? Quando percebera que sir Huxley era o homem que tanto esperara? Uma aproximação se fazia necessária se desejasse realmente se casar com o futuro conde algum dia. 

E lá estava ele, parado junto ao pai, conversando com sir Behn. Altivo, elegante, bem vestido, porte seguro. Preenchia com louvor cada um dos itens de sua lista. Nada poderia estar mais correto. Especialmente porque ela estava apaixonada por ele.

Mia foi introduzida num grupo pequeno, composto de um homem de meia idade, sir Behn e a esposa, outra mulher elegante com ar pedante e... um dos parceiros de Mia no dia do baile. Depois de anos vivendo entre os ingleses, conhecendo seus costumes, ele sabia o que estava acontecendo ou aconteceria ali. 

Deu as costas para a cena, cruzou a cortina de veludo e se posicionou de frente para o horizonte, com o belo jardim de Lady Behn se estendendo diante dele pensou que era uma pena não poder retornar para seu quarto no hotel. Nada mais havia para fazer ali.

Porém, uma sucessão de acontecimentos alheios aos seus planos se prolongaram, impedindo que concluísse seu intento. O primeiro foi Brooks veio até ele trazendo Candence consigo. A moça foi gentil, cordial, e nitidamente agia daquela forma em consideração ao futuro noivo. Pouco depois eles foram alertados de que poderiam seguir para a mesa de jantar. Em ordem de importância ele sabia que seria o último, e que acompanharia uma senhora mais velha ou uma prima solteirona.

Liam estava sentado do outro lado da mesa, muito distante dela. Mia só conseguia ver uma parte da face masculina. Especialmente a mecha de cabelo que insistia em cair para a frente toda as vezes em que o rapaz se inclinava para dizer algo a senhora ao seu lado.

— Papai está programando um final de semana no campo. - Jayden falou atraindo a atenção dela para si.

Mia apenas ergueu o olhar e deparou-se com os olhos castanhos do rapaz sobre os seus.

— Se o tempo permanecer firme é claro! - ele continuou sem esperar por uma resposta dela.

— Chuvas de verão são sempre agradáveis milorde. - ela comentou deslizando os olhos para um ponto mais afastado quando seu interlocutor desviou o olhar em direção a sobremesa.

Liam olhava em frente, como se prestasse atenção a algo que estava sendo dito por alguém. Estava sério e atento.

— Tem razão senhorita Wentworth. Mas ninguém gosta de passear num campo encharcado. Especialmente em um final de semana que se aproveitaria o máximo possível a vida ao ar livre.

— Sim... - ela concordou remexendo a colher sobre o creme de avelã diante dela. - O senhor está certo.

— Siga meus conselhos e nunca irá se arrepender. Posso garantir-lhe isso.

— Lembrarei de suas palavras milorde. Elas são mesmo sensatas.

— A senhorita gostaria de me acompanhar em um passeio depois do jantar? - ele sugeriu distraidamente, como se não tivesse segundas intenções.

Passeio? Mia repetiu para si. Aquele era o tipo de armadilha na qual ela jamais caía. Ficar a sós com um homem, mesmo que ele fosse um pretendente em potencial. E tinha uma boa desculpa para recusar o convite.

— Creio que Lady Behn preparou um momento de apresentações, e me convidou a tocar piano. - era verdade, como também era verdade que ela não se sentia inclinada a fazer um passeio com sir Huxley e aquela desculpa servira perfeitamente para convencer o rapaz a desistir da ideia.

— Será imensamente mais prazeroso poder assistir a uma apresentação sua. Soube que são sempre primorosas.

Ela ergueu o olhar e sorriu. Esse comentário só poderia ter vindo da mãe de Candence, assim como o convite para tocar também viera dela. E Mia compreendia agora o que ele significava. Seria uma maneira a mais de impressionar seu possível pretendente.

— Quem lhe deu tal informação faltou com a verdade sir Huxley. Sou uma interprete mediana.

Porém nem todos pensaram assim quando a assistiram tocar. Seus dedos deslizavam em perfeita sintonia sobre as teclas do piano, seguindo o ritmo romântico da melodia escolhida.

Talvez fosse porque ela sentia o corpo todo formigar, ou porque a brisa que vinha da janela provocasse um leve choque contra sua pele quente. Ou ainda... porque o senhor Forster estivesse em pé, de frente para ela, com o ombro recostado na porta e os braços cruzados sobre o peito numa atitude indolente. Fato era que naquele momento sua apresentação realmente poderia ser chamada de primorosa.  Tanto que os aplausos se estenderam por vários segundos depois que ela concluiu, mas os olhos azuis se detiveram apenas em um especial.

Ela queria a aprovação dele?

Por que precisava da aprovação de alguém que talvez não soubesse nem quem era o autor daquela melodia? Porque... não poderia mais dizer que se tratava de colocá-lo em seu lugar, pois se havia algo que o senhor parecia saber muito bem, era que aquele não era seu mundo. Com um aperto no peito ela constatou, que nem aquele, nem nenhum outro.

 


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso. Espero por vcs. Obrigada Mei por comentar. BJO